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Vínculo Empregatício e Condição de Trabalho

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3 Vínculo Empregatício e Condição de Trabalho

O tipo de vínculo empregatício dos trabalhadores da ESF e as condições de trabalho a que os mesmos estão expostos são elementos que apresentam aspectos relevantes para a qualidade de vida, sendo importantes para este estudo (Tabelas 7 e 10 – Apêndice VI; Gráfico 4).

A maioria dos trabalhadores do gênero/sexo feminino possui entre 1 e 5 anos de tempo de trabalho na ESF, em número de 61 (54,4%), enquanto somente 5 (4,5%) está há mais de 15 anos atuando na saúde pública. Entre os homens existe maior equilíbrio quanto ao tempo de trabalho na saúde pública do municíp io de Rondonópolis-MT com 2 (1,8%) entre 1 e 5 anos e 2 (1,8%) entre 11 e 15 anos (Tabela 7), dado que coincide com o aumento da feminização na área da saúde identificada na literatura existente.

Quanto ao tempo de trabalho (Gráfico 4), 56,2% dos trabalhadores têm entre 1 e 5 anos de trabalho no Município , enquanto que 4,5% se encontram nesta atividade há mais de 15 anos. Observa -se que a maioria está na atividade há pouco tempo, considerando que 54,4% deles ocupam cargo comissionado, que é indicada pelo gestor local, o que gera alto

percentual de rotatividade, possivelmente impactando na qualidade dos serviços prestados a população.

Situação tratada por Fernandes et al. (2012), quando se refere a estabilidade no emprego, isto é, a garantia de trabalho gera no trabalhador um sentimento de segurança e satisf ação reduzindo estresse e aumentando a produtividade e um melhor desempenho das atividades. Quanto a esta questão, em Rondonópolis-MT, para a designação para os cargos, em sua maioria, não se observam critérios definidos que possibilitem avaliar a competência do trabalhador para as funções do trabalho contratado, ou seja, a contratação não é por concurso público .

56,2%

13,4%

25,9%

4,5%

Entre 1 e 5 anos Entre 6 e 10 anos Entre 11 e 15 anos Mais de 15 anos

Gráfico 4. Tempo de trabalho na Unidade de Saúde segundo os profissionais das E SF. Município de Rondonópolis – MT, 2013

É, portanto, uma situação que possivelmente gera insegurança dos trabalhadores, especialmente em anos eleitorais que com a consequente troca de gestores públicos no executivo acaba gerando um quadro emocional fragilizado que influencia na execução d as atividades e na qualidade de vida dos trabalhadores da ESF, no campo psicossocial. Neste sentido, os trabalhadores que atuam nas equipes d a ESF deveriam ter sua contratação vinculada às capacidades e habilidades em desempenhar as atividades inerentes da função, o que poderia gerar uma equipe mais competente e motivada para as atividades laborais cotidianas reduzindo a rotatividade e aumentando a estabilidade emocional e viabilizando o investimento em programas de desenvolvimento e treinamento.

Quanto ao tempo de trabalho (Tabela 8 – Apêndice VI; Gráfico 5) observou-se que em todas as categorias profissionais o tempo de trabalho que mais se destaca é entre 1 e 5 anos, isto porque, como já foi comentado anteriormente existe no município um processo de contratação relacionado com alternâncias de grupos políticos no poder local o que gera alta rotatividade de trabalhadores no período de 4 anos (Tabela 8 – Apêndice VI). Esta rotatividade reduz a estabilidade no trabalho e aumenta o estresse dos trabalhadores.

O alto nível de rotatividade dos trabalhadores além de desmotivá- los afeta o desenvolvimento de capacidades e habilidades podendo impactar na qualidade dos serviços prestados aos usuários e, consequentemente, na insatisfação da população com os serviços prestados à saúde pública, por falta de um maior aprofundamento da

relação do trabalhador com os usuários e o fortalecimento e comprometimento de ambos.

Neste mesmo sentido, Affonso e Rocha (2010) destacam que a qualidade do trabalho desenvolvido pelas equip es atuantes na saúde pública depende do envolvimento de cada membro do grupo com os objetivos de produção e satisfação dos usuários, porém estes fatores demandam o conhecimento do grupo e a continuidade da convivência, ocorrendo limitações quando pelo alto índice de rotatividade.

6,2% 6,2% 3,6%

12,5%

1,8% 3,6% 5,4%

54,5%

6,2%

Médico Enfermeiro Odontólogo

Técnico de Enfermagem Técnico em Saúde Bucal Auxiliar em Saúde Bucal Agente Administrativo Agente Comunitário de Saúde Auxiliar de Serviços Diversos Gráfico 5. Atividade desempenhada pelos profissionais das E SF. Município de Rondonópolis – MT, 2013

Nas atividades desempenhadas na saúde pública, aparecem com maior destaque os agentes comunitários de saúde (Gráfico 5), por ser uma categoria que de acordo com a Portaria nº 2.488/2011, deve ter a maior representatividade entre os profissionais exigidos na ESF.

Considerando somente a forma de contrato de trabalho (Gráfico 6), dentre os trabalhadores constata-se que 54,5% são comissionados e 37,5% são celetistas e, 8,0% contratos temporários. Isto significa que 62,5% dos trabalhadores não possuem estabilidade no trabalho e tem sua função/contrato vinculada à indicação dos gestores e não pelo critério da competência ou habilidade para o desempenho da função, ou seja, Concurso Público. 0,0% 37,5% 8,0% 54,5% 0,0%

Estatutário Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) Contrato Temporário Cargo Comissionado

Cooperado

Gráfico 6. Forma de contrato dos profissionais das E SF. Município de Rondonópolis – MT, 2013

Nestes casos há de se considerar que as condições no trabalho têm relação com todos os elementos geradores de satisfação e motivação . Por isso, a insegurança pelo tipo de admissão para o trabalho gera a falta de perspectiva de continuidade na atividade , podendo produzir um nível

de estresse que acaba influenciando no desempenho da função e no comprometimento com a equipe.

Destaca-se que a forma de vínculo e contrato de trabalho, afeta um aspecto importante para assegurar tranquilidade na atividade profissional que se referem aos os direitos trabalhistas, pois quando não são garantidos ocorre um sentimento de insegurança que gera instabilidade emocional e, consequentemente, falta de qualidade no trabalho e, com isso, pode-se inferir que os trabalhadores da saúde das equipes da ESF de Rondonópolis, podem estar com sua motivação reduzida.

Os 42 (37,5%) trabalhadores com forma de contrato regido pela CLT, como também 39 (34,8%) dos cargos comissionados e 6 (5,4%) dos contratos temporários afirmaram ter garantidos os seus direitos trabalhistas (Tabela 10 – Apêndice VI).

No entanto, sobre os tipos de vínculo trabalhista, segundo o setor de Recursos Humanos da Secretaria da Saúde , não existe o contrato temporário para este grupo, mas, 8,0% responderam que há esta forma de vínculo.

Muito embora os trabalhadores da saúde possam ter um contrato temporário ou comissionado, existem garantias legais com relação aos seus direitos trabalhistas, para que não ocorra qualquer forma de prejuízo ao trabalhador.

Neste sentido, foi solicitado que os trabalhadores da saúde indicassem se possuem seus direitos trabalhistas e quais seriam, os quais responderam segundo a demonstração no Gráfico 7.

77,7%

21,4%

0,9%

Sim Não Branco

Gráfico 7. Garantias dos direitos trabalhistas dos profissionais das E SF. Município de Rondonópolis – MT, 2013

Tem-se que 77,7% dos trabalhadores que atuam nas equipes d a ESF responderam possuir suas garantias trabalhistas (férias; 13º salário; licença maternidade; aposentadoria; e direito à licença por doença).

Para Souza et al. (2010) as condições de trabalho são essenciais para a qualidade de vida dos trabalhadores e a carga horária é um dos fatores que deve ser observado. No entanto, neste quesito, analisou -se que os profissionais entrevistados possuem qualidade, visto que não trabalham mais do que a carga contratada. De acordo com a Portaria GM 2.488/2011 os trabalhadores da saúde podem trabalhar até o máximo de 40 horas semanais (BRASIL, 2011).

Além do vínculo empregatício e condições de trabalho foi também levantada a caracterização do ambiente de trabalho, considerando a estrutura física e equipamentos disponíveis utilizados para o desenvolvimento das atividades inerentes a função.

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