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A Vacina contra a PSC na Cadeia Epidemiológica da PSA 1 Focos da PSA no Estado do Pará

COLETAS Rio de Janeiro 18 6

3.3 A Vacina contra a PSC na Cadeia Epidemiológica da PSA 1 Focos da PSA no Estado do Pará

O Sr. Antônio Barbosa, proprietário de terras no Estado do Pará nas coordenadas geográficas 01º 00’ 36” de latitude Sul e 48º57’36” de longitude a Oeste de Greenwich, próximo à linha do Equador, no Município de Cachoeira do Arari, pertencente à mesorregião do Marajó e a microrregião do Arari, encontrava-se no Rio de Janeiro, em maio/junho de 1978, quando leu nas abundantes notícias dos jornais cariocas, sobre os focos de peste suína, que “grassava a suinocultura nacional”. Pensava ele tratar da Peste Suína Clássica e ao retornar ao Pará, adquiriu vacinas Cristal Violeta contra PSC no Rio de Janeiro e as levou, em quantidade suficiente para vacinar os seus animais e dos seus vizinhos, Ribamar Feio (Irmão de Oscar da Gama Feio, médico veterinário e delegado do Ministério da Agricultura nos Estados do Acre e Pará) e outros três criadores. Em poucos dias os animais apresentaram quadro clínico compatível com a PSA cujo resultado do diagnóstico laboratorial revelou positivo para as cinco propriedades.

3.3.2 Observações científicas sobre a presença do VPSA em Vacinas Cristal Violeta

A detecção do vírus da PSA em cepas utilizadas na produção da Vacina Cristal Violeta foi citada por ANDRADE (1981), cujo assunto era à época, pouco pesquisado internacionalmente e demonstrava pertinência devido ao aparecimento de foco simultâneo em vários pontos do país, ocasionando grave repercussão social e perdas econômicas.

Suspensões do VPSA em Cristal Violeta, em concentrações semelhantes às utilizadas no preparo da vacina, multiplicaram o vírus em cultura de leucócitos e reproduziram a doença em suínos. Segundo ANDRADE (1982), esses achados somados aos anteriores induziram a afirmar a participação da Vacina Cristal Violeta no processo de disseminação da Peste Suína Africana no Brasil.

A missão da FAO também referenciada em suas observações evidenciou a possibilidade de haver outras fontes de infecção no país. Os ensaios de laboratório indicaram a presença do VPSA na semente primária e em vacinas de três laboratórios produtores de vacinas cristal violeta. O laboratório de “Maison Alfort” também demonstrou a presença de anticorpos da PSA em amostras de soros de suínos coletadas no Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo. Estas observações indicaram a possível presença do vírus da PSA, como resultado de uma introdução distinta daquela responsável pelo foco de Paracambi, no rio de Janeiro.

Este fato reforçou a importância da vigilância epidemiológica ativa para controlar possíveis movimentos do vírus mediante suínos e produtos derivados, inclusive os de manejo laboratorial, além dos resíduos alimentícios do aeroporto.

THIAGO DE MELLO1 (Comunicação pessoal, 2008), representante da Universidade de Brasília e na Comissão Central de Coordenação para Erradicação da PSA (CCC), em carta de caráter reservado, confidencial, dirigida ao Excelentíssimo Senhor Ministro da Agricultura, agora revelada, asseverou (Anexo I):

3. “Vacinação Contra a Peste Suína Clássica – A PSA, como mencionei, é indiferenciável clinicamente da Peste Suína Clássica. Contudo, para esta última existem vacinas modernas que podem ser aplicadas, sem riscos colaterais, em porcos jovens e porcas em gestação. Essas vacinas são de fácil produção em cultivos celulares e em coelhos, em ambos os casos sem possibilidade de contacto com o vírus da PSA. São completamente diferentes da vacina de Cristal Violeta, de eficiência duvidosa e não mais usada nos países que combatem a Peste Suína Clássica. Além disso, a vacina de cristal violeta é obtida a partir de sangue e vísceras de suínos e ainda é difícil saber quando um dos animais doadores do material que será usado na vacina poderá estar infectado sem evidências da doença, seja a Peste Suína Clássica ou a PSA”. Continua: “As vacinas modernas, sem patogenicidade residual, usam três tipos principais de vírus atenuados: amostra chinesa, amostra Thiverval (francesa) e a amostra GPE (japonesa). Essas vacinas proporcionam imunidade sólida e duradoura em porcos vacinados desde os 40 dias de idade; as porcas gestantes transmitem anticorpos protetores aos seus produtos, até que estes possam receber vacina”. Conclui: “Por esses motivos, tomo a liberdade de sugerir ao eminente Ministro que sejam liberadas, o mais rapidamente possível, as autorizações para que os laboratórios particulares brasileiros possam fabricar essas vacinas; ao mesmo tempo

devem ser feitos apelos a esses laboratórios para que forneçam as vacinas no mais curto prazo possível”.

Em função da importância do uso da vacina contra a Peste Suína Clássica, o Ministro da Agricultura revogou a Portaria Ministerial nº. 408 de 27 de julho de 1965, que, até então, aprovava as Instruções para controle e emprego das vacinas autorizando ao responsável pela operacionalização das ações para erradicação da doença, as providências complementares.

O Secretário Nacional de Defesa Agropecuária, tendo em vista o decisum

ministerial e as propostas aprovadas pelo CCC, já mencionadas, e a necessidade de atualizar a legislação de apoio à produção e controle de vacinas contra a Peste Suína Clássica, baixou a Portaria de nº. 190 de 21 de dezembro de 1978, na qual aprovou as novas normas (Anexo I). De modo a garantir o controle, a inocuidade e segurança do produto e a adoção de novas tecnologias.

Segundo o relatório da Missão da FAO, “a propagação subseqüente deve-se ao trânsito de suínos, a alimentação mediante produtos de origem suína e resíduos alimentícios infectados e por outros meios. Em alguns casos foi impossível descobrir a origem da enfermidade. A administração de vacina cristal violeta contra a cólera suína infectada com o VPSA também provocou alguns focos.

Nos Estados meridionais ocorreu em junho e julho de 1978 focos da PSA, com uma significativa diminuição no mês de agosto e em seguida um silêncio epizootiológico até novembro e logo se produziram outros casos em dezembro de 1978. Provavelmente, poderia-se atribuir à causa desse último episódio à vacina contra a PSC (FAO, 1981).