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Projeto II – A importância da vacinação

5. Vacinas extra Programa Nacional de Vacinação

A Comissão de Vacinas da Sociedade de Infeciologia Pediátrica (SIP) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) elaboraram, em conjunto, um documento designado por “Recomendações sobre vacinas extra Programa Nacional de Vacinação”, o qual refere algumas das vacinas que não estão incluídas no PNV e que são recomendadas pelos médicos pediatras regularmente [62]. Após a sugestão do médico, a decisão da vacinação deve ser feita de forma consciente e informada. Assim sendo, o farmacêutico deve esclarecer todas as dúvidas, quando solicitadas.

5.1 Vacina contra Neisseria meningitidis do grupo B

A doença invasiva meningocócica (DIM) é uma infeção grave causada pela bactéria

Neisseria meningitidis [67]. Esta infeção manifesta-se com febre e exantema petequial, contudo a sépsis e a meningite são as manifestações clínicas mais graves [62,67]. A transmissão ocorre por pessoa a pessoa, através das secreções respiratórias [62,67]. Os sorogrupos que causam a maior parte das doenças meningocócicas são: A, B, C, W e Y [67]. As pessoas que sobrevivem à doença, geralmente, apresentam repercussões como perda auditiva, danos cerebrais e renais, cicatrizes na pele e amputações [62,67]. Em Portugal, verificou-se um decréscimo de DIM do grupo B desde 2006, no entanto a vacina contra a N. meningitidis só começou a ser comercializada em 2014 [68]. Assim sendo, ainda são necessários mais anos para avaliar a influência da vacina em Portugal [68].

Atualmente, para a prevenção da DIM do grupo B, existem disponíveis duas vacinas: a Bexsero® e a Trumenba® [62].

A Bexsero® é constituída por diferentes proteínas de N. meningitidis do grupo B, tais como: proteína de fusão NHBA recombinante, proteína NadA recombinante, proteína de fusão fHbp recombinante e vesículas da membrana externa (VME) [69]. O número de doses a administrar e o intervalo entre elas depende da idade de início da imunização, porém a primeira dose só pode ser administrada após os 2 meses de idade (Tabela 3) [62,69]. O local preferencial da administração intramuscular da vacina é na parte anterolateral da coxa, no caso dos latentes, e no músculo deltoide, no caso dos adultos [69]. Como efeitos secundários mais frequentes da administração existem: edema e induração da pele no local da injeção, dor e sensibilidade no local de injeção, febre, sonolência, diarreia, vómitos e/ou perda de apetite [69].

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A Trumenba® é constituída por 2 proteinas fHbp (proteína de ligação ao fator H), uma de cada subfamília A e B, de Neisseria meningitidis do grupo B [70]. Esta vacina é indicada na imunização ativa de indivíduos a partir dos 10 anos de idade e é recomendada a administração de 2 doses com um intervalo mínimo de 6 meses [70]. A administração de 3 doses é sugerida quando os indivíduos têm um maior risco de DIM ou quando há surtos por N. meningitidis do grupo B [70]. Neste caso, o esquema de vacinação é: 2 doses com um intervalo de um mês e a terceira dose é administrada 4 meses após a segunda [70]. Quando os indivíduos se encontram em risco constante de DIM, deve ser considerada a administração de uma dose de reforço, em ambos os esquemas posológicos [70].

5.2 Vacina contra rotavírus

A gastroenterite aguda (GEA) é uma infeção muito comum nos primeiros anos de vida e o agente etiológico mais frequente é o rotavírus [62,71]. Esta infeção pode causar vómitos, diarreia aquosa, febre e dor abdominal e o evento mais preocupante da infeção é a desidratação grave na criança [62,72]. A transmissão do vírus ocorre por via fecal-oral e, desta forma, uma boa higiene é importante, no entanto não é suficiente para o controlo da infeção [71]. Desde 2006, para a prevenção da doença, estão disponíveis em Portugal duas vacinas contra o rotavírus: a Rotarix® e a RotaTeq® que seguem o seguinte esquema vacinal (Tabela 4) [62,73,74]:

Tabela 3 Esquema de administração da vacina contra a N. meningitidis do grupo B

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Ambas as vacinas contra o rotavírus possuem efeitos secundários, sendo os mais frequentes: diarreia, vómitos, irritabilidade, febre e infeção respiratória superior [73,74].

5.3 Vacina contra o vírus da varicela

A varicela e o herpes-zoster (HZ) têm como agente causal o vírus Varicela-zoster (VVZ) [75]. A varicela é uma doença extremamente contagiosa, com percentagens de transmissão pelo contacto de 61 a 100% e, nas crianças, tem curso maioritariamente benigno [62,75]. Esta infeção causa erupções cutâneas, prurido, fadiga e febre [75]. No entanto, podem ocorrer complicações graves como infeções da pele, desidratação por perda de fluidos corporais, pneumonia ou encefalite [62]. Atualmente, para a prevenção da doença, existem disponíveis em Portugal duas vacinas contra o vírus da varicela: Varilrix ® e Varivax ® que seguem o seguinte esquema vacinal [62,76,77]:

Ambas as vacinas contra o vírus da varicela possuem efeitos secundários, sendo os mais frequentes erupções cutâneas, dor e eritema no local de administração, febre, irritabilidade e infeção respiratória alta [76,77].

5.4 Vacina contra o vírus da hepatite A

A hepatite A é uma infeção aguda do fígado e é causada pelo vírus da Hepatite A (VHA) [78]. Este entra no organismo através do sistema digestivo e multiplica-se no fígado causando a inflamação deste órgão [78]. A infeção é extremamente contagiosa, podendo ocorrer a

Tabela 5 Esquema de administração da vacina contra o vírus da varicela

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transmissão por via fecal-oral ou por contacto direto [62]. Na criança é habitualmente benigna, mas nos adultos afetados com uma doença hepática crónica, a infeção tem maior risco, podendo provocar falência hepática [62]. Em Portugal, para a prevenção da doença, existem disponíveis duas vacinas contra o VHA: Havrix ® e VAQTA® que possuem o seguinte esquema vacinal [79,80]:

Os efeitos secundários mais frequentes das vacinas são diarreia, dor, sensibilidade e eritema no local da injeção, febre, irritabilidade, fadiga e dor de cabeça [79,80].

5.5 Vacina contra o Papiloma Vírus Humano no género masculino

O Papiloma Vírus Humano (HPV) pode infetar homens e mulheres e é considerada uma das infeções de transmissão sexual mais comum a nível mundial [81]. O HPV é responsável por um grande número de infeções, que na maior parte dos casos (9 em cada 10) são assintomáticas e de regressão espontânea ao fim de dois anos [62,81]. Nos casos em que o HPV não é eliminado, a infeção pode progredir para doença [62].

O HPV pode originar lesões benignas (verrugas, condilomas e lesões benignas da orofaringe) e, em situações mais raras, pode evoluir e causar alguns tipos de cancro como o cancro do colo do útero, vagina e vulva, cancro do pénis ou cancro do ânus e da garganta [62,81]. A transmissão do vírus pode acontecer por via oral, vaginal, anal ou pelo contacto da pele durante a relação sexual [62,81].

A vacina contra o HPV no género feminino está incluída no PNV, desde 2008, no entanto, não abrange o género masculino [62]. Atualmente estão disponíveis em Portugal duas vacinas contra o HPV, a Gardasil ® e a Cervarix ®, contudo somente a Gardasil ® é indicada, pela Comissão de Vacinas, aos adolescentes do género masculino [62]. Esta última vacina é administrada por via intramuscular e apresenta o seguinte esquema vacinal [82]:

Os efeitos secundários mais frequentes da vacina são cefaleias, náuseas, dor e eritema no local da injeção e febre [82].

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