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Depois de completadas as fichas terminológicas, estas foram revistas e validadas pelo Dr. Mário Chin e pela Dr.ª Cristina Caeiro do CSTC, e daí resultaram várias alterações.

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Em algumas das fichas, na secção da área, encontravam-se as opções de condição e doença referentes a non-infectious medical conditions , que os especialistas corrigiram, ao indicar condição como sendo o termo correto Esta dúvida surgiu devido ao facto de ser possível que a escolha do termo condições estivesse a ser influenciada pelo termo em inglês ou até devido à possibilidade de não se querer rotular a pessoa à qual se aplica esta situação. No entanto, quando questionado sobre a diferença entre ambos os termos, e acabando assim por justificar a escolha do termo condição , o Dr Mário Chin explicou que:

Ao avaliarmos o potencial dador de sangue, estamos a avaliar a sua condição clínica. Quer para a sua própria proteção, quer para proteção do recetor dos componentes sanguíneos. Neste segundo caso, sendo portador ou tendo tido comportamentos de risco com possibilidade de contacto com um conjunto de vírus (e não só), incluindo visitas/estadias/nascimento em zonas endémicas, torna a sua condição clínica desaconselhável para a dádiva. Há um outro conjunto de outras situações não relacionadas com a possibilidade de transmissão de doença infeciosa ao qual foi designado non-infectious medical conditions , condições médicas não relacionadas com a possibilidade de transmissão de infeção

Na ficha número dois, relativa à brucelose, a subárea foi corrigida de bacilos gram- negativos para infeções bacterianas Bacilos gram-negativos é uma sub-área bastante mais específica do que aquela escolhida pelos especialistas do CSTC. Os bacilos gram- negativos são bactérias encontradas na flora intestinal que podem causar várias doenças ou infeções (Bush & Perez, 2018). Ou seja, os bacilos gram-negativos fazem parte da categoria de infeções bacterianas. No entanto, como a área já era doenças infeciosas, é mais correto ter uma subárea não tão específica como bacilos gram-negativos , visto que existem outras categorias que a antecedem.

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Outras situações que foram alvo de mudanças foram algumas das doenças que tinham a sua respetiva abreviatura indicada como sendo o termo. Exemplos disso são doença autoimmune (DAI), doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), doença cardiovascular (DCV) e tubercolose (TB). Desta forma é possível observar que os especialistas não consideram a abreviatura como um termo, mas sim uma simples forma abreviada da respetiva forma extensa, sendo esta última considerada o termo. No entanto, para os tradutores, tanto é considerado termo a forma extensa como a forma abreviada. Contudo, como as fichas

terminológicas se destinam à utilização por parte de especialistas, foi feita uma adaptação àquelas em que esta situação acontecia, ainda que tal adaptação possa causar alguma falta de consistência na forma como as fichas estão construídas.

Contudo, no caso do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), a abreviatura deste já é considerada como termo pelos especialistas. Estas duas situações acontecem devido ao facto de os especialistas considerarem termo aquilo que usam na prática, usando uma perspetiva onomasiológica que vai do conceito para o termo, ao contrário do que acontece com os tradutores, que retiram os termos do texto e só depois chegam ao conceito, portanto a perspetiva semasiológica.

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Um outro aspeto que vale a pena notar após as correções feitas no processo de validação é o facto de o termo virus Chikungunya ter passado para apenas Chikungunya Isto acontece devido ao facto de existirem doenças (e vírus, como neste caso) que foram cunhadas pelas pessoas que as descobriram, com o nome do local em que foram descobertas ou com o nome na língua do local onde apareceram inicialmente.

Estes termos, simples e complexos, são reconhecíveis pelos especialistas apenas pelo nome de quem descobriu as doenças, do local de descoberta ou pelo seu nome na língua de origem, daí a remoção da palavra vírus da secção do termo

Para além disso, estes termos não precisam de tradução, uma vez que se trata de nomes de pessoas ou de lugares. As únicas partes do termo que podem ser traduzidas são, por exemplo, as palavras doença de ou vírus

Nas fichas terminológicas elaboradas para este projeto, existem quatro termos que se enquadram nesta situação, sendo estes Chikungunya , doença de Creutzfeldt-Jakob

DCJ , doença de Chagas e febre Q

O vírus Chikungunya é uma doença viral que foi descoberta pela primeira vez na Tanzânia em O seu nome é uma palavra no dialeto Makonde da Tanzânia que significa disease that bends up the joints Zeller et al., 2016). O nome do vírus é assim reconhecido pelo dialeto do local onde foi descoberto e não foi alvo de traduções, ainda que existam algumas adaptações.

A doença de Creutzfeldt-Jakob é uma doença priónica que foi descrita pela primeira vez pelos neurologistas alemães Hans Gerhard Creutzfeldt e Alfons Maria Jakob no início do século XX (The Editors of Encyclopaedia Britannica, 2020). O nome desta doença foi, então, cunhado com o nome de quem a descreveu incialmente.

O nome da doença de Chagas provém do nome do médico que a descobriu. Carlos Ribeiro Justiniano Chagas foi um médico e investigador brasileiro que descobriu esta doença em 1909 (WHO, 2020).

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O caso do nome da Febre Q é um pouco diferente. De acordo com Cardoso (2018), esta doença foi descrita pela primeira vez por volta de 1930 por uma equipa de investigadores da Austrália e outra dos Estados Unidos da América. Os investigadores adotaram o nome de query fever , devido ao mistério existente à volta da doença O nome vem do inglês, em que query sigifica pergunta ou questão Posteriormente, o termo foi abreviado para Q Fever , passando assim a ser conhecida a doença e a ser traduzida para outras línguas a palavra fever

Em suma, as alterações e correções feitas pelo Dr. Mário Chin e pela Drª. Cristina Caeiro serviram não só para validar a terminologia, mas também para assegurar que as fichas estão de acordo com as necessidades dos seus futuros utilizadores, tanto em termos de linguagem, como em termos de facilidade de pesquisa. Para além disso, estas correções contribuíram para salientar e contrastar várias diferenças nos métodos de tradutores e especialistas.

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