• Nenhum resultado encontrado

Nesta etapa foram utilizadas informações retiradas de consulta pública do Ministério de Minas e Energia (MME) para análise e valoração econômica da tecnologia específica, relativa ao PROINFA e valor normativo referente à Resolução 488/2002 ANEEL, de onde foram retiradas informações de valores do repasse da energia.

A modelagem utilizada em 2004 pelo PROINFA para a formulação dos preços se utilizava de parâmetros considerados de âmbito geral ou específico. Entre os parâmetros gerais, destacam-se o câmbio de dólar a 3,00R$/US$ e uma taxa de atratividade dos empreendimentos de 14,9% ao ano.

Já os parâmetros específicos dizem respeito a custos relativos à fonte contemplada, entre tais parâmetros, destacam-se:

Fator de disponibilidade média anual: relação entre o tempo de disponibilidade total e a duração do período, considerando-se as paradas por indisponibilidade e manutenção.

Fator de capacidade bruto/Fator de utilização (%): razão da potência média gerada durante um período pela potência elétrica total nominal bruta de um projeto padrão de geração a partir de uma determinada tecnologia.

Eficiência líquida: relação entre energia útil gerada a partir de determinada tecnologia e à energia total fornecida à entrada do projeto, em um dado período.

Investimento Total (R$/kW instalado): montante de capital investido na construção do projeto a partir de determinada tecnologia.

Energia elétrica para consumo próprio (R$/MWh): valor indicado para aquisição da energia produzida para a utilização da própria planta, a partir do projeto de determinada tecnologia.

Operação e manutenção (R$/kWh): são despesas com operação e manutenção de um projeto de geração de energia elétrica, a partir de determinada tecnologia.

Arrendamento (R$/kW): despesas fundiárias fixas e anuais pagas pela instalação do projeto, a partir de determinada tecnologia.

Desmontagem e recultivação (R$/kW): são as reservas necessárias durante a operação do projeto que servirá para cobrir a recultivação do terreno e a desmontagem da planta após a conclusão do projeto.

Sendo assim, após consulta pública realizada, foram divulgados pelo MME, em 30 de março de 2004, os valores econômicos da tecnologia específica da fonte (VETEF10), que seriam corrigidos anualmente pelo IGP-M11, com base na data de assinatura dos contratos com a ELETROBRÁS. Tais custos de aquisição estão apresentados a seguir.

Tabela 4.1 - VETEF definidos pelo MME por intermédio de consulta pública.

Fonte: Ministério de Minas e Energia.

Alguns aspectos a se ressaltar da divulgação do resultado de consulta pública dizem respeito a custos com o investimento total (R$/kW instalado) que foram estipulados levando em conta as perspectivas de gastos para se estabelecer as instalações para as respectivas fontes, e como resultado são disponibilizados os dados abaixo.

Tabela 4.2 - Parâmetros específicos - custo do investimento total.

Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME).

10 VETEF (Valor Econômico da Tecnologia Específica da Fonte): Trata-se do valor de venda da energia

elétrica que, num determinado tempo e para determinado nível de eficiência, viabiliza economicamente o projeto utilizando a referida fonte.

11

ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO MERCADO: é calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é divulgado no final de cada mês de referência. Inicialmente concebido para ser um indicador para balizar as correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e Depósitos Bancários com renda pós- fixada acima de um ano. Posteriormente passou a ser utilizado para a correção de contratos de aluguel e como indexador de tarifas de energia.

Nota-se que, para a energia eólica, existe uma parcela considerável de aporte de produtos importados, motivo pelo qual o VETEF desta fonte se encontra bem mais elevado que o das demais soluções. Entretanto, como um dólar, à época da consulta, estava cotado em aproximados R$3,00, deve-se levar em consideração a atual desvalorização da moeda norte-americana para a formulação do VETEF da energia eólica.

Para tanto se considera uma redução aproximada de 21% no VETEF da solução eólica. Tal consideração se baseia em fatores tais como: (i) a parcela de equipamentos e acessórios estrangeiros, que representa um percentual de 39% do investimento; (ii) a redução aproximada de 41% do câmbio do dólar, que foi utilizado, à época, como parâmetro geral com o câmbio de R$ 3,00/US$, e em outubro de 2009 teve cotação média estimada em R$ 1,74/US$; e (iii) a queda do imposto de exportação incidente sobre turbinas eólicas a partir de 2006, que anteriormente era de 14%.

Em virtude do tempo transcorrido desde a divulgação dos valores citados, faz-se necessária a correção destes pelo IGP-M, desde o período de abril de 2004 até outubro de 2009. As atualizações dos valores pelo IGP-M para o VETEF são alvo de discussão no APÊNDICE II deste estudo, e os respectivos resultados são apresentados a seguir.

Tabela 4.3 - Valor da tecnologia específica da fonte corrigido pelo IGP-M.

MOEDA PCH EÓLICA EÓLICA C/ CORREÇÃO DE COTAÇÃO BIO-CANA

VALOR (R$/kWh) R$ 156,73 R$ 273,70 R$ 216,22 R$ 125,59

Ressalta-se novamente que, de acordo com as premissas indicadas no capítulo anterior, são apresentadas somente as estimativas atualizadas para a biomassa de cana em detrimento às demais alternativas de geração desta fonte. E, evidencia-se o destaque da produção por PCH e biomassa pelo menor VETEF se utilizando de fontes renováveis para a diversificação da matriz energética nacional.

Paralelo ao processo de formulação de preços do VETEF foi estipulado pela ANEEL o conceito de Valor Normativo (VN)12, que trata do valor limite de repasse dos preços de energia elétrica para a tarifa de fornecimento dos consumidores. O VN foi criado em 1998, por intermédio da Resolução 266 ANEEL, e os valores tiveram sua última revisão em 2002, por meio da Resolução 488 ANEEL, onde se estipula o VN por fonte, com a ressalva da atualização dos valores pelo IGP-M de acordo com a data dos contratos de compra de energia.

A tabela a seguir demonstra os valores vigentes e a respectiva atualização para o período atual. As atualizações do valor normativo por intermédio do IGP-M são alvo de discussão no APÊNDICE II.

Tabela 4.4 - Valor normativo corrigido pelo IGP-M.

Entretanto, há de se levar em consideração que, para a produção de energia por intermédio da fonte solar, existe a necessidade de importação de diversos componentes, destacando-se os inversores, controladores e painéis. Logo, cerca de 90% do investimento inicial é baseado na compra de insumos estrangeiros. Outro fato considerável diz respeito à cotação do dólar à época da referência do valor normativo citado na resolução, que era cotado em R$ 2,3758/US$. Desta forma a redução da cotação da moeda é estimada em aproximadamente 25,5%.

Sendo assim, fica evidente a necessidade de se considerar uma redução no VN da fonte solar. E, segundo os fatores considerados, tal redução pode ser estimada em aproximadamente 23%. Utilizando-se de tal argumento, teremos um novo VN em torno de R$ 403,16, para a referência outubro de 2009.

12 Valor Normativo: Valor definido pela ANEEL, com base nos preços de compra de energia elétrica de curto

prazo, realizadas no âmbito do Mercado Atacadista de Energia Elétrica, no período de referência. Expresso em R$/MWh. Foi criado através da Resolução 266/98 ANEEL, e os primeiros valores foram estabelecidos e discriminados por fontes através da Resolução 233/99 ANEEL e teve seus preços reajustados através da Resolução 488/02 ANEEL, destacando que os valores seriam corrigidos pelo IGP-M do mês anterior, quando da assinatura dos contratos de compra de energia.

FONTE PCH EÓLICA BIOMASSA SOLAR

VN 2001 R$ 79,29 R$ 112,21 R$ 89,86 R$ 264,12

Entende-se como de extrema importância se destacar as diferenças entre o VETEF e o VN. Tendo em vista que, o VN estipula o custo de referência para o cotejamento entre o preço de compra e o preço a ser repassado às tarifas. Enquanto o VETEF estipula um valor de compra de forma a tornar o projeto de determinada fonte economicamente viável dentro de certo período e nível de eficiência.

Para os casos em que houvesse diferenças entre o VETEF, a maior, e o VN, tal diferença seria coberta pelos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)13. Entretanto de acordo com a metodologia de atualização dos valores se utilizando do IGP-M e taxas de câmbio para as fontes solar e eólica, nota-se que as projeções para o VETEF e VN apresentam valores muito semelhantes, demonstrando a coesão entre os resultados das consultas públicas do PROINFA e a metodologia utilizada pela ANEEL para estipular o VN das fontes de energia.

A tabela a seguir apresenta um resumo dos valores estipulados pelas referências citadas e os respectivos valores corrigidos de acordo com a metodologia de cálculo discutida no APÊNDICE II. Pode-se destacar a mínima disparidade apresentada entre a projeção para os valores referentes à utilização de PCH que chegam a ínfimos 0,29%.

Já para a energia solar não há a possibilidade de efetuar tal comparação entre as estimativas pelo fato de existirem somente as referências de VN para o estudo de tal fonte. Tais valores poderão vir a ser utilizados na verificação do valor de subsídio necessário à produção de energia pelas fontes alternativas analisadas.

Tabela 4.5 - Comparação dos valores por fonte (data de referência e data atual).

FONTE PCH EÓLICA BIOMASSA SOLAR

VETEF 2004 R$ 117,02 R$ 204,35 R$ 93,77 VETEF CORRIGIDO R$ 156,73 R$ 216,22 R$ 125,59 VN 2001 R$ 79,29 R$ 112,21 R$ 89,86 R$ 264,12 VN CORRIGIDO R$ 157,18 R$ 222,44 R$ 178,13 R$ 403,16 MARGEM DISPARIDADE 0,29% 3% 30%

13 Fonte de subsídio criada para tornar competitivas fontes alternativas de energia, como eólica e biomassa, e

promover a universalização dos serviços de energia elétrica. Além de fontes alternativas, a CDE cobre os custos de termelétricas a carvão que já haviam entrado em operação em 1998 e da instalação de transporte para gás natural. Os recursos virão de pagamentos anuais realizados a título de uso de bem público, multas

Tendo em vista que a metodologia desenvolvida para o cálculo do custo da energia gerada por cada uma das fontes em análise requer uma vasta pesquisa em artigos publicados e organismos governamentais, tal metodologia será alvo de discussão nas seções seguintes deste capítulo, onde serão apresentadas as informações relativas ao levantamento de parâmetros objetivos e a modelagem matemática proposta para o cálculo do custo da energia. E caso tais custos sejam superiores ao VN, indicado anteriormente para cada solução de geração, indica-se a necessidade de subsídios para a geração de energia.