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PRESENTES NAS ÁGUAS E SOLOS

É verdade que a radiação pode matar. Quando as doses recebidas são altas ela pode causar grandes danos ao organismo. Porém, as fontes de radiação mais importantes para o público não são as que chamam mais a atenção. As fontes naturais são responsáveis pela maior parte da exposição.

Para permitir que a sociedade se beneficie das inúmeras vantagens que a tecnologia nuclear oferece, é necessário colocar na corretamente os reais riscos associados à radiação ionizante bem como transmitir conhecimentos sobre os requisitos de segurança e proteção.

Os valores das atividades dos radionuclídeos podem ser comparados com o limite dos critérios de exclusão, isenção e dispensa como requisito de proteção radiológica dado pela Posição Regulatória CNEN PR-3.01-001 (CNEN, 2011b), que se refere a Norma CNEN-NN-

3.01. Tal Norma estabelece os requisitos básicos de proteção radiológica das pessoas em relação à exposição à radiação ionizante.

A Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) tem se preocupado há muito tempo com o problema da exposição e os danos decorrentes da radiação ionizante no corpo humano e vem estudando os riscos da radiação, dispondo sobre valores de doses máximas permissíveis. A proteção em razão da radiação firma-se no pressuposto de que a exposição à radiação envolve certo nível de risco. No Brasil a Radioproteção é regida por três princípios, prescritos nas Diretrizes Básicos de Radioproteção da CNEN:

O Principio da Justificação afirma que qualquer atividade envolvendo radiação ou a exposição a radiações deve ser justificada em relação a possíveis alternativas e produzir um benefício positivo e líquido para a Sociedade. Isso significa que, no caso de se obter o mesmo resultado com o uso de um material radioativo e de um material não radioativo, deve ser empregado este último.

Por sua vez, o Princípio da Otimização diz que uma vez justificado o uso de material radioativo ou de fontes radioativas deve-se garantir que as exposições a estas radiações sejam tão baixas quanto razoavelmente exequível. Esse princípio é também conhecido como Princípio ALARA, em inglês As Low As Reasonably Achievable (tão baixa quanto razoavelmente exequível).

E a partir dos princípios anteriores, tem-se o Princípio da Limitação da Dose Individual. Este coloca que as doses (quantidades de radiação) individuais de trabalhadores que utilizam materiais radioativos e de indivíduos do público não devem exceder os limites anuais estabelecidos na Norma CNEN-NE-3.01 - Diretrizes Básicas de Radioproteção.

O risco para a saúde associado com a presença de radionuclídeos em água de beber deve ser levado em consideração, embora a contribuição de água potável à exposição total a radionuclídeos é pequena em circunstâncias de condições normais. (WHO 1, 2008).

Valores de referência formais não estão definidos para os radionuclídeos em água potável. Em vez disso, o método utilizado para valores de referências baseia-se no rastreio da atividade alfa e beta nas águas. Ao encontrar níveis de atividade acima dos valores de rastreio, deve-se imediatamente desencadear uma investigação mais aprofundada para determinar os radionuclídeos responsáveis e os possíveis riscos, tendo em consideração as circunstâncias locais. (WHO 1, 2008). Estas medições são adequadas como um procedimento preliminar para determinar se uma análise mais aprofundada de radioisótopo especifico será necessária.

Segundo a OMS (WHO 1, 2011), níveis de triagem para a água potável, abaixo do qual não é necessária nenhuma ação adicional, são 0,5 Bq/L para a atividade alfa total e 1 Bq/L para a atividade beta total. Se nenhum desses valores é excedido, o IDC (Critério de dose individual) de 0,1 mSv por ano também não será ultrapassado.

No Brasil, existe a portaria do Ministério da Saúde nº 2914 (PORTARIA MS, 2011)

de 12/12/2011, que dispõe sobre os meios para controle e vigilância a cerca da qualidade da água que é consumida pelos seres humanos. Segundo o art. 38 deste mesmo ato normativo, os valores de concentração de atividade, em conformidade com a Organização Mundial de Saúde, também não podem exceder 0,5 Bq/L para a atividade alfa total e 1 Bq/L para beta total. Ainda o parágrafo único desta portaria determina que se caso os limites estabelecidos forem ultrapassados, deve ser realizada análise específica para radionuclídeos possivelmente presentes.

Para o urânio, a Organização Mundial da Saúde (WHO 1, 2011; WHO 2, 2011)

recomenda o limite de concentração máxima para o urânio permitida nas águas para o consumo humano o valor de 30 μg.L-1. No Brasil, a resolução 396/08 do Conselho Nacional do Meio Ambiente recomenda o limite de 15 μg.L-1 para águas subterrâneas (CONAMA, 2008) e 20 μg.L-1 para águas doces (CONAMA, 2005).

Em termos de avaliação de risco à saúde, as orientações não diferenciam quando ocorrem naturalmente daquelas que são decorrentes de atividades humanas. No entanto, em termos de gestão de risco, a diferenciação é feita porque, em princípio, radionuclídeos provenientes de gerenciamento humano são muitas vezes controláveis no ponto em que eles entram no abastecimento de água. Radionuclídeos que ocorrem naturalmente, ao contrário, podem, potencialmente, entrar no fornecimento de água em qualquer ponto ou em vários pontos, antes do consumo, por esta razão, é mais complicado manter o controle sobre radionuclídeos naturais em água potável. (WHO 1, 2011).

Para as exposições prolongadas, como é o caso de ingestão de água potável contendo radionuclídeos durante grandes períodos de tempo, as evidências de um aumento do risco de câncer em seres humanos está disponível em doses superiores a 100 µSv/a. Logo as doses efetivas não devem exceder a esse valor. (WHO, 2008).

2.9 DOSE DE RADIAÇÃO

Outra forma de se avaliar os limites de radiação ambiental é calculando a taxa de dose. A grandeza que pode ser utilizada é a dose efetiva (E) que serve para estabelecer limites

de exposição de todo corpo à radiação, a fim de limitar a ocorrência de efeitos cancerígenos e hereditários.

O termo "dose" pode ser usado como um termo geral para significar qualquer dose absorvida (Gy) ou dose efetiva (Sv), dependendo da situação. Para efeitos de controle, as doses são determinadas a partir da concentração de atividade do radionuclídeo em um dado material. No caso da água, a concentração de atividade é dada em becquerel por litro. Esse valor pode estar relacionado com uma dose efetiva por ano (mSv/a), utilizando um coeficiente de dose (mSv/Bq) e o consumo anual médio de água (L/a). (WHO, 2008).

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