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PARTE 1 – FUNDAMENTOS HISTÓRICO-FILOSÓFICOS, TEÓRICO-CONCEITUAIS

2 VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DA EDUCAÇÃO BÁSICA:

2.5 VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO NO NOVO PLANO NACIONAL DE

Com o fim da vigência do PNE (2001-2010), o processo de elaboração de um novo Plano Nacional de Educação, para o próximo decênio, encontrou um cenário entusiasmo, com um setor profissional ansioso por mudanças, especialmente a partir dos resultados das Conferências Nacionais que imprimiram inúmeras perspectivas e expectativas às políticas educacionais. Os debates acirrados das conferências impulsionaram a categoria do magistério público a acreditar, novamente, nas possibilidades enunciadas de valorização profissional, sobretudo com a garantia de uma remuneração condigna.

A atmosfera entusiasta do novo PNE35 recuperou as perspectivas frustradas com os mínimos avanços alcanças com as metas do Plano anterior – elaborado exclusivamente no âmbito do Poder Executivo – e motivou a categoria para o acompanhamento do PNE 2014-2024, mediante o processo de discussão, construção e elaboração do texto final que incorporou parte considerável do documento final da CONAE 2010.

O projeto de lei, com atrasos, já no art. 2º, apresenta as diretrizes do PNE (inicialmente pensado para o interstício 2011-2020) e, nestas, novamente, figuram a “melhoria da qualidade do ensino” (Inciso IV) e a “valorização dos profissionais da educação” (Inciso IX).

O projeto de lei do novo PNE (Projeto de Lei nº 8.035, de 20 de dezembro de 2010), conforme o texto original, tinha apenas 20 metas, cada qual com suas respectivas estratégias e, do total das metas, 5 (cinco) especificavam a valorização docente, centrando nos mesmos pilares legais: a formação, a carreira e a remuneração. Desta forma, as metas 15,16, 17, 18 e 19, como apresentadas na Tabela 10, focam a valorização do magistério público considerando as conquistas tradicionais da categoria.

34 Para acompanhar as metas do Plano Nacional de Educação, consulte: <http://pne.mec.gov.br/>. 35 Em relação à discussão sobre o novo PNE, sugerimos a leitura comparativa de Dourado (2011) e

QUADRO 5 - METAS PREVISTAS NO PROJETO DE LEI DO NOVO PNE PARA A VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO

METAS SÍNTESE

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura

na área de conhecimento em que atuam. Formação de professores

Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós- graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.

Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Remuneração de professores Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira

para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino. Sistema de Carreira

Fonte: Projeto de Lei nº 8.035, de 20 de dezembro de 2010.

O PL nº 8.035, depois dos intensos processos de discussão, embates e conflitos entre partidos, governos, entidades representativas dos trabalhadores em educação e sociedade civil, destacando, com especial ênfase, as emendas relativas aos recursos para a educação, com foco na definição do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) a ser destinado ao setor, o Congresso Nacional aprovou o projeto que foi sancionado sem vetos. Neste contexto, a Lei nº 13.005, de 25 de junho de

2014, aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência para o decênio

2014-2024, foi sancionada pouco mais de 3 (três) anos depois da apresentação do projeto de lei correspondente, mantendo sua estrutura básica.

O novo PNE, ratificando as diretrizes nacionais de educação (Art. 2º), indicando avanços, especialmente em relação à “melhoria da qualidade da educação” (Inciso IV do Art. 2º), ao “estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade (Inciso VIII do art. 2º) e à “valorização dos (as) profissionais da educação” (Inciso IX do art. 2º). Estas 3 (três) diretrizes, indissociável das demais, especificam o objeto desta análise, enfatizando a compreensão do legislador que entende que a

melhoria da qualidade da educação passa pela definição e ampliação de recursos para, entre outras coisas, a valorização dos profissionais da educação.

Estabelecendo metas e estratégias específicas para o seu alcance, o PNE, como previsto no art. 5º, será “objeto de monitoramento contínuo e de avaliações periódicas”, com divulgação dos resultados e análises sobre a execução e o cumprimento das metas definidas, possibilitando o acompanhamento social do Plano.

Uma das características do novo PNE é o foco no financiamento público da educação, a partir do estabelecimento de percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para aplicação em políticas educacionais. O tema do financiamento, associado às discussões sobre o regime de colaboração – entre os entes federados - e a construção do sistema nacional de educação, é retomado, no texto anexo à Lei, como condição indispensável para o alcance das metas, responsabilizando-se a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Numa visão geral das metas e estratégias do novo PNE relacionadas à valorização docente, percebe-se a restrita correlação entre a valorização e a tríade formação, carreira e remuneração, concebidas como direitos historicamente conquistados e preservadas, até então, na forma da lei. Entretanto, os enunciados, tanto das metas como das estratégias, apresentam especificações importantes, a serem consideradas no processo de elaboração das políticas públicas, que ampliam a compreensão da aludida tríade. Assim, ao analisamos as metas do campo semântico da valorização profissional do magistério público da educação básica, delimita-se a discussão ao texto das metas 17 e 1836, com respectivas estratégias, como as mais enfáticas sobre o tema.

A meta 17, a ser cumprida até junho de 2020, foca a valorização e a remuneração e, em suas estratégias, percebe que a remuneração deverá estar estritamente inter-relacionada ao Piso Salarial Profissional Nacional, cabendo ao Ministério da Educação, o acompanhamento da atualização dos valores do Piso (Estratégia 17.1). Outra estratégia (a 17.3) desta meta diz respeito aos planos de carreira, também submissos à Lei do Piso, procurando garantir a remuneração para o cumprimento de jornada de trabalho em único estabelecimento de ensino, aproximando-se da proposta de política de dedicação exclusiva para os professores.

36 Outras metas e inúmeras estratégias apresentadas pelo PNE discorrem sobre temas do campo

Para isto, a União deverá ampliar os recursos repassados aos entes federados para o financiamento de políticas públicas de valorização (17.4).

QUADRO 6 – SÍNTESE DA META 17 DO PNE – 2014-2024 Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.

17.1 constituir, por iniciativa do Ministério da Educação, até o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum permanente, com representação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da educação, para acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial nacional para os profissionais do magistério público da educação básica; - Valorização profissional associada à remuneração - Remuneração associada ao Piso Salarial Profissional Nacional

17.3 implementar, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica, observados os critérios estabelecidos na Lei no 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação gradual do cumprimento da jornada de trabalho em um único estabelecimento escolar;

- Carreira profissional estabelecida a partir de

planos de carreira - Planos de carreira relacionados aos critérios

da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional - Carreira e remuneração relacionadas à dedicação

exclusiva

17.4 ampliar a assistência financeira específica da União aos entes federados para implementação de políticas de valorização dos (as) profissionais do magistério, em particular o piso salarial nacional profissional. - Financiamento da União para políticas de valorização do magistério público - valorização associada ao Piso Salarial Profissional Nacional

A meta 18, com prazo de cumprimento de 2 (dois) anos, ou seja, até 2016, aborda a questão específica dos planos de carreira, inter-relacionando-se à Estratégia 17.3. Ratifica-se, novamente, a relação entre carreira e remuneração com esta última vinculada ao Piso dos professores. Assim, para o ingresso na carreira, exige-se o provimento efetivo nos cargos específicos (Estratégia 18.1), com a garantia de processos de formação e remuneração condigna, com a implementação de avaliação do desempenho.

QUADRO 7 - SÍNTESE DA META 18 DO PNE – 2014-2024 Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de Carreira para os (as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.

18.1 estruturar as redes públicas de educação básica de modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE, 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no mínimo, dos respectivos profissionais da educação não docentes sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem vinculados; - Carreira relacionada ao provimento efetivo de profissionais da educação

18.2 implantar, nas redes públicas de educação básica e superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, supervisionados por equipe de profissionais experientes, a fim de fundamentar, com base em avaliação documentada, a decisão pela efetivação após o estágio probatório e oferecer, durante esse período, curso de aprofundamento de estudos na área de atuação do (a) professor (a), com destaque para os conteúdos a serem ensinados e as metodologias de ensino de cada disciplina;

- carreira relacionada a processos de formação para “profissionais iniciantes” - carreira e “avaliação documentada” do estágio probatório

18.3 realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mediante adesão, na realização de concursos públicos de admissão de profissionais do magistério da educação básica pública;

- Carreira e prova nacional para profissionais do

magistério

18.4 prever, nos planos de Carreira dos profissionais da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, licenças remuneradas e incentivos para qualificação profissional, inclusive em nível de pós- graduação stricto sensu;

- Carreira associada à formação - Remuneração para

qualificação profissional

18.7 priorizar o repasse de transferências federais voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais da educação;

- Vinculação das transferências de recursos federais aos planos de

carreira

18.8 estimular a existência de comissões permanentes de profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, em todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos competentes na elaboração, reestruturação e implementação dos planos de Carreira.

- Comissões permanentes para pensar os Planos de

carreira

As estratégias apresentadas nesta meta incorporam a necessidade de sistema de carreiras como políticas de estado, reconhecendo, no espírito da lei, que a valorização profissional não poderá ser efetivada sem a garantia desta condição.

Para o estabelecimento destes sistemas, entretanto, na perspectiva do Sistema Nacional Articulado, os entes federados devem seguir diretrizes construídas nacionalmente, ou seja, diretrizes nacionais de carreira que efetivem os princípios de valorização do magistério público e reformulem as atuais práticas de estados e municípios que negam os direitos profissionais desta classe de trabalhadores.

2.6 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E VALORIZAÇÃO DE