• Nenhum resultado encontrado

4.2 Valorização do ser

4.2 Valorização do ser humano em relação à tecnologia

Quando se trata da tecnologia, há muitos receios que se ascendem, como a substituição do homem pelos recursos tecnológicos, e isso não é diferente em relação à área da educação. Uma das ideias que emergem do discurso dos sujeitos da pesquisa é que, em muitos momentos, valorizam-se as novas ferramentas de tal maneira que se esquece do valor do educador. De mesma maneira, a pressão que se sofre para o uso dessa tecnologia gera uma utilização desenfreada, despreocupada com a metodologia adequada, apenas para satisfazer ao uso dessa ferramenta, como discutido previamente na categoria anterior.

Em sua pesquisa, Geller (1995), mesmo há duas décadas, já encontrava licenciandos vivenciando esses temores e a imposição do uso da informática, de tal forma que não importasse se tal uso contribuiria ou não para a aprendizagem do aluno. Diante desses receios, deve-se trabalhar a ideia de que as TIC devem ser utilizadas respeitando a qualidade, e não a quantidade, como frisa o sujeito Margarida (Quadro 1). Ela deve adequar-se ao plano pedagógico do professor, assim como às características e anseios de cada turma de alunos para que a o processo de aprendizagem alcance seu sucesso (KENSKI, 2010; VALENTE, 1998b).

A preocupação com que a tecnologia substitua o professor também precisa ser desmistificada. Silva (2013, p. 1) reflete sobre esses temores:

Os professores ainda se ressentem, achando que o computador ocupará seu lugar e que acabarão sendo dispensáveis. Ora, é claro que o computador é capaz de armazenar realmente muitas informações e organizá-las segundo seus parâmetros. Ele até é capaz de apresentá-las seguindo uma programação pré-definida, com animações, apelos sonoros, pequenos vídeos, etc., mas não é capaz de orientar um raciocínio ou conduzir uma discussão. Nem é capaz de relacionar informações para as quais não foi programado. Assim, um computador nunca poderá ocupar o lugar de um professor que não se limite apenas a transmitir informações. A utilização do computador no ambiente escolar é feita para auxiliar o processo de aprendizagem, mas não para conduzi-lo.

Assim apesar de a TIC propiciar um acesso fácil à informação, o docente possui grande importância na formação de seu aluno. O que deve estar em mente é que, na contemporaneidade, sua função muda de transmissor da informação (visto que essa pode ser acessada facilmente) para auxiliar do processo de aprendizagem. Seu compromisso é o de assistir o aluno a

transformar os inúmeros dados que obtém da tecnologia em novos conhecimentos (KENSKI, 2010; MORAN, 2013).

4.3 Percepções prévias sobre o Software Educacional MS PowerPoint No primeiro encontro da oficina, os sujeitos da pesquisa foram indagados sobre o MS PowerPoint: se possuíam familiaridade com o aplicativo e que tipo de construções podem ser elaboradas por ele. Em suas respostas, é unânime o uso dessa ferramenta para a construção de apresentações visuais para fins acadêmicos, visto que esses licenciandos ainda são universitários e que essa é a utilização que observam de seus educadores. Tal observação corrobora a importância de se abrir novas possibilidades a esses sujeitos sobre os mecanismos ainda não conhecidos e inovar as produções obtidas com esse aplicativo.

Das respostas dos licenciandos para a entrevista do primeiro módulo (Apêndice 03), emergem duas grandes categorias: a primeira traz a ideia da utilização dessas apresentações meramente como uma atualização das ferramentas antigas, no caso, a substituição da lousa. A segunda categoria valoriza o recurso utilizado e se preocupa com o aprofundamento da aprendizagem dos recursos do PowerPoint para que, então, possa empregá-lo de maneira diferenciada e inovadora, explorando-o para a utilização em outras necessidades que surjam.

O quadro a seguir (Quadro 2) expõe as categorias e subcategorias emergentes da fala dos sujeitos de maneira resumida. Cada uma dessas categorias será mais bem elucidada nos próximos subtítulos.

Quadro 2 – Reflexões dos licenciandos sobre o uso do MS PowerPoint: Categorias emergentes da análise dos depoimentos

CATEGORIA SUB- CATEGORIA ENUNCIADOS 4.3.1 Atualização das ferramentas “antigas” Substituição da lousa

“Apresentação de conteúdos audiovisuais e textos sem ‘muita dor e sofrimento’ de escrever e copiar” [Tulipa]

“Apresentação visual exemplificada de certo conteúdo a ser abordado” [Margarida]

4.3.2 Conhecer as ferramentas utilizadas Necessidade de aprofundamento dos conhecimentos sobre a ferramenta

“Uma ótima ferramenta que precisa ser melhor explorada” [Narciso]

“Bons recursos que estão disponíveis, porém desconhecidos” [Lírio]

Uso diferenciado da

ferramenta

“[Uso] Para fazer convites, pôsteres” [Violeta]

Fonte: o autor (2016) 4.3.1 Atualização das ferramentas “antigas”

Como dito anteriormente, o aplicativo MS PowerPoint é lembrado na confecção de apresentações visuais e outras aplicabilidades a essa ferramenta são muitas vezes desconhecidas ou ignoradas. Dentro dos recursos possíveis a se incorporar nos objetos criados, podemos incluir vídeos, imagens, sons, criar animações, entre outras dinâmicas. No entanto percebe-se na fala de sujeitos como Tulipa (Quadro 2), que esse aplicativo tem tido seus artifícios pouco explorados, “sendo utilizado diretamente em todas as aulas como substituto da lousa ou do quadro-negro, como recurso de apoio às aulas expositivas, ou mesmo como substituição dessas aulas” (MASETTO, 2013, p. 164).

Assim como percebemos com o PowerPoint, muitas outras ferramentas tecnológicas acabam sofrendo do mesmo mal, como a substituição dos livros e enciclopédias pelos mecanismos de busca da internet. O avanço dessas tecnologias pode nos trazer inúmeros benefícios e possibilidades, mas para que isso ocorra, devemos preparar melhor os professores (principalmente os que ainda estão na graduação) para seu uso, ou continuaremos com “[...] muitas novidades, que são reciclagens de técnicas já conhecidas.” (MORAN, 2013, p. 11). Dessa maneira, surge a importância não apenas de se explorar novas ferramentas, mas de aprofundar o conhecimento sobre os aplicativos com os quais já possuímos familiaridade, como será discutido no tópico seguinte.

Uma preocupação em relação ao uso do PowerPoint é com a falta de cuidado dos professores ao empregarem esse aplicativo na construção de suas

aulas. Como citado anteriormente na fala de Masetto (2013), muitos professores utilizam suas apresentações de slides como um advento inovador, acreditando que ela tem potencial para substituir uma aula expositiva o que é um equívoco. Para que essa ferramenta resulte em sucesso no processo de aprendizagem, o autor sugere três princípios básicos: [1] o aluno não pode ser apenas um espectador passivo dessa metodologia; [2] a apresentação de slides não pode substituir as atividades desempenhadas pelos alunos e; [3] é necessário que durante essa aula estejam planejados momentos que propiciem a participação dos alunos, por meio de reflexões, questionamentos, debates e pesquisas, entre outros.

4.3.2 Conhecer as ferramentas utilizadas

O MS PowerPoint, por ser um recurso multimídia, permite incluir imagens, textos, sons, vídeos, animações; uma ferramenta que condiz com a ideia de Moran (2013, p. 69) de: “chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (dramatizações, simulações), pela multimídia, pela interação online e offline”. Quando bem utilizado, pode gerar objetos diversificados que auxiliam no processo de aprendizagem tanto por atrair a atenção do aluno quanto pelos inúmeros recursos didáticos que um arquivo PowerPoint pode suportar.

No entanto, o que se percebe é que esse aplicativo é muitas vezes subutilizado. Os sujeitos da pesquisa, representados pelas falas de Narciso e Lírio (Quadro 2), corroboram essa ideia: apesar de reconhecerem as inúmeras rotinas disponibilizadas pela ferramenta, a maior parte delas não é explorada. Na visão de Honorio (2007, p. 85), os professores reconhecem o uso do aplicativo como prático pela sua facilidade de uso e acesso e pela quantidade de recursos que são oferecidos pelo programa:

No entanto, está última vantagem é teorizada, porém não é praticada; ou seja, os professores dizem que usam o programa devido à diversidade de recursos, porém quando criam suas apresentações, na maioria das vezes não fazem uso deles.

Documentos relacionados