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Valorização Energética

1.1.4. A Problemática do Excesso dos RSU

1.1.4.2. Valorização Energética

Uma dessas actividades é a valorização energética. Este método de tratamento de RSU consiste na transformação, através da combustão, dos resíduos em energia eléctrica. A eliminação de resíduos por este método não é completa, uma vez que após a incineração as cinzas ainda devem ser eliminadas.

(WRIGHT e NEBEL, 2002, p.471) Para se poder minimizar este problema do excesso de RSU há que educar os intervenientes deste processo, desde o produtor ao consumidor final e incentivá-los, não só a fazer a correcta separação do lixo, de modo a facilitar a recolha selectiva e posterior tratamento, mas também informar da necessidade de consumir menos produtos. Esta questão prende-se com outra actividade de valorização de resíduos domésticos conhecida como a política dos três R’s:

1. Reduzir: primeira e mais importante forma de minimizar o problema da gestão dos resíduos. Consiste em reduzir a produção de lixo através da redução daquilo que cada indivíduo consume;

2. Reutilizar: Consiste, tal como o nome indica, em utilizar um produto mais do que uma vez, quer seja para o mesmo efeito quer seja com um fim diferente. A reutilização, permite, deste modo, desenvolver a criatividade do consumidor;

3. Reciclar: valorizar um material que já foi utilizado, transformando-o em matéria útil.

VANTAGENS DESVANTAGENS

Vantagens e Desvantagens da Combustão

A combustão pode reduzir o peso do lixo por mais de 70% e o volume em 90%, prolongando, assim,

a vida útil de um aterro;

As cinzas provenientes da combustão estão carregadas de metais e outras substâncias perigosas e devem ser

dispostas em aterros seguros;

As instalações de combustão são caras para constituir, e a sua implantação tem o mesmo problema

do aterro: nenguém quer viver perto de uma; Pode provocar efeitos na saúde, especialmente as instalações mais velhas ou mal geridas. Partículas em

suspensão como chumbo, mercúrio e dióxinas são os poluentes mais graves libertados para o ar contribuindo

para a poluição do ar local e regional. Algumas substâncias tóxicas perigosas estão concen-

tradas em dois fluxos de cinzas, que são mais fáceis de manipular e controlar do que o original RSU;

De modo a justificar o custo da sua operação, a instalação de combustão deve ter uma fonte

permanete de RSU;

Praticamente todas as instalações de combustão modernas são projectadas para gerar electricidade,

que é vendida para compensar alguns custos de eliminação do lixo.

Não são necessárias mudanças nos procedimentos de colecta de lixo ou no comportamento das pessoas,

o lixo é simplesmente transportado para uma instalação de combustão em vez do aterro;

Mesmo gerando electricidade o processo desperdiça energia e materiais, a menos que seja acoplada a um

A reciclagem é um dos métodos mais utilizados no nosso país. Com o sistema de recolha selectiva da SPV, é hoje mais fácil para todos nós ajudar na criação de um mundo mais sustentável onde poderemos viver em conjunto com a natureza.

(…) Existem dois níveis de reciclagem: primária e secundária. (…) A reciclagem primária é um processo no qual o material inicial dos resíduos é transformado no mesmo material. (…) Na reciclagem secundária os resíduos são transformados em produtos diferentes que podem ou não ser recicláveis (…)14 (WRIGHT e NEBEL, 2002, p.473 e 474).

A reciclagem primária, a mais utilizada, apresenta-se como o acto de recuperar uma parte útil dos resíduos reintroduzindo-os no seu respectivo ciclo de produção. O resultado desta transformação pretende alertar para uma utilização mais racional dos recursos materiais e energéticos, sendo, nos dias de hoje, uma das principais formas de tratamento ou destino final escolhida para os RSU.

A reciclagem de materiais de embalagem, apesar de ser uma das alternativas com mais potencial para a gestão de resíduos, não é a de mais fácil implementação. De entre os requisitos necessários e aspectos críticos para a sua adopção podem salientar-se:

• A existência de mercado para o material reciclado;

• A distância entre os pontos de recolha e os locais de tratamento, de forma a minimizar os custos ambientais e económicos do transporte;

• A tipologia do material recolhido;

• Os sistemas de recolha adequados e a recolha de materiais em quantidade suficiente para viabilizar os custos associados às estações de triagem e tratamento de resíduos.

(FERRÃO, RIBEIRO e SILVA, 2005, p.119) No entanto, podemos afirmar que as vantagens da utilização de materiais reciclados em detrimento de matérias-primas virgens são várias (economia de energia, poupança de matérias-primas, redução da quantidade de resíduos nos aterros sanitários) e contribuem para uma melhor qualidade de vida das populações e do nosso planeta.

14 [T.L. de:] (…) “There are two levels of recycling: primary and secondary. Primary recycling is a process in which the original waste material is made back into the same material (…). In secondary recycling, waste materials are made into different products that may not be recyclable” (…).

Al Gore, no seu livro Uma Verdade Inconveniente, afirma que apesar do perigo que enfrentamos devido a todas as problemáticas ambientais, que nós, humanos, estamos a causar ao nosso planeta e por conseguinte a nós próprios, esta crise representa, também, oportunidades sem precedentes. “Novos negócios e novos lucros estão nos dias de hoje a ser desenvolvidos a par de todo um conjunto de máquinas mais limpas, da utilização da energia do vento, do sol e do mar, …” (GORE, 2006, p.8 - 11).

O século XXI deverá ser um século definido por novos desafios que pretendem combater a crise ambiental que se apoderou do mundo. Aproveitando as novas oportunidades de desenvolvimento tecnológico é nosso dever dar asas à imaginação e à criatividade. Cada um de nós é uma causa desta problemática ambiental, no entanto, cada um de nós, pode, também, tornar-se na sua solução através de simples actividades que estão ao alcance de todos.

1.2. O Papel do Designer

Actualmente, vários autores, como Edwin Datschefski (2005), Ezio Manzini (2008) e Han Brezet e Carolien Van Hemel (1997), entre outros, têm demonstrado que somente o melhoramento do processo de manufactura não é suficiente para amenizar os problemas ambientais. Estes autores mostram que é preciso actuar na fonte do problema, ou seja, considerar os aspectos ambientais dos produtos.

Como já foi mencionado neste trabalho, a maior parte dos problemas ambientais são causados pela poluição gerada através da produção, uso e eliminação de produtos e serviços. No nosso dia-a-dia adquirimos e descartamos vários tipos de produtos industriais sem nos preocu- parmos de onde vêm e para onde vão após serem consumidos ou utilizados.

A maioria de produtos e serviços utilizam recursos naturais a maioria dos quais são insubsti- tuíveis. O método pelo qual as matérias-primas são retiradas da terra pode causar problemas ambientais graves. O processo de fabricação, por si próprio, usa energia, cria desperdícios e pode resultar em produtos perigosos para o ambiente. O produto ainda terá de ser distribuído, levantando outro tipo de problemas, para depois ser utilizado. (…) Finalmente o produto poderá ser eliminado causando um novo conjunto de problemas ambientais.

O designer como principal criador do produto em si, tem uma influência directa sobre a quantidade de dano que irá ocorrer em cada etapa do processo (…)15 (MACKENZIE, 1991, p. 11).

Neste contexto, é necessário que a sociedade desmaterialize os seus desejos. Esta necessidade provém do facto de que além de possuirmos um ritmo de vida que consome uma enorme quantidade de matérias-primas e energia, produzimos uma quantidade de lixo muito maior do que a capacidade de regeneração da natureza.

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