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2.2. RESULTADOS DA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS Como referimos anteriormente as entrevistas foram sujeitas a análise de conteúdo.

2.2.3. Vantagens do debriefing

Tal como defendemos anteriormente o debriefing é uma ferramenta que deverá ser incorporada nos contextos laborais, e neste caso de forma particular em contexto de SU, por apresentar múltiplas vantagens. Da análise das nossas entrevistas emergiu uma categoria que designamos de vantagens do debriefing. Esta por sua vez deu origem a duas subcategorias: vantagens pessoais e vantagens organizacionais.

59 As vantagens pessoais, centram-se na melhoria da performance e aquisição de competências através da identificação de aspetos a melhorar tal como se pode observar através das declarações dos profissionais envolvidos no estudo:

“…porque as pessoas, pois também conseguem expor todos os problemas e conseguem ver o que é que fizeram mal e na próxima atuação já são coisas que quando estamos a atuar nos lembramos do que é que falhou na anterior…” (E4) “…e ao falarmos sobre a questão do ponto de vista das horas, quando é que começamos, quando é que iniciámos suporte básico, se era um ritmo desfibrilhável, se não era um ritmo desfibrilhavél, o que é que havia de alterações, quais eram as co morbilidades do doente, isso permite-nos efetivamente melhorar… Muitas das vezes esse falhanço já era previsto á partida.” (E5)

“… identificar facilmente o que é que falhou, o que é que devia ter feito, e nós no meio da ação, com todo o stress envolvido na mesma…” (E7)

“… a gestão disto tudo tanto a nível pessoal como admitir que falhaste e que podes fazer melhor é importante…” (E7)

“E numa próxima se alguma coisa correu menos bem tentarmos melhorar, ou melhorarmos noutra situação de paragem ou noutra situação de doente crítico.” (E8) “…cada elemento da equipa souber qual é o seu papel, as coisas correm bem.” (E9) “…de não repetir erros que foram realizados naquele momento…” (E12)

“Para não cometermos os mesmos erros se estes ocorreram ou para mantermos as coisas que correram bem caso tenha sido esse o caso. Para nós é fundamental exatamente para percebermos de uma forma mais calma e mais refletida se conseguimos executar todos os passos de uma forma organizada, se a própria organização da equipa correu bem, se as coisas foram fluidas, se a administração medicamentosa e todas as manobras foram feitas atempadamente e adequadamente.” (E15)

Também como vantagem pessoal conseguimos perceber que os participantes identificam o debriefing como uma ferramenta fundamental para conseguir manter o equilíbrio

60 emocional, referindo que as situações de emergência e em especial algumas situações de PCR são bastantes desgastantes emocionalmente e provocadoras de stresse que poderá interferir no futuro desempenho dos profissionais:

“…quando nós vivemos aqui uma situação mais constrangedora, quando vivemos uma situação de insucesso, nós também procuramos respostas, e muitas vezes ficamos a pensar o que é que podíamos ter feito melhor, o que é que podíamos ter melhorado. Às vezes até culpabilizarmo-nos por alguma situação que tenha corrido menos bem, e se tivermos oportunidade de falarmos com os nossos pares…se calhar até acabamos por tirar algumas dúvidas que nos vão massacrar no futuro…”(E1)

“A descarga de adrenalina, às vezes, o falar sobre a situação, também não temos ninguém para falar disso às vezes.” (E3)

“E ao menos ali é logo falado e pronto acaba o assunto e superamos, porque pronto há situações que nos marcam…” (E6)

“…eu faço normalmente em situações que geram mais stress ou criadoras de mais stress, e o stress pelo menos a mim quase que perturba um bocadinho a linha de pensamento e a estrutura da realização dos procedimentos, e o debriefing ajuda a pensar neles e a consolidá-los para futuras situações semelhantes…” (E9)

As vantagens organizacionais identificadas dizem respeito as vantagens sentidas no seio da equipa do SU, mas também a nível institucional.

Estas vantagens que os profissionais reconheceram em relação à equipa centram-se sobretudo no aumento da coesão da equipa através da reflexão em grupo.

“…a equipa torna-se mais competente, ganha automatismos, ganha….ganha outras armas para situações posteriores.”(E2)

“…como o reforço positivo á equipa, o aspeto de melhorar, o aspeto de todos nós sermos melhores, existe a vantagem de nós sentirmo-nos efetivamente mais profissionais para, porque falamos todos a mesma linguagem, estamos todos ao lado uns dos outros, a estratificação é feita dentro da sala de emergência mas todos temos papeis bem definidos…” (E2)

61 “Em termos de vantagens melhorar na qualidade da próxima situação que acontecer. Qualidade em termos de trabalho em equipa…” (E3)

“…é refletires o que fizeste para melhorar para os próximos, melhorares como equipa e aí quando falamos em equipa, a PCR, a paragem, a sala de emergência tem vários intervenientes… e todos eles devem refletir se fizeram a melhor coisa… isto entra dentro de um dos padrões da qualidade em termos de enfermagem que é a melhoria contínua dos cuidados ao utente…” (E5)

“Para a equipa a melhoria da prática, sobretudo a melhoria da prática e a melhoria na interação entre a equipa.” (E10)

“…correção de atitudes tomadas durante a situação de PCR embora hajam algoritmos estritos, a correção da articulação entre membros da equipa, o evitar repetições, perdas de tempo…” (E11)

“…rever as atitudes e os algoritmos á luz da ciência atual... Aprender sempre com os erros, relembrar sempre as condições de segurança, não é só de execução, sobretudo de segurança de quem está a executar a técnica ou participar. Rever sempre o papel de team leader que é muito importante, para não se perder a orientação das decisões sucessivas. E sem dúvida o mais importante é a equipa coesa a funcionar em uníssono.” (E14)

As vantagens a nível organizacional também dizem respeito ao benefício de uniformizar procedimentos, que irá consequentemente interferir de forma positiva nos cuidados prestados aos doentes em situação crítica.

“…pois há uma uniformidade de procedimentos…” (E4)

“…o debriefing ajuda a pensar neles [procedimentos] e a consolidá-los para futuras situações semelhantes… ajuda nisso a toda a equipa para se definir papéis…” (E9)

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