• Nenhum resultado encontrado

Vantagens estratégicas da utilização da PRF no cenário da Segurança Pública

O Governo Federal possui sob sua alçada duas polícias federais. A Polícia Federal Judiciária, com delegacias espalhadas por todos os Estados da Federação, responsável pela investigação e apuração dos crimes federais, além de polícia de fronteiras, portos e aeroportos; e a Polícia Rodoviária Federal, como policia ostensiva, responsável pelo policiamento das rodovias federais. Apresentando resumidamente as atribuições destas duas polícias federais fica claro que a União necessita uma policia ostensiva que possa atuar em locais e ocorrências em que seja necessária a intervenção de uma força pública federal com competência de atuação em todas as áreas da federação. Na busca de cobrir esta deficiência, o Governo Federal criou, por meio de decreto, a Força Nacional de Segurança Pública, porém esta está se mostrando uma solução provisória, visto que seus integrantes são retirados das

polícias estaduais, desfalcando o policiamento de um Estado para cobrir o outro, a velha máxima do “cobertor curto”, além de que não apresentam números e apreensões que legitimem sua atuação no cenário da segurança pública nacional.

De outro lado, a PRF já demonstrou que possui capacidade de atuação diferenciada no atendimento de ocorrências que necessitam de um trabalho qualificado. Através de solicitações do Governo Federal para atuações específicas, convênios com outros órgãos federais e estaduais e também mediante cooperação com outras policias, a PRF vem se destacando no cenário da segurança pública, mesmo sendo um ente novo neste segmento específico, já que até 1988 atuava com ênfase somente na fiscalização de trânsito. Algumas características são primordiais para que a PRF esteja se destacando nas ações de segurança pública em todo o país, algumas das quais estão destacadas abaixo:

a – Cargo único: A Polícia Rodoviária Federal é o único órgão de segurança pública no país que possui somente um cargo, qual seja, o de Policial Rodoviário Federal, fazendo com que a liberdade de manobra na atuação do policial seja bem mais ampla, eliminando toda a cadeia hierárquica das polícias militares e a submissão as ordens de um delegado no caso das polícias civis. Mesmo assim, a PRF possui um modelo de gestão verticalizado, com uma cadeia hierárquica mais suave e mais operacional do que a apresentada pelos militares, fazendo com que cada policial possa decidir a melhor atitude a tomar, dentro da legalidade é claro, sem a necessidade de percorrer todo um escalão de hierarquia.

b – Organização em todo o território nacional: A Polícia Rodoviária Federal está presente em todos os Estados e no Distrito Federal, fiscalizando mais de 65000 kilômetros de rodovias federais, abrangendo mais de 3500 municípios. São 151 delegacias e 385 postos de fiscalização espalhados pelo país, além de Núcleos de Operações Especiais em todas as Superintendências da PRF. Esta capilaridade faz com que a PRF esteja presente nos principais corredores de tráfego do país e tenha uma grande capacidade de mobilização para suprir deficiências e necessidades de outros órgãos federais e estaduais no enfrentamento a criminalidade.

c – Mobilização rápida e eficiente: Em face da capilaridade de sua estrutura e efetivo, a PRF dispõe de uma alta capacidade de mobilização. Com uma estrutura operacional dinâmica, a PRF tem condições de mobilização para atuar em operações nas mais diversas partes do país, possuindo equipes de pronto emprego formadas pelos Núcleos de Operações Especiais das Superintendências Regionais e pelas Equipes Táticas das Delegacias, que podem ser acionadas e mobilizadas com rapidez e agilidade em qualquer parte do território nacional.

49

d – Padronização de procedimentos: Por ser um órgão de atuação nacional, o DPRF possui em seu efetivo, policiais de diferentes culturas, porém, devido a padronização dos seus cursos de formação, instruções de serviço e manuais de procedimento, a atuação do órgão no cumprimento de suas atribuições é a mesma em todos os Estados da Federação. Essa é uma característica que se torna uma vantagem estratégica, na medida em que o policial pode ser empregado em qualquer parte do território nacional, sem precisar de curso ou treinamento anterior, desempenhando suas funções no mesmo nível que em seu local de origem.

e – Amparo legal para atuação em todo o território nacional: Órgão integrante do Ministério da Justiça, a Polícia Rodoviária Federal pode atuar, nas rodovias e estradas sob sua

circunscrição, empregando seu efetivo em qualquer Unidade da Federação,

independentemente da lotação original do servidor, sem gerar questionamentos quanto a legalidade de suas ações.

f – Logística operacional diferenciada: A PRF possui uma gama de equipamentos, viaturas, helicópteros e armamento de grande utilidade na realização de qualquer operação policial. Com a facilidade de logística referida anteriormente, estas viaturas e equipamentos podem ser alocadas em qualquer parte do território nacional com grande rapidez, respondendo com agilidade a qualquer demanda existente por segurança pública no território nacional.

g – Inteligência estruturada: Reconhecida como órgão integrante do SISBIN – Sistema Brasileiro de Inteligência, a Polícia Rodoviária Federal possui uma área de inteligência montada em todo o território nacional, atuando de forma a servir de apoio as operações de policiamento ostensivo desenvolvidas pelo Departamento.

h – Reconhecimento junto à população: Devido a sua missão institucional de salvar vidas nas rodovias e estradas federais a PRF goza de bom conceito junto à população brasileira. Apesar de atuar na fiscalização de trânsito, onde sua atribuição de autuar infratores não é bem compreendida por uma parcela da população, a PRF tem seu trabalho reconhecido de forma positiva pela grande maioria dos brasileiros. A busca pela garantia dos direitos humanos e atuando de forma a garantir a dignidade da pessoa humana em suas abordagens, a Polícia Rodoviária Federal é vista como Polícia Cidadã, respeitadora dos princípios humanistas dispostos na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.