• Nenhum resultado encontrado

2. MATERIAL E MÉTODO

2.8 Variáveis e instrumentos

2.8.1 Variáveis dependentes do estudo

2.8.1.1 Síndrome da Fragilidade:

A fragilidade foi operacionalizada por meio da aplicação do fenótipo de fragilidade composto por cinco domínios segundo os critérios descritos por Fried et

al. (2001) listados a seguir (FRIED et al., 2001):

1. A perda de peso não intencional foi avaliada pelo autorrelato, por meio das seguintes perguntas “No último ano, o senhor (a) perdeu peso involuntariamente?” e “Se sim, quantos quilos aproximadamente?” Os idosos que apresentassem resposta afirmativa para uma perda 4,5Kg ou 5% do peso corporal, pontuariam neste item para fragilidade.

2. O critério de exaustão, foi avaliado no período de tempo referente a semana anterior a entrevista, por meio de duas perguntas da escala de depressão do Center for Epidemiological Studies (CES-D) (BATISTONI; NERI; CUPERTINO, 2007), pelos itens (“Senti que tive que fazer esforço para fazer tarefas habituais” e

Likert (nunca ou raramente = 1, poucas vezes = 2, na maioria das vezes = 3, sempre

= 4). Se a resposta fosse em concordância, ou seja, sempre ou na maioria das vezes, em uma ou nas duas questões, o idoso pontuava neste critério de fragilidade. A CES-D é um instrumento de rastreio de sintomas depressivos, validado para idosos brasileiros, composto por 20 itens que versam sobre humor, sintomas somáticos, interações com os outros e funcionamento motor.

3. O nível de atividade física foi avaliado pela versão curta do questionário

Minnesota Leisure Time Activity Questionnaire (MLPTAQ) (TAYLOR et al., 1978). No

estudo da rede FIBRA foi utilizada a versão traduzida e adaptada para a população brasileira (LUSTOSA, 2011). O MLPTAQ mensura a atividade física de acordo com a prática de caminhadas, exercícios de condicionamento, esportes, atividades de jardinagem e cultivo de horta, atividades domésticas, prática de caça e pesca e outras atividades físicas por meio do equivalente metabólico previamente estabelecido. A atividade física foi mensurada pelo dispêndio semanal de energia em quilocalorias (Kcal) ajustada por sexo, correspondente ao período de duas semanas anteriores a entrevista. O gasto energético (Kcal/semana) foi calculado com aplicação de uma equação padronizada [gasto calórico= 0,0175 X tempo (minutos) da atividade realizada na semana X número de MET (equivalente metabólico) da atividade X massa corporal (Kg)]. Os pontos de corte foram estabelecidos pelo percentil 20 da amostra do presente estudo ajustados por sexo. Idosos abaixo do ponto de corte pontuariam neste critério do fenótipo de fragilidade.

4. A força muscular foi avaliada por meio do teste de força de preensão palmar, utilizando o dinamômetro do tipo JAMAR, (FIGUEIREDO IM; SAMPAIO RF; MANCINI MC, 2007) modelo NC701/42–North Coast (Sammons Preston, Illinois, Estados Unidos). Foram obtidas três medidas, apresentadas em quilograma-força (Kgf), da mão dominante e foi considerado o valor médio das três medidas. Na realização do teste foi dado estímulo verbal pelo examinador, durante o período de realização da manobra de força de preensão. Entre cada uma das três medidas foi dado um intervalo de um minuto para descanso. Foram adotados os pontos de corte determinados pelo percentil 20 da amostra do presente estudo, ajustados pelo sexo e quartis do índice de massa corporal (IMC). Indivíduos abaixo do ponto de corte pontuariam neste critério. O procedimento do teste seguiu as recomendações da

American Society of Hand Therapists (ASHT), segundo a qual a mensuração deve

aduzido; o cotovelo fletido a 90°; o antebraço em posição neutra, e o punho entre 0 a 30° de extensão e os pés devem estar totalmente apoiados no chão (FIGUEIREDO IM; SAMPAIO RF; MANCINI MC, 2007).

5. A velocidade da marcha foi calculada por meio do tempo de marcha (em segundos), medido pelo cronômetro Professional Quartz Timer, modelo

KD1O69 (Kadio, China), gasto para percorrer uma distância de 4,6 metros com

velocidade confortável e utilizando calçado habitual. Foram acrescidos ao percurso 2 metros no início e dois no final, para a aceleração e desaceleração e estes foram desconsiderados para o cálculo do tempo gasto na marcha. O percurso, realizado em superfície plana, foi demarcado por uma fita plástica, fixada ao chão, contendo as marcações nas seguintes posições 0 metros, 2m, 6,6m e 8,6m. Foram realizadas três medidas, e foi considerado o valor médio das três. Foram adotados os pontos de corte determinados pelo percentil 80 do tempo de marcha para a amostra de idosos do estudo, ajustados pelo sexo e altura. Indivíduos acima do ponto de corte preencheriam este critério (FRIED et al., 2001). Foi permitida a utilização de dispositivos auxiliares da marcha durante a realização do teste.

De acordo com a pontuação nos cinco componentes, os idosos foram considerados frágeis quando preenchiam três ou mais critérios; pré-frágeis na presença de um ou dois critérios e não frágeis na ausência dos critérios.

Para aplicação do fenótipo de fragilidade foi necessário à aferição dos dados antropométricos dos idosos. Foram realizadas medidas de massa corporal, estatura e índice de massa corporal pela aplicação da fórmula de Quetelet (peso (kg)/estatura2 (m). A massa corporal foi medida na balança digital, com capacidade para até 180Kg (G TECH - modelo BALGL 3C/GLASS CONTROL), com o idoso vestindo roupas leves e sem sapatos. A estatura foi mensurada com a utilização de esquadro para marcar a posição da cabeça na parede e uma fita métrica para verificar a altura em metros. Os idosos deveriam estar descalços, com os calcanhares juntos e encostados na parede, na posição ereta, braços ao longo do corpo e olhar para o horizonte.

A fragilidade além de ser variável dependente do primeiro estudo desta tese, foi utilizada como variável de estratificação das amostras dos estudos de prevalência de quedas e o de investigação do ponto de corte de autoeficácia relacionada às quedas para diferenciar idosos caidores e não caidores.

2.8.1.2 Quedas:

A variável queda foi definida como um evento inesperado no qual o indivíduo vai de encontro ao solo ou a um nível mais baixo em relação a sua posição inicial (GIBSON et al., 1987; LAMB et al., 2005). Esta foi operacionalizada pelas seguintes questões: “o senhor (a) sofreu quedas nos últimos 12 meses?” para os casos afirmativos foram realizados os seguintes questionamentos adicionais: quantidade de quedas; necessidade de procurar serviço de saúde ou médico devido à queda; ocorrência de fratura e local da fratura. Para o atual estudo os idosos que sofreram uma queda foram considerados caidores e os que caíram duas ou mais vezes foram classificados como caidores recorrentes.

2.8.1. 3 Autoeficácia relacionada às quedas:

A autoeficácia relacionada às quedas nos idosos foi mensurada pela do questionário Falls Efficacy Scale-International (FES-I Brasil) (CAMARGOS et al., 2010), versão brasileira, adaptada transculturalmente com estruturas semântica, linguística e psicométrica adequadas para avaliar a preocupação em cair em idosos comunitários brasileiros a partir do instrumento original Falls Efficacy Scale – International (FES- I)(YARDLEY et al., 2005). .A versão adaptada nacionalmente apresenta questões sobre a preocupação com a possibilidade de cair ao realizar 16 atividades incluindo as atividades básicas de vida diária (ABVD), as atividades instrumentais de vida diária (AIVD), atividades externas e de participação social(CAMARGOS et al., 2010).

A pontuação na escala FES-I apresenta quatro possibilidades de resposta com respectivos escores de um a quatro pontos. O escore total é calculado pela soma dos valores obtidos em cada item e pode variar de 16 a 64 pontos, no qual o menor valor corresponde à ausência de preocupação mediante a possibilidade de cair e o maior valor à preocupação extrema em relação às quedas. Portanto a FES-I apresenta uma pontuação contínua, na qual, o maior escore final obtido corresponde a menor autoeficácia relacionada às quedas. Entretanto, uma pontuação maior ou igual a 23 pontos indica com risco potencial de quedas. (CAMARGOS et al., 2010).

VARIÁVEL DEPENDENTE

OPERACIONALIZAÇÃO CLASSIFICAÇÃO

SÍNDROME DA FRAGILIDADE*

1-Perda de Peso: resposta positiva para perda 4,5Kg ou 5% do peso corporal.

2-Exaustão: resposta positiva, em uma ou nas duas questões da CES-D.

3-Nível de Atividade Física: pontua neste item o dispêndio semanal de energia em quilocalorias (Kcal) abaixo do percentil 20 da amostra do presente estudo, ajustados por sexo.

4-Tempo de Marcha: pontua neste item o tempo (segundos) gasto para percorrer 4,6 metros, acima do percentil 80 do tempo de marcha para a amostra do estudo, ajustados pelo sexo e altura. 5-Força Muscular: pontua neste item a força de preensão palmar, abaixo do percentil 20 da amostra do estudo, ajustados pelo sexo e quartis do índice de massa corporal (IMC).

Frágeis: pontuar em três ou mais critérios.

Pré-frágeis: pontuar em um ou dois critérios. Não Frágeis: não pontuar em nenhum critério.

QUEDAS** Questão contida no inquérito Rede FIBRA correspondente ao número de quedas nos últimos doze meses.

Não Caidor: nenhuma queda.

Caidor: uma queda. Caidor Recorrente: duas ou mais quedas.

AUTOEFICÁCIA RELACIONADA ÀS QUEDAS***

FES-I Brasil: (Estudos 1 e 2) foi operacionalizada de forma contínua com escore variando de 16 a 64 pontos.

(Estudos 3): foi operacionalizada de forma categórica com a identificação do escore de 23 pontos como ponto de corte de autoeficácia que melhor diferenciou a amostra em relação a ocorrência de quedas nos últimos doze meses.

(Estudos 1 e 2): valores de 16 a 64 pontos, onde quanto maior o valor, maior à preocupação em relação às quedas e menor a autoeficácia (Estudos 3):

<23 na FES-I Brasil: pontuação atingida pela maioria dos idosos que não sofreram quedas. 23 na FES-I Brasil: pontuação atingida pela maioria dos idosos que sofreram quedas.

Documentos relacionados