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O EQ-5D foi analisado com base no estado de saúde individual, representado pelo código de cinco dígitos, e no nível de severidade para cada dimensão. Assim, foram construídas variáveis categóricas para as cinco dimensões (mobilidade, cuidados pessoais, atividades habituais, dor/ mal estar e ansiedade/ depressão), em que 1 significa nenhum problema, 2, problema moderado e, 3, problema extremo. Para algumas análises, e, principalmente, para as dimensões em que a prevalência de indivíduos com problemas extremos era muito baixa – mobilidade, cuidados pessoais e atividades habituais – utilizou-se também variáveis dummies que agrupavam os problemas moderados e extremos como “algum problema”.

Além do EQ-5D, as outras medidas de saúde utilizadas foram a nota na EAV, a presença de doenças crônicas e a saúde autoavaliada. A nota na EAV se refere ao valor que os entrevistados deram ao seu estado de saúde atual, em uma escala de 0 a 100, na qual zero representa o pior estado de saúde imaginável e, 100, o melhor. A prevalência de doenças foi medida por meio de perguntas sobre o diagnóstico de oito condições crônicas, sendo elas: pressão alta ou

hipertensão, artrite ou reumatismo, diabetes, algum problema do coração, problemas respiratórios ou do pulmão, depressão, insuficiência renal crônica e problema crônico na coluna ou nas costas4. Por fim, a saúde autoavaliada, medida subjetiva amplamente utilizada em

estudos na área de saúde, capta como, de uma forma geral, as pessoas consideram sua saúde, sendo, assim como na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), cinco as categorias de resposta: muito boa, boa, regular, ruim e muito ruim. Devido à baixa prevalência de pessoas com saúde muito ruim, apenas 16 indivíduos, esta categoria foi agrupada à categoria ruim.

Já as variáveis socioeconômicas empregadas foram o nível de escolaridade dos entrevistados e o critério Brasil. O nível de escolaridade foi captado a partir da pergunta “Qual foi o curso mais elevado que você concluiu?”. Como para a realização do exercício do TTO era necessário que os entrevistados soubessem ler e escrever, cabe lembrar que pessoas analfabetas não foram consideradas no estudo. As opções de resposta, portanto, eram: primário incompleto, primário completo, fundamental completo, médio completo e superior completo. Trata-se de um indicador importante do nível de informação dos respondentes, além de ser uma medida muito correlacionada com a condição econômica.

O critério Brasil, por sua vez, é um instrumento de segmentação econômica que diferencia a população de acordo com características domiciliares como a posse de itens (rádio, máquina de lavar, televisão a cores, vídeo/DVD, geladeira, freezer e automóvel), o número de empregados mensalistas no domicílio e o grau de instrução do chefe de família. O critério atribui pontos em função de cada uma destas características e a soma destes pontos – que varia entre 0 e 46 – define em qual “classe econômica” o domicílio se enquadra. Estas classes são definidas por A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E, sendo a classe A1 aquela que abrange os domicílios com pontuação entre 42 e 46 – os mais ricos – e a classe E a que abarca os domicílios entre 0 e 7 pontos – os mais pobres (ABEP, 2013). Para as análises aqui desenvolvidas as classes foram agrupadas em A, B, C e D/E.

Além das variáveis de saúde e socioeconômicas, foram utilizadas, ainda, variáveis demográficas referentes a sexo, idade e estado civil, e outras variáveis de controle como região,

4 Também foram investigadas cirrose e tuberculose, no entanto, devido à baixa frequência de indivíduos com estas

ocupação, religião, felicidade, ser fumante, ter filhos, possuir plano de saúde, experiência no cuidado de pessoas doentes e óbito de pessoa conhecida nos últimos cinco anos.

É preciso destacar, ainda, que foi utilizado um peso analítico, uma vez que, para garantir a representatividade da amostra para a capital do estado e para a RMBH foram entrevistados 1116 residentes em Belo Horizonte, 626 residentes na Região Metropolitana e 1621 residentes no interior do estado. Dessa forma, para evitar que possíveis diferenças na percepção dos entrevistados residentes em Belo Horizonte causasse problema de viés na amostra, foi criada a variável de peso analítico.

A lista com a relação das variáveis referentes à base de dados do EQ-5D e suas respectivas descrições encontra-se no Apêndice A.

Para o SF-6D também foram utilizadas variáveis categóricas, de acordo com o nível de severidade e variáveis dummies para “algum problema”, para cada uma das seis dimensões (capacidade funcional, aspectos físicos, aspectos sociais, dor, saúde mental e vitalidade). As variáveis demográficas, socioeconômicas e de saúde utilizadas foram semelhantes àquelas utilizadas na base referente ao EQ-5D: sexo, idade, escolaridade, classe econômica e presença de doenças crônicas.

No entanto, cabe ressaltar que, devido às diferenças nos protocolos das duas pesquisas, algumas variáveis apresentaram diferenças em sua construção, como é o caso da idade, escolaridade e doenças crônicas. Com relação a idade, a amostra do EQ-5D compreende indivíduos de 18 a 64 anos, enquanto para o SF-6D são indivíduos de 20 a 64 anos. Já quanto à escolaridade, o questionário do EQ-5D trata do curso mais elevado que o indivíduo concluiu, enquanto o do SF-6D trata do número de anos de estudo completos, com aprovação. Para comparação com as categorias do EQ-5D, os anos de estudo foram agrupados em: menos de 3, 4 a 7, 8 a 10, 11 a 15 e 16 anos ou mais de estudo.

Quanto às condições crônicas analisadas, os problemas de saúde investigados na pesquisa referente ao SF-6D foram: hipertensão, diabetes, cardiopatia isquêmica (angina), depressão, artrose/artrite, derrame cerebral, bronquite crônica/ enfisema, doença renal, asma/bronquite, câncer, ansiedade, HIV/ AIDS, dor nas costas e insuficiência cardíaca. Para comparação com o EQ-5D, cardiopatia isquêmica (angina) e insuficiência cardíaca foram agrupadas como problemas do coração e bronquite crônica/ enfisema e asma/bronquite foram agrupadas como problemas do pulmão. Além disso, devido à baixa prevalência de indivíduos com derrame

cerebral, câncer e HIV/AIDS, estas doenças não foram incluídas na análise. Ansiedade também não foi incluída por não ter sido analisada na amostra referente ao EQ-5D.