Variáveis em estudo

5.8.1 Operacionalização da variável desfecho

Para a cárie dentária será realizada a avaliação das coroas dentárias (superfícies cariadas, perdidas e obturadas através do índice CPO-S).

Os exames serão realizados conforme os critérios de diagnóstico preconizados pela Organização Mundial de Saúde-OMS (OMS, 1999) com os seguintes códigos: “0” coroa hígida, “1” coroa cariada, ”2” superfície restaurada com cárie, “3” coroa restaurada sem cárie, “4” dente ausente devido à cárie, “5” dente ausente devido à cárie, “6” presença de selante de fissura, “7” apoio de prótese, coroa protética ou faceta, “8” coroa não erupcionada e “9” não registrado (vide figura 9 e código descrito acima).

Variável preditora primária

A variável independente principal do estudo será os defeitos de esmalte não fluoróticos avaliado pelo Índice Modificado de Defeitos de Desenvolvimento de Esmalte (Modified Development Defects of Enamel Index – Modified DDE Index) proposto pela Federation Dentaire Internationale (FDI) em 1992 (ANEXO 1). O diagnóstico para a identificação dos defeitos macroscópicos (opacidade demarcada, opacidade difusa e hipoplasia) (Quadro 6) é mediante inspeção visual. Um maior detalhamento do exame clínico bucal está detalhado no item 5.8.1. A utilização desse índice para a avaliação do desfecho contribui para a uniformização da terminologia e classificação dos defeitos. A variável desfecho será dicotomizada (com e sem defeitos de esmalte). Posteriormente, avaliar-se-ão os tipos de defeitos de acordo com a recomendação da FDI, 1992.

O presente estudo também pretende fotografar os casos de DDEs para posterior validação para essa forma de diagnóstico, possibilitando tornar o diagnóstico do desfecho mais resoluto, principalmente, quando se refere a crianças. Além disso, partindo-se da premissa de que os DDEs podem ser considerados biomarcadores de eventos precoces, sugere-se que essa forma de investigação diagnóstica seja uma alternativa relevante.

Quadro 6– Características dos defeitos de esmalte

TIPOS DE DEFEITOS Opacidade

Demarcada

Envolve alteração na translucidez do esmalte, em vários graus. O esmalte defeituoso é de espessura normal, com superfície lisa. Apresenta limite claro e distinto do esmalte normal adjacente e pode apresentar cor branca, creme, amarela ou marrom. As lesões variam em extensão, posição na superfície do dente e distribuição na cavidade bucal.

Opacidade Difusa Envolve alteração na translucidez do esmalte, em vários graus. O esmalte defeituoso é de espessura normal e ao erupcionar, tem superfície relativamente lisa, e sua coloração é branca. Pode ter distribuição linear, manchada ou confluente, sem limite claro com o esmalte normal adjacente. As linhas são brancas de opacidade que seguem as linhas de desenvolvimentno dos dentes. As manchas são irregulares e sombreadas de opacidades desprovida de margens bem definidadas. O termo confluente refere-se manchamento difuso numa área branco-giz, estendendo-se das margens distais para as distais, e pode cobrir a superfície por inteiro ou estar restrita a área localizada. O termo confluente, mancha adicional, ambas manchadas e/ou com perda de esmalte, isto é, aspecto “perfurado” de fóssulas ou áreas grandes de perda de esmalte rodeada por esmalte branco-giz ou esmalte manchado.

redução localizada na espessura do esmalte. Pode ocorrer na forma de: (a) fóssulas – únicas ou múltiplas, rasas ou profundas, difusas ou alinhadas, dispostas horizontalmente na superfície; (b) sulcos – únicos ou múltiplos, estreitos ou amplos (máximo de 2 mm); ou (c) ausência parcial ou total de esmalte sobre uma área considerável de dentina. O esmalte pode ser translúcido ou opaco.

Adaptado de Lunardelli & Peres, 2006

5.8.2 Variáveis independentes secundárias (Ver Quadro 7) 5.8.2.1 Variáveis demográficas

* Sexo (Forma de coleta – observada; dicotômica); * Idade (Referida em anos completos, contínua);

* Cor referida (branca, preta, parda, amarela ou indígena, politômica).

5.8.2.2 Variáveis socieconômicas

* Nível socioeconômico (representado por rendimento total de todas as pessoas que moram no último mês, incluindo salários, aluguéis, bolsa familia em reais);

* Escolaridade materna (Referida – anos completos de estudo, contínua).

5.8.2.3 Variáveis relacionadas à mãe

* Condições adversas durante a gestação (perguntas diretas, dicotômicas) e consultas de pré-natal.

5.8.2.4 Variáveis relacionadas à criança

* Condições adversas; * Baixo peso ao nascer;

* Se a criança foi amamentada e por quanto tempo de amamentação; (Perguntas diretas, dicotômicas).

Quadro 7 – Lista de variáveis a serem utilizadas como exposição

Nome da variável Tipo de variável Forma de coleta

Sexo Dicotômica Observada

Idade Numérica discreta Auto-referida

Cor da pele Politômica Observada

Escolaridade materna (estudo e tempo de estudo

na escola)

Numérica discreta Auto-referida

Renda familiar Numérica contínua Auto-referida

Presença de DDE Dicotômica Observada

Condições maternas durante a gestação: - Número de consultas no pré-natal - Diabetes - Infecções - Desnutrição - Outras doenças

Variável Auto-referida e pela avaliação da Caderneta de Saúde da Criança

Condições relativas às crianças: - Tipo de parto - Peso ao nascimento

- Prematuridade -Infecções virais e/ou

respiratórias - Amamentação (tempo)

- Trauma Dentário

Variável Referida pela mãe

As variáveis independentes serão coletadas da seguinte forma:

 Características demográficas e socioeconômicas por meio de um questionário semi-estruturado (APÊNDICE 5);

5.9. Instrumentos e coleta de dados 5.9.1. Exame clínico bucal

O exame bucal será realizado na própria escola, com examinadores previamente padronizados e treinados. Os dados de defeitos de esmalte não fluoróticos (DDE-FDI, 1992) serão anotados pelo entrevistador na ficha de exame clínico (APÊNDICE 6). Quando o escolar ainda apresentar os dentes decíduos, os mesmos serão anotados na ficha clínica também.

O exame bucal será realizado na escola, em sala cedida pela própria escola, garantindo privacidade para o aluno ser avaliado. Os instrumentos utilizados serão os seguintes: equipamentos de proteção individual (luva, máscara, gorro, avental), luz artificial adaptada à cabeça do examinador (fotóforos) e espelho bucal plano número 5, sendo estes instrumentos previamente autoclavados conforme os preceitos de biossegurança da OMS (WHO, 1997). Para minimizar erros de diagnóstico, aconselha-se a utilização de gaze para remoção de placa e/ou depósitos alimentares e saliva (Pinto, 2008).

O diagnóstico dos DDEs se baseia na análise da superfície vestibular de dez dentes permanentes, sendo oito superiores – pré-molares direito a pré-molares esquerdos (14,13,12,11,21,22,23,24) e os molares inferiores (36,46) (Figura 10).