• Nenhum resultado encontrado

VARIÁVEIS DE ESTUDO

No documento A HANSENÍASE NO ESTADO DE MATO GROSSO (páginas 36-40)

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.4. VARIÁVEIS DE ESTUDO

A seleção das variáveis para estudo baseou-se na relação daquelas variáveis utilizadas para construção dos indicadores epidemiológicos e operacionais oficialmente utilizados pelo Ministério da Saúde. Com o objetivo de analisar a evolução da hanseníase e descrever sua distribuição geográfica em Mato Grosso foram selecionadas as seguintes variáveis, e suas categorizações:

Variável principal: Coeficiente de detecção geral de casos:

Baixo: <0,2/10.000 hab Médio: 0,2├ 1,0/10.000 hab Alto: 1,0├ 2,0/10.000 hab Muito alto: 2,0├ 4,0/10.000 hab

Hiperendêmico: ≥4,0 /10.000 hab.

As escalas definidas pelo ministério, não permitiu uma boa discriminação para as diferenças encontradas para o conjunto das regionais do estado. Assim, optou-se por reclassificar este nível em: 0,00-0,19; 0,20-0,99; 1,00-1,99; 2,99-3,99; 4,00-6,99; 7,00-13,99; 14,00-20,99; ≥21,00;

Variáveis independentes

Sexo: masculino e feminino;

Idade: 0-14 anos; 15-44 anos; 45 e mais

Raça: Branca (branca + amarela); Não branca (preta + parda + indígena) Escolaridade: Baixa escolaridade: nenhuma + de 1 a 3 anos de estudo

concluídos; Média escolaridade: de 4 a 7 anos de estudo concluídos; Alta escolaridade: 8 e mais anos de estudo concluídos

Forma clínica da doença: Indeterminada; Tuberculóide; Dimorfa;

Virchowiana; Não Classificado

Classificação Operacional: Multibacilar; Paucibacilar, Não Classificado. Grau de Incapacidade no diagnóstico: Grau zero; Grau um; Grau dois, Não

Avaliado.

Foram também exploradas possíveis correlações entre a incidência de hanseníase e outros fatores, que têm possibilidade de interferir na gênese deste agravo ou de atuar como geradores de diferentes perfis de morbidade da hanseníase: Percentual do Saldo Migratório; Índice de exclusão social; Organização de Serviços.

Elaborado por uma equipe de pesquisadores da Unicamp, USP e PUC em 2002, o Atlas da Exclusão Social no Brasil (CAMPOS et al., 2003) apoiou-se em experiências anteriores de análise das manifestações da exclusão social no Brasil (especialmente o IDH-M). Foram utilizados os dados disponibilizados pelo Censo Demográfico de 2000 para construir um Índice de Exclusão capaz de resumir alguns dos principais atributos da exclusão social no Brasil. O referido índice, passível de detalhamento para cada cidade brasileira, incluiu uma maior variedade de dimensões da vida econômica e social que o IDH-M. Uma dimensão nomeada como Vida

Digna, direcionada a medir o bem-estar material da população, incluiu um indicador de pobreza (porcentagem de chefes de família com insuficiência de rendimentos em cada cidade), um indicador de emprego (percentual da população em idade ativa – 10 anos ou mais de idade – empregada com carteira assinada) e um indicador de desigualdade (proporção entre os chefes de família com rendimentos acima de dez salários mínimos e aqueles com rendimentos até este montante). Outra dimensão denominada de Conhecimento que se destinou a mensurar o acúmulo simbólico e cultural da população incluiu um indicador de alfabetização (porcentagem de cidadãos com cinco ou mais anos de idade que sabem ler e escrever) e um indicador de estudo dos chefes de família (número médio de anos de estudo). Uma última dimensão denominada Vulnerabilidade Juvenil voltou-se à avaliação da exposição da população jovem a situações de violência e incluiu um indicador de presença juvenil (percentual da população com até 19 anos de idade) e outro indicador de mortes violentas (proporção de homicídios por 100.000 habitantes).

Índice de exclusão social varia de zero a um, sendo que as piores condições

estão próximas de zero e as melhores próximo de um. Publicado recentemente O Atlas de Exclusão Social (CAMPOS et al., 2003) permite constatar ilhas de inclusão em território brasileiro em meio a selvas de exclusão. Em 41,6% dos municípios brasileiros os índices de exclusão social vão de 0,0 a 0,4, situados na grande maioria acima do trópico de Capricórnio e destacam a existência de dois tipos de exclusão no Brasil: a velha e a nova. A velha, mais comum nas regiões com os piores índices de exclusão (Norte e Nordeste), tem sua origem no processo de colonização e no regime escravista mostrando que a estratificação social gerada nos primórdios da história nacional mantém-se até então. A nova, decorrente da perpetuação do modelo de desenvolvimento excludente, que além de manter os velhos problemas promove novas formas de exclusão, típicas de uma sociedade pós-moderna, como o desemprego, o preconceito e a apartação social.

Duas limitações são apontadas nesse Atlas: o fato de ter mantido o seu foco na análise dos dados do Censo Demográfico de 2000. Apesar disso, conseguiu um “instantâneo” considerado preciso da situação do país naquele momento principalmente no que diz respeito às distâncias entre os cidadãos residentes nas regiões incluídas e os “não-cidadãos” residentes naquelas excluídas. Outra limitação

apontada foi a impossibilidade de captar as diferenças existentes em aglomerações urbanas das grandes cidades, com enormes contrastes internos, coexistindo nessas cidades alguns dos melhores índices referente ao emprego, à alfabetização, à instrução etc., com algumas das piores concentrações de pobreza, violência.

Fez-se necessário uma expansão da análise feita pelo Atlas da Exclusão Social no Brasil de modo a incorporar a perspectiva temporal ou histórica, que foram tratadas no volume 2 do referido Atlas. Um eixo centrado na elaboração de índices que permitam a verificação do comportamento da exclusão social ao longo do tempo e outro eixo centrado na disponibilização de índices que possibilitem a averiguação da exclusão nos maiores centros urbana.

O Saldo Migratório é a diferença líquida entre o volume dos que não residiam na região no início do período em análise e para lá migraram (imigrantes) e aqueles que lá residiam no início do período e dela saíram (emigrantes). O saldo migratório mede a contribuição das migrações ao crescimento populacional do período. Assim um saldo migratório positivo significa que entraram, e lá permaneceram, mais migrantes do que saíram, ocorrendo o inverso quando o saldo é negativo. O IBGE trabalha essa informação, nos recenseamentos, mas somente a consolida para estados e regiões. No caso dos municípios, pode-se calcular o saldo migratório a partir das populações censitárias e do crescimento vegetativo (ou natural), que é composto pela diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade, ou de nascimentos e óbitos, conforme a equação abaixo, adequada ao saldo migratório o período de 2000 a 2007:

SM2000-2007 = (P2007 – P2000) – (N2001-2006 - O2001-2006)

Onde SM: Saldo migratório, P: População, N: Nascimentos, O: óbitos

A relação entre o saldo migratório observado durante um determinado período e a população média desse período origina a taxa de crescimento migratório (TCM), que permite avaliar a importância do saldo migratório na população em estudo, sendo positiva se prevaleceu a imigração, e negativa se prevaleceu a emigração. Também pode ser analisado o peso do saldo migratório no crescimento populacional do período, ou seja, qual a contribuição percentual do saldo migratório (quando

positivo) no contingente de habitantes incorporados ao município no período de análise:

SM% = [SM2000-2007 ÷ (P2007 – P2000)] x 100

Optou-se por utilizar o percentual do saldo migratório, e fazê-lo considerando o período de 2000 a 2007, uma vez que no primeiro ano o IBGE promoveu seu sétimo recenseamento universal, e em 2007 a contagem populacional, que em Mato Grosso, compreendeu todos os municípios.

A Organização de serviços (voltada para a hanseníase) foi analisada a partir de:

a) Cobertura de Unidades de Saúde com serviços de PQT (diagnóstico+tratamento+alta): Esta cobertura é dada pela relação entre o número de unidades de atenção básica que fazem PQT e o número de unidades existentes no município (parâmetro OPAS: adequada ≥ 85%; Inadequada: < 85%);

b) Cobertura Populacional do Programa de Saúde da Família (PSF): é dada pela relação entre população servida pelas equipes existentes do PSF e população do município (parâmetros: Boa ≥ 75%; Regular: entre 50% e 74%; Baixa: < que 50%);

c) Capacitação Profissional: Número de profissionais de saúde capacitados em treinamentos específicos de hanseníase (em relação à população do município onde atuam);

As três dimensões acima destacadas foram correlacionadas individualmente, como variável independente, ao coeficiente de detecção da hanseníase.

3.5. FONTES DE DADOS

No documento A HANSENÍASE NO ESTADO DE MATO GROSSO (páginas 36-40)

Documentos relacionados