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Verificaram-se diferenças significativas entre o grupo de nível competitivo moderado e elevado sobre a variável Fr no presente estudo, com valores superiores para o nível moderado. A literatura é escassa relativamente a este parâmetro fisiológico, porém Fernandes et al. (2006) obteve valores máximos para a variável Fr superiores ao presente estudo, podendo esta diferença estar relacionada com as diferentes velocidades empregadas durante o protocolo incremental nos dois estudos.

No que diz respeito ao comportamento da variável fisiológica Fr no presente estudo, os valores superiores para os nadadores de nível moderado era já esperado na medida em que, os nadadores de nível elevado com uma menor Fr, conseguem obter o aporte de oxigénio necessário quando comparados com os nadadores de nível moderado. Consequentemente, os nadadores de nível elevado com uma menor frequência respiratória conseguem produzir energia suficiente para manter a intensidade de exercício, tornando-se por isso mais eficientes do ponto de vista bioenergético. Adicionalmente, os nadadores de nível elevado possuem adaptações fisiológicas ao treino superiores aos nadadores de nível moderado, pelo que, em intensidade severa, necessitam de uma menor Fr para obter oxigénio suficiente para a produção de energia necessária.

Relativamente ao valores diferenciados entre géneros para a variável VE obtidos, os resultados do presente estudo parecem estar de acordo com a literatura, na medida em que está descrita uma maior concentração de hemoglobina do sexo masculino, que permite uma maior concentração de oxigénio no sangue, quando comparado com o género feminino (Astrand et al., 2003). A maior concentração de oxigénio no sangue por parte do género masculino torna compreensível os valores superiores da ventilação deste género relativamente ao género feminino.

Verificou-se para os grupos género feminino e género masculino diferenças significativas sobre as variáveis fisiológicas VO2 abs, VCO2, VO2rel e R. Os valores encontrados no presente estudo são inferiores aos apresentados por Fernandes et al. (2005) para VO2abs e Fernandes et al. (2006b) para VO2bs e

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VO2rel, e não foram encontrados estudos relacionando os géneros feminino e masculino com as variáveis VCO2 e R. Estas diferenças, com valores superiores para o género masculino relativamente ao género feminino, parecem dever-se a : (i) as características antropométricas (peso, altura, massa corporal e massa muscular) superiores para o género masculino relativamente ao feminino (Fernandes et. al., 2005); e (ii) hemoglobina e hematócritos em níveis superiores para o género masculino (Deschenes et al., 2006; Wiebe et al., 1998; Wilmore et al., 2001).

Apresentaram-se valores superiores no grupo nível competitivo moderado para a variável FC ao longo do protocolo. Encontrou-se similaridade com os valores encontrados por de Jesus et al. (2014), como também verificou-se valores inferiores dos grupos moderado e elevado para FCmax em relação ao estudo de Fernandes et al. (2006). Estes resultados parecem revelar que os nadadores de nível elevado necessitam de uma menor FC para atingir elevadas intensidades de exercício relativamente aos nadadores de nível moderado. Isto parace dever-se ao fato de que os nadadores de nível elevado apresentarem adaptações ao nível cardíaco que os permite uma eficiência superior por parte do coração ao bombear sangue oxigenado para todo o corpo. Deste modo, com a mesma FC, os nadadores de nível elevado conseguem obter um aporte de oxigénio superior que lhes permite produzir uma quantidade de energia igualmente superior e consequentemente nadar em uma velocidade superior. No que respeita as diferenças obtidas entre os escalões juvenil e sénior para a variável FC, os resultados obtidos também eram expectáveis na medida em que os nadadores do escalão sénior possuem adaptações fisiológicas mais efetivas, fruto da maior experiência de treino que possuem relativamente ao escalão de juvenis. Adicionalmente, o escalão de juvenis encontra-se ainda em desenvolvimento ao nível maturacional, que tenha influência direta nas adaptações inerentes ao treino.

Relativamente aos valores de [La¯] obtidos no presente estudo, verificou-se um aumento destes mesmos valores ao longo do protocolo, para ambos os géneros acompanhando o aumento da velocidade, à semelhança do que já foi descrito por Figueiredo et al. (2013). Parece confirmar-se que elevadas

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velocidades requerem uma contribuição anaeróbia maior, causando o referido aumento nas concentrações de lactato (Figueiredo 2013: Capelli et al. 1998; Gastin 2001). As diferenças obtidas entre géneros para os valores na variável

[La-], parecem corroborar a literatura que já descreveu valores superiores de lactato para o género masculino relativamente ao género feminino (Holfelder et al., 2013; Stanula et al., 2012; Crewther et al., 2006). Para tal facto, parecem existir vários factores: (i) a técnica do género feminino é mais económica que a técnica do género masculino (Fernandes et al., 2005; Barbosa et al., 2006; Barbosa et al., 2008), o que parece causar valores de lactato inferiores para as nadadoras (Holfelder el al., 2013); (ii) o género masculino parece reagir a mesma intensidade de treino que o género feminino com concentrações de lactato superiores; (iii) o metabolismo anaeróbio do género masculino parece ser mais desenvolvido do que o género feminino, enquanto este parece possuir um metabolismo aeróbio mais desenvolvido (Stanula et al., 2012); e (iv) o género masculino possui maior massa muscular que o género feminino (Stanula et al., 2012).

25 5. Conclusões

Conforme os objetivos propostos, os resultados do presente estudo contribuem para um maior conhecimento dos investigadores e treinadores de natação acerca da influência dos diferentes grupos e escalões competitivos de ambos os géneros sobre as variáveis fisiológicas inerentes ao nado crawl a diferentes intensidades. Adicionalmente, o presente estudo, ao inserir e verificar uma maior quantidade de variáveis fisiológicas, apresenta uma importante contribuição para futuras pesquisas na área. Os resultados obtidos sugerem que:

• O protocolo incremental de 7x200, com base nos resultados obtidos, demonstrou-se sensível a análise dos valores obtidos para os 3 grupos verificados (género, nível competitivo e escalão competitivo).

• À medida em que elevam-se as intensidades de esforço, os valores das variáveis fisiológicas tendem a ser superiores, no entanto, há pequeno aumento nos valores da variável [La-] do primeiro ao quarto patamar, havendo crescimento exponencial somente a partir do quinto patamar. • O grupo género apresenta diferenças significativas para uma maior

quantidade de variáveis fisiológicas em relação aos grupos nível competitivo e escalão competitivo ao longo do protocolo incremental e parece influenciar o comportamento das variáveis estudadas;

• O sub-grupo género masculino apresenta valores superiores em relação ao sub-grupo género feminino para a maioria das variáveis fisiológicas ao longo do protocolo incremental, estando de acordo com a literatura.

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