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Capítulo 2 Desempenho superior: indicadores econômico-financeiros de intangibilidade (Q

3. Notas metodológicas

3.3. Descrição das variáveis do estudo

3.3.2. Variáveis independentes: Q de Tobin adaptado e “Vaic adaptado”

O quadro 6 mostra as variáveis de intangibilidade, que foram usados na pesquisa, com seus respectivos indicadores e metodologia de cálculo. São duas diferentes formas de mensuração da intangibilidade de recursos: “Q de Tobin adaptado” de Chung e Pruitt (1994) e o “VAICtm” de Pulic (2000; 2004).

Quadro 6: Indicadores de intangibilidade

Indicadores Metodologia de Cálculo

Q de Tobin

adaptado (Valor de Mercado + Dívidas Totais)/ Ativo Total, neste modelo representa oValor Contábil da empresa. VAIC™ O índice é composto de três subíndices principais: VACA, VAHU e STVA que relacionam o valor adicionado total (VA) da empresa, com as classes de capital

empregado.

Fonte: Elaboração própria.

Embora tem-se uma importância crescente dos ativos intangíveis no valor das empresas e na geração das vantagens competitivas, uma medida ajustada desses ativos ainda está em processo de desenvolvimento. Mavridis (2004), classifica os métodos de mensuração desses ativos em dois grupos: “process oriented and value oriented’. O primeiro método concentra-se no custo ou despesa e captura a intangibilidade de recursos por meio da diferença entre o mercado e o valor contábil, enquanto o segundo analisa o retorno do lucro ou de investimento. No quadro 6 o “Q de Tobin adaptado” é associado ao primeiro método e o “VAICtm adaptado” ao segundo método, respectivamente.

O “Q de Tobin adaptado” é um dos índices que é tratado nessa pesquisa como a intangibilidade das empresas e é calculado pela aproximação do índice Q de Tobin (1969)

proposta por Chung e Pruitt (1994). Tobin (1969), afirma que diferentes políticas de depreciação poderiam influenciar o cálculo do valor contábil. Para evitar este efeito, sugere o uso do custo de reposição dos ativos, definindo Q como [valor de mercado]/[custo de reposição dos ativos]. Desta forma, de acordo com Villalonga (2004), o Q de Tobin é uma medida de intangibilidade de recursos da firma.

O conceito de custo de reposição foi desenvolvido de forma a homogeneizar as diferentes políticas de depreciação usadas por contadores em todo o mundo. Se Q é maior do que um, o ativo vale mais do que seu custo de reposição, sendo assim, é razoável que a companhia procure adquirir mais quantidade do mesmo.

Nessa pesquisa, entenda-se que quando for citado o Q de Tobin não está se referindo à formulação inicialmente proposta por Tobin (1969) e sim, à aproximação proposta por Chung e Pruitt (1994) que utiliza dados presentes nos demonstrativos contábeis. Escolheu- se esta abordagem de cálculo seguindo a visão do Carvalho (2009) e do Leite Filho (2011), ou seja, devido ao fato das outras metodologias serem empiricamente complexas, apresentando dificuldade ou impossibilidade na obtenção de todas as informações necessárias para sua estimativa. Abaixo segue o cálculo do “Q de Tobin adaptado” utilizado na pesquisa.

3.3.2.1. Cálculo do Q de Tobin adaptado

Propôs-se calcular o “Q de Tobin adaptado”, conforme descrição a seguir: Q = VM + DT

AT em que:

• Q = indicador de intangibilidade (CHUNG; PRUITT, 1994).

• VM = valor de mercado da empresa, dados pertencentes a base de dados Economática®; • DT = dívidas totais equivalente à Dívida Bruta (PC + PNC + Debêntures de curto prazo

+ Debêntures de longo prazo), dados pertencentes a base de dados Economática®;

• AT = total do ativo da empresa representando o investimento total da empresa, dados pertencentes a base de dados Economática®.

3.3.2.2. Cálculo do “Vaic adaptado”

O segundo grupo de indicadores será representado pelo VAICTM (PULIC, 2000 e 2004) com adaptações. Esse autor propõe, como forma de medir o comportamento

econômico-financeiro das empresas, o coeficiente do valor agregado dos intangíveis: VAICtm (Value Added Intellectual Coefficient - Coeficiente Intelectual do Valor

Adicionado).

Figura 2: Coeficiente Intelectual do Valor Adicionado - VAICTM

VACA

V

VAIC™

1

VAHU + STVA

Fonte: Lauretti (2011) e Pulic (2000)

Sendo que:

VACA = subíndice que mede a eficiência do capital financeiro; VAHU = subíndice que mede a eficiência do capital humano; STVA = subíndice que mede a eficiência do capital estrutural; VA = valor adicionado total;

CE = capital Empregado; CI = capital Intelectual;

De acordo com Chen, Cheng e Hwang (2005) o VAICTM foi elaborado a partir dos modelos conceituais de Edvinsson e Malone (1997), da Skandia Navigator5 e sobre a

5 Segundo Lauretti (2011), em 1995 a empresa sueca S k a n d ia , a maior empresa de seguros e serviços

financeiros da Escandinávia, apresenta o primeiro relatório público sobre capital intelectual. Edvinsson e Malone (1997) desenvolveram uma coleção de métodos das medidas dos valores intangíveis e que foi aplicada pela S ka n d ia , e ficou conhecida como S k a n d ia N a v ig a to r. Algumas outras companhias, como D o w C h em ica l,

rentabilidade do ativo. Dessa forma, esse coeficiente considera que o valor da empresa é a soma do capital financeiro e do capital intelectual (esse é composto pela soma do capital humano e estrutural). O cálculo desse coeficiente é baseado em três indicadores: capital financeiro, capital humano e capital estrutural. Foram três indicadores que mediram a eficiência do capital financeiro (VACA), do capital humano (VAHU) e do capital estrutural (STVA). O somatório das três medidas constitui o valor do VAICTM (PULIC, 2000). Lauretti (2011), baseado em Pulic (2000), ilustra o modelo (figura 2).

É indicado por Pulic (2000) que as empresas geram valor a partir da diferença entre entradas (gastos com a produção e comercialização) e as suas saídas (produtos/serviços vendidos) utilizando-se de recursos financeiros (capital tangível), humano e estrutural (capital intelectual).

A Teoria dos Stakeholders (DONALDSON; PRESTON, 1995, apudPULIC, 2000) dará a base para o cálculo, durante um determinado período, do valor adicionado por uma empresa. Riahi-Belkaoui (2003), cita que o cálculo do valor adicionado por uma empresa, durante um período determinado, pode ser calculado da seguinte forma:

R = S - B - DP - W - I - D - T

Onde: R são os lucros retidos do período; S é a receita de vendas líquida; B é o custo dos produtos vendidos acrescido de todas as despesas (exceto trabalho, impostos, juros, dividendos e depreciação); DP são as despesas de depreciação; W são salários e benefícios; I são despesas de juros; D são dividendos pagos aos acionistas e T são impostos. Assim:

S - B = DP + W + I + D + T + R

Lauretti (2011, p. 78), relata que o lado esquerdo da equação apresenta o valor total gerado pela empresa durante um período determinado e o lado direito mostra como a empresa distribuiu o valor gerado entre os stakeholders, como os empregados, capital de terceiros, governo e acionistas. Assim, a fórmula pode ser rearranjada para calcular o valor adicionado para:

VA = DP + W + I + D + T + R

estas informações em seus relatórios. Os autores conceituam o capital intelectual como o conhecimento que pode ser convertido em lucro.

Onde: DP são as despesas de depreciação, W são salários e benefícios, I são as despesas de juros, D são os dividendos, T são os impostos, e R são os lucros retidos do período.

Segundo Young e O'byrne (2003) o numerador da fórmula do subíndice VACA, ou seja, o Capital Empregado (CE) é calculado pelo total dos ativos (físicos e financeiros) menos o valor do ativo intangível.

Para a fórmula do subíndice VAHU o capital humano (HC) é calculado pela soma do valor total de gastos com salário, encargos e benefícios dos empregados (PULIC, 2000). Já o Capital Estrutural (SC) do subíndice STVA resulta da diferença entre VA e HC (CHEN; CHENG; HWANG, 2005). Dessa forma, percebe-se que o capital estrutural será inversamente proporcional ao capital humano.

O Economática não apresenta a Demonstração do Valor Adicionado. Este forneceria os dados para o cálculo de VA e HC. Como não foi possível obter diretamente esses resultados, foi necessário utilizar algumas proxies para o cálculo de VA e HC: I (despesas de juros), DP (despesas de depreciação), D (dividendos), T (impostos), W (salários e benefícios) e R (lucros retidos do ano). As tabelas 42 e 43, do anexo, apresentam as proxies usadas na pesquisa. Desta forma, tem-se a criação de um novo indicador de desempenho econômico de empresas: “Vaic adaptado”.

Britto (2014) retrata que, na ausência de resultados de indicadores possíveis de serem calculados, há algumas opções alternativas. A primeira opção é simplesmente identificar outro indicador que seja tambémproxy do ativo intangível (AI) desejado. Essa é uma hipótese possível justamente pela característica do AI de não poder ser medido de forma direta, possibilitando assim sua medida de formas alternativas, aceitando o fato de que não haverá nenhum indicador que medirá apenas o efeito do AI em questão, mas sofrerá o efeito cruzado de outros.

Ainda sobre a utilização dessas proxies, Nogueira (2010), conclui que há uma sistemática de registros relativa a uma empresa com consistência e que é utilizada por todos que têm interesse nela, sendo que o enfoque analítico varia para atender a necessidade de cada interessado nos diversos momentos. Não é uma questão de as demonstrações contábeis estarem certas ou erradas, mas sim de extrair do conjunto de registros informativos a análise mais adequada e satisfatória. Restringir-se-á ao tema das formas de relatar o Capital Intelectual e sua implicação na valoração da empresa.

De acordo com os objetivos dessa pesquisa o indicador VAICTM foi escolhido por constituir-se num sistema de medição, da intangibilidade de recursos, que permite a comparação entre empresas de diversos tamanhos e setores; baseando-se em informações auditadas e, pelo crescente interesse que o método têm recebido nos últimos anos (FIRER e WILLIANS, 2003). Ressalta-se que esse indicador sofreu uma adaptação resultando em um novo indicador de intangibilidade: “Vaic adaptado”.

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