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1. INTRODUÇÃO

3.6 Variáveis e instrumentos de medidas

As principais variáveis a serem mensuradas nesta investigação e os instrumentos utilizados estão mencionados no tópico seguinte:

 Variável principal

A medida de desfecho ou variável resposta primária foi sobrecarga do cuidador. Sua mensuração foi realizada por meio da utilização da Zarit Burden Interview Scale.

 Variáveis independentes ou explicativas

- Variáveis sociodemográficas do idoso: idade, sexo, estado civil, arranjo familiar, escolaridade e renda. Foram mensuradas por itens específicos do questionário padronizado expressos na Seção A (informações pessoais do idoso).

- Variáveis clínicas e funcionais do idoso: problemas de saúde informados ou autorreferidos, mensurados por itens específicos do questionário padronizado (Seção B); condições

cognitivas, avaliadas por meio do miniexame do estado mental (Seção C) e desempenho funcional do idoso nas atividades básicas da vida diária, medido pelo Índice de Katz (Seção D);

- Variáveis relativas ao cuidador: aspectos sociodemográficos como idade, sexo, parentesco com o idoso, estado civil, escolaridade; e aspectos relacionados à situação de cuidado: preparo técnico, tempo de provisão de cuidado, demanda de cuidado e suporte social. Tais informações foram mensuradas por itens específicos do questionário padronizado expressos na Seção E.

Visando esclarecer as especificidades das escalas utilizadas na investigação, bem como sua operacionalização, optou-se por descrevê-las no próximo tópico.

3.6.1 Miniexame do estado mental (MEEM)

O miniexame do estado mental (MEEM) consiste em uma escala desenvolvida por Folstein, Folstein e McHugh (1975), muito utilizada por pesquisadores, em todo o mundo, por sua fácil aplicabilidade, sensibilidade e especificidade. O MEEM é comumente utilizado para avaliar a função cognitiva e constitui um teste breve, composto por itens sobre orientação temporoespacial, registro de informações, memória de curto prazo, atenção, capacidade de realização de cálculos simples, linguagem e praxia construcional (MACIEL, 2002). O seu escore pode variar de um mínimo de nenhum ponto, que indica o maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos, até um total máximo de trinta pontos, que corresponde à melhor capacidade cognitiva (BRUCKI et al., 2003).

No Brasil, o MEEM foi traduzido por Bertolucci et al. (1994), que observaram que o escore total da escala dependia do nível educacional dos indivíduos. Assim sendo, os autores propuseram a utilização de pontos de cortes diferenciados de acordo com a escolaridade para o diagnóstico genérico de declínio cognitivo. Estabeleceu-se, então, o escore de corte (escore que separa o alto nível cognitivo e o baixo nível cognitivo), os quais serão utilizados para este estudo, da seguinte forma: para os analfabetos a nota de corte é treze; para baixa-média escolaridade, é dezoito; e para alto nível de escolaridade é 26.

3.6.2 O Índex de Katz

O Índex de Katz, ou Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (EIAVD), é um dos instrumentos mais antigos e mais citados na literatura nacional e na internacional, especialmente no âmbito da gerontologia. Esse instrumento foi desenvolvido por Sidney Katz, em 1963, para avaliar o tratamento em idosos portadores de doenças crônicas, o qual

se preocupou em desenvolver métodos para a obtenção de informações quantitativas a respeito da perda de habilidades e dependência entre esses indivíduos (DUARTE et al., 2007), propiciando uma descrição sumária da sua capacidade de autocuidado.

Esse Índice se propõe a medir a independência dos indivíduos, considerando os aspectos físicos para a realização de AVDs. No Brasil, a adaptação transcultural dessa escala para o português foi feita por Lino et al. (2008). Esses autores verificaram que o instrumento tem grau de validade, confiabilidade e consistência interna desejáveis. Essa escala engloba seis grupos de atividades da vida diária, construídos de um modo hierárquico, das mais básicas (banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro) para as mais complexas (transferência, continência e alimentação), que permitem a avaliação dos diferentes níveis de dependência ou independência em cada um dos itens observados (BRITO; NUNES; YUASO, 2007). O Índex de Katz tem sido utilizado na avaliação de idosos residentes em comunidades e em instituições. É de fácil aplicabilidade e útil para evidenciar a dinâmica da instalação da incapacidade no processo de envelhecimento, estabelecer prognósticos, avaliar as demandas assistenciais, além de determinar a efetividade de tratamentos (NERI, 2005).

3.6.3 Escala Burden Interview

A escala Burden Interview foi desenvolvida por Steve Zarit e tem por finalidade apreciar a existência de sobrecarga objetiva e subjetiva do cuidador. Para isso, avalia o quanto as atividades do cuidado têm impacto sobre a vida social, o bem-estar físico e emocional e as finanças do cuidador (ZARIT; TOOD; ZARIT, 1986). Sua versão original era constituída por 29 questões. Posteriormente, o número de itens dessa medida foi revisto e reduzido para 22, e ela foi adaptada e validada no Brasil por Scazufca (2002).

Sequeira (2010) ressalta a confiabilidade e as boas características psicométricas da

Burden Interview para avaliar a sobrecarga associada ao cuidar e sugere que seja utilizada

tanto em nível de prática clínica, como instrumento de diagnóstico, quanto como instrumento de monitorização ou avaliação de programas de intervenção voltados para o trato da sobrecarga em cuidadores informais.

No referido instrumento, cada item investigado é pontuado e obedece aos seguintes escores: nunca (0), raramente (1), algumas vezes (2), frequentemente (3), sempre (4), sendo que na última questão os escores são: nem um pouco (0), um pouco (1), moderadamente (2), muito (3), extremamente (4). O escore global varia entre 0 e 88, e o maior deles corresponde a uma maior percepção de sobrecarga. Neste estudo, para

classificar o nível de sobrecarga evidenciado pelos cuidadores, foi utilizado o ponto de corte estabelecido por Hebert et al. (2000), no contexto internacional, e por Luzardo et al. (2006) e Gratão (2010) no cenário brasileiro. Desse modo, obedeceu-se à seguinte classificação: escores entre 61 e 88 indicam sobrecarga intensa; entre 41 e 60, sobrecarga de moderada a severa; entre 21 e 40, sobrecarga de moderada a leve; e escores inferiores a 21, ausência de sobrecarga.

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