• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – T EORIAS CRIMINOLÓGICAS EXPLICATIVAS DA VITIMAÇÃO

4.5. Variáveis preditoras do sentimento de insegurança

4.5.1. Variáveis preditoras do medo do furto de identidade online

Variáveis sociodemográficas e o medo do furto de identidade online

A partir da tabela 26 podemos observar que 4.1% da variância total do medo do furto de identidade online é explicada pelas variáveis independentes apresentadas no modelo de regressão a seguir. Além disso, averigua-se que este modelo é estatisticamente significativo, dado que o que o p-value é igual a .000. No que concerne ao nível significância das variáveis independentes, constatamos que apenas o sexo (p=.000) e a perceção do estatuto socioeconómico (p=.033) afetam significativamente o medo do furto de identidade online.

90

Tabela 26 Predição do medo do furto de identidade online a partir das variáveis sociodemográficas

(variáveis independentes).

Variáveis1 B SE B β T p

Sociodemográficas

Sexo .327 .059 .193 5.580 .000

Idade -.001 .003 -.019 -.423 .673

Situação profissional (trabalhador,

estudante e estudante-trabalhador) .005 .067 .003 .068 .946 Perceção do ESE (baixo, médio e alto) -.140 .065 -.074 -2.141 .033

1 O modelo respeitante ao medo do furto de identidade online é resumido pelos seguintes valores:

r=.213; r2=.045; r2 ajustado=.041 (p=.000).

Neste modelo, constatamos que o sexo e a perceção do estatuto socioeconómico são as variáveis sociodemográficas que mais contribuem para a explicação do medo do furto de identidade online. Para o sexo, o valor de β obtido é de .193, isto é, esta variável entra positivamente na explicação do medo do furto de identidade online. Por outro lado, o valor de β encontrado para a perceção do estatuto socioeconómico é -.074, isto significa, que a perceção do estatuto socioeconómico entra de maneira negativa com o medo furto de identidade.

Exposição ao risco e o medo do furto de identidade online

No segundo modelo de regressão linear (tabela 27) observa-se que 4.3% da variância total do medo do furto de identidade online é explicada pelas variáveis independentes a seguir apresentadas. Além disso, o presente modelo é estatisticamente significativo, dado que p é igual a .000. Depois, constatamos que existem três variáveis independentes que têm um efeito significativo na predição do medo do furto de identidade online. São elas as seguintes: as atividades financeiras (p=.019), atividades de lazer e trabalho (p=.002) e a interação com desconhecidos (p=.000). A par disto, importa referir que o tempo passado na Internet (p=.058) e abrir links, anexos ou ficheiros (p=.064) encontram-se perto da zona de rejeição.

91

Tabela 27 Predição do medo do furto de identidade online a partir das variáveis referentes à

exposição ao risco (variáveis independentes).

Variáveis B SE B β T p

Exposição ao risco

Tempo na Internet -.017 .009 -.069 -1.895 .058

Atividades financeiras -.062 .026 -.083 -2.360 .019

Lazer e trabalho .131 .043 .110 3.071 .002

Interação com desconhecidos -.261 .059 -.156 -4.389 .000 Abrir links, anexos ou ficheiros .142 .077 .064 1.854 .064

Clicar e visitar conteúdos de risco -.004 .057 -.002 -.066 .948 O modelo respeitante ao medo do furto de identidade online é resumido pelos seguintes valores:

r=.223; r2=.050; r2 ajustado=.043 (p=.000).

Neste modelo as variáveis que mais contribuem para a explicação do medo do furto de identidade online são a interação com desconhecidos, que entra de maneira negativa na explicação do medo do furto de identidade online (β=-.156), as atividades de lazer e trabalho (β=.110) que entra positivamente na explicação da variável dependente em questão e, por último, as atividades financeiras (β=-.083). Como se averigua na tabela 23 da presente dissertação, apenas as atividades financeiras e a interação com desconhecidos foram consistentes com os resultados presentes neste modelo. Nas atividades de lazer e trabalho encontra-se, no presente modelo, um p-value estatisticamente significativo, porém, na tabela referente às correlações entre as variáveis constituintes do sentimento de insegurança (medo do crime e perceção do risco de vitimação) para a exposição ao risco (tabela 23) não alcançaram significado estatístico.

Vitimação de furto de identidade online e o medo do furto de identidade online

Verifica-se, a partir da tabela 28, que 0.4% da variância total do medo do furto de identidade online é explicada pelas variáveis independentes, no entanto, como se pode observar este modelo não é estatisticamente significativo (p=.328). Visto que nenhuma das variáveis apresenta p-values estatisticamente significativos, podemos concluir que nenhuma das variáveis respeitantes aos três tipos de vitimação analisadas afetam significativamente o medo do furto de identidade online. Contudo, importa salientar que a perceção da vitimação de um crime online nos últimos 12 meses encontra-se próxima da fronteira do significado estatístico (p=.071). Assim sendo, estes resultados coincidem com o que já tinha sido observado.

92

Tabela 28 Predição do medo do furto de identidade online a partir das variáveis respeitantes à

vitimação (direta, indireta e perceção da vitimação de um crime online).

Variáveis B SE B β T p

Vitimação online

Vitimação cumulativa -.022 .075 -.011 -.295 .768

Perceção da vitimação do crime online .040 .123 .012 .325 .746

Vitimação indireta .106 .058 .064 1.810 .071

O modelo respeitante ao medo do furto de identidade online é resumido pelos seguintes valores: r=. 064; r2=.004; r2 ajustado=.001 (p=.328).

Conhecimento informático e o medo do furto de identidade online

Aqui, pretende-se saber quanto da variância total do medo do furto de identidade online é explicada pelo conhecimento informático. Observa-se, então, que 3.5% variância total do medo do furto de identidade online é explicada pela variável independente e que o presente modelo é estatisticamente significativo (p=.000).

Além disso, observamos que o conhecimento informático afeta significativamente o medo do furto de identidade online (p=.000).

Tabela 29 Predição do medo do furto de identidade online a partir do conhecimento informático.

Variáveis B SE B β T p

Conhecimento informático

(básico, médio e avançado) -.229 .041 -.190 -5.574 .000

O modelo respeitante ao medo do furto de identidade online é resumido pelos seguintes valores:

r=.190; r2=.036; r2 ajustado=.035 (p=.000).

Como se pode averiguar, o valor de β para o conhecimento informático é -.190, entrando assim, negativamente na explicação do medo do furto de identidade. Por outras palavras, indivíduos com um conhecimento mais baixo (i.e., básico) tendem a apresentar mais medo do furto de identidade online.

Autocontrolo e o medo do furto de identidade online

Quanto à tabela 30 verificamos que 0.1% da variância total do medo do furto de identidade online é explicada pelo autocontrolo e o presente modelo não alcança o significado estatístico, dado que o p-value encontrado é igual a .635. Seguidamente, constatamos que o autocontrolo não afeta significativamente o medo do furto de identidade online.

93

Tabela 30 Predição do medo do furto de identidade online a partir do autocontrolo.

Variáveis B SE B β T p

Autocontrolo -.039 .082 -.016 -.475 .635 O modelo respeitante ao medo do furto de identidade online é resumido pelos seguintes valores:

r=.016; r2=.000; r2 ajustado=-.001 (p=.635).

Modelo de explicação final para o medo do furto de identidade online

Quanto ao modelo final (tabela 31), iremos analisar apenas variáveis independentes que alcançaram anteriormente significado estatístico na predição medo do furto de identidade online. Nesta tabela, iremos então incluir o sexo, a perceção do estatuto socioeconómico, as atividades financeiras, as atividades de lazer e trabalho, a interação com desconhecidos e o conhecimento informático.

Tabela 31 Predição do medo do furto de identidade online a partir das variáveis independentes

que nos modelos anteriores tiveram significado estatístico designadamente, o sexo, a perceção do estatuto socioeconómico, as atividades financeiras, as atividades de lazer e trabalho, a interação com desconhecidos e o conhecimento informático.

Variáveis B SE B β T p

Modelo final

Sexo .208 .061 .122 3.424 .001

Perceção do ESE (baixo, médio e alto) -.141 .064 -.075 -2.208 .027 Atividades financeiras -.028 .027 -.038 -1.065 .287

Lazer e trabalho .086 .041 .072 2.077 .038

Interação com desconhecidos -.222 .059 -.132 -3.769 .000 Conhecimento informático -.130 .044 -.108 -2.924 .004

O modelo respeitante ao medo do furto de identidade online é resumido pelos seguintes valores: r=.286; r2=.082; r2 ajustado=.075 (p=.000).

As variáveis inseridas no modelo final explicam 7.5% da variância total do medo furto de identidade online, sendo que o modelo é estatisticamente significativo (p=.000). Para além da significância do modelo, há um conjunto de variáveis independentes que alcançam o significado estatístico. São elas: o sexo (p=.001), a perceção do estatuto socioeconómico, (p=.027), as atividades de lazer e trabalho (p=.038), a interação com desconhecidos (p=.000) e o conhecimento informático (p=.004). Já, a atividade financeira tem um valor de p superior a 0.05. Deste modo, concluímos que das variáveis independentes cujos valores foram estatisticamente significativos nos modelos anteriores, apenas as atividades financeiras deixam de ter valor preditivo. Ademais, importa referir que a interação com desconhecidos é a variável que mais contribui para o medo do furto de identidade online (β=-.132), seguido do

94 sexo (β=.122), o conhecimento informático (β=-.108), perceção do estatuto socioeconómico (β=-.075) e as atividades de lazer e trabalho (β=.072).

4.5.2. Variáveis preditoras da perceção do risco de vitimação de furto de identidade

Documentos relacionados