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2.3 PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO E

2.3.4 Variação dimensional (retração/expansão linear) NBR 15261:2005

Retração consiste na expansão ou retração propriamente dita de uma argamassa através da perda de massa de água com o processo de secagem. Este fenômeno que gera tensões, muitas vezes combinadas desfavoravelmente com as propriedades mecânicas como resistência à tração e módulo de elasticidade acompanhado de uma contração volumétrica do material (SILVA, 2001).

Esta propriedade está diretamente ligada à incidência de fenômenos patológicos de diversas naturezas no revestimento das edificações, como, por exemplo, o aparecimento de fissuras, infiltrações através destas fissuras, comprometimento da estética, etc.

A fissuração pode ser resultante de um ou mais fatores, entre eles: a retração da argamassa, gerando tensões por vezes combinadas desfavoravelmente com as propriedades mecânicas como resistência à tração e módulo de elasticidade. Estes fenômenos irão influenciar diretamente na proteção e durabilidade dos revestimentos das edificações.

A retração pode ser provocada principalmente pela da perda da água para substrato ou ambiente externo, além de outros fatores, tais como: retração térmica, retração por carbonatação, retração por hidratação do cimento, etc. Quando, por exemplo, a pasta de

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cimento saturada é exposta a um ambiente com umidade relativa do ar menor que 100%, começa a perder água e a retrair-se.

A perda de água de amassamento de uma mistura fresca é a principal causa de retração plástica e pode ser diminuída pelo ajuste de dosagem que evite exsudação e com o uso de aditivos retentores de água (BASTOS, 2001). Uma argamassa de revestimento de alvenaria aplicada, por exemplo, em uma superfície muito extensa da fachada de um edifício, em relação ao volume de material aplicado, tem uma situação semelhante à aplicada a revestimento de piso e de lajes extensas. Desta forma, com a ação do sol e do vento nas argamassas, deixam-na suscetível à perda de água intensa por evaporação. Estes materiais podem estar sujeitos também à perda de água por sucção quando aplicados diretamente sobre substratos porosos.

Angelim et al. (2003), em seus estudos concluíram que a adição de finos (dimensões inferiores a 0,075 mm) pode aumentar a incidência de fissuras por retração. No entanto, esta influência, segundo os autores, varia de acordo com a natureza mineralógica da adição.

2.3.4.1 Dispositivos e medidas de retração linear

Na literatura são inúmeros os dispositivos citados para medidas de retração livre linear nas últimas décadas, como, por exemplo, Brüll e Komlos (1980) apud Silva (2011), que utilizaram um molde com dimensões 40 x 40 x 160 mm para a medida de retração plástica de argamassas. Kasai et al. (1982) citados por Mitani (2003) utilizaram o dispositivo de secção quadrada de 100 mm de lado e comprimento de 400 mm onde com este dispositivo permitiu-se medir a retração autógena na posição horizontal de modo que a amostra pode deformar-se livremente. Ravina (1986), em seu trabalho, utilizou um molde de 70 x 70 x 280 mm para determinar a retração por secagem de argamassas com temperatura de 30ºC, umidade de 50% e com ventos produzidos por ventiladores. Kronlöf et al. (1995) adaptaram o aparelho desenvolvido no Technical Research Centre of Finland para estudar o fenômeno de retração e fissuração em argamassas de cimento e areia no estado fresco com a utilização de aditivos e fibras de polipropileno. Veiga (1998) utilizou um dispositivo, baseado nos trabalhos de Tamin (1986) e de outros pesquisados, construído no Laboratório Nacional de Engenharia Civil – LNEC em Portugal, para medida de retração

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livre linear de argamassas de revestimentos onde o dispositivo que utilizado pela autora é constituído de uma estrutura rígida, a qual está ligada uma cabeça inferior fixa à estrutura e outra cabeça superior que desliza longitudinalmente, conectada um transdutor de deslocamento. O dispositivo tem 400 mm de comprimento, a secção tem 50 mm de largura e 20 mm de espessura. Os ensaios das amostras que são moldadas sobre placas de acrílico bem lubrificadas são realizados em ambiente com temperatura de 23 ± 2 ºC e umidade relativa do ar de 50 ± 5%. A Figura 2.9 ilustra a realização do ensaio.

Figura 2.9- Dispositivo usado por Veiga (1997) para medida de retração livre linear Silva (2011), em seus estudos, utilizou um método para avaliação da fissuração das argamassas em laboratório no qual se utilizou três moldes prismáticos adaptados da norma ASTM C1579 (2006), com dimensões internas de 250 x 400 e espessura de 20 mm para avaliar a fissuração das argamassas, conforme demostrado na Figura 2.10.

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Para realização das medidas da retração por secagem e da retração autógena de argamassas no estado endurecido é realizado de acordo com os procedimentos da NBR 15261:2005 (Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da variação dimensional (retração ou expansão linear)). A medida da variação dimensional dos corpos de prova é realizada utilizando o aparelho comparador, conforme ilustra a Figura 2.11.

Figura 2.11- Relógio comprador utilizado para ensaio de variação dimensional

2.3.4.2 Susceptibilidade a fissuração

É um método desenvolvido pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB, 1982) para avaliar a susceptibilidade à fissuração de revestimentos de argamassa. Este método baseia-se no princípio de que a tendência à fissuração aumenta com o aumento da retração de secagem e, também, quanto maior for a resistência de tração na flexão desenvolvida na argamassa devido à retração restringida (SILVA, 2011). Alguns pesquisadores e instituições desenvolveram trabalhos na área de susceptibilidade a fissuração. Entre eles pode-se citar Veiga, 1998 que utilizou em seus trabalhos um modelo de medida para avaliação da retração livre e restringida, conforme figura 2.9; onde seus resultados se mostraram eficientes. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) de Portugal utilizou em diversas pesquisas o critério para avaliar a susceptibilidade à fissuração de revestimentos de argamassa, através da relação entre resistência à tração na flexão e a resistência à compressão - Rt/Rc (dutilidade), onde seus resultados se mostraram satisfatórios para avaliação da susceptibilidade a fissuração. Silva, 2011 em seus estudos utilizou moldes prismáticos para medir a retração livre e restringida, cujos procedimentos

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foram adaptados de Hammer, 2007. Alguns resultados encontrados não se mostraram satisfatórios como método de avaliação da retração.

A Tabela 2.9 descreve os critérios de classificação quanto à susceptibilidade à fissuração de revestimentos de argamassa.

Tabela 2.9- Critérios de avaliação de susceptibilidade à fissuração de revestimento de argamassa (CSTB,

Características (aos 28 dias)

Critérios de classificação quanto à fissuração

Baixa susceptibilidade Média susceptibilidade Alta susceptibilidade Retração por secagem –

Dl/l (mm/m) Dl/l ≤ 0,7 0,7 < Dl/l < 1,2 Dl/l ≥ 1,2

Módulo de elasticidade –

(MPa) E ≤ 7000 7000 < E < 12000 E ≥ 12000

Módulo de elasticidade/resistência à

tração na flexão – E/Rt E/Rt ≤ 2500 2500 < E/Rt < 3500 E/Rt ≥ 3500

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