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4 RESUTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

4.1.1 Variabilidade dos atributos

4.1.1.1 Atributos da planta

Segundo Pimentel-Gomes & Garcia (2002), a variabilidade de um atributo pode ser classificada segundo a magnitude do seu coeficiente de variação (CV). Suas classes foram determinadas como baixa (CV < 10 %), média (10 % < CV < 20 %), alta (20 % < CV < 30 %) e muito alta (CV > 30%). A produtividade de grãos da soja (PG) apresentou variabilidade muito alta, com CV de 39% (Tabela 3). Assim, neste aspecto, a variabilidade da PG foi diferente dos valores observados por Rosa Filho et al. (2009) estudando a cultura da soja em um Latossolo Vermelho Distroférrico a cultura da soja sob plantio direto e Vieira et al. (2010), em um Latossolo Vermelho Distroférrico com a cultura da soja em plantio direto, que encontraram média e alta variabilidade de 13,7 e 26,8% respectivamente.

Para o número de vagens por planta (NVP) e o número de grãos por planta (NGP) apresentaram alta variabilidade com CV`s de 23,7% e 25,5%, enquanto o número de grãos por vagem (NGV) e a massa de cem grãos (MCG) apresentarem baixa variabilidade, com CV's de 6,7% e 8,8%, respectivamente. Dalchiavon et al. (2011) estudando a cultura da soja em um Latossolo Vermelho Distroférrico sob plantio direto, encontraram alta variabilidade para NVP (25%) e NGP (25,2%) e baixa para NGV (8,6%).

4.1.1.2 Atributos do solo, teores foliares de nutrientes da soja e macrofauna

As variabilidades da umidade gravimétrica (UG), da densidade do solo (DS), porosidade total (PT), areia (Are), argila (Arg) e potencial Hidrogeniônico (pH) nas duas camadas de solo estudadas foram baixas, com CV`s entre 3,3% e 8,9% (Tabela 3). Os dados de DS observados concordam com os obtidos por Alho et al. (2014) que trabalhando em um Cambissolo Háplico Alítico em uma malha de 70 × 70 m com 64 pontos amostrais e Silva & Lima (2013), em um experimento conduzido em Latossolo Vermelho Amarelo com 100 pontos amostrais, que constataram baixa variabilidade, com CV`s entre 5,07 a 7,97%. Em adição, Silva & Lima (2013), encontraram baixa variabilidade para Arg, com CV de 9,19%. A Are e a Arg, por serem atributos não influenciados pelas práticas de manejo da cultura e por apresentarem uma estabilidade

maior ao longo tempo, a variabilidade é intrínseca, ou seja, é devida à variação natural no solo (MONTEZANO et al., 2006).

Tabela 3- Estatística descritiva dos componentes de produção e produtividade da soja e

atributos físicos de um Latossolo Vermelho Distroférrico nas camadas de 0,00-0,10 e 0,10- 0,20 m.

Atributos(a)

Média Mediana Padrão Desvio

Coeficientes Probabilidade do teste(b) Mínimo Máximo Variação (%) Curtose Assimetria Pr<w DF

Atributos da planta PG (kg ha-1) 1214,8 1250,0 169,8 2361,1 473,7 39,0 -0,281 -0,160 0,268 NO NVP 30,5 29,5 10,3 51,0 7,235 23,7 0,555 0,517 0,029 TN NGV 1,9 1,9 1,7 2,2 0,129 6,7 - - - IN NGP 59,1 57,4 20,7 100,9 14,505 25,5 0,363 0,468 0,076 NO MCG (g) 15,9 15,8 11,4 19,1 1,404 8,8 0,084 -0,298 0,594 NO

Atributos físicos do solo

RP1 (MPa) 6,036 5,795 1,674 13,091 2,442 40,4 - - - IN RP2 (MPa) 12,256 12,458 5,748 20,152 3,091 25,2 -0.440 -0,082 0,527 NO UG1 (kg kg-1) 0,156 0,157 0,131 0,181 0,009 5,7 0,936 -0,317 0,021 TN UG2 (kg kg-1) 0,162 0,162 0,139 0,183 0,007 4,6 1,843 -0,179 0,004 TN DS1 (kg dm-3) 1,359 1,367 1,112 1,685 0,102 7,5 0,264 -0,066 0,340 NO DS2 (kg dm-3) 1,411 1,418 1,228 1,555 0,066 4,7 0,114 -0,390 0,180 NO PT1 (m3 m-3) 0,489 0,490 0,408 0,589 0,043 8,9 -0,689 0,184 0,203 NO PT2 (m3 m-3) 0,467 0,460 0,396 0,548 0,032 6,9 -0,345 0,392 0,051 NO Are1 (g kg-1) 357,7 357,0 303,0 426,0 23,020 6,4 0,259 0,180 0,655 NO Are2 (g kg-1) 353,4 355,0 286,0 399,0 19,988 5,6 0,688 -0,448 0,095 NO Arg1 (g kg-1) 498,1 499,0 455,0 542,0 16,373 3,3 -0,199 -0,027 0,892 NO Arg2 (g kg-1) 503,3 504,0 458,0 563,0 18,746 3,7 0,321 0,143 0,812 NO Sil1 (g kg-1) 144,0 145,0 94,0 198,0 15,851 11,0 1,187 0,111 0,349 NO Sil2 (g kg-1) 143,4 143,0 112,0 188,0 13,014 9,1 1,128 0,272 0,141 NO DMG (mm) 0,582 0,563 0,328 0,964 0,128 22,14 0,731 0,732 0,006 IN DMP (mm) 1,243 1,188 0,689 2,137 0,306 24,64 0,148 0,608 0,023 TN

(a)PG=produtividade de grãos de soja; NVP=número de vagens por planta; NGV=número de grãos por vagem;

NGP=número de grãos por planta; MCG=massa de cem grãos; RP, UG, DS, PT, Are, Arg, Sil, DMG e DMP de 1 a 2, são respectivamente a resistência do solo penetração, umidade gravimétrica, densidade do solo, porosidade total, areia, argila, silte, diâmetro médio geométrico e o diâmetro médio ponderado, coletados nas camadas do solo; (b) DF=distribuição de frequência, sendo NO, TN e IN, respectivamente, do tipo normal, tendendo a normal e indeterminada.

Estudando um Latossolo Vermelho Distroférrico em uma malha de 21 × 65 m com 128 pontos amostrais, sob plantio direto e convencional, Schaffrath et al. (2008) verificaram baixa variabilidade para PT, com CV`s entre 4,00% a 7,35%. Os valores de pH do solo concordam com os encontrados por Santos et al. (2014), onde teve por objetivo descrever a variabilidade espacial de atributos relacionados à acidez (pH, H +

Al, Al, Ca e Mg), o teor de matéria orgânica e necessidades de calagem em uma plantação de café conilon em São Mateus, num Latossolo Amarelo distrófico com pontos amostrais espaçados 5,6 m, encontraram baixa variabilidade, com CV de 6,1%. Em relação a UG, Souza et al. (2001), estudando após a colheita da cultura do feijoeiro um Latossolo Vermelho Distrófico com 103 pontos amostrais, encontraram baixa variabilidade, variando entre 3,87 a 6,85%.

A resistência do solo à penetração (RP) apresentou muito alta e alta variabilidade, com CV`s de 40,4 e 25,5%, para as camadas C1 e C2, respectivamente (Tabela 3). Assim os valores observados de RP concordam com os obtidos em experimento conduzidos em áreas de Argissolo Amarelo e Latossolo Vermelho Distroférrico nas culturas de soja, capim-elefante e cana-de-açúcar, respectivamente (DALCHIAVON et al., 2011; RODRIGUES et al., 2014; OLIVEIRA FILHO et al., 2015), que variaram entre 22,1 e 64%. Tal compactação deve-se ao tráfego de implementos agrícolas, animais ou pessoas e o crescimento de raízes que aproximam as partículas do solo para sua passagem, os ciclos de umedecimento e secagem que confere a expansão e contração da massa do solo.

Em relação ao teor de silte (Sil) e o teor de matéria orgânica do solo (MO), todos apresentaram variabilidade de média a baixa (Tabela 3), com CV`s entre 9,1 e 12,3%, respectivamente. Miqueloni et al. (2015) com o objetivo de caracterizar o solo química e fisicamente bem como verificar possíveis zonas de manejo em área de cana-de-açúcar e citrus no município de Colômbia (SP), trabalhando em um Latossolo Vermelho- Amarelo com 129 pontos amostrais, observaram CV para Sil e MO de 50,56 e 24,27% respectivamente. Os mesmos autores atribuírem tal variação devido essas camadas terem maiores alterações, principalmente pela ação antrópica, o que acarreta baixo grau de homogeneidade de suas características químicas, principalmente pelo aporte de nutrientes e, físicas, pelo uso de maquinários agrícolas.

O teor de fósforo disponível do solo (P) apresentou alta variabilidade na camada de 0,00-0,10 m e muito alta variabilidade na camada de 0,10-0,20 m, com CV`s de 22,3 e 45,0%, respectivamente (Tabela 4). Por sua vez, o teor potássio n solo (K) apresentou variabilidade muito alta em ambas as profundidades, 55,9 e 50,8%, para as camadas de 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m, respectivamente. Portanto, para os dados de P na camada de 0,00-0,10 m, discorda daquele obtido por Negreiros Neto et al. (2014), o qual estudando a cultura do milho em um Latossolo Vermelho-Amarelo em uma malha de 130 × 13,5 m, contendo 100 pontos amostrais, encontraram muito alta variabilidade, com 34,37%.

Souza et al. (1998), trabalhando na cultura do trigo em um Argissolo com uma malha de 7 × 7 m com 49 pontos amostrais em sistema plantio direto, verificaram que na camada de 0,10-0,20 m, onde encontraram variabilidade muito alta, de 61,2%. Para o K, esses dados assemelham-se com os encontrados por Dalchiavon et al. (2012), que estudando em um Latossolo Vermelho Distroférrico com 120 pontos amostrais em uma área de 3,0 ha, encontraram variabilidade muito alta, com CV`s de 51,81 e 59,83%, respectivamente. A alta variabilidade para os teores de P e K pode ser atribuída à aplicação localizada de fertilizantes, ao efeito residual da adubação e à exposição de camadas mais deficientes desse nutriente, podendo ocorrer áreas com quantidades excessivas ou com déficit de fertilizantes.

Em relação ao diâmetro médio geométrico (DMG), diâmetro médio ponderado (DMP) e saturação por bases (V%), todos apresentaram alta variabilidade, com CV`s entre 20,6 e 24,64% (Tabela 3 e 4). Lima et al. (2014) e Pellin et al. (2015) estudando pastagens, mata atlântica e cana-de-açúcar em um Cambissolo Háplico, Cambissolo húmico e Argissolo Vermelho-Amarelo com 150 pontos amostrais espaçados em até 350 m e um Latossolo Vermelho Distroférrico com 80 pontos amostrais em uma malha irregular, observaram para DMG alta variabilidade, com CV`s de 24,21 e 27,6%, entretanto, discorda para DMP, que foi de 19,61 e 14,3% respectivamente. Para a V%, Dalchiavon et al. (2012) estudando rotação das culturas (1 - soja, 2 - milho e 3 - algodão) sucedida das culturas invernais (1 - aveia preta, 2 - feijão e 3 – milho) verificaram variabilidade alta para a V% apenas para a camada C1, com valor de 29,13%, porém, discorda para a camada C2, variabilidade muito alta, com CV de 35,74%.

Os teores nutricionais foliares da cultura da soja (N, P e K) apresentaram média, baixa e média variabilidade, com CV’s de 11,2%, 9,2% e 18,5%, respectivamente (Tabela 4). Esses resultados corroboram apenas para o Nf com aqueles obtidos por Vieira et al. (2010), onde trabalhando na cultura da soja em um Latossolo Vermelho com uma área amostral de 63 pontos amostrais em 1,92 ha, encontraram média variabilidade, com coeficiente de 10,2%.

Para a macrofauna da área, todas as classes de insetos apresentaram variabilidade muito alta, com coeficientes de variação entre 108,7 a 438,1% (Tabela 4). Dinardo- Miranda (2007) estudando a Mahanarva fimbriolata em cana-de-açúcar, encontrou CV maiores que 47 %, sendo considerados muito alto. Estes resultados foram considerados muito altos devido não apresentarem a estacionaridade, pois ocorre a locomoção dos

insetos, assim, lugares amostrados apresentaram uma alta macrofauna e em outros pontos amostrados não apresentarem nada.

Tabela 4- Estatística descritiva dos atributos químicos do solo, teores de nutrientes foliares na

soja e a macrofauna da área experimental. Atributos(a)

Média Mediana Padrão Desvio

Coeficientes Probabilidade do teste(b) Mínimo Máximo Variação (%) Curtose Assimetria Pr<w DF

Atributos químicos do solo

P1 (mg dm-3) 18,1 18,0 9,0 30,0 4,038 22,3 0,197 0,604 0,012 TN P2 (mg dm-3) 16,2 15,0 5,0 44,0 7,318 45,0 - - - IN MO1 (g dm-3) 17,5 17,0 12,0 24,0 2,153 12,3 - - - IN MO2 (g dm-3) 16,6 16,5 14,0 20,0 1,640 9,9 - - - IN pH1 (CaCl2) 4,5 4,5 4,2 5,0 0,161 3,5 - - - IN pH2 (CaCl2) 4,8 4,9 4,3 5,6 0,274 5,6 - - - IN K1 (mmolc dm-3) 1,6 1,3 0,5 4,1 0,911 55,9 - - - IN K2 (mmolc dm-3) 0,8 0,7 0,2 2,0 0,424 50,8 - - - IN V1 (%) 34,6 34,0 18,0 54,0 7,143 20,6 -0,035 0,218 0,803 NO V2 (%) 34,4 33,5 17,0 50,0 7,805 22,7 -0,804 0,259 0,018 TN Teores foliares Nf (g kg-1) 31,8 31,6 20,3 41,7 3,562 11,2 1,149 -0,103 0,214 NO Pf (g kg-1) 2,5 2,5 1,9 3,0 0,227 9,2 - - - IN Kf (g kg-1) 15,8 16,0 10,0 24,0 2,928 18,5 - - - IN Macrofauna Anel 1,1 1,0 0,0 10,0 1,384 130,5 - - - IN Ortho 1,0 1,0 0,0 6,0 1,184 122,1 - - - IN Hyme 2,4 0,0 0,0 59,0 6,674 274,6 - - - IN Blatto 0,4 0,0 0,0 2,0 0,689 191,5 - - - IN Gastro 0,4 0,0 0,0 7,0 1,112 258,7 - - - IN Lepi 0,1 0,0 0,0 1,0 0,219 438,1 - - - IN Coleo 1,2 1,0 0,0 7,0 1,250 108,7 - - - IN Hemi 0,6 0,0 0,0 4,0 1,007 176,7 - - - IN Aran 0,2 0,0 0,0 2,0 0,477 227,4 - - - IN

(a) P, MO, pH, K e V%, de 1 a 2, são respectivamente o fósforo, matéria orgânica, potencial

hidrogeniônico, potássio e saturação por bases, coletados nas camadas do solo; Nf, Pf e Kf, são respectivamente os teores foliares de nitrogênio, fósforo e potássio e Anel=anelídeo; Ortho=orthoptera; Hyme=hymenoptera; Blatto=blattodea; Gastro=gastropoda; Lepi=lepidoptera; Coleo=coleoptera; Hemi=hemiptera; Aran=araneae; (b) DF=distribuição de frequência, sendo NO, TN e IN respectivamente do tipo normal, tendendo a normal e indeterminada.

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