A agricultura de precisão é garantia de uma agricultura sustentável que produz grande quantidade de alimentos com suficiente qualidade, com uso de fontes naturais, o que garante a preservação do meio ambiente. Para que isso seja possível, devem ser desenvolvidos equipamentos de precisão, capazes de efetuar operações complexas. Com o desenvolvimento da tecnologia, faz-se uso mais racional de fertilizantes e agrotóxicos
(BAERDEMAEKER et al., 2001). Segundo o autor a agricultura de precisão requer máquinas equipadas com dispositivos de alta precisão, tais como: sensor de fluxo de massa de alta precisão, pulverizador para aplicação localizada.
Historicamente, o primeiro povo que praticou, embora de maneira empírica, alguma forma de aplicação localizada de insumos, foram os incas que colocavam um peixe, como fertilizante, próximo a cada pé de milho de sua plantação; sendo o peixe maior, quanto menor fosse o pé de milho. Recentemente, os primeiros esforços para o desenvolvimento dos conceitos da Agricultura de Precisão foram feitos em 1929, quando dois pesquisadores americanos sugeriram a aplicação localizada de calcário, como forma de economizar na quantidade necessária desse insumo. Devido às dificuldades de se aplicar o insumo de forma localizada em grandes áreas, uma vez que não existiam equipamentos para aplicação e o georreferenciamento, esses conceitos ficaram no esquecimento, até aparecerem equipamentos com grande capacidade operacional e sistemas de posicionamento e de controle necessários, o que provocou, de novo, o interesse por tais conceitos a partir de 1984 (BALASTREIRE, 2000).
Halal et al. (1998) fazem previsão do avanço tecnológico para um futuro próximo, analisando as tendências tecnológicas emergentes. Uma lista de perguntas foi enviada a autoridades para que fosse feita uma estimativa da evolução que pode ocorrer em doze grandes grupos do conhecimento: energia, meio ambiente, alimentação e agricultura, hardware, software, comunicação, serviços de informação, robótica materiais, medicina, espaço e transporte. Na área de alimentação e agricultura, as estatísticas estão nos resultados do Quadro 4.
Quadro 4: Estimativa da evolução do conhecimento humano nas áreas de alimentação e agricultura.
ANO Nível do conhecimento
2014 Agricultura orgânica alternativa e aquacultura 2015 Agricultura de precisão
2017 Comida artificial
2020 Automação das áreas agrícolas
Segundo Kutzbach (2000), a globalização e conseqüentemente a internacionalização da agricultura provocou uma competição acirrada quanto à produção e qualidade dos produtos agrícolas. Com isso, os agricultores se viram obrigados a utilizar equipamentos mais modernos. Um aspecto interessante, discutido neste trabalho, é que o desenvolvimento da mecanização agrícola não é determinado somente pelo conhecimento, habilidade e experiência da engenharia agrícola, mas também pela economia, ecologia e política agrícola. A alta performance, a operação extremamente simples, a automação e o manejo veloz, convencem muitos produtores, que a agricultura de precisão é viável. Muitos produtores adotam a agricultura de precisão pensando na qualidade dos produtos, principalmente investindo em colheitadeiras de qualidade que não danifiquem os produtos no momento da colheita. Neste artigo são citadas algumas técnicas, com relação à aplicação de herbicida, que possibilitam à preservação ambiental. Tais técnicas são: 1- cultivo mecânico com equipamentos que possibilitam a separação das plantas daninhas do solo, separando-as e depositando-as como esterco no mesmo. 2- reconhecimento por imagens das plantas daninhas
para aplicação seletiva de herbicida (para tanto se torna necessário grandes investimentos em sensores especiais). 3- choque térmico das plantas daninhas.
Kilpp (2000) mostra a importância dos mapas de produtividade na agricultura de precisão. Segundo o autor, esses mapas permitem identificar as áreas com baixo ou alto rendimento, estabelecendo a variação de produtividade dentro de uma mesma região, para a interpretação e tomada de decisão, dando condições para se determinar a melhor data do plantio, a variedade da semente, a formulação do adubo etc.
Stafford (2000) levanta alguns empecilhos no desenvolvimento da agricultura de precisão, mostrando ao mesmo tempo, fatores que favorecem o seu desenvolvimento. Segundo o autor, a agricultura de precisão é cultivada a alguns séculos em áreas pequenas, onde fazia-se um delineamento em função das condições naturais, como: cursos d’água e tipo de solo, o que possibilitava um tratamento manual do campo diferenciado. No entanto, o aumento das áreas cultivadas, produção intensiva e a mecanização na metade do último século não mais possibilitou a utilização de tais técnicas. O ressurgimento da agricultura de precisão ocorreu na década de 70, com o advento do GPS (Global Positioning System). Este ressurgimento ocorreu com força total, uma vez que os agricultores perceberam que é possível reduzir custos de produção, diminuir o impacto ambiental e produzir alimentos sem modificação genética. No entanto, existem alguns empecilhos que limitam uma expansão maior:
1- Necessidade de uma grande quantidade de informação, devido ao mapeamento dos diferentes tipos de solo, informações sobre a colheita e sobre fatores ambientais. Todas essas informações produzem um conjunto de dados imenso, obrigando o produtor a adquirir equipamentos para integração de tais dados (hardware e software).
2- É possível obter dados (informações) sobre solo, colheita e fatores ambientais, através de diferentes técnicas, porém os processos para obtenção de tais informações, normalmente são caros e laboriosos. Isto provoca gastos razoáveis na implementação da agricultura de precisão. O desenvolvimento de sensores, que realizem a leitura instantaneamente, poderia amenizar este problema.
Mc Lellan e Friesen (1997) questiona a necessidade de uma precisão de até 20 cm nos equipamentos agrícolas.. Neste trabalho o autor descreve a necessidade de precisão dos equipamentos para algumas aplicações (Quadro 5), condenando a precisão em demasia, porque quanto maior a precisão requerida pelo equipamento, maior será o custo do mesmo e mais dificuldade será encontrada no seu manuseio.
Quadro 5: Precisão requerida em algumas atividades de campo.
Aplicação Precisão Mapeamento do campo Horizontal = 10 m Vertical = 5-20 cm Semeadura 2-20 cm Pulverização 20-50 cm
Cultivação e monitoramento do campo 2-100 cm