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VARIABILIDADE GENÉTICA DO MARACUJAZEIRO PARA RESISTÊNCIA

Entre as várias espécies de passifloras silvestres do Brasil, algumas têm características interessantes que poderiam ser introduzidas no maracujazeiro comercial, principalmente a resistência a fitopatógenos. Em seguida serão comentadas algumas espécies com resistência aos principais patógenos que afetam o maracujá-azedo.

P. suberosa, P. incarnata, P. macrocarpa e o chamado “maracujá-mirim” mostraram resistência ao vírus do mosaico do maracujá-roxo (Oliveira et al., 1994). Resistência a

Fusarium oxysporum f. passiflorae foi encontrada em P. giberti (Oliveira, 1987) e P. alata (Yamashiro & Landgraf, 1979). Resistência ao nematóide Meloidogyne incognita foi encontrada em P. caerulea, P. edulis, P. edulis f. flavicarpa, P. cincinatti e P. macrocarpa (Klein et al., 1984; Silva Jr. et al., 1988). De acordo com Knight Jr. (1991), P. incarnata é boa fonte de resistência ao frio, que poderia ser utilizada para incrementar o cultivo em zonas temperadas.

A resistência a Fusarium encontrada em P. edulis Sims foi muito baixa, tendendo apenas a atrasar a manifestação dos sintomas da doença, não tendo, conseqüentemente, valor comercial (Purss, 1958). O autor encontrou resistência em P. aurantia, P. herbertiana, P.

incarnata, P. caerulea e em algumas linhagens de maracujá amarelo, sendo indicadas para utilização como porta-enxerto. Cox & Kiely (1961) testaram estes materiais como porta- enxerto para maracujá roxo, observando que a melhor combinação foi maracujá roxo x maracujá amarelo.

Em estudos de resistência a Fusarium pallidoroseum e Fusarium solani, Delanoe (1991), citado por Cunha & Cardoso (2007) relatou a ocorrência de resistência em P. candida e P. fuchsiiflora, enquanto P. coccinea, P. laurifolia e P. glandulosa foram parcialmente resistentes. O autor citou P. cirrhiflora, P. garckei, P. edulis f. flavicarpa e P. edulis var. RL2 como altamente susceptíveis. Ainda com relação a Fusarium, Cole et al. (1992) citaram que todos os isolados de plantas de P. edulis f. edulis Sims contendo Fusarium também tinham presente a Phytophthora. Eles observaram que as plantas inoculadas somente com Fusarium morriam lentamente, enquanto a infecção com os dois patógenos provocava uma morte rápida, o mesmo ocorrendo com a infecção só com a Phytophthora. P. caerulea foi considerada como resistente a ambos os patógenos e pode ser um porta-enxerto alternativo.

Com relação a Phytophthora nicotianae var. parasitica, Milne et al. (1975) observaram que o maracujá amarelo é altamente resistente, enquanto o roxo é extremamente

primeiro mostrado um certo grau de tolerância ao vírus “Woodness” (“Bullets disease”). Winks et al. (1988) citaram que os híbridos de maracujá roxo x maracujá amarelo são plantados com sucesso na Austrália, mas o problema tem sido a susceptibilidade às doenças. Os autores mencionam a resistência do maracujá amarelo a Fusarium e a Phytophthora e a tolerância a nematóides e a Alternaria alternata, sendo o híbrido tolerante a nematóides, vírus do caule e fusariose; também o roxo, susceptível ao vírus, produziu plantas livres do mesmo quando enxertado no amarelo. Os híbridos interespecíficos de P. edulis híbrido x P. incarnata mostram tolerância ao vírus e ao frio. Oliveira et al. (1980) relataram a importância e as potencialidades do maracujá-guaçú que, embora menos rústico do que o maracujá amarelo e o maracujá roxo, é aparentemente mais tolerante à bacteriose, antracnose e verrugose.

Trabalhando com X. axonopodis pv. passiflorae, Kuroda et al. (1983) verificaram que

P. maliformis foi tolerante, P. alata foi altamente suscetível e das variações de P. edulis, maracujá azedo, maracujá roxo e maracujá de boi, foram suscetíveis, enquanto que a variação denominada de maracujá marmelo, foi medianamente resistente. Netto et al. (1984) verificaram que P. molissima, P. cincinnata, P. foetida, a introdução I.48.669 (maracujá curuba de La Sierra de Santa Marta) e maracujá selvagem grande foram resistentes, maracujá boi da Bahia, “Vasconcelos” e maracujá peroba azedo foram suscetíveis e P. quadrangularis e acessos ou variedades de P. alata foram altamente suscetíveis.

Leite Jr. (2002) descreve P. cincinnata, P. molissima e P. foetida como resistentes à bacteriose, P. maliformis como altamente resistente, P. alata e P. quadrangularis como altamente susceptíveis, indicando haver variabilidade no germoplasma de Passiflora spp., o que possibilita a obtenção de materiais comerciais de maracujazeiro com resistência à doença. No Distrito Federal, quanto ao uso de espécies selvagens como fonte de resistência, as plantas de P. coccinea e de seu híbrido F1, com P. edulis f. flavicarpa comercial, não mostraram

sintomas da bacteriose em condições de campo, mas as do primeiro retrocruzamento (RC1)

para P. edulis f. flavicarpa foram altamente susceptíveis. Plantas de P. setacea também não mostraram sintomas, mas os híbridos RC1, RC2 e RC3 para P. edulis f. flavicarpa foram

altamente susceptíveis. As plantas de P. caerulea, P. giberti, P. mucronata, P. actinia e de alguns acessos de P. nitida e P. laurifolia também não mostraram sintomas. Por outro lado, P.

amethystina, P. cincinnata, P. quadrangularis e P. alata selvagens mostraram-se altamente susceptíveis para os isolados utilizados (Junqueira et al., 2003).

A resistência à Xanthomonas sp. pv. passiflorae foi avaliada por Wendland (1997) em diferentes acessos de maracujá-azedo. Foram observados diversos graus de resistência dentro

sintomas da doença, mas suas sementes têm gerado somente plantas susceptíveis. Algumas dessas plantas mais resistentes foram clonadas e multiplicadas por estaquia e continuam mantendo o nível de resistência. Resultados similares foram obtidos por Franco et al. (2002).

De acordo com a professora do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Dra. Maria Lucia Carneiro Vieira, pesquisas laboratoriais mostraram que plantas transgênicas de maracujá-amarelo apresentaram resistência à bacteriose. Essas plantas foram obtidas com a inserção, na planta, da seqüência gênica de uma proteína chamada atacina, que é liberada na hemolinfa de mariposas quando estes insetos são infectados por bactérias (Universia, 2007).

Inoculando Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae em folhas novas e sob condições controladas, Seixas (1989) observou que o método de inoculação por pulverização deve ser o preferido, por ser menos drástico e não excluir uma eventual resistência à penetração do patógeno. As espécies P. edulis Sims f. flavicarpa Deneger, (P. coccinea vs P. edulis) vs P.

edulis foram suscetíveis à bacteriose, enquanto P. giberti N.E. Brow, P. cincinnata Mast, P.

caerulea L. e Passiflora sp. vs P. edulis foram mais resistentes que P. edulis Sims f.

flavicarpa Deneger. Descendentes de (P. caerulea vs P. edulis) vs P. edulis foram mais tolerantes que P. edulis. Dentro das populações observou-se o comportamento diferencial dos indivíduos, permitindo assim a seleção de plantas mais tolerantes.

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