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ANÁLISE DE CASOS

Situação 02 – Ocupação atual.

5.2.3.3. Variedade de Usos

O uso exclusivo residencial, que caracteriza a ocupação original da Praça Fleming, confere uma baixa variedade de usos nesse ambiente. No entanto, a utilização do pavimento térreo, com habitação em todos os edifícios, confere um fator de utilização desse pavimento correspondente a 9,4. Apesar de baixa variedade, tal fator, associado às condições de permeabilidade física e visual desta ocupação, é responsável por conferir características potenciais para a co-participação dos usuários dos edifícios na vida urbana, pois reúne

condições de permanência no pavimento térreo, devido ao uso e às condições de visibilidade e de permeabilidade física.

Em relação à ocupação atual, ela apresenta um maior nível de

variedade, por introduzir usos comerciais e mistos em edifícios remanescentes da ocupação original. No entanto, os números ainda apontam para uma

variedade baixa, pois 70% dos edifícios são destinados à habitação. O fator de utilização do pavimento térreo (2,7) reflete a reduzida utilização desse

pavimento, com atividades que determinam permanências (Quadro 4.8).

Quadro 4.8

Avaliação do fator de utilização do pavimento térreo (Fpt) Situação 01 e Situação 02

Ocupação Fpt Perda Fpt na situação atual

Situação 01 9,4

Situação 02 2,7 -71%

Esse baixo índice é promovido pelos edifícios característicos da ocupação atual, pois os edifícios remanescentes da ocupação original, reformados ou não, apresentam usos que determinam permanência no

pavimento térreo (habitação, comércio, serviço). Os edifícios da ocupação mais recente destinam a utilização dos pavimentos térreos a garagens e a atividades de apoio ao condomínio (Tabela 4.13). Esse fato agrava-se com o

remembramento de terrenos que potencializa, negativamente, o fator de utilização do pavimento térreo.

Tabela 4.13

Avaliação do fator de utilização do pavimento térreo (Fpt) Situação 02

Edifícios remanescentes / Edifícios (situação atual)

Ocupação nl (iu) ( igu) Fpt = S (iu) / nl

Edifícios remanescentes 5 5x10,0 = 50,0

Edifícios situação atual 13 0,0 2,7

iu = índice de uso do pavimento térreo; igu = índice geral de uso do pavimento térreo; VN = Valor numérico; L4 = Edifício localizado no lote 4; nl = Número de lotes do ambiente.

Essa característica, associada às condições de permeabilidade física e visual da atual ocupação, confere baixo potencial de co-participação dos usuários dos edifícios na vida urbana, pois reúne condições ruins de

permanência, no pavimento térreo, e de visibilidade; além de condições média, relacionadas à permeabilidade física.

5.3.

3º JARDIM DE BOAVIAGEM – Boa Viagem

A abertura da Avenida Beira-Mar, atual Avenida Boa Viagem, pelo governo de Sérgio Loreto, em meados de 1920, possibilitou, inicialmente, o acesso fácil à praia de Boa Viagem. A natureza da obra se restringia à implantação de uma rede de infra-estrutura, visando a uma ocupação futura, como possibilidade real de expansão natural da cidade (Moreira, 1999). As obras compreendiam a abertura das Avenidas Cabanga, Ligação e Beira-Mar (atuais Saturnino de Brito, Herculano Bandeira e Boa viagem) e a instalação das demais redes de infra-estrutura urbana: luz, bonde, água, esgoto e telefone (Duarte, 1979).

Porém, é no segundo momento, quando os palacetes de veraneio das famílias abastadas do Recife se fazem presente na paisagem, que a área dos Jardins é comercializada e, em seguida, planejada. Executado entre as décadas de 1930 e 1940, o plano dos Jardins de Boa Viagem constitui um contraponto no espaço desta longa e linear avenida, devido à singularidade de seu desenho e dos seus espaços públicos (Duarte, 1979).

A rigidez dos traçados ortogonais é rompida pela inserção de ruas em arcos e radiais num arranjo simétrico, cujo eixo de simetria é a linha transversal do 2.º Jardim. Com aparente influência das cidades-jardins inglesas, o

loteamento desenvolve-se em torno das áreas verdes, que assumem condição urbana excepcional do conjunto. Nos jardins extremos simétricos, 1.º e 3.º, as áreas verdes se dividem em duas categorias: praças lineares, voltadas para a Avenida Boa Viagem; e praças triangulares, internas às quadras. Já o 2.º Jardim, é composto por uma praça linear voltada à Avenida Boa Viagem, com dimensões bastante superiores as dos seus vizinhos (Figura 4.36).

Dividido, pela Av. Conselheiro Aguiar, em duas faixas, o plano estabelece dois tipos de ocupação: a primeira, na faixa compreendida pelas Avenidas Boa Viagem e Conselheiro Aguiar, destinada à habitação; e a segunda, na faixa compreendida pelas Avenidas Conselheiro Aguiar e Engenheiro Domingos Ferreira, destinada aos usos habitacional, comercial e religioso.

Os desenhos distintos, porém integrados, das duas faixas contribuíram para o estabelecimento dessa dupla ocupação. Na primeira faixa, o traçado define a quebra da linearidade da Av. Boa Viagem, ao introduzir três jardins, obrigando a linha dos edifícios a contorná-los. A adoção do desenho sinuoso define duas novas praças internas, rompendo, assim, a linearidade estabelecida nas Ruas dos Navegantes e Amazonas. A opção pelo desencontro dessas ruas, desviando-as para a Avenida Conselheiro Aguiar, permitiu uma menor

permeabilidade na área e uma diversidade de desenho de quadras e lotes. A diminuição da permeabilidade urbana e a variedade formal de novas situações e lotes visam a uma ocupação variada, que ora se volta para as Avenidas Boa Viagem e Conselheiro Aguiar, ora se volta às ruas e aos espaços públicos internos.

Na segunda faixa, são definidas quadras ortogonais, com dimensões que variam ao longo da Avenida Conselheiro Aguiar. Essa variação busca adequar-se ao traçado da primeira faixa, conciliando-as em um desenho único. A particularidade, existente nessa área, é definida por duas quadras,

localizadas, simetricamente, entre os três jardins da Avenida Boa Viagem e destinadas ao mercado e à igreja.

R U A H E N R I Q U E C A P I T U L I N O A V E N I D A B O A V I A G E M A V E N I D A C O N S E L H E I R O A G U I A R R U A F R E I L E A N D R O R U A A M A Z O N A S R U A T O M É G I B S O N D A S I L V A A V E N I D A B O A V I A G E M R U A F R A N C A P E R E I R A R U A A R T H U R M U N I Z R U A E N G E N H E I R O D O M I N G O S F E R R E I R A R U A D O S N A V E G A N T E S A V E N I D A C O N S E L H E I R O A G U I A R A V E N I D A B O A V I A G E M R U A E N G E N E I R O D O M I N G O S F E R R E I R A 3º J A R D I M P A R Q U E I N F A N T I L W A L T D I S N E Y 2º J A R D I M P R A Ç A L A C O R U Ñ A 1º J A R D I M P R A Ç A J U L E S R I M E T Á R E A D O S J A R D I N S D E B O A V I A G E M P A R C E L A M E N T O O R I G I N A L

FONTE: PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE

O C E A N O A T L Â N T I C O Á R E A D E A N Á L I S E 010m 25m 50m 100m Á R E A D E A N Á L I S E M E R C A D O I G R E J A N Figura 4.36

Plano da área dos Jardins.

Nas duas quadras vizinhas ao mercado, foram previstos

estacionamentos de veículos e dez lotes para atividades comerciais. Tanto o estacionamento, quanto os lotes localizam-se nas pontas das quadras, voltadas para o mercado, configurando, assim, o centro comercial do plano.

Similar à implantação do mercado, as duas quadras vizinhas à igreja tinham suas esquinas com a Avenida Conselheiro Aguiar, desocupadas de construção, conformando um desenho que reverenciava o espaço da igreja. Contrário ao mercado, o lote da igreja recuava-se da avenida por meio de um refúgio.

A ocupação restante destinava-se à habitação em lotes menores, ou seja, àqueles estabelecidos na primeira faixa, configurando, assim, uma forma mais simples de ocupação.

O sistema viário é estruturado por três avenidas longitudinais (Boa Viagem, Conselheiro Aguiar e Engenheiro Domingos Ferreira) e por pontos de maior interesse (os jardins da Avenida Boa Viagem, os jardins internos à primeira faixa e as quadras que abrigam o mercado e a igreja). Com exceção das Ruas Tomé Gibson da Silva e Henrique Capitulino, que uniam numa reta as Avenidas Boa Viagem e Engenheiro Domingos Ferreira, as demais vias transversais foram traçadas de forma a não ligar, diretamente, essas duas vias longitudinais. Neste sentido, as Ruas Frei Leandro e Franca Pereira, que partiam da Avenida Boa Viagem, tinham perspectivas fechadas pelos edifícios do mercado e da igreja, respectivamente. No sentido inverso, as Ruas Pedro Américo Galvão e Zeferino Galvão, que partiam da Avenida Engenheiro Domingos Ferreira, tinham traçados bifurcados e perspectivas ampliadas, com a introdução de praças internas à primeira faixa, correspondente aos 1.º e 3.º jardins, respectivamente. Por fim, no eixo de simetria do plano, a Rua Arthur Muniz, parte da Avenida Engenheiro Domingos Ferreira e desemboca no 2º Jardim de Boa Viagem.

O restante das vias, em forma circular e radial, complementa o sistema viário do plano, unindo ruas transversais e longitudinais e contribuindo com a permeabilidade da área.

5.3.1.

Análise da área

Situação 01 – Ocupação após loteamento da área (década