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5.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS

5.1.5 Vegetação

A cidade de João Pessoa foi construída sobre os domínios de vegetação da Floresta litorânea que existia em todo o litoral do Brasil, mas, que hoje se encontram apenas os resquícios da mesma em formas de reservas isoladas. Segundo o Plano municipal de conservação e recuperação da Mata Atlântica de João Pessoa (2012), esta floresta é componente do Bioma Mata Atlântica.

Conforme dados da Agenda 21, publicados pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil (BRASIL, 2004), entende-se como Bioma Mata Atlântica o conjunto de formações florestais e ecossistemas associados que incluem a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual, a Floresta

44 Estacional Decidual, os manguezais, as restingas, os campos de altitude, as ilhas litorâneas e os brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Dentre os tipos de vegetação encontrados no referido Bioma, o município de João Pessoa abarca principalmente a Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica) e os manguezais.

Antes conhecida como Floresta Pluvial Tropical, a Floresta Ombrófila Densa localiza- se em áreas que têm como principais características as altas temperaturas e o alto índice de precipitação bem distribuído durante o ano, praticamente sem períodos de seca. As folhas das árvores são geralmente largas e estão sempre verdes. Brasil (1992) define a Floresta Ombrófila Densa como sendo uma formação que ocupa, em geral, as planícies costeiras, capeadas por tabuleiros da Formação Barreiras. É caracterizada pela exuberância de suas árvores e abundância em espécies.

Atualmente, a Mata Atlântica, tanto em escala nacional como na local, se encontra bastante reduzida em relação à extensão que ocupava originalmente. No município de João Pessoa, existem duas grandes áreas de reserva natural deste tipo de vegetação, a primeira, no bairro central do Roger, é denominada de Parque Arruda Câmara, que na verdade é uma área que funciona como jardim zoológico e reserva florestal. O parque possui exemplares da fauna e flora brasileiras e estrangeiras, além de ter a função de preservação da mata, é também espaço de lazer.

A Mata do Buraquinho constitui a segunda área de reserva da Mata Atlântica, e parte dela também foi convertida à área de lazer, que é o Jardim Botânico Benjamim Maranhão. As áreas de preservação são cercadas e monitoradas com intuito de proteção contra depredação, no entanto, por se localizarem em área urbanizada, ainda podem ser vistos certos pontos em que ocorre a degradação da mata.

Os manguezais são formações vegetais consideradas de preservação permanente encontradas em áreas de estuários, onde existe a influência do mar e do rio. Brasil (1992) conceitua o Manguezal como uma comunidade microfanerofítica de ambiente salobro situada na desembocadura de rios e regatos no mar, onde cresce uma vegetação especializada, adaptada à salinidade das águas.

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do município de João Pessoa (SEMAM –JP), as principais espécies de manguezal que ocorrem no município de João Pessoa são a Rhizophora mangle (mangue-vermelho), Avicennia schaueriana (mangue-manso), Laguncularia racemosa (mangue-branco), e Conocarpus erecta (mangue-de-botão). Os

45 principais pontos remanescentes prioritários de Manguezais presentes estão localizados nos rios Paraíba – Sanhauá; Gramame; Cuiá; Mandacaru; e Jaguaribe/Bessa. Pereira Filho e Alves (1999) alegam que o manguezal desempenha diversas funções naturais de grande importância ecológica e econômica, dentre as quais se destacam as seguintes:

– Proteção da linha de costa – a vegetação desempenha a função de uma barreira, atuando contra a ação erosiva das ondas e marés, assim como em relação aos ventos.

– Retenção de sedimentos carregados pelos rios em virtude do baixo hidrodinamismo das áreas de manguezais, as partículas carreadas precipitam-se e somam-se ao substrato. Tal sedimentação possibilita a ocupação e a propagação da vegetação.

– Ação depuradora - o ecossistema funciona como um filtro biológico em que bactérias aeróbias e anaeróbias trabalham a matéria orgânica e a lama promove a fixação e a inertização de partículas contaminantes, como os metais pesados.

– Área de concentração de nutrientes – recebem águas ricas em nutrientes oriundos dos rios, principalmente, e do mar. Aliado a este favorecimento de localização, a vegetação apresenta uma produtividade elevada, sendo considerada como a principal fonte de carbono do ecossistema. Por isso mesmo, as áreas de manguezais são ricas em nutrientes.

– Renovação da biomassa costeira - como áreas de águas calmas, rasas e ricas em alimento, os manguezais apresentam condições ideais para reprodução e desenvolvimento de formas jovens de várias espécies. Funcionam, portanto, como verdadeiros berçários naturais.

– Áreas de alimentação, abrigo, nidificação e repouso de aves – as espécies que ocorrem neste ambiente podem ser endêmicas, estreitamente ligadas ao sistema, visitantes e migratórias, e os manguezais atuam como importantes mantenedores da diversidade biológica.

Devido a esta importância, o manguezal é considerado área de preservação permanente, conforme assinala Resolução do CONAMA n˚ 303/02 – que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente:

Art. 2º Para os efeitos desta Resolução são adotadas as seguintes definições: IX – manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amapá e Santa Catarina.

46 Apesar da legislação vigente de proteção ao sistema de manguezal, também existem pontos em que os mesmos sofrem degradação, principalmente, por força da urbanização. No bojo do estuário do Paraíba, por exemplo, o manguezal é intensamente modificado, degradado ou destruído por edificações, aterros, abertura de vias e pelo despejo de dejetos de origem doméstica (esgotos domésticos) e industrial.

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