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A fauna presente nas unidades de conservação estudadas é exuberante, entretanto não existem muitas informações sobre a diversidade de espécies presentes na região estudada. Em estudo realizado na região, Fernandes (2008) questionou os moradores locais sobre a presença de animais, estes destacaram o Lobo Guará (Chrysocyon brachyurus), Onça Pintada (Panthera

58 (Tapirus terrestris), Queixada (Tayassu pecari), Caititu (Pecari tacaju) e espécies de veados, como Veado Campeiro (Ozotoceros bezoarticus) e o Veado Catingueiro (Mazama gouazoubira). Existem três espécies de primatas que são facilmente encontradas na região: Macaco Prego (Sapajus apella), o Bugio (Alouatta guariba) e o Mico Estrela (Callithrix penicillata) (Foto 5). A diversidade de espécies de aves também se destaca na região, são avistadas facilmente Araras Vermelhas (Ara chloropterus) e Maritacas (Pionus maximiliani), que fazem seus ninhos nos paredões de calcário próximas as cavernas, Pica Paus (Colaptes campestris), Cancão (Cyanocorax cyanopogon), João Congo (Psarocolius decumanus)(Foto 6).

Figura 5: Figuras 7 e 8: Callithrix penicillata e Psarocolius decumanus. Fotografias: Vinícius Galvão Zanatto e Hugo Paiva. Agosto de 2016.

Um especial destaque tem que ser dado a fauna presente nas cavernas da região. Isto porque as cavernas são sistemas frágeis e vulneráveis, com alta taxa de endemismo.

Simões (2013) aponta um déficit nas pesquisas de fauna cavernícola, em especial para espécies aquáticas, sendo que as coletas na região de estudo acontecem de forma pontual, ou seja, não contemplam a sazonalidade anual.

Em estudo realizado em 8 cavernas do PETER, foram registrados 1777 invertebrados, pertencentes a 385 morfoespécies, 106 famílias, 35 ordens e nove classes. As maiores riquezas de táxons encontradas foram de Insecta e Arachinida (SIMÕES, 2013).

Em relação às espécies aquáticas pode-se destacar os estudos que vem sendo conduzidos por Trajano e Biuchette, e especial a descrição de três

59 espécies endêmicas encontradas nas cavernas do PETER, são elas, Ituglanis bambuí, Ituglanis epikarstikus e Ituglanis ramiroi (Foto 7)

Figura 6: Figura 9: Ituglanis ramiroi, Caverna São Bernardo. Fonte: Bichuette, Trajano (2004).

3.2.3 Aspectos Socioculturais da Região

A ocupação da região nordeste do estado de Goiás está relacionada com a mineração de ouro no século XVIII. Entretanto os únicos núcleos urbanos relacionados diretamente com a extração mineral foram Flores de Goiás e São Domingos. Apesar de não possuir quantidades expressivas de ouro a região nordeste, onde está inserido o Vão do Paranã e Terra Ronca, mostrou-se apta à criação de gado por possuir terras contíguas à Bahia e a bacia do Rio São Francisco, existir pastagens naturais e um vazio demográfico (HERMUCHE, 2010). Além de ser vizinha a áreas de mineração, logo se constituiu como uma região que abastecia o mercado.

A região do Vão do Paranã se tornou reconhecida pela atividade pastoril e um importante centro produtor para o mercado da Bahia, onde era forte a economia baseada na produção de açúcar. Porém com o declínio da economia nordestina, motivada pela transferência da produção açucareira do nordeste pelas lavouras de café do sudeste, a região do Vão também teve seu meio de produção impactado (FERNANDES, 2009).

Neste momento histórico as conexões entre a região central do país e o litoral não eram bem estabelecidas, não havia muitas estradas, e as que existiam não possuíam boas condições, logo a economia da região nordeste de Goiás, e do Vão do Paranã, decaiu, a região ficou isolada e houve a ruralização da população (FERNANDES, 2008).

Este isolamento perdurou até meados do século XX e levou a diversas consequências, desde a preservação da cultura sertaneja e dos recursos

60 naturais até o estigma de corredor da miséria, por possuir os menores índices de desenvolvimento humano do estado de Goiás.

A ocupação, especificamente, da região de Terra Ronca, aparenta ser muito antiga, existem vestígios de ocupação indígena pré-colonial em diversos locais, com inscrições rupestres e artefatos como pontas de flecha. Existem lugares denominados como aldeia e quilombo, o que faz surgir a hipótese de ocupação permanente não só por indígenas, mas também por populações de origem africana. Infelizmente faltam informações e pesquisas acerca destas ocupações.

Figura 7: Figuras 10 e 11: Inscrições Rupestres. Fotografias Vinícius Galvão Zanatto. Setembro 2017.

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CAPÍTULO IV

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Resultados

O objetivo desse capítulo é apresentar os resultados da avaliação de efetividade de gestão de cada unidade de conservação.

Inicialmente serão apresentados os resultados da avaliação para cada Uc de maneira individual. A primeira UC avaliada será o Parque Estadual de Terra Ronca, seguido da Reserva Extrativista Recanto das Araras de Terra Ronca e finalizando com a avaliação da Área de Proteção ambiental da Serra Geral de Goiás.

A dimensão ambiental será apresentada primeiro sendo seguida das dimensões social, econômica/financeira e institucional. Cada indicador será apresentado individualmente.

4.1 Avaliação Parque Estadual de Terra Ronca

Os primeiros resultados que serão apresentados referem-se aos protocolos de avaliação de impacto ambiental em ambientes cavernícolas. Os protocolos foram aplicados nas principais cavernas da região que estão relacionadas ao uso público, isto porque atividade turística vem sendo conduzida de maneira desordenada o que pode gerar danos irreparáveis aos ambientes de caverna, optou-se também por utilizar a atividade turística como parâmetro para avaliação dos impactos por ser uma importante fonte de renda para a população local e se não houver o manejo adequado da atividade os guias locais correm o risco de perder a renda que provem desta atividade.

Outra questão que se coloca é que devido ao tempo e recursos disponíveis outras variáveis que impactam os ambientes subterrâneos não foram avaliadas, porém tem que se deixar claro a necessidade de pesquisas relacionadas a parâmetros físico-químicos das águas que formam as cavernas da região, visto que a encosta da Serra Geral de Goiás, local de origem dos cursos que formam as cavidades, está ocupada em sua totalidade por grandes plantios de grãos.

Os protocolos respondem a questões envolvendo dois indicadores ambientais são eles: A) Estado de conservação dos recursos naturais e culturais relevantes, B) As práticas e usos que se desenvolvem na UC não prejudicam a viabilidade ecológica.

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4.1.1 Caracterização e avaliação dos impactos na caverna Terra Ronca

A caverna Terra Ronca dá nome ao parque na qual se encontra, sendo a mais conhecida das cavernas da região. O seu nome é originário da fazenda na qual ela se encontra e deve-se ao som das tropas que passavam pela estrada que ligava São Domingos à Posse, pois o galope dos cavalos ecoava como um ronco ao passarem pela região.

A caverna possui uma das maiores bocas do país, com cerca de 100 m de largura por 84 m de altura, apresenta uma extensão de 750 m e é formada pelo rio Lapa.

Mapa 11: Localização da Caverna Terra Ronca. Fontes: MMA, ICMBio, Esri. Elaboração:

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