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Capítulo V: AUDITORIA AMBIENTAL

Esquema 3. Veiculação de Doenças pela Água

Fonte: Adaptado de SILVA (2000, p.15).

Como se pode calcular são várias as consequências inerentes à poluição e contaminação das águas, sendo que, as primeiras em que refletimos são as doenças causadas nos humanos. No entanto, a poluição das águas causa também doenças em animais aquáticos, morte de peixes devido à redução de oxigénio dissolvido na água, prejuízos económicos à atividade industrial e comercial e alteração da qualidade das águas balneares e termais.

Tornam-se então importantes os métodos preventivos para evitar a poluição e contaminação das águas. As medidas genéricas de controlo usadas nos nossos dias são os sistemas de recolha e remoção de resíduos sólidos e líquidos provenientes da atuação doméstica e industrial, juntamente com as estações apropriadas para tratamento desses

ÁGUA (morbilidade e/ou HOMEM

mortalidade) Resíduos (biológicos e patogénicos) Preparação de alimentos Ingestão direta Poluentes

(químicos e radioativos) Contacto

mesmos resíduos. No entanto, existem medidas complementares preventivas que podem ser realizadas pelo Homem no sentido da preservação das águas. Estas podem passar pelo afastamento adequado das fontes de água (fontes, poços, etc.) de eventuais sistemas de fossas, controlo dos aterros sanitários evitando que os resíduos atinjam os recursos hídricos ou criação de zonas marginais de proteção dos lençóis de água superficiais.

Concluindo, percebe-se que os problemas de qualidade da água, aliados a uma sociedade cada vez mais industrializada, constituem uma prova de incapacidade que a espécie humana tem demonstrado quando se trata de lidar com ecossistemas. Também às autoridades portuguesas pode ser exigido que se vá mais além na defesa da nossa água, colocando restrições na aplicação de certos produtos químicos, como os pesticidas ou os fertilizantes. Para SILVA (2000), seguindo-se o exemplo de outros países, também em Portugal deveria existir um eficaz ordenamento do território, de forma a controlar a utilização dos solos nas proximidades dos recursos hídricos, podendo então limitar ou proibir as atividades que possam contribuir para a poluição das nossas preciosas águas.

2.2.3 Poluição dos Solos

A poluição do solo ocorre pela contaminação deste através de substâncias capazes de provocar alterações significativas na sua estrutura natural. Consiste portanto na presença indevida, no solo, de elementos químicos estranhos, como os resíduos ou efluentes líquidos produzidos pelo Homem, que prejudiquem as formas de vida e o seu desenvolvimento regular48.

A poluição dos solos pode no entanto ter diferentes origens, sendo as mais usuais as de origem urbana, agrícola e industrial. Quanto à contaminação do solo nas grandes cidades dá-se principalmente pelo acumular de lixo em áreas de despejo, designados por resíduos sólidos urbanos. Estes resíduos quando depositados sobre o solo sofrem um processo de infiltração, pelo qual os metais pesados e outros produtos perigosos são levados para dentro do solo. Devido às grandes aglomerações humanas, ao crescimento das indústrias e da tecnologia, cada vez mais se produzem resíduos que se acumulam nos solos. Hoje em dia, além do lixo orgânico, que é naturalmente decomposto, reciclado e devolvido ao ambiente, existe o lixo industrial eletrónico, o lixo hospitalar,

as embalagens de papel e plástico, garrafas, latas, etc. Todo este tipo de resíduos não são biodegradáveis, i.e., não são decompostos por seres vivos e originam uma crescente acumulação na natureza.

Outro problema de algumas cidades tem a ver com as lixeiras a céu aberto (figura 5). O material orgânico que sofre a ação dos agentes de decomposição (biodegradável), ao ser decomposto forma uma camada espessa designada por chorume49. O chorume é um líquido escuro e ácido que se infiltra nos solos, quando em excesso este líquido pode atingir as águas do subsolo50 e, por consequência, contaminar as águas dos poços e das nascentes.

Figura 5: Lixeiras a Céu Aberto

Fonte: Wikipédia - Poluição dos solos.

PLANTIER (s/d., p.2), a contaminação dos solos, nas áreas rurais, dá-se sobretudo pelo uso indevido de pesticidas e por adubação incorreta ou excessiva. Os pesticidas aplicados na agricultura, por acumulação podem também levar à saturação dos solos, sendo depois dissolvidos pela água e posteriormente absorvidos pelas raízes das plantas. Importa também sublinhar que, os resíduos orgânicos de origem animal, se mal manejados, podem trazer consequências poluentes para os solos.

Por sua vez, a poluição dos solos por resíduos industriais ocorre, na maioria dos casos, pelo depósito ilegal de restos industriais, normalmente associados a metais pesados, produtos químicos perigosos ou restos industriais, enterrados no solo sem precaução adequada.

Substâncias como lixo, esgotos, fitofarmacêuticos e outros tipos de poluentes produzidos pela ação humana, provocam então sérias consequências nefastas no meio ambiente. Poluentes depositados no solo sem nenhum tipo de controlo, além da contaminação dos lençóis freáticos, produzem gases tóxicos libertados na atmosfera,

49

Também designado se líquido percolado. 50 Lençóis freáticos.

provocando sérias alterações ambientais, tais como as chuvas ácidas já atrás mencionadas.

Tal como afirma PLANTIER (s/d., p.3), o solo tem na sua composição: ar, água, matéria orgânica e mineral. Toda esta estrutura permite o desenvolvimento das mais diversas espécies de plantas que conhecemos.

É do solo que retiramos a maior parte da nossa alimentação, direta ou indiretamente, e se estes estiverem contaminados certamente a saúde de todos nós estará também em risco. Outra consequência da poluição dos solos que importa relevar é a infertilidade dos solos, i.e., a terra devido à sua contaminação excessiva torna-se improdutiva e não consegue produzir nenhum tipo de plantação.

Quanto às vias de contacto existentes entre os resíduos e o Homem, estas podem surgir pela forma direta ou indireta, conforme explicado no esquema 4.