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O vendedor de uma opção de venda tem a obrigação de comprar o ativo objeto se o comprador exercer a opção. Para o vendedor da opção, segundo indica o gráfico da Ilustração 1, o prêmio é o

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ganho máximo que ele pode ter, já que se o comprador exercer a opção, esse ganho será reduzido pela diferença entre o valor de mercado e o valor de exercício da opção. Conforme o valor do ativo diminui no mercado, a perda do vendedor da opção de venda aumenta, já que ele terá que comprar por R$ 100 (preço de exercício) um ativo que vale menos que isso. O gráfico demonstra que, também, nesse caso, o vendedor da opção pode ter um ganho máximo de R$ 20 (prêmio recebido) e uma perda máxima próxima a R$ 80.

A ação, no caso de opção de compra ou venda de ação, é o ativo objeto da opção, ou seja, as opções seriam de compra ou venda de ação pelo preço de R$ 100. Entretanto, no caso de plano de remuneração de colaboradores com base em ações, é concedida pela empresa, sem recebimento de qualquer prêmio, a opção de compra de determinada quantidade de ações por um preço de exercício predefinido, geralmente, correspondente a uma média histórica do preço de mercado da ação, ajustado para cima ou para baixo, de acordo com a política da empresa, na data da outorga (concessão) do benefício. Apesar de o colaborador, na maioria das vezes, não pagar um prêmio pela opção, funciona como se ele a tivesse comprado, ou seja, ele é o possuidor do direito de exercer ou não a opção. O serviço prestado por ele poderia ser considerado, nesse momento, como o prêmio que teria sido pago para ter direito ao exercício da opção.

A opção concedida pela empresa ao colaborador é opção de compra, pois um dos objetivos da empresa com esse plano de benefícios é o de alinhar os interesses dos colaboradores aos dos acionistas da empresa, ou seja, de valorização das ações no mercado. Dessa forma, os colaboradores trabalham para que as ações da empresa se valorizem, gerando, também, mais lucro para os acionistas.

As transformações, recentemente, ocorridas com a globalização da economia têm contribuído para o esforço dos órgãos reguladores para a convergência contábil internacionalmente. Cada vez mais países estão adotando os IFRS ou incentivando sua adoção. No Brasil, a Lei n.. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, introduz a contabilidade brasileira nos padrões internacionais a partir de 2008, alterando e revogando dispositivos da Lei n.. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações.

Essa nova lei autoriza a Comissão de Valores Mobiliários, o Banco Central do Brasil e demais órgãos e agências reguladoras a celebrar convênio com entidade que tenha por objeto o estudo e a divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e de auditoria, podendo, no exercício de suas atribuições regulamentares, adotar, no todo ou em parte, os pronunciamentos e demais orientações técnicas emitidas.

Nesse sentido, o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) tem emitido pronunciamentos técnicos correlacionados às Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), representando importantes avanços no caminho da atualização e da modernização de normas e preceitos contábeis, trabalhando em função das necessidades de convergência internacional das normas contábeis, centralização na emissão de normas dessa natureza e representação e processo democrático na produção dessas informações com a participação de preparadores de informações contábeis, auditores, usuários, academia e governo.

Criado pela Resolução CFC n. 1.055/05, o CPC, em ser artigo 3º, “tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.”

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Diante desse contexto, o CPC aprovou em 05 de dezembro de 2008 o Pronunciamento Técnico n. 10 – Pagamento Baseado em Ações, convergente com o disposto no IFRS 2 – Share-based Payment. Tal Pronunciamento foi aprovado, em seguida, pela CVM, mediante a deliberação CVM n. 562, de 17 de dezembro de 2008, que determinou sua aplicação às companhias abertas para os exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2008. Em 23 de janeiro de 2009, o CFC aprovou, por meio da Resolução CFC n. 1.149/09, a NBC T 19.15 – Pagamento Baseado em Ações, de mesmo conteúdo do Pronunciamento do CPC, sendo aplicável, também, aos exercícios sociais iniciados em 2008.

Hull e White (2003, p. 4-5) explicam que um dos problemas considerados nas discussões sobre a contabilização das despesas com planos de opções de ações era o momento de reconhecimento: (i) na data de outorga; (ii) durante o período de aquisição ou (iii) no exercício da opção. Eles mencionam que o reconhecimento da despesa no exercício da opção era o mais criticado, sendo que os argumentos a seu favor giravam em torno de que somente, nesse momento, haveria a certeza do valor e existência do custo. Mencionam, ainda, que, naquela época, FASB e IASB seguiam lados diferentes nessa discussão: o primeiro defendia a contabilização da despesa na data da outorga e o segundo já defendia sua contabilização durante o período de aquisição. Tal discussão não será abordada neste trabalho, uma vez que, atualmente, ambos requerem o reconhecimento durante o período de aquisição.

Hull e White (2003, p. 5) propõem, ainda, que seja criada uma nova categoria, nomeada como “Contingente Claims”, que ficaria localizada no Balanço entre o Passivo e o Patrimônio Líquido, em que seriam contabilizados os planos de opções de ações entre outros instrumentos com características semelhantes, justificando que esses planos não se enquadram nem no conceito de Passivo, nem no de Patrimônio Líquido. Naquela época, eles já defendiam, igualmente, que esses instrumentos deveriam ser reavaliados em cada data de divulgação, independentemente de sua forma de liquidação, argumentando que o valor justo de uma opção pode mudar, significativamente, desde o momento da outorga até o momento de exercício e contrapondo tanto o FASB quanto o IASB. Eles justificam, ainda, que, dessa forma, o valor total reconhecido na despesa durante a vida da opção, independente dos métodos utilizados para sua valorização, será:

(i) zero, se a opção não for exercida ou (ii) o valor intrínseco no momento do exercício, se a opção for exercida.

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