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A ventilação natural effectúa-se pelo desequili- brio que se dá nas camadas atmosphericas em con" sequencia da desegual densidade devida ás differen- ças de temperatura entre o ar exterior e o da ha- bitação; para obter este resultado, pôde aprovei, tar-se a acção dos ventos. Devido á sua origem- este systema não apresenta constância de effeitos, o que, até certo ponto, pôde ser attenuado quando ap- • plicadò com intelligeneia.

Se a atmosphera exterior e a interior estives- sem a egual temperatura, permaneceria o ar im- movel; mas as variações diurnas de temperatura produzem uma corrente quer de dentro para fora quer no sentido inverso.

Supponhamos um quarto munido de chaminé, e no qual o ar entre pelas fendas das portas e janellas. O quarto e a chaminé podemos consideral-os como formando um canal de 2 ramos, um horisontal, ou- tro vertical, aberto nos dous extremos.

Se o ar do canal está a uma temperatura supe- rior á do ar exterior, sahirá aquelle pelo orifício su-

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perior dando-se o inverso no caso contrario. No estio e na primavera, a temperatura dos quartos é mais baixado que a do ar exterior de dia, e mais elevada de'noite; de modo que, durante o dia, o ar introduz- se pelo ponto mais elevado para o mais baixo-, de

noite dá-se perfeitamente o contrario.

Nunca pôde entrar num quarto um dado vo- lume de ar, 3em que outro egual volume saia. D'aqui se conclue que se deve attender não só ás aberturas para a entrada do ar, mas também aos orifícios de sahida.

O effeito de uma chaminé ou de qualquer canal d'extraeçao pôde representar-se pela formula seguin- te : .•:<'•: '

V= Ks/{T-V)H<t Q==KAs/\T-T) H.

A representa a area de secção do canal ou cha- miné, H a altura, 7"a temperatura do ar no canal, T\ a do exterior, V & velocidade media no canal, K uma constante para cada canal dependente das propor- ções e disposição e Q o volume de ar que sahe por segundo. D'aqui deduz-se : i.°, que augmentant V e

Q, isto é que se activa a tiragem dandolhe mais altura \ 2.", que se augmenta o volume de ar evacuado augmentando a superfície de secção transversal^.0,

que, sendo dadas a altura, a secção e as disposições geraes,de uma chaminé, o volume de ar evacuado se- rá sempre o mesmo, se a temperatura do interior do canal exceder a do exterior num mesmo numero

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Os orifícios dos canaes d'evacuaçao do ar de- vem ser collocados na parte superior das paredes dos quartos ou salas, visto que o acido carbónico do ar expirado tem 360c e vem saturado de vapor de

agua, de modo que, sendo a sua densidade inferior á* do ar, segundo a lei da mistura dos gazes, sobe para a parte superior.

A velocidade de extracção não deve exceder o,m8o a im por segundo.

Imaginemos um salão de 6m de comprido por

5m de largo e 4™ d'altura; produzindo-se com o fun-

ccionamento da ventilação o renovamento do ar 5 vezes por hora, o volume que se deve extrahir no mesmo tempo é representado pelo producto (6 X 5 X 4) e 5=6oora3 por segundo; portanto

j 1 1 6 0 0

deve passar no tubo de extracção ^—=o,m 3iõ7;isto

iooo ' é 167 litros; e sendo a velocidade do ar nos tubos o,'n8o por segundo terá a secção do tubo em deci-

metres quadrados 167=21, ou seja 0,40 de lado. Esta secção representa a somma das areas dos ca- naes; suppondo que existem 3, cada um terá desec- çao-^—7 decimetres quadrados.

Tendo cada um 0,29 sobre 0,23 está resolvido o problema, comtanto que a velocidade seja por se- gundo 0,80,0 que se consegue quando a differença entre as temperaturas externa e interna é de 20 a 25°. Mas supponhamos que essa differença é apenas de 90. Vimos que as velocidades d'escoa-

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mento são proporcionaes ás raizes quadradas dos excessos de temperatura interna e externa-, ora sen-

do V a velocidade procurada temos V: o,"'8o=y9:v/25 V: o,m8o= 3 : 9

Tendo diminuido a velocidade, para ser cons- tante o volume de ar extrahido, é preciso augmen-' tar. na mesma proporção a area do orifício, d'onde se pôde vêr, pelo mesmo raciocínio, que a somma das areas dos orifícios d'evacuaçao deve ser de 35 decimetros quadrados.

A differença o,mci35—omci, 2i=o,mii4 repre-

senta a somma das areas dos canaes supplemen- tares, que se devem abrir quando a differença de temperatura sendo menor enfraquece a. ventilação; o,mcii4--==2 X o,mi07, quer dizer que o numero dos

canaes de sahida deve ser de 5, para se dar o re- novamento do ar quando o excesso é apenas de g°.

Os orifícios d'entrada do ar devem estar col- locados na parte inferior, pois já dissemos que o ar que se respirou sobe para a parte superior em virtude da sua desegualdade de densidade.

Baseado num dos princípios sobre que assen- ta a ventilação natural, a differença de densidade entre o ar externo e interno, funda-se em grande numero de apparelhos destinados á renovação do ar: chaminés-fogões, chaminés ventiladoras, fo-

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goes e aquecimento central, parecendo-nos ser esté o preferível.

Entre outros apparelhos, temos o calorifero de ar quente e o aquecimento pela agua quente, que pôde ser a .baixa pressão, a pressão média e a alta pressão.

A distancia que o ar quente dos calorifè- res pôde vencer não deve exceder 12 a i5 me- tros.

Os diversos systemas de caloriferos de ar quen- te distinguem-se pela variedade na construcção do fogão, pela forma da fornalha, e pelo modo como esses dous órgãos se combinam um com o outro. Podem ainda ser cerâmicos ou metallicos. Estes úl- timos são ordinariamente de ferro fundido, devendo ter então um revestimento interno de barro refra- ctário ou uma capa de metal a fim de não serem elevados ao rubro. Os cerâmicos não teem os in- convenientes dos metallicos, mas são frágeis e exi- gem um espaço considerável. O ar que chega ao calorifero deve ser o mais puro possível; para isso,- não devem os caloriferos ser collocados nos sub- solos, onde o ar está sempre inquinado, bem como não devem ter poeiras orgânicas que, ardendo, desen- volvem substancias voláteis de cheiro empyreuma- tico, que irritam os olhos e o apparelho respiratório. Entre os vários caloriferos, o que nos parece me- lhor é o de Michel Perret, que se compõe de um fogão com vários compartimentos sobre-postos, de

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uma serie de tubos onde passam os productos da combustão e em volta dos quaes se. aquece o*ar, e de uma camará de calor, que involve o apparelho, da parte inferior da qual partem os tubos da dis- tribuição do ar quente.

Para obter o aquecimento pela agua a baixa pressão, temos o systema de W. Libert.

No aquecimento pela agua quente a pressão media, o tubo de ascensão é fechado na sua parte superior por uma válvula; a pressão pôde ser de duas ou três atmospberas e a temperatura elevar-se até i3 graus. A caldeira é tubular e a reserva de calórico menor.

No aquecimento pela agua a alta pressão, temos os apparelhos dos engenheiros Geneste e Herscher, que teem as seguintes 'vantagens : rapidez na eleva- ção da temperatura, economia de combustível, fa- cilidade de applicação a todas as construcções, e simplicidade de disposição.

O -aquecimento pelo vapor de agua baseia-se na conducção rápida do vapor, quando é recebido n'um recipiente de temperatura inferior á sua; no momento da condensação, o vapor abandona o calor latente ao vaso que o encerra e que diffunde o calor no espaço circumvisinho. Estes apparelhos constam de um gerador de vapor, de tubos que distribuem o calor, de condensadores, e de tubos de retorno da agua condensada para o gerador.

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Citarei os apparelhos de Gaillard e Haillot, de Sulger e Herscher.

Uma das desvantagens' do aquecimento pelo vapor é o arrefecimento rápido que se segue á ex- tineção do foco; para evitar este inconveniente, mantém-se nos apparelhos a agua de condensação, conservando-a na sua temperatura pela corrente do vapor.

Gaillard e Haillot construíram um apparelho que se emprega de preferencia para o vapor directo, quando se trata de um aquecimento continuo. E' formado de tubos de ferro fundido, tendo cada tubo uma lâmpada de tubuladuras nas extremidades, reunidos por um tubo de cobre formando uma co- roa alongada, que, na parte superior, tem dois puri- ficadores de ar. As duas coroas teem tubuladuras para ligar entre si todos os apparelhos de um mesmo corpo de edifício; a circulação interior está em communicação com um vaso de expansão collocado no rez-do-chão. Um dos tubos é munido de uma serpentina de vapor, que aquece a agua contida no tubo e a communica a todos os outros.

Este grupo de tubos está encerrado n'um in- vólucro de alvenaria, para evitar perda de calor.

O ar exterior conduzido ao apparelho aque- ce-se ao contacto dos tubos e eleva-se na camará de ar quente, para, em seguida, se distribuir pelas boccas do calor, que se estabelecem perto do ap- parelho.

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