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CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.3 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

2.3.3 Clima

2.3.3.3 Ventos

O Nordeste do Brasil apresenta características eólicas singulares, que o diferem de outros locais do planeta. Além disso, sua posição geográfica privilegiada, associada a uma extensa área litorânea, torna-a uma das regiões com maior disponibilidade de ventos, conforme ilustra a Figura 2.6, que apresenta o Atlas Eólico do Nordeste − Wind Atlas for the Northeast of Brazil (WANEB), publicado em 1998 pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica. Os dados inseridos no Atlas são resultado de simulações computacionais utilizando modelos atmosféricos e validados com base nos dados de ventos coletados em diversas estações anemométricas instaladas na região (Silva, 2003).

O transporte eólico é influenciado pelos parâmetros climatológicos (dados climáticos de precipitação pluviométrica, temperatura, umidade relativa do ar, insolação, bem como de velocidade e direção dos ventos atuantes), por sua vez, têm também interdependência entre si (por exemplo, temperaturas mais altas implicam ocorrência de umidade relativa do ar mais baixa).

Os campos de dunas de Rio do Fogo caracterizam-se, ainda, por estarem em uma região de maior velocidade de vento do Brasil (Figura 2.6), além de apresentar feições morfológicas que, durante seu processo de formação provavelmente tiveram seus sedimentos

constituintes transportados por ação eólica de sentido predominante SE-NW. Ocorrendo, portanto, perfeita correlação entre os dados de direção de ventos, medidos pelas duas estações climatológicas citadas, e a morfologia dos campos de dunas de Rio do Fogo. Segundo dados de Silva (2003), estima-se que a velocidade média anual do vento, a 65m de altura, é 7,5m/s.

Segundo Silva (2003), as características eólicas do Nordeste do Brasil sofrem influência por eventos climáticos de microescala, decorrentes em condições localizadas que muito diferem das características gerais da circulação em macroescala e mesoescala. Diversos fatores inerentes a um determinado local podem afetar o comportamento dos movimentos atmosféricos e são denominados de Fatores Locais.

Os principais fenômenos de microescala observados na região Nordeste são resultantes da contínua geração de vórtices em razão da fricção do vento sobre a superfície. A presença dessas forças de fricção leva a velocidade do vento a diminuir sua intensidade à proporção que se aproxima do solo, induzindo o surgimento de um perfil vertical de velocidade. Esse gradiente vertical produz fortes variações (também conhecida como turbulência atmosférica) de alta frequência na velocidade do vento.

O comportamento do fluxo de ar depende exclusivamente da superfície incidente, cada uma delas influencia de maneira diferenciada. A intensidade dessa influência vai depender das condições topográficas e de cobertura do solo. De acordo com Silva, os principais mecanismos de microescala podem ser agrupados em três grandes conjuntos:

(I) Fenômenos aerodinâmicos relacionados a topografia do local (como elevações ou depressões isoladas, serras e pequenas chapadas) e a obstáculos naturais ou artificiais (como cadeias de árvores ou construções);(II) Fenômenos associados a mudanças na rugosidade dentre duas ou mais superfícies; (III) Fenômenos relativos às variações do fluxo de calor no cruzamento do limite entre duas superfícies de características diferentes. (Silva, 2003, p. 29).

Figura 2.6 − Atlas eólico do Nordeste do Brasil

Fonte: Silva (2003)

Na Figura 2.7, apresenta-se um esquema de vários fatores locais que influenciam o vento.

Figura 2.7 – Esquema de efeitos de diferentes fatores locais

Fonte: Silva (2003)

O litoral extremo norte do Piauí ao extremo sul no Rio Grande do Norte apresenta as condições de vento conduzidas, principalmente, pelo ciclo anual de posição da intensidade da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e pelas fortes ocorrências de brisas marítimas. Essa zona costeira tem regimes eólicos muito fortes, apresentando velocidades médias anuais entre 7 e 9,5 m/s (50 m de altura) . A causa da elevada velocidade dos ventos nessa região costeira se deve à ação conjunta dos ventos alísios e das fortes brisas marinhas, influenciadas pela aproximação da ZCIT (Silva, 2003).

O regime de ventos sobre o litoral nordestino se governa pelo padrão geral de distribuição da pressão atmosférica no Oceano Atlântico Sul. Esse setor do Atlântico caracteriza-se pela presença do centro de alta pressão subtropical (ASAS), cuja posição e intensidade alteram durante o ano (Cunha, 2004).

O anticiclone no início do ano (fevereiro) apresenta menor intensidade e se posiciona mais próximo da costa africana (aprox. a 28° S; 010° W). Nessa situação, a costa nordestina experimenta ventos fracos de sudeste. No segundo semestre, principalmente em agosto, o desenvolvimento da Zona de Baixa Pressão Antártica desloca o anticiclone do Atlântico Sul para noroeste, fazendo este se intensificar e se dividir em dois centros: o maior deles, situando-se mais próximo à costa brasileira (aprox. a 23,5° S; 030° W), responde pelos ventos mais fortes de sudeste que chegam à costa nordestina nesse período do ano.

As velocidades médias mensais apresentadas na Tabela 2.1 foram obtidas em um período de vinte anos (de janeiro/1984 a dezembro/2004), apresentando ventos predominantes com velocidades médias de 4,4m/s e direção predominante SE/NW, conforme ilustra o mapas do Brasil onde estão posicionados vetores de direção e dados de velocidade dos ventos, nos últimos trinta anos, conforme ilustra a Figura 2.8.

Figura 2.8 − Dados de velocidade e direção dos ventos nos últimos trinta 30 anos

Fonte: INMET (2009)

De acordo com Alves et al. (2003), no verão há uma tendência de orientação EW e ENE das dunas localizadas no segmento costeiro de direção EW próximo à região do Cabo Calcanhar (Figura 2.9), o que indica que os ventos são um dos principais responsáveis pela dinâmica costeira da região estudada.

Figura 2.9 − Direção predominante dos ventos ao longo da costa norte do estado do RN

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