• Nenhum resultado encontrado

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.4 Verificação da fase do ciclo celular, fragmentação de DNA e proliferação

No ensaio de verificação do ciclo celular obtivemos a quantidade de células em cada fase do ciclo (G1, S, G2/M) que estão representados nos histogramas abaixo (Figura 9).

Figura 9 Histogramas da verificação das fases do ciclo celular de células de câncer de pele melanoma de murino (B16F10) marcadas com iodeto de propídio, sendo os grupos controle (CTL) e as células tratadas com nanoemulsões de óleo de açaí na concentração de 360 µg/mL com (AÇPEG) e sem PEG (NE-).

Na figura 10 podemos observar o padrão de ciclo celular das células B16F10 quando submetidas a citometria de fluxo. A porcentagem de células em cada etapa do ciclo celular (G1, S, G2/M) foi comparada com o controle que obteve 60,4% das células em fase G1, 17,7% em fase S e 21,8% em fase G2/M. Os grupos de amostras de nanoemulsão de óleo de açaí, AÇNE e AÇPEG, obtiveram diferença significativa da quantidade de células nas fases do ciclo celular. Podemos observar um aumento da porcentagem de células em fase G1 nos dois grupos (AÇNE e AÇPEG), o que ocasiona uma diminuição da proporção de células nas outras fases do ciclo. A amostra AÇNE aumentou 10% a proporção de células na fase G1, enquanto a AÇPEG induziu um aumento de 17%.

O grupo L-, contendo apenas lecitina, apresentou diferença significativa na fase G2/M com 3% a menos de células, quando comparada ao controle. No entanto, o

37

grupo AÇNE diminuiu 7% do número de células nesta fase, fazendo com que houvesse diferença significativa entre estes grupos, sendo a AÇNE mais eficaz em parar o ciclo celular na fase G1 e diminuir na fase G2/M,do que o branco L- fazendo- nos concluir que o óleo de açaí possui ação no ciclo celular.

Quando comparadas entre si, a AÇPEG obteve melhor resposta na mudança do perfil do ciclo celular do que a AÇNE.

Cont role AÇNE AÇPE G L- PEG O.L 0 50 100 G1 S G2/M *** *** * ** ** *** *** *** *** *** P o rc e n ta g e m d e c é lu la s ( % )

Figura 10 Avaliação do ciclo celular por Citometria de fluxo após 24 horas de exposição às AÇNE (nanoemulsão de açaí), AÇPEG (nanoemulsão de óleo de açaí associada a polietileno glicol), O.L (óleo de açaí), L- (surfactante), e PEG (polietileno glicol e surfactante) a 360 µg/mL de células de câncer de pele melanoma (B1610). Teste ANOVA e pós-teste Tukey, diferença significativa quando comparado com o grupo controle (***: P<0,0001).

A avaliação da fragmentação de DNA por citometria de fluxo está disposta na figura 11, onde pode-se observar que os grupos de nanoemulsão AÇNE e AÇPEG e o óleo livre (O.L) aumentaram a porcentagem de células com DNA fragmentado, e no caso das nanoemulsões, também diminuíram o número de células com DNA íntegro (Figura 10). Os achados nesse estudo de fragmentação do DNA corroboram com os encontrados no ensaio de ciclo celular. Segundo Fofaria e colaboradores (2014), o dano ao DNA representado neste estudo pelo DNA fragmentado faz com que as células fiquem aprisionadas na fase G1 a fim de que não continuem o ciclo celular devido a defeitos no material genético. Caso o dano seja reparado as células seguem

38

o ciclo celular, caso contrário, entram em processo de apoptose. Em um estudo, o extrato de piperina foi testado e foi capaz de manter as células em fase G1 e causar apoptose nas células de câncer de pele melanoma B16F10 e SK MEL 28 (FOFARIA et al, 2014).

No estudo de Araújo (2017), foi observado parada do ciclo celular na fase G1 de células de câncer de pele não-melanoma A431 causada por tratamento com nanoemulsões de óleo de açaí e também em combinação com ácido anacárdico. Em outro estudo células de câncer de pele melanoma B16F10 expostas a nanoemulsão de óleo de açaí e terapia fotodinâmica apresentaram perfil de morte celular por apoptose tardia/necrose.(MONGE-FUENTES, 2016) Con trol e NE PE G L- PEG O.L 0 2 4 6 8

***

***

***

Grupos de Tratamentos P o rc e n ta g e m d e c é lu la s ( %)

Figura 11 Avaliação da fragmentação de DNA por Citometria de fluxo após 24 horas de exposição às AÇNE (nanoemulsão de açaí), AÇPEG (nanoemulsão de óleo de açaí associada a polietileno glicol), O.L (óleo de açaí), L- (surfactante), e PEG (polietileno glicol e surfactante) a 360 µg/mL de células de câncer de pele melanoma (B1610). Teste ANOVA e pós-teste Tukey, diferença significativa quando comparado com o grupo controle (***:P<0,0001).

No ensaio de azul de tripan para avaliação do número total de células, os grupos analisados não apresentaram diferença significativa quando comparadas ao controle (Figura 12). Pode-se notar apenas uma tendência à diminuição do número

39

total de células que pode indicar iní]cio de morte celular ou parada no ciclo celular. Este dado não exclui a diminuição da viabilidade celular já que o ensaio de MTT avalia a capacidade da mitrocôndria reduzir o MTT em cristais de formazan. Portanto, pode acontecer das mitocôndrias estarem anormais, mas as células não entraram ainda em processo de morte. CTL NE PE G O.L L- PEG 0 1000000 2000000 3000000 4000000 Grupos Experimentais m e ro to ta l d e c é lu la s

Figura 12 Avaliação por Azul de tripan do número total de células de câncer de pele melanoma B16F10 após exposição por 24 horas às AÇNE (nanoemulsão de açaí), AÇPEG (nanoemulsão de óleo de açaí associada a polietileno glicol), O.L (óleo de açaí), L- (surfactante) e PEG (polietileno glicol e surfactante) a 360 µg/mL. Contagem das células em câmara de Neubauer. Não se observou diferença significativa quando comparado com o controle (CTL) em teste ANOVA e post-teste Tukey.

40

6. Conclusão e perpectivas

O óleo de açaí constitui uma fonte rica em compostos bioativos com propriedades antioxidantes e atividade antitumoral já descritas. A fim de melhorar a eficácia do tratamento com biocompostos como óleos, que possuem características físico-quimicas limitantes (hidrofobicidade e oxidação por luz), o uso de nanoestruturas como as nanoemulsões mostra-se uma alternativa inovadora. Com a possibilidade de associar-se tais estruturas a polímeros como o polietileno glicol, aumenta-se as vantagens destes tratamentos em células tumorais como é o caso do câncer de pele melanoma.

Neste estudo, o uso de nanoemulsões de óleo de açaí associadas ou não a polímero PEG no tratamento de câncer de pele melanoma, in vitro, reduziu a viabilidade da linhagem celular B16F10,causaram parada no ciclo celular na fase G1 e aumentaram a proporção de células com fragmentação de DNA. Além disso, após 24 horas de exposição, não foi possível observar lesão de membrana plasmática.

Em conjunto, esses dados sugerem um mecanismo de morte celular por apoptose e bloqueio do ciclo celular. Entretanto, outros estudos são necessários para confirmar a suposição de mecanismo de ação por apoptose, tais como ensaios de caspase, Anexina V, além da investigação da atividade das nanoemulsões de óleo de açai sobre o perfil de invasão e metástase das células de câncer de pele melanoma.

41

7. Referências

ALADOWICZ, E. et al. Molecular networks in melanoma invasion and metastasis. Future oncology, v. 9, n. 5, p. 713-726, 2013.

ARAÚJO, H. L.L. , Efeitos de combinações entre o ácido anacárdico derivado da casca da castanha do caju (Anacardium occidentale) e o óleo de açaí (Euterpe oleracea mart.), livres ou nanoestruturados, no tratamento de células de câncer de pele não melanoma, in vitro, 2016.

BERTRAND, N. et al. Cancer nanotechnology: the impact of passive and active targeting in the era of modern cancer biology. Advanced drug delivery reviews, v. 66, p. 2-25, 2014.

CHEN, S. et al. Targeting tumor microenvironment with PEG-based amphiphilic nanoparticles to overcome chemoresistance. Nanomedicine: Nanotechnology, Biology and Medicine, v. 12, n. 2, p. 269-286, 2016.

DE LIMA YAMAGUCHI, K. K. et al. Amazon acai: Chemistry and biological activities: A review. Food chemistry, v. 179, p. 137-151, 2015.

DEL POZO-INSFRAN, D.; PERCIVAL, S. S.; TALCOTT, S. T. Açai (Euterpe oleracea Mart.) polyphenolics in their glycoside and aglycone forms induce apoptosis of HL-60 leukemia cells. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, n. 4, p. 1222–1229, 2006.

DIANZANI, C., et al. Drug delivery nanoparticles in skin cancers. BioMed research international, v. 2014, 2014.

DIAS, M.M.S, et al, Pro-Apoptotic Activities of Polyphenolics From Açai (Euterpe oleracea Martius) in Human SW-480 Colon Cancer Cells, Nutrition and Cancer, vol. 66, p. 1394-1405, 2014.

DWIVEDI, A. et al., In vitro anti-cancer effects of artemisone nano-vesicular formulations on melanoma cells, Nanomedicine: Nanotechnology, Biology, and Medicine, vol. 11, p. 2041–2050, 2015.

FIGUEIRAS, A.R.R., et. al., Nanotecnologia na saúde: aplicações e perspectivas, Boletim Informativo Geum, vol. 5, p. 14-26., 2014.

FOFARIA, N. M.; KIM, S.; SRIVASTAVA, S. K. Piperine causes G1 phase cell cycle arrest and apoptosis in melanoma cells through checkpoint kinase-1 activation. PloS one, v. 9, n. 5, p. e94298, 2014.

42

FREITAS, D. DA S. et al. Cytotoxic analysis and chemical characterization of fractions of the hydroalcoholic extract of the Euterpe oleracea Mart. seed in the MCF-7 cell line. Journal of Pharmacy and Pharmacology, p. 1–8, 2017.

GANTA, S. et al. Nanoemulsions in translational research—opportunities and challenges in targeted cancer therapy. Aaps Pharmscitech, v. 15, n. 3, p. 694-708, 2014.

GAO, Y. et al. Nanotechnology-based intelligent drug design for cancer metastasis treatment. Biotechnology advances, v. 32, n. 4, p. 761-777, 2014.

GODAR, D. E.; LANDRY, R. J.; LUCAS, A. D. Increased UVA exposures and decreased cutaneous Vitamin D 3 levels may be responsible for the increasing incidence of melanoma. Medical hypotheses, v. 72, n. 4, p. 434-443, 2009.

HANAHAN, D. ; WEINBERG, R. A. Hallmarks of cancer: the next generation. Cell, v. 144, n. 5, p. 646-674, 2011.

HULL, L. C.; FARRELL, D.; GRODZINSKI, P. Highlights of recent developments and trends in cancer nanotechnology research—View from NCI Alliance for nanotechnology in cancer. Biotechnology advances, v. 32, n. 4, p. 666-678, 2014. INCA. Estimativa 2016: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Coordenação- Geral de Prevenção e Vigilância, 2016. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/ Acesso em: 15 de maio de 2017.

KANWAR, J. R.; SINGH, N.; KANWAR, R. K. Role of nanomedicine in reversing drug resistance mediated by ATP binding cassette transporters and P-glycoprotein in melanoma. Nanomedicine, v. 6, n. 4, p. 701–714, 2011.

LI, J. et al., Recent advances in targeted nanoparticles drug delivery to melanoma, Nanomedicine: Nanotechnology, Biology, and Medicine, vol. 11, p. 769-794, 2014. MAEDA, H. Toward a full understanding of the EPR effect in primary and metastatic tumors as well as issues related to its heterogeneity. Advanced drug delivery reviews, v. 91, p. 3-6, 2015.

MARCATO, P. et. al. Preparação, caracterização e aplicações em fármacos e cosméticos de nanopartículas lipídicas sólidas, Revista Eletrônica de Farmácia, v. 2, p. 1 - 37, 2009.

43

MAZHAR, K. et al. Role of vitamin E in prevention of human esophageal squamous cell carcinoma : a review Esophageal squamous cell cancer. Science Letters, v. 3, n. 2, p. 89–93, 2015.

MONGE-FUENTES, V. et al. Photodynamic therapy mediated by acai oil (Euterpe oleracea Martius) in nanoemulsion: A potential treatment for melanoma. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology, v. 166, p. 301-310, 2017.

OMBREDANE, A. S.. Síntese verde de nanopartículas de prata a partir de extrato aquoso do tubérculo de Curcuma longa associadas à quitosana e avaliação da atividade antitumoral in vitro em câncer de pele não melanoma (linhagem A431). 2016. PACHECO-PALENCIA, L. A.; MERTENS-TALCOTT, S.; TALCOTT, S. T. Chemical composition, antioxidant properties, and thermal stability of a phytochemical enriched oil from açai (Euterpe oleracea Mart.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 56, p. 4631–4636, 2008.

PALA, D. et al. Açai (Euterpe oleracea Mart.) dietary intake affects plasma lipids, apolipoproteins, cholesteryl ester transfer to high-density lipoprotein and redox metabolism: A prospective study in women. Clinical Nutrition, 2015.

PARK, J.H. et al. Polymeric nanomedicine for cancer therapy. Progress in Polymer Science, v. 33, p. 113-137, 2008.

PAUTU, V. et al. Nanomedicine as a potent strategy in melanoma tumor microenvironment. Pharmacological Research, 2017.

RIGON, R. B. et al. Nanotechnology-based drug delivery systems for melanoma antitumoral therapy: A review. BioMed Research International, v. 2015, p. 16–20, 2015.

RÖMGENS, A. M. et al, Diffusion profile of macromolecules within and between human skin layers for (trans)dermal drug delivery, Journal of the mechanical behavior of biomedical materials, v. 50, p. 215-222, 2015.

RUGINĂ, D. et al. Antiproliferative and Apoptotic Potential of Cyanidin-Based Anthocyanins on Melanoma Cells. International Journal of Molecular Sciences, v. 18, n. 5, p. 949, 2017.

SHAIN, A. H.; BASTIAN, B. C. From melanocytes to melanomas. Nature Reviews Cancer, v. 16, n. 6, p. 345–358, 2016.

44

SILVA, J. A. et al. Administração cutânea de fármacos: desafios e estratégias para o desenvolvimento de formulações transdérmicas, Revista de Ciências Farmacêuticas Basica e Aplicada., v.31, p. 125-131, 2010.

WHO, Ultraviolet radiation and the INTERSUN Programme, World Health Organization. Disponível em: http://www.who.int/uv/faq/skincancer/en/index1.html Acesso em: 16 de maio de 2017.

Documentos relacionados