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CAPITULO VI – DISCUSSÃO

6.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.2.1 VERIFICAÇÃO DAS HIPOTESES DE INVESTIGAÇÃO

De acordo com os resultados da investigação, a Angioplastia Transluminal Coronária Percutânea no Hospital dos Lusíadas, apresenta um custo médio por doente, igual ou superior ao valor que é facturado aos terceiros pagadores com quem o hospital se relaciona. Quadro XXVI – Análise da rentabilidade média da PTCA em 2010 no Hospital do Lusíadas

RENTABILIDADE MÉDIA DA PTCA EM 2010

Valores Proveitos € Custos € Resultados € Rentabilidade

Valores Médios 9.612 9.630 -18 0%

Valores Médios (s/

complicações) 8.020 8.542 -522 -7%

De tal modo que existem terceiros pagadores não lucrativos (B,C,D,I) para o Hospital dos Lusíadas em 2010, face:

 Aos níveis actuais de produção;

 À estrutura de custos do departamento de cardiologia;

 Aos valores de facturação acordados com os terceiros pagadores. Figura 10 – Rentabilidade real vs rentabilidade teórica por terceiro pagador

Se compararmos os valores da rentabilidade teórica com a real (Figura 10), poderemos concluir que a rentabilidade real superou os valores que se obtêm para a rentabilidade teórica, para a maioria dos terceiros pagadores (excepção do pagador C), o que traduz:

-40% -20% 0% 20% 40% 60% A B C D E F G H I 6% -10% -17% -32% 7% 55% 26% 11% -3% -3% -33% -8% -33% 0% 44% 5% -10% -3%

63  Na prática, incrementos de eficiência face aos custos médios da PTCA, para a

maioria dos terceiros pagadores, excepto para o terceiro pagador C;

 Provavelmente que, os prestadores têm conhecimento das regras de facturação, e deste modo adaptam o procedimento e o episódio de internamento, para que se atinjam maiores graus de eficiência.

Figura 11 - Rentabilidade real vs rentabilidade teórica por metodologia e Subsistema de pagamento

Por outro lado e apesar da maioria dos autores não legitimarem a teoria da transferência de custos entre pagadores públicos e privados (Ginsburg, 2003), tal evidencia-se plausível no Hospital dos Lusíadas, uma vez que se analisarmos o quadro anterior:

 A rentabilidade real dos pagadores pertencentes aos subsistemas públicos melhora face à sua rentabilidade teórica, de -9% para 10%, apresentando um sendo a variação mais suave por parte dos subsistemas privados.

 Note-se que esta variação nos subsistemas públicos é suficiente para provocar um aumento da rentabilidade total de -12% para 0%, quando se comparam rentabilidades teóricas e reais (Figura 11).

Curioso é ainda relatar, que ao contrário do que acontece nos Estados Unidos da América, em que os custos são transferidos dos subsistemas públicos (Medicare, Medicaid) para os subsistemas privados (Ginsburg, 2003, Dowless 2007), pela análise do quadro anterior prova-se que no Hospital dos Lusíadas, são os subsistemas públicos que suportam as baixas rentabilidades oriundas de terceiros pagadores de subsistemas privados.

Foi ainda analisada a rentabilidade real das diversas componentes que compõem o episódio de internamento da PTCA (figura 13), tendo sido fundamental calcular previamente o peso relativo de cada componente no custo médio da PTCA em 2010, uma vez que era necessário repartir o valor a pagar pelo ―pacote‖ pelos proveitos das diversas componentes.

-30% -20% -10% 0% 10% 20%

Geral 0% Pacote Linha S. Priv. S. Pub.

-20% 13% -8% 10% -12% -18% 16% -14% -9%

64 Figura 12 - Peso relativo de cada componente no custo médio da PTCA em 2010

Os valores que expressam o peso relativo de cada componente no custo médio da PTCA em 2010, foram calculados excluindo os episódios com complicações (27 e 29) podendo-se concluir que:

 A componente de Materiais e outros Consumíveis é aquela que apresenta o maior peso relativo (42%), seguido do Piso de Sala (24%) e dos Honorários Médicos (21%), que apresentam valores muito semelhantes, o que deixa uma percentagem de 13% para o peso do Internamento no total dos custos médios.

Figura 13 – Rentabilidade real de cada componente no custo médio da PTCA em 2010

Deste modo, e suportando a análise no quadro anterior, salienta-se que apenas a componente Material e outros Consumíveis apresenta uma rentabilidade positiva no episódio de internamento da PTCA, apresentando-se a componente Piso de Sala como aquela que contribui mais negativamente (-117%) para a rentabilidade do episódio e sobre a qual irá incidir a análise de sensibilidade que se discute no capitulo seguinte.

No que respeita a hipótese se a PTCA é eficiente no HL, pode-se inferir da interpretação do Quadro XXVII (página 66) e da Figura 14, que esta depende da entidade pagadora e da metodologia de pagamento, afigurando-se:

 Eficiente em todos os terceiros pagadores, excepto no C (1,15) e no H (1,41);  Mais eficiente nos subsistemas privados, do que nos subsistemas públicos;

INTERNAMENTO 13% PISO DE SALA 24% HONORÁRIOS MÉDICOS 21% MATERIAL E OUTROS CONSUMÍVEIS 42% -120% -100% -80% -60% -40% -20% 0% 20% 40%

INTERNAMENTO PISO DE SALA HONORÁRIOS

MÉDICOS MATERIAL E OUTROS

-20%

-117%

-43%

65  Mais eficiente perante o pagamento de um pacote que na facturação à linha;

Figura 14 – Eficiência da PTCA por subsistema e metodologia de pagamento

Por último, questionava-se inicialmente se existe risco financeiro para o Hospital dos Lusíadas na produção dos episódios da PTCA, o que de acordo com o Quadro XXVII e a Figura 15, evidencia diferentes perfis de risco por terceiros de pagadores, nomeadamente:

 O terceiro pagador C e H, apresentam um risco mais elevado quando comparado com o terceiro pagador B, D e E;

 O risco financeiro apresenta-se mais elevado nos terceiros pagadores, em que os doentes são facturados à Linha, quando comparados com o pagamento por pacote;  A análise entre subsistemas, denota um risco mais elevado nos subsistemas

públicos, apresentando valores especialmente relevantes no pagador H. Figura 15 – Risco financeiro da PTCA por Subsistema e metodologia de pagamento

O que se constata encontra-se de acordo com o referido por Cleverley e Cameron, (2007), os quais expõem que a remuneração dos serviços hospitalares sob a forma de ―pacotes‖ compreende uma alternativa de negociação de preços, com os terceiros pagadores, a qual envolve maiores riscos para os prestadores e exige pré-requisitos à sua aplicação. Assim, aquando da facturação do episódio com base num pacote, os prestadores obrigam-se a que os seus serviços sejam prestados com uma maior grau de eficiência.

1,00 1,20 1,40 1,60 1,80

Geral Pacote Linha S. Priv. S. Pub.

1,13 1,07 1,18 1,03 1,73 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80

Geral Pacote Linha S. Priv. S. Pub.

0,59

0,40

0,70

0,37

66 Figura 16 – Risco financeiro por forma de pagamento

Fonte: Adaptado de J. C. Vertrees nas XII Jornadas de Administração Hospitalar, em Lisboa, Abril de 2003.

Com base na figura 16, ilustra-se a transferência do risco financeiro entre prestadores e pagadores, pretendendo-se realçar uma relação directa entre a forma de pagamento e o risco financeiro.

6.2.2 RENTABILIDADE, EFICIÊNCIA E RISCO FINANCEIRO DA PTCA NO HOSPITAL

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