3. PROPOSTA DE SISTEMA DE ELEVAÇÃO
3.5. Dimensionamento do circuito óleo-hidráulico para a plataforma elevatória traseira
3.5.9. Verificação dos parafusos de fixação da tampa do cilindro
Nos procedimentos de cálculos de parafusos existem várias seguranças a verificar, dependentemente de cada situação ou caso a estudar. Estas seguranças devem ser verificadas a fim de dimensionar um parafuso que cumpra com o requerido.
Para este caso, os parafusos deverão ser verificados à sua própria resistência à tração, bem como à separação da ligação, garantindo assim que a tampa do cilindro hidráulico se mantenha fixa ao corpo. De modo a fazer a sua verificação, realizar-se-ão os cálculos que de seguida se apresentam (Budynas-Nisbett, 2006).
Figura 3.11 – Representação esquemática das forças exteriores aplicadas à separação da junta, .
As seguintes equações representam a força de tração no parafuso, , e a força de compressão na junta por .
( 3.25 )
( 3.26 )
– Força de pré-tensão inicial dada à junta/parafuso;
– Constante adimensional de rigidez da junta;
– Força exterior aplicada de separação da junta, num parafuso;
Quanto à verificação do parafuso à tração e à não separação da junta deverão ser respeitadas as equações 3.27 e 3.28 respetivamente:
Verificação da resistência do parafuso:
( 3.27 )
Verificação contra separação da junta:
( 3.28 )
47 Tidas as equações de verificação necessárias, procedeu-se à realização de todos os cálculos intermédios, de forma a obter os valores desconhecidos.
Para determinar, , a constante elástica da junta, é necessários determinar a rigidez da espiga do parafuso, , e a rigidez da junta, , de modo a cumprir com a equação:
( 3.29 )
Determinação de :
Quando o parafuso é exposto a uma carga de tração, este tende a alongar, assemelhando-se este alongamento ao de duas molas em série, uma vez que a rigidez da parte roscada e da parte lisa da espiga são diferentes.
Para o cálculo de duas molas associadas em série termos:
( ) ( 3.30 )
De seguida apresentam-se as equações para o cálculo da rigidez da parte roscada da espiga e da rigidez da parte lisa da espiga . A área de tração para parafusos M6x1 é dada por
, tendo sido considerado o módulo de elasticidade de (Budynas- Nisbett, 2006). Neste caso, os parafusos utilizados terão 30 de comprimento da espiga, sendo roscados em apenas 18 , possuindo área da parte roscada, , e área da parte lisa,
.
( 3.31 )
( 3.32 )
Por substituição na equação 3.30 da rigidez da parte roscada e da parte lisa do parafuso, é possível determinar a rigidez da espiga do parafuso:
( ) (
)
( 3.33 )
Determinação de :
De modo a determinar a rigidez da junta, será necessário calcular a rigidez do membro que ficará à compressão provocada pelo aperto dos parafusos, sendo neste caso a tampa do cilindro.
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A equação 3.34 permite obter o valor da rigidez do membro da junta, sendo que será utilizada de seguida.
( 3.34 )
Tabela 3.4 – Características do membro da junta
Nota: (Budynas-Nisbett, 2006)
Por substituição dos valores da tabela 3.4 na equação 3.34, obtém-se o valor para , sendo que, como a junta é composta apenas por um membro, o valor de , será igual a
.
( 3.35 )
Determinação de
Determinados os valores necessários para o cálculo da constante elástica da junta, e substituindo-se os mesmos na equação 3.29, obtém-se o seguinte valor para :
( 3.36 )
Determinação de :
Por consulta da tabela de classes de parafusos, foi tomado o valor de tensão de prova, , para a classe CR 8.8, tendo também sido considerado o valor da área de tração do parafuso, (Budynas-Nisbett, 2006).
( 3.37 )
Determinação de :
Visto se tratar de uma ligação não amovível, onde foram utilizados parafusos novos e não reutilizados, o fator multiplicador da carga de prova que determina a pré-tensão recomendada para cada parafuso será de .
( 3.38 )
Material Utilizado em: Módulo de Elasticidade,
[GPa] Espessura, [mm] [mm] [mm] St 52.3 DIN 17100 Tampa 210 19 6 9
49 Verificação da resistência dos parafusos
Para determinar qual a carga aplicada em cada um dos parafusos da tampa, procedeu-se à divisão do valor da força aplicado na tampa, , (proveniente da pressão do óleo ao avanço, no momento em que o êmbolo chega ao final do curso, embatendo na tampa do cilindro) pelo número de parafusos, .
( 3.39 )
Por substituição da equação 3.25 na equação 3.27, obtém-se a seguinte equação de verificação aos parafusos:
( 3.40 )
Onde, considerando a existência de um coeficiente de segurança resulta:
〈 〉 ( 3.41 )
〈 〉
Verificação contra separação da junta
Verificada a resistência dos parafusos à tração fica em falta a verificação destes contra a separação da junta, tendo-se realizado os cálculos necessários como se apresentam de seguida. Por substituição da equação 3.26 na equação 3.28, obtém-se a seguinte equação de verificação aos parafusos:
( 3.42 )
Onde, considerando a existência de um coeficiente de segurança resulta:
〈 〉 ( 3.43 ) 〈 〉 Conclusão de resultados
De acordo com os valores dos coeficientes de segurança obtidos tanto na verificação do parafuso à sua resistência à tração como na verificação contra a separação das duas superfícies de contacto, constata-se que para ambos se obteve um valor superior a 1.
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O coeficiente que revelou maior preocupação foi o de separação, , sendo nesse que se obteve o menor valor, comparativamente com o coeficiente de resistência do parafuso à tração, onde se obteve o valor de . Ter em atenção, que na obtenção destes coeficientes de segurança já estaria considerado o coeficiente de segurança de 2 (inicialmente tomado para todo o dimensionamento hidráulico), resultando dai um coeficiente final de maior valor para o parafuso.
Verifica-se então, que os parafusos selecionados estão aptos para serem utilizados com a segurança requerida, tendo capacidade para resistir à pressão interior do cilindro.
Os parafusos a instalar serão parafusos de cabeça cilíndrica com sextavado interior, com o comprimento da espiga de 30mm, roscados em 18mm, medida M6x1, da classe CR 8.8, segundo a norma DIN 7984.
Figura 3.12 – Representação e dimensões dos parafusos a instalar na tampa do cilindro hidráulico.