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Após a análise dos dados e a sua triangulação, tal como demonstrado na seção anterior, realizou-se um processo de verificação de três etapas para aumentar a validade da proposta dos fatores característicos de reciprocidade e sua relação com o desempenho de OSFL (Shah & Corley, 2006). Para tanto, primeiro, os elementos-chave dos fatores que associam a reciprocidade com o desempenho foram apresentados individualmente para seis informantes espalhados por diferentes grupos e funções de cada OSFL. Esses informantes, (fundadores, diretores, coordenadores, voluntários, doadores e parceiros), concordaram com o fato de que o os fatores levantados na literatura e averiguados nas entrevistas descreviam o efeito da reciprocidade no desempenho da OSFL de que faziam parte. Em segundo lugar, foi fornecido um resumo das principais descobertas para seis responsáveis de ambas as OSFL, com um convite para fornece rum feedback, especialmente se eles discordassem das descobertas apresentadas. Obteve-se seis respostas, confirmando as principais conclusões. Vários gestores também compartilharam exemplos adicionais de como eles praticaram reciprocidade, o que permitiu relatar informações importantes das práticas de reciprocidade

que ajudam na busca de um melhor desempenho, mesmo quando não tinham certeza se as atitudes por eles tomada teria sido a coisa certa a fazer.

Em terceiro lugar, foram realizados quatorze telefonemas de acompanhamento e marcadas conversas presenciais durante o processo de revisão para verificar novamente se os informantes, de fato, reconheciam os fatores consolidados na Figura 17. Assim sendo, todos os entrevistados confirmaram que os fatores apontados realmente tinham significado para a relação da reciprocidade com o desempenho e que essa relação influencia o desempenho das OSFL. Os informantes de ambas as OSFL concordaram com o fato de que, entre os elementos-chave de reciprocidade apresentados de modo particular, o papel das doações, a colaboração, a cooperação, as ideias inovadoras e a conexão entre os gestores e voluntários capacitados constituem-se nos principais fatores para o atingimento de resultados. Mesmo havendo diferenças nos resultados dessas práticas, ambas as OSFL sinalizaram que elas são, sem dúvida, o caminho para um melhor desempenho.

Finalizando este capítulo de análise e discussão dos dados, esta seção oferece a consolidação dos fatores componentes da base conceitual de reciprocidade, tendo como base a literatura e a análise das entrevistas realizadas com doze gestores das OSFL.

A ampla revisão da literatura sobre o tema reciprocidade e sua relação com o desempenho permitiu que fossem identificados os fatores: parceria, colaboração, cooperação, inovação e conexão entre os gestores. Tais fatores, por sua vez, são constituídos de elementos que os caracterizam como influenciadores no desempenho.

A seguir, na Figura 16, apresentam-se, primeiramente, as dimensões propostas para a reciprocidade, conforme levantadas na literatura de reciprocidade que subsidiou as proposições desta tese. Na sequência, estão demonstrados os fatores evidenciados empiricamente e, por fim, optou-se por organizar os fatores de reciprocidade e a relação com o desempenho levantados nas entrevistas.

Dimensões de Reciprocidade Propostas

Fatores evidenciados empiricamente Relação com o desempenho

Colaboração Ajuda de familiares nas organizações das reuniões e dos eventos. Desenvolvimento de bingos, rifas, jantares beneficentes, congressos. Mensalidade voluntária pagas pelas pessoas atendidas.

Maior e melhor atendimento. Arrecadação de verbas de doações para as despesas.

Parcerias Doação de materiais, equipamentos e alimentos. Espaços cedidos para o desenvolvimento de trabalhos.

Obtenção de recursos que viabilizam atividades mais eficazes.

Cooperação Trabalho voluntário de especialistas em atendimento, palestras, tratamento dos pacientes. Capacitação de novos integrantes.

Pessoas recuperadas. Mais

pessoas preparadas para o atendimento.

Inovação Envolvimento e apoio de novas ideias a partir de novos membros. Ações inovadoras para disseminar o trabalho, com baixo custo (ex. material didático, uso das redes sociais para aumentar e agilizar a comunicação).

Novos produtos, serviços e processos tecnológicos. Maior divulgação do trabalho e maior penetração da OSFL na sociedade por meio de recuperação de pessoas.

Conexão entre gestores

Relações de troca de maior qualidade. Gestores focados internamente para atenderem às necessidades das partes interessadas. Trocas de experiências entre integrantes.

Informações valiosas que resultam em otimização de recursos humanos e financeiros. Ações mais eficazes nos tratamentos.

Figura 16. Proposta das dimensões de reciprocidade que resultam em melhor desempenho.

No caso da busca por melhores resultados, verificou-se que as OSFL podem atingir seus objetivos por meio da reciprocidade. Espera-se que decisões integradas e demais planos de ações (ver a este respeito, Morris et al., 2011) criem comportamentos de reciprocidade. Adicionalmente, evidenciou-se que as características da reciprocidade também têm influência na criação de um ambiente de trocas, uma vez que um ambiente de comportamentos recíprocos (DiMaggio & Powell, 1983) gera elementos de coletividade, cultura comum e cooperação, elementos capazes de estimular ações para se obter um melhor desempenho.

Concluída esta seção, na seguinte, encontra-se o quinto capítulo desta tese. Nele, apresentam-se: a consolidação dos resultados desta investigação científica, as considerações finais deste estudo, suas contribuições e as sugestões de pesquisas futuras.

5 CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, conforme sinalizado, é discutida a consolidação dos resultados por meio da proposição de fatores característicos da reciprocidade e sua relação com o desempenho em OSFL. Esta seção, além do item a seguir, subdivide-se em outros seis itens: Parcerias; Colaboração; Cooperação; Inovação; Conexão entre os Gestores; e, por fim, Análise das Proposições Teóricas.

5.1 PROPOSIÇÃO DE FATORES CARACTERÍSTICOS DA RECIPROCIDADE E