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Entrevista com Robson Ferreira M ota (Rubinho) em 1º/7/2006.

212 AV S 1995; AV S 1995b; A S 1997; A S 2000; AVS 2002; AVS 2004; AVT B 2004; A S 2005; A S

2006; AV S 2006; AV S 2007; A S 2007; A VBH 2007; A S 2008. A lém de 3 fot ografias de 2003.

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AS 1997; A S 2000; A VS 2002; A S 2005; A S 2006; A VS 2006; A VBH 2007; A S 2008.

214

AV S 2007; A S 2007.

215 Davi: A V S 2004; AVTB 2004; A S 2005; A S 2006; A VS 2006. D adá: A VS 2007; A S 2007; AVBH

1 2 FIGU RA 37 – Flaut as fabricadas no Serro

1. F laut a fabricada p or G eraldo Nazário. A cervo: J adir Canela.

2. Flaut a fabricada p or Geraldo Nazário (dir.) e s ua réplica, fabricada por José Luís Rocha (esq.). A cervo: Jos é Luís Rocha. (Fot ografias : J uliana Pautilla)

Além destas flautas outras podem ser observadas nas fotografias antigas do grupo. Jadir Canela possuía uma flauta preta toda pintada com bolinhas coloridas; Sebastião Nazário nos anos 1970 tocava com uma flauta escura, nos anos 80 com uma flauta branca, de metal; Geraldo Nazário e Amantino também tocavam com flautas brancas; Joaquim Gordura é visto com uma flauta preta, na década de 1970 e, a partir de 1983, toca uma flauta branca, aparentemente a mesma que pertencia a Amantino.

FIG URA 38 Jadir Canela, na marujada, com flauta pintada com bolinhas coloridas. Fotograma do filme curt a met ragem

Tradição no Serr o Fr io, de Shubert

M agalhães, 1973. Acervo: M inas Filme. (F otografia: H arley Carneiro)

As flautas atualmente utilizadas pela Caixa de Assovio não foram fabricadas no Serro. Jadir Canela teria adquirido o par de um vendedor ambulante.216 Segundo o chefe da Caixa da Assovio, somente duas flautas, entre outras dezesseis disponíveis, estavam afinadas a contento, no momento da aquisição. Estas flautas são tampadas apenas com o próprio nó do bambu, o que resulta uma afinação de oitavas imprecisa, e quase não se verifica exemplares que soem na tessitura potencial do instrumento, de cerca de duas oitavas e uma quinta. No entanto, tal limitação na terceira oitava não constituiu problema para os fins práticos da Caixa de Assovio, levando se em conta que as melodias executadas atualmente pelo grupo dificilmente ultrapassam o âmbito de uma sexta, no registro médio do instrumento. O modelo de flauta deste fabricante tem, ao invés de seis, sete orifícios digitais, uma tradição que parece ter vindo de país da zona andina. Além dos sete orifícios, seus instrumentos, de bambu, são ornamentados por entalhes com figuras de pássaros, índios, entre outros motivos. P ara adaptar os instrumentos às suas necessidades, Jadir Canela simplesmente tampou com um pequeno pedaço de madeira o sétimo orifício, localizado no dorso do cilindro.Além desta tampa no orifício dorsal, os instrumentos ganharam também anéis de metal nas extremidades para reforço contra rachaduras e, no caso do instrumento de Jadir Canela, um belo crucifixo de madeira, também fixado na extremidade, que estava no antigo pífano usado pelo flautista.

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Provavelmente, trat a s e do mesmo fabricante de flautas , que vende seus instrumentos consignados no M ercado Central de B elo H oriz onte há pelo m enos oit o anos , conhecido por César (não sabem os o sobrenom e).

FIG URA 39 Parelha de flaut as atualment e usadas na C aixa de Assovio. B am bu. Fabricante: César [?]. O s anéis de reforço nas extremidades e o crucifixo, assim com o tampas no orifício dorsal (não visíveis na foto), foram acrés cimos feit os por J adir Canela. (F otografia: Juliana Pautilla)

As flautas usadas na Caixa de Assovio têm nota fundamental variando entre um lá alto e um si bemol, a não ser em 1995, quando a fundamental é si. Na análise, há que se ter em vista também a possibilidade de variações na rotação dos equipamentos utilizados, principalmente gravadores e reprodutores k7 e equipamentos de gravação e telecinagem no caso de filmes. No entanto, mesmo considerando estes fatores, as gravações não aparentam distorções relevantes neste sentido. Uma amostragem das gravações nos vários períodos documentados, apresenta o seguinte quadro:

TAB ELA 6 H Quadro das no tas fundamentais pro duzidas pelas flautas

A no Nota fundament al das flautas Equipamento de gravação Ano N ota fundament al das flautas Equipamento de gravação 1957 sib G ravador de rolo [?] 1983 sib Gravador de k7 A iko

1973 sib Gravador k7 1988 lá↑ Câmera VH S

1975 sib↓* Gravador de rolo N agra 1995 si Câmera VH S 1981 sib↓ Câmera super 8 2002

2008

s ib↓ Câmera Hi8 / M ini DV / Gravador M D * As setas indicam que a freqüência está ligeirament e acim a ou abaixo das notas em questão, de acordo com o diapasão lá=440hz

Aparentemente, as flautas usadas na marujada têm afinação mais alta, em suas notas fundamentais. Os dois exemplares fabricados por Geraldo Nazário, em poder de José Luís Rocha, apresentam notas fundamentais em si. As gravações da marujada também fazem supor a afinação em si, bem como a flauta fabricada por Geraldo

Nazário, com que Jadir Canela toca na Caixa de Assovio, no documento de 1995, mostrada na figura 26 1. Convém notar que entre os dois grupos há uma diferença quanto às escalas utilizadas. E nquanto na Caixa de Assovio a tônica corresponde à nota fundamental (a nota mais grave), alcançada com todos os orifícios tampados, na marujada, a tônica alcança se com três orifícios abertos, produzindo uma nota mi, em uma flauta cuja fundamental é si. Isto se deve, provavelmente, à tonalidade em que as músicas são tocadas, com acompanhamento de violas, violões, cavaquinhos e banjos.

No quadro acima, a pequena variação de menos de um semitom entre todos os exemplos (a única exceção é 1995, em que foram usadas flautas de medidas diferentes), mostra que a nota fundamental das flautas utilizadas pela Caixa de Assovio tem sido tradicionalmente si bemol.

Quanto às caixas do grupo, não temos maiores referências sobre as antigas, que vemos em algumas fotografias, com bojo azul e aro vermelho. São aparentemente menores em diâmetro que as atuais. Tanto estas, quanto as antigas, possuem o sistema de tarraxas para esticar as peles de couro, aliás, uma preferência de todos os grupos que atuam na festa.217

As duas caixas atuais são pintadas de azul, com bojo de compensado e peles de couro em ambas as extremidades, em dois tamanhos diferentes, percutidas cada uma delas por um par de baquetas de madeira. Trazem um dispositivo na pele inferior, conhecido pelo termo respo sta .218 Esta pele, que não é percutida, vibra por ressonância e graças à resposta, tem seu som amplificado. A resposta é constituída de esteiras esticadas sobre a pele, em que se prendem, no caso destas caixas, umas miçangas e pequenos objetos cilíndricos seccionados.

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O filme de A lcyr C ost a, de 1957, já mostra as caixas com est e disp os itivo.

218 Jadir Canela (Entrevista em 26/11/2008), fornece o termo chocaio, para a resposta, em virt ude do

FIGURA 40 Resp ost a da caixa. (Fot ografia do aut or)

6.5 .1 Plantas dos instrume ntos

6.5 .1.1 Pífanos

1. F abricação: Geraldo Naz ário A cervo: José Luís Rocha M at erial: Ferro

C or: Pret a

N ota fundament al: si3

FIG URA 41 – P lanta do pífano (1) de Geraldo N az ário

1,3 5 11,3 2 1, 7 2 1, 8 1, 5 6, 0 1,2 0, 6 30, 1 38,0 ∅ 1,7 cm

2. F abricação: Geraldo Naz ário A cervo: José Luís Rocha M at erial: Ferro

C or: Pret a

N ota fundament al: si3

FIG URA 42 – P lanta do pífano (2) de G eraldo N az ário

1, 1 5 11 ,7 1, 9 1,7 2 1 ,7 1, 7 5, 4 1,0 0, 7 30 ,1 3 8,3 ∅ 1,35 cm

3. F abricação: Geraldo Naz ário A cervo: J adir Canela M at erial: Plástico C or: Pret a

N ota fundament al: si3

FIG URA 43 – P lanta do pífano (3) de Geraldo N az ário

(enc ontra se sem tam pa) 11 ,5 1, 6 1,6 1,7 1, 8 1, 8 5, 0

1,2 0, 7 30 ,3 3 9, 0 ∅ 1,85 cm 4. F abricação: César [?] A cervo: J adir Canela M at erial: Bambu

C or: Tom natural de bam bu N ota fundament al: sib3↓

O bs ervações : P oss ui entalhes ornam ent ais, anéis de m et al nas duas extremidades, crucifixo preso em uma delas. T ampado pelo próprio nó do bambu. Flauta ut iliz ada atualmente p ela Caixa de A ss ovio.

FIG URA 44 – P lanta do pífano de bambu utilizado atualm ente na Caixa de Ass ovio 7, 0 13, 7 1,5 1, 5 1, 8 1, 7 1, 8 4, 6 1,1 1, 1 3 3, 0 3 7,5 ∅ 1,6 cm

5. F abricação: Jos é Luís Rocha A cervo: José Luís Rocha M at erial: Plástico (PVC) C or: Branca

N ota fundament al: dó4

FIG URA 45 – P lanta do pífano de José Luís Rocha

2, 3 11, 45 2 1, 8 1, 8 1, 6 2 5, 0 1,2 1, 1 3 3, 0 37,5 ∅ 1,55 cm 6.5 .1.2 Caixas

Fabricante: des conhecido Acervo: C aixa de Assovio

Componentes: Bojo: compens ado de madeira, pint ado de az ul; Aro e t arraxas para est icar p eles: met al

Pele: couro Alça: couro

Resposta (chocaio): dois cordões de nylon esticados, em que s e prendem s ecções de 2 a 5 cm de t alos de penas de galinha e urubu e pequenos objet os cilindricos de bambu, met al e plástico, além de contas de plást ico e s ement es de lágrim a de N . Sra.

FIG URA 46 – P lanta das caixas atuais da Caixa de Ass ovio 1. 2. 4 7,0 c m 42,0 cm 40, 0 28,5 6.6 Repertório

Como já foi mencionado acima, a Caixa de Assovio e o catopê atuam em conjunto na festa como um só grupo e o repertório de ambos torna se, assim, o mesmo. Nem mesmo no único momento em que a Caixa de Assovio está sozinha, na manhã de sábado, há especificidade no repertório executado. Levantamos cerca de 30 músicas dos dois grupos, sendo que 6 delas não têm sido mais feitas nos últimos anos e tampouco conseguimos registros sonoros das mesmas. Além destas, os flautistas tem costume de acompanhar os hinos católicos que eventualmente são cantados durante a festa, que não estão aqui incluídos.

Na análise que faremos a seguir, tentaremos evidenciar uma ruptura no estilo musical do grupo, ocorrida na transição que se deu entre 1988 e 1991, quando a Caixa

de Assovio se renovou quase por completo. Optamos em transpor as melodias transcritas, de sib maior para dó maior, com o objetivo de facilitar a leitura.219

FIG URA 47 Caixa de Assovio e Catop ê, em 2008. D a esq. para dir.: o caixeiro R onei Ferreira, o chefe Catop ê, Nels on Silva, J adir Canela, Robson Ferreira (Rubinho) e Rogério F erreira (tampado). (Fotografia do autor)

6.6 .1 Aspectos musicais

6.6 .1.1 Ritmo

O repertório é marcado pela variação entre dois tipos de toques: a marcha lenta e a marcha dobrada, mais rápida. Mais uma vez, são estes dois toques os mesmos praticados pelo catopê. Neste caso, houve, de fato, uma absorção pela Caixa de Assovio dos toques do catopê.

As partituras apresentadas são aproximações das execuções reais, cujas nuanças rítmicas extrapolam os objetivos deste trabalho. Durante as festas, os toques se

prolongam indefinidamente, repetindo a estrutura básica com algumas variações, não se limitando às possibilidades fornecidas abaixo.

1. Marcha lenta.

Apenas quatro músicas foram identificadas, feitas com este ritmo: Ave Ma ria , São Benedito, Emo qua, Deus vo s salve ca sa santa, Va mo s levar a co roa do imperador. Esta última, segundo os integrantes do grupo,220 pertence ao repertório da marujada de Alvorada de Minas, uma cidade vizinha, em cuja festa do Rosário a Caixa de Assovio costuma participar como convidada. Deus vos sa lve casa san ta é repertório comum a outras festas de congado. As outras três serão comentadas adiante.

PART ITURA 12 Vamos Leva r a coroa do Imp erador

(do repertório da marujada de Alvorada de Minas)

Cabe ainda notar que as marchas lentas possuem um tom mais solene, de cunho religioso e invocatório mais acentuado. Segundo Glaura Lucas (1999, 158), que descreveu os ritmos de caixas, em seu estudo sobre as guardas dos Arturos e Jatobá, diz que “a marcha lenta é para ser executada com a guarda parada, em situações solenes, como, por exemplo, dentro da Igreja na Missa Conga, nos agradecimentos à mesa, e também em funerais”.221 Contextos semelhantes foram igualmente observados no Serro.

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