CAPÍTULO 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO TRABALHO DE
4.3. Viaturas táticas blindadas empregues pelas Forças Nacionais
Ao abordarmos a viatura Pandur e o HMMWV de uma forma mais pormenorizada na revisão de literatura, era conhecido que estas duas viaturas sendo do Exército Português, estariam com certeza empregues em TO.
No caso do TO do Afeganistão, todos os Entrevistados responderam que a viatura blindada que utilizavam eram os HMMWV, com o Entrevistado 1 a realçar que também estavam presentes no TO as Panhard M11.
Porém um fator súbito, o Entrevistado 5, em relação ao TO do Kosovo salienta que as viaturas que tinha a seu encargo neste teatro eram as Panhard M11, as Pandur e também utilizavam HMMWV, pois como eram uma força multinacional, tinha a seu encargo HMMWV de forças Húngaras. O facto de ter diversas viaturas e não apenas de um tipo, estas eram claramente adequadas aquele tipo de missão. O Entrevistado 6, no início da sua missão no 2º semestre de 2013 no TO do Kosovo, tinha a seu encargo Panhard M11 e Chaimites V200, no entanto, esta ultima foi substituída no final de novembro do mesmo ano pela Pandur II 8x8, em que o Entrevistado 7 realça que apesar de ter sob a sua responsabilidade as chaimites V200, não as empregava com o seu pelotão.
No entanto quando confrontados com a possibilidade de empregar no TO do Afeganistão para os Entrevistados 1,2,3 e 4 a viatura Pandur, todos responderam que lhes trazia mais desvantagens do que vantagens, pois devido ao seu peso e à dimensão teriam dificuldades em manobrar em áreas urbanizadas e no caso de haver algum incidente com IED, as baixas seriam mais, uma vez que a capacidade de transporte de militares é superior.
No entanto, no inverso, ou seja, a utilização do HMMWV no TO do Kosovo, o Entrevistado 5 refere que a utilização do HMMWV trazia mais flexibilidade podendo acrescentar algumas vantagens em relação à Pandur, mas no aumento na escala de violência, a Pandur traz mais vantagens do que o HMMWV, por ser uma viatura mais pesada, com mais poder de choque. O Entrevistado 6 expõe que nas áreas que lhes eram atribuídas para conduzir patrulhamentos era impossível a utilização das Pandur devido às suas dimensões, e que o HMMWV lhes traria mais mobilidade em relação às Pandur.
De seguida iremos comparar as viaturas Pandur II 8x8 e o HMMWV, utilizando uma análise SWOT, em que Strengths, serão abordados os pontos fortes ou as vantagens de cada viatura, Weaknesses sendo os pontos fracos ou desvantagens de cada viatura, Opportunities (oportunidades) será a justificação de cada ponto forte/vantagem da viatura e por último as
Treats (ameaças) que será a justificação de cada ponto fraco/desvantagem da viatura.
Tabela 4 – Análise SWOT da viatura Pandur II 8x8
Pandur II 8x8 E5 E6 E7 Ponto Forte Vantagem Poder de choque Peso Proteção Poder de Choque Capacidade de transporte Proteção Demonstração de força Ponto Fraco
Desvantagem Dimensão Dimensão -
Oportunidades
Na utilização desta viatura no TO do Kosovo, em operações de CRC, o seu peso e o seu poder de choque tornam-se
numa vantagem
Esta viatura garante nas operações de CRC, uma maior proteção e poder de
choque e uma boa capacidade de carga
Se em operações de CRC, queremos proteção da forca
e demonstração de força, utilizávamos as Pandur,
pois trazia-nos mais vantagens.
Ameaças
A Pandur dificilmente circulava no centro da cidade
de Mitrovic
Devido à sua dimensão estas viaturas traziam-nos algumas restrições na sua utilização, na maior parte
das áreas que eram atribuídas à força para conduzir patrulhamentos
era impossível a sua utilização
-
Tabela 5 – Análise SWOT para a viatura HMMWV
HMMWV E1 E2 E3 E4
Ponto Forte Vantagem
Proteção
Mobilidade Mobilidade Proteção Mobilidade
Ponto Fraco Desvantagem
Proteção balística contra IED Visibilidade - Visibilidade Proteção inferior Dimensão Proteção Oportunidades
Boa proteção contra armas ligeiras 7,62 mm, garantindo a proteção da
guarnição Flexibilidade de emprego, com uma maior distribuição
da força
Maior Flexibilidade, uma boa capacidade de manobra e uma boa adaptabilidade da viatura ao TO do Afeganistão Confere proteção balística contra 7,62 mm Viatura bastante ágil Ameaças
Não ter o casco em “V”, não dissipando a energia
causada por um rebentamento Tamanho diminuto das
janelas
-
Viatura com vários pontos
cegos Não tem grande
capacidade balística contra IED Largura da viatura Viatura com pouca proteção IED
Fonte: Elaboração própria
Ao versarmos sobre esta análise SWOT, percebemos que a viatura Pandur, por ser uma viatura tática média blindada, com o seu peso e a sua dimensão, tem os seus pontos fortes revertidos a favor destes, com mais proteção, maior poder de choque e maior capacidade de carga, em que no TO de Kosovo se torna uma mais-valia em operações táticas como o C-CRC e demostração de força. No entanto, a sua dimensão reverte também como um ponto fraco em situações em que se dá prioridade à mobilidade na condução de patrulhas em centros urbanos. Embora não seja da mesma categoria que o HMMWV, as viaturas complementam-se pois há situações em que será mais vantajoso a utilização de uma viatura tática média blindada e outras em que a utilização de viaturas táticas ligeiras blindadas seja crucial.
O HMMWV sendo uma VTLB, tem como pontos fortes sobretudo a mobilidade e a proteção, pois confere proteção balística apenas contra 7,62mm (Nível 1), protegendo principalmente a guarnição, mas é uma proteção insuficiente no que diz respeito a IED, pois por não ter o casco em “V”, não dissipando a energia causada por um rebentamento, não tendo grande capacidade balística contra este tipo de ameaça. A visibilidade é também considerado um ponto fraco, muito de encontro à problemática do tamanho diminuto das
janelas, que torna os pontos cegos desta viatura um aspeto colossal, em que o próprio poder de fogo desta é de certa forma afetado.
4.4. Caraterísticas das viaturas táticas ligeiras blindadas disponíveis no mercado da