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violação de regras de segurança

As contraordenações laborais, enquanto ilícitos de mera ordenação social não visam a proteção dos bens jurídico-penais protegidos pela ordem criminal, mas tão-só a mera regulação social. A Lei 107/2009 de 14/9 40que aprova o regime processual das COL

mantém a título de direito subsidiário o regime geral das COL, aprovado pelo D.L. 433/82 de 27/10, na redação atualmente em vigor. Por seu turno o regime jurídico das COL está previsto nos art.º s 548.º a 566.º do CT.

32 De assinalar desde já que o art.º 556.º, n.º 1 do CT prevê um agravamento para o dobro dos montantes máximos das coimas aplicáveis a COL muito graves previstos no n. º 4 do art.º 544.º do CT, em matérias especiais, entre as quais a matéria de SST.

A violação de regras de segurança no trabalho, previstas quer no Código do Trabalho, quer na Lei 102/2009, quer na imensa legislação avulsa onde estão plasmadas está na base de um vasto leque de acidentes de trabalho que nos é dado investigar.

Esta violação acarreta para o infrator a imposição de uma coima determinada de acordo com a moldura legal respetiva nos termos do art.º 548.º e seguintes do CT, bem como em alguns casos de sanções acessórias, nos termos previstos nos artigos 562.º e 563.º do CT, ademais da previsão constante da Lei 107/2009 de 14/9, art.º 14.º, n.º 141.

Além desta responsabilidade, pese embora seja matéria lateral ao nosso tema, note-se, que nos termos do art.º 18.º, n.º 1 da LAT, que existe responsabilidade civil, prevista no art.º 483.º do Código Civil (abrangendo neste caso a indemnização por danos não patrimoniais) e até responsabilidade disciplinar42, no âmbito do exercício do poder

respetivo, próprio de uma relação laboral por infração aos deveres que impendem em matéria de SST sobre o trabalhador, matéria a que voltaremos mais à frente. Refere ainda o mesmo art.º 18.º, n. º 2 da LAT, que o preconizado neste n. º1 não prejudica a responsabilidade criminal, sendo de salientar a este propósito os art.º s 152.º -B, n. º2 e 277.º, n. º1, al. b), 2ª parte do CP.

Cabe à ACT a fiscalização das condições de segurança e saúde no trabalho, de acordo com o art.º 14, n.º 1 da Lei 102/2009,adotando os procedimentos inspetivos adequados às irregularidades que encontrar nas suas ações inspetivas, nomeadamente elaborando Notificações para Tomada de Medidas preventivas e nesta matéria (nos termos do art.º11.º, n.º 1,al. j) do Estatuto da IGT aprovado pelo D.L. nº102/2000 de 2/6), bem como procedendo ao levantamento dos Autos de Noticia (art.º 10.º, n.º1, al. f) do mesmo Estatuto) relativos às infrações que detetar nesta matéria, e ainda efetuar a Instrução dos respetivos processos de COL.

E, na prossecução desta missão também compete à ACT, a investigação dos acidentes de trabalho mortais e particularmente graves nos termos e para os efeitos do art.º 14.º, n.ºs 1 e 2 da Lei 102/2009, elaborando os respetivos Relatórios de Inquérito de Acidente de

41 A nível de infração de regras em matéria de SST num estaleiro de construção civil a responsabilidade contraordenacional atravessa praticamente todos os intervenientes, basta folhear o D.L. 273/2003 de 29/10.

33 Trabalho, que na maioria dos casos são requeridos pelos Tribunais do Trabalho e/ou pelos Tribunais Judiciais.

As ações inspetivas da ACT, sejam de iniciativa da própria Autoridade Administrativa, sejam na sequência de denúncia em matéria de segurança e saúde no trabalho (tal como em matéria laboral) podem também gerar da parte da mesma, além da tramitação de COL, a elaboração de Participação Crime caso esta Autoridade detete indícios de violação de regras de segurança no trabalho.

Porém, não tenhamos dúvidas que é na sequência do desenvolvimento de ação inspetiva para investigação de acidente de trabalho que mais se sublima o pendor sancionatório a nível de contraordenações por violação de regras de segurança no trabalho.

Este trabalho de investigação e sancionamento a nível do Direito de mera ordenação social da segurança no trabalho poderá estar na base (e estará certamente) na elaboração de acusações crime por violação de regras de segurança no trabalho ou outras tipologias de crime.

Na verdade, e ao abrigo do princípio da colaboração (art.º 17.º n.º 3 do Estatuto da IGT) da administração pública com os tribunais a ACT é chamada a prestar esclarecimentos, a elaborar relatórios com vista a auxiliar a decisão do Magistrado do Ministério Público, bem como em fase posterior depondo como testemunha.

Por outro lado, e face às competências da ACT na matéria, não são de descurar para o processo crime as eventuais decisões proferidas em sede de processo de contraordenação laboral instaurados na sequência de acidente de trabalho no qual tenha ocorrido violação de regras de SST. Tais decisões, se prévias ao processo penal poderão ser úteis ao mesmo, atendendo a que ambos são tramitados de forma autónoma e a maioria das vezes não contemporâneas. Aliás, caso a ACT saiba da existência de processo crime pelos mesmos factos terá de enviar o processo de COL para decisão pelo tribunal judicial, conforme determina o art.º 20.º do Regime Geral das Contraordenações aprovado pelo D.L. 433/82 de 27/10, na redação atualmente em vigor que lhe foi conferida pela Lei 109/2001 de 24/12 sob pena de existir violação do principio non bis in idem.

Porém, como refere Palma Ramos, (Ramos, 2012, p. 5) tal violação, muito provavelmente, não ocorrerá por não existir identidade de sujeitos na COL e no crime (cujo leque é bem mais vasto, do que os sujeitos de COL, a saber, na maioria dos casos, o empregador.)

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5.

A

Responsabilidade

Criminal

emergente da violação de regras de