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Visibilidade e países de destino das pesquisas

Sobre o questionamento da visibilidade que a Ciência Política brasileira tem no mundo, a avaliação de quase todos os autores que se manifestam sobre o tema, é o de que tal visibilidade é pequena (Soares, 2005). Por um longo período o Brasil se manteve em uma baixa posição em relação às publicações internacionais da Área. A Ciência Política brasileira deixou a 37° posição em relação ao volume de publicações em 1996 passando a 23° em 2014. A elevação na escala foi pequena, “conforme o índice h- métrica empregada para avaliar o impacto das publicações científicas, a ciência política brasileira manteve apenas a 31° posição, ocupada a dezoito anos” (Madeira e Marenco, 2015). A colaboração internacional de cientistas políticos brasileiros entre 1996 e 2014 ficou abaixo da registrada por chilenos e mexicanos (Madeira e Marenco, 2015). Uma reflexão que pode ser feita sobre a visibilidade da Ciência Política brasileira é como a análise das redes de colaboração científica acontecem.

Mõrschbãcher, Maglia e Peres definem rede de colaboração como “conjunto de interações que ocorrem dentro de um determinado contexto social de determinada área do conhecimento, entre dois ou mais indivíduos, que facilitam a realização de uma pesquisa” (Mõrschbãcher; Maglia; Peres, 2016). Por intermédio desta colaboração são estabelecidas redes de comunicação, compartilhamento de ideias e recursos para difundir a informação com uma divisão das atividades dos docentes pesquisadores na produção de conhecimento. (Mõrschbãcher; Maglia; Peres, 2016).

Apesar do contínuo crescimento da produção de cientistas políticos brasileiros há a barreira do paroquialismo da produção que é vista por autores como uma das principais causas da baixa visibilidade internacional da mesma e tem como características: 1) trabalhos em coautoria com autores estrangeiros; 2) temas da

47 produção se voltam para a política subnacional sendo quase ausente o modo comparativo; 3) o idioma, porque não se publica em inglês; 4) a maior parte da produção é veiculada em periódicos brasileiros (Madeira e Marenco, 2016).

Dos docentes que já realizaram publicações internacionais, a maioria publicou nos EUA (30% de 121). Este país recebeu mais publicações de docentes brasileiros que os países latinos como Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela, Cuba, Peru e Uruguai juntos. País nenhum supera os EUA como destino das publicações, mas a Europa também tem sido também uma vitrine para a Ciência Política brasileira.

Tabela 6- Principais países em que docentes publicam (1975-2014) (%):

PPG- (N docentes)

Países das publicações (% docentes que

publicaram)

ARG CHI ESP EUA FRA ING MEX

Sem PI35/ outros Total IESP- (13) 8 0 8 31 16 8 0 29 100 UFF- (13) 8 0 0 8 0 8 0 76 100 UFPA- (13) 8 0 0 8 0 0 0 84 100 UFPR- (13) 8 8 8 8 0 16 0 52 100 UFRGS- (18) 6 11 6 22 17 0 11 27 100 Unicamp- (19) 11 0 0 21 11 5 5 47 100 USP- (24) 8 4 0 33 0 13 4 38 100 UFMG- (19) 0 16 12 16 0 12 5 39 100 UFSCar- (17) 0 6 12 6 12 6 0 58 100 UFG- (15) 0 0 7 0 7 0 0 86 100 UnB- (25) 0 0 4 20 8 8 0 60 100 UFPE- (15) 0 0 0 27 7 7 0 59 100 UFPel- (9) 0 0 0 0 11 0 0 89 100 Unieuro 0 0 0 0 0 22 11 67 100

Fonte: banco de dados- Pesquisa “Quem faz e como se faz Ciência Política no Brasil: análise de teses e dissertações e perfil de docentes e discentes”.

Exceto UFG, UFPel e Unieuro, todos os demais publicaram seus artigos nos EUA. Dos programas que publicaram neste país se destacam UnB e USP com cinco e oito docentes publicando nesta nação, respectivamente. Os que não publicaram nos

48 EUA o fizeram na Europa e na América Latina. Em geral mais de um PPG tem publicações docentes num mesmo país, mas há também os casos de exclusividade como: Canadá (1 docente da UFRGS); Bélgica (publicação de 1 docente da Unicamp); China (1 docente da UFSCar); Cuba (1 docente da Unicamp); Guatemala (1 docente da UnB); Itália (1 docente da UFF); Nicarágua (2 docentes da Unicamp); Perú (1 docente da UFPE); Rússia (1 docente da UFG) e Venezuela (1 docente da UFPE).

Os países que aparecem de forma distinta na tabela são os que receberam a maior parcela das publicações docentes (mínimo 6 docentes). Entre estes aparecem países latino-americanos como Argentina, Chile, fator que é muito importante para a região. Os percentuais de artigos enviados a estes países podem ser de pouca expressão em relação à produção total de cada programa, mas por estarem entre os principais, indica que uma porção da produção se destina à América Latina superando alguns países europeus e de outras regiões quanto à concentração. Nove (USP, IESP, UFF, UFPA, UFPR, UFRGS, Unicamp, UFMG, UFSCar e Unieuro) dos quinze programas da análise publicaram na América Latina.

No diálogo latino americano a Argentina é o país que recebeu publicações do maior número de programas seguida pelo Chile. As entidades que se destacam no percentual de docentes que publicaram na América Latina são: UFPR e USP. A USP é o único PPG que tem publicações na Argentina, Chile e México. Venezuela, Cuba, Nicarágua, Guatemala, Perú, também receberam artigos de docentes brasileiros sendo casos isolados de programas ficando, os maiores percentuais e distribuição, para Argentina , Chile e México. Em termos percentuais a UFPA se destaca quanto às publicações na América do Sul, mas a produção deste departamento é pequena (3 artigos).

Alguns departamentos mais tradicionais como a UnB e UFPE podem não ter publicações nos países sul-americanos que mais se destacam, mas publicam de forma isolada em outros países latinos. A UFF é o programa que apresenta um equilíbrio da distribuição entre EUA, Argentina e Inglaterra. No caso da UFPR, Argentina e Chile, respectivamente, têm o mesmo percentual de publicações dos EUA, quando somados se igualam ao da Inglaterra. A UFRGS enviou mais artigos para Argentina, Chile e México ao todo que para EUA e França separadamente. Ao somar os percentuais de Argentina e México, o departamento da Unicamp destinou o mesmo percentual de seus

49 artigos em relação aos EUA. A UFMG destinou ao Chile o mesmo percentual de artigos que para os EUA. Na UFSCar se repete o equilíbrio da UFF porque o Chile tem a mesma representatividade que EUA e Inglaterra, respectivamente, ficando atrás de Espanha e França que receberam o dobro de artigos.

Os EUA são o principal destino dos artigos dos docentes brasileiros, entretanto os dados demonstram que as publicações de docentes brasileiros também vão para outros países e continentes. A exposição das pesquisas dos brasileiros em diferentes países se dá em conformidade com as parcerias e convênios internacionais destes países com programa e docentes. A produção internacional dos cientistas políticos brasileiros tem se disseminado por EUA, Europa e América Latina. Na Europa e na América Latina é necessário disseminar as publicações para mais países destas regiões.

50 3 Formação fora do Brasil

Por meio da formação ou parte desta fora do Brasil, alguns docentes trazem de fora conhecimentos que aplicam em suas investigações. Estudar no exterior pode abrir portas para publicações internacionais ou não. Outro fator importante é a atuação de docentes brasileiros no exterior como colaboradores de instituições de ensino. A mobilidade internacional é importante entre os docentes da área. O período referente à formação internacional dos docentes analisados data do ano de 1971 a 2014, período que cobre algumas saídas da totalidade dos docentes atualmente vinculados aos programas analisados.

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