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Estes dados, no entanto, não representam o número total de visitas pastorais realizadas na diocese desde sua criação até 1796. São dados ilustrativos, pois sabemos que muitos livros de tombo das freguesias paulistas não foram conservados, ou encontram-se espalhados pelas cúrias das atuais dioceses, dificultando o acesso do historiador a estes documentos.63

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No Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo encontramos sete livros de tombo que atendem ao nosso recorte cronológico (1745-1796). Estes livros de tombo correspondem às seguintes freguesias: Sé (paróquia Nossa Senhora de Assunção); Araçariguama – 2 livros (Paróquia Nossa Senhora de Penha); Cotia (Paróquia Nossa Senhora de Monserrate); Sto. Amaro – 2 livros (Paróquia de Santo Amaro) e São Roque (Paróquia de São Roque). Sabemos, contudo, que havia um número muito maior de freguesias na diocese de São Paulo; porém, se

Acreditamos que foram realizadas mais visitas em freguesias diversas. Contudo, podemos perceber através destes números o esforço dos bispos na segunda metade do século XVIII para que as visitas pastorais fossem realizadas com freqüência de, pelo menos, quatro anos. O intervalo mais longo de sete anos, ocorrido em Cotia e Santo Amaro, corresponde ao início da administração de D. Fr. Antônio da Madre de Deus. Importa ressaltar também que os períodos de vacância não representaram uma paralisação das visitas pastorais na diocese; ao contrário, percebemos que o ritmo permaneceu quase inalterado. Por outro lado, percebemos que ao longo do tempo o número de visitas cresceu ou permaneceu inalterado, ilustrando talvez a superação das primeiras dificuldades encontradas por D. Bernardo Rodrigues Nogueira. Ou seja, num momento posterior, quando a administração diocesana estava mais estruturada, foi possível viabilizar com maior freqüência as visitas pastorais, as quais constituíam um importante mecanismo de controle e reforma dos párocos e dos fiéis.

b) Viabilizando o ofício paroquial

As medidas administrativas dos três primeiros bispos de São Paulo visavam garantir o funcionamento básico do bispado. Dessa forma, a instituição do Cabido diocesano, a circulação da legislação eclesiástica vigente na Colônia através das cartas pastorais, a regularização dos livros de tombo, e a realização das visitas pastorais, assumem um caráter geral da administração diocesana. Tais medidas, descritas acima, tornavam-se necessárias para que a orientação episcopal atingisse as atividades locais das freguesias. O funcionamento da paróquia e de suas atividades constituía afinal o alvo a ser atingido nas administrações dos prelados paulistas.

Uma das atividades de grande importância para a Igreja desenvolvida pelos párocos nas freguesias era a desobriga quaresmal. Consistia na obrigação de todos os fiéis cristãos de se confessarem e comungarem todos os anos no tempo da quaresma. A confissão anual obrigatória foi instituída desde o Concílio de Latrão (1215) e reafirmada pelo Concílio de Trento64, indicando-se a quaresma como ocasião propícia para os fiéis atenderem a esta

os livros de tombo das demais freguesias foram conservados, devem encontrar-se espalhados pelas diversas dioceses atuais, que ao longo tempo foram desmembradas da diocese original.

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obrigação. Através da confissão, entendia a Igreja, que os fiéis ficavam livres dos pecados mortais que os impediam de receber o sacramento da eucaristia65. Eram assim impelidos a comungar proximamente à confissão quaresmal, usufruindo do estado de graça que este último sacramento proporcionava.

A desobriga quaresmal deveria atingir todos os fiéis de uma freguesia, sendo os párocos os responsáveis pelo seu cumprimento. Nas Constituições da Bahia encontram-se pormenorizados todos os passos que deveriam seguir os párocos. A base para o controle do padre sobre a desobrigação de seus fregueses estava na confecção do rol das pessoas que pertenciam à sua freguesia. Ao pároco cabia percorrer todos os anos as ruas, casas e fazendas de seus fregueses, entre a dominga da septuagésima até a dominga da qüinquagésima, escrevendo na lista seus nomes, sobrenomes e lugares onde viviam66.

Os limites confusos entre as paróquias de uma diocese constituíam-se num elemento complicador para a desobriga quaresmal. Desejando sanar estes impasses decretou-se em Trento,

“... naquelas cidades e lugares, onde as igrejas paroquiais não tem limites certos, nem os seus reitores povo certo a quem governem, mas administram sacramentos promiscuamente, a quem os pede, manda o santo Concílio aos bispos, para mais segurarem a salvação das almas (...) que distinguindo o povo em certas paróquias próprias, assinem cada uma seu pároco perpétuo e particular, que as possa conhecer, e do qual só licitamente recebam os sacramentos...”67

Anuindo ao decreto tridentino, D. Bernardo Rodrigues Nogueira convocou os párocos das freguesias da cidade de São Paulo para uma reunião, em 28 de outubro de 1747, para tratar dos limites das paróquias. Do resultado desta reunião expediu o bispo uma pastoral para todos os párocos expondo o estado confuso que se encontrava o bispado. Segundo ele,

“... as freguesias sem termos, sem limites, e a confusão de cada um se desobrigar onde lhe parecia, ou não se desobrigarem, nem cumprirem os preceitos da Igreja, seguindo-se desta desordem muitos danos espirituais e temporais, pretexto para párocos desculparem faltas, omissões e dúvidas nas obrigações e direitos paroquiais...”68

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“Se não convém que alguém chegue a funções algumas sagradas senão santamente, por certo que quanto mais a um homem cristão é notória a santidade e divindade deste celestial sacramento, com tanto maior diligência se deve acautelar, de o não chegar a receber sem grande reverência. (...) O costume da Igreja manifesta que, aquela prova é necessária, para ninguém com consciência de pecado mortal, ainda que lhe pareça estar contrito, deve chegar à sagrada eucaristia, sem preceder a confissão sacramental.” Cf. O Sacrosanto e Ecumenico Concilio de

Trento, op. cit., tomo I, sessão XII, cap. 7, p. 261.

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Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, op. cit., Livro Primeiro, tít. XXXVII, parág. 144.

67

O Sacrosanto e Ecumenico Concilio de Trento, op. cit., tomo II, sessão XXIV, cap. 13, p. 311.

68

ACMSP, Pastoral de D. Bernardo Rodrigues Nogueira, 28 de outubro de 1747, Livro de tombo da Sé (2-2-17), p. 111.

Diante desse quadro anunciava o bispo um traçado de limites, principalmente para as freguesias da cidade de São Paulo, que deveria ser lançado nos livros de tombo das paróquias. E,

“... no termo de dois meses tomará [o pároco] a rol todos os casais e pessoas maiores e menores que ficaram compreendendo no demarcado terreno e limite de sua freguesia; o qual rol com a dita certidão remeterá pela nossa câmara no referido termo...”69

O esforço de delimitação das freguesias pelo primeiro bispo encontrou resistências, tanto da parte de alguns párocos, como da parte da população. Segundo o relatório do pároco da Sé, Manuel José Vaz, em 1748 a confusão imperava nos limites de sua freguesia, por se

“...acharem os moradores fregueses desta e daquelas [as freguesias limítrofes] mistos uns com os outros, sem mais divisa que a sua conveniência em ser desta ou daquela freguesia.”

Manoel José Vaz aduzia razões para esta atitude dos fiéis. Primeiramente o desejo dos fiéis de frequentarem a igrejas de seus antepassados, mesmo que isto representasse caminhos mais longos. E, segundo, a diferença no valor das conhecenças entre as freguesias.70

Conhecença era a taxa cobrada pelos párocos na ocasião da desobriga quaresmal. Para cada fiel desobrigado recebia o pároco esta taxa, complementando sua renda anual. Dessa forma, um maior número de fregueses significava maior renda para os párocos. Por outro lado, a população procurava se desobrigar nas freguesias que cobravam valores menores nas conhecenças. Prática utilizada principalmente pelos senhores de escravos que deviam pagar as taxas por todos os seus escravos desobrigados. Havia, então, dois pontos de conflito para a demarcação definitiva dos limites paroquiais. De um lado, os párocos não queriam perder o número de fregueses de sua paróquia. De outro, os fiéis recusavam-se a passar para outra freguesia que não era do costume de seus antepassados, mesmo que a mudança diminuísse as dificuldades dos longos caminhos para chegarem às igrejas. Na visão do pároco da Sé, Manuel José Vaz, não havia porém, outro remédio senão “ficar cada um dos que não tem casa nesta cidade, freguês daquela igreja que lhe estiver mais vizinha (...) ainda que fique deteriorada e dificulte mais a vontade dos párocos de a servir pela diminuição dos benesses, que deste último remédio resulta.” O que para alguns párocos representava diminuição de

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renda, para o cura da Sé significava também aumento dos trabalhos. A confusão nos limites de sua freguesia trazia como conseqüência um número maior de fregueses a serem atendidos. E os fregueses “não cessam de chamar [o sacerdote] a qualquer hora do dia e noite, por chuva e sol e nas muitas ocasiões, que a cada passo sucede”. Além disto, dizia Manoel José Vaz, que eram “tão perigosos lugares, por seus caminhos, rios e matos que se atravessam espessos” para atender os fiéis, que não eram “bastante três sacerdotes para lhes acudir.”71

Essa situação não foi resolvida por completo na administração de D. Bernardo Rodrigues Nogueira, como atestou um pedido de D. Fr. Antônio da Madre de Deus, no qual expunha ao rei as dificuldades que enfrentou seu predecessor. Dizia o segundo prelado que D. Bernardo, percebendo a falta de sacramentos para os fiéis, diagnosticou as distâncias como um dos principais motivos. Procurou contornar esta situação desmembrando de algumas freguesias as terras e casais necessários para erigir capelas curadas a fim de que nelas fossem administrados os sacramentos. A esta ação opuseram-se os párocos colados que não queriam ver o número de seus fregueses diminuídos. Assim não sucederia, acrescentava D. Fr. Antônio, se os párocos compreendessem que o bispo por direito e justiça podia e devia obrigar que as suas ovelhas fossem bem assistidas do pasto espiritual dos sacramentos, e se os párocos se preocupassem mais disto e menos de suas próprias conveniências temporais. Pedia então ao rei que passasse ordem para que ele, bispo, pudesse proceder com autoridade nas divisões necessárias das freguesias a fim de ministrar satisfatoriamente os sacramentos a todos os fiéis.72

Talvez as ações de D. Fr. Antônio neste sentido tivessem continuado a desagradar alguns fregueses. Após sua morte, estando a diocese vacante, o vigário capitular Mateus Lourenço de Carvalho recebeu uma petição de Maria Peres de Barros, datada de 28 de janeiro de 1771. Dizia Maria Peres, viúva de Francisco Barbosa de Lima, que na divisão que foi feita 70

Florêncio da Silveira Camargo, op. cit., vol. 4, pp. 47-49.

71

idem.

72

Biblioteca Nacional, Documentos Históricos, II, pp. 111-112 apud Florêncio da Silveira Camargo, op. cit., pp. 84-85. De fato, o Concílio de Trento, autorizava o bispo a fazer as divisões necessárias nas freguesias, como demonstramos a seguir: “Os bispos, como delegados da Sé Apostólica, obriguem também os reitores, ou outros a quem pertence, a que agreguem a si tantos sacerdotes quantos bastem para o emprego de administrar os sacramentos e celebrar o culto divino, em todas as igrejas paroquiais, em que o povo é tão numeroso, que um reitor não pode bastar para administrar os sacramentos eclesiásticos e celebrar o culto divino. Naquelas igrejas, em que pela distância dos lugares ou dificuldade, não podem os paroquianos vir receber os sacramentos, sem

entre a freguesia da Sé e a de Santo Amaro, ficara seu sítio pertencente a esta última. Isto dificultou muito sua freqüência a igreja, bem como das outras pessoas de sua casa, visto que tinha atravessar um rio para lá chegar. Não possuía canoa, e era impossível manter uma, já que seu sítio ficava demasiadamente longe do rio. Também não podia usar a ponte, pois esta encontrava-se longe demais, sendo preciso passar por longos caminhos, que pioravam na época das cheias. Além do mais, a manutenção destes caminhos revelava-se dispendiosa.

Segundo Marias Peres de Barros, as dificuldades dos caminhos também impossibilitavam o pároco de Santo Amaro de socorrer com sacramentos aos doentes de seu sítio como era necessário e de sua obrigação. Diante disto pedia para voltar a ser freguesa da paróquia de Nossa Senhora de Monserrate, que pertencia à cidade de São Paulo. Argumentou ainda Maria Peres que sempre fora este o caminho que usara com o seu defunto marido e outros antepassados, que foram fregueses “de antiguidade” daquela paróquia. Juntava a seu pedido os de outros moradores dos arredores de seu sítio, que solicitando a mesma mercê foram atendidos: o despacho do vigário capitular foi favorável ao pedido de Maria Peres, ordenando ao pároco de Santo Amaro que riscasse do seu rol todos da casa de Maria Peres de Barros.73

Em 1785 o terceiro bispo de São Paulo, D. Fr. Manuel da Ressurreição, ainda resolvia problemas entre párocos sobre o número de fregueses de sua paróquia. O despacho do bispo do dia 27 de janeiro colocava termo numa disputa entre os padres das freguesias de Cotia e São Roque sobre os limites de suas paróquias. Segundo o bispo, o capitão Manoel de Oliveira de Carvalho enviara requerimento à câmara episcopal no dia 29 de julho de 1774 dizendo que seu sítio estava nos limites da freguesia de São Roque e que ao seu pároco é que deviam obediência. O capitão estava tentando dirimir as dúvidas do pároco de Cotia que dizia ser Manoel de Oliveira de Carvalho freguês de sua igreja. O despacho do bispo D. Fr. Manuel da Ressurreição foi favorável ao pároco da freguesia de Cotia, ordenando que o capitão Manoel de Oliveira Carvalho, todas as pessoas de sua casa e sua escravatura fossem listados neste rol.

grande incômodo, ainda contra a vontade dos reitores, poderão constituir novas paróquias...”. O Sacrosanto e

Ecumenico Concilio de Trento, op. cit., tomo II, sessão XXI, cap. 4, pp. 67-69.

73

ACMSP, Petição e despacho de Maria Peres de Barros, 28 de janeiro de 1771, Livro de tombo da freguesia de Santo Amaro (2-2-21), p. 32.

Em seguida ordenou que se enviasse cópia de sua resolução aos dois párocos a fim de cessarem as disputas entre eles.74

D. Fr. Manuel da Ressurreição tomou posse do bispado prevenido dos conflitos de limites entre as freguesias pelo então governador da capitania D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão. Em correspondência enviada a Portugal ao terceiro bispo de São Paulo, de 13 de dezembro de 1772, dizia o governador que havia fundado novas povoações, estabelecendo nelas câmara, justiça e pároco, com edificação de igrejas, como era necessário, pois

“...viviam os moradores pelos matos como feras, sem missa, sem doutrina, sem sacramentos, submergidos em vícios, batizando os filhos adultos de sete anos, e privados de sepultura morriam...”75

Contudo, lamentava-se o governador por estas regiões não se estabelecerem eficazmente, devido ao constante conflito incitado pelos párocos vizinhos, importunando os clérigos das novas povoações por causa dos limites de suas freguesias. Pedia o governador a D. Fr. Manuel da Ressurreição que tomasse as medidas necessárias para que os párocos das novas vilas pudessem trabalhar sossegadamente.

Esses casos ilustram a resistência, seja dos párocos, seja da população, em atender à aplicação das determinações tridentinas pelos bispos. Por outro lado, nos mostram o empenho dos dirigentes do bispado na aplicação das mesmas.

Fazia-se mister que, ao iniciar a administração da diocese, o bispo se inteirasse da situação legal dos sacerdotes que estariam sob sua supervisão. Encontramos nas pastorais dos bispos, bem como na dos vigários capitulares ou governadores do bispado, excetuando D. Fr. Manuel da Ressurreição, ordem para que os sacerdotes renovassem suas licenças a fim de exercerem seu ministério. Nessas ordens encontram-se discriminados os diversos tipos de sacerdotes e atividades que compunham o corpo clerical de um bispado. Assim, em 6 de agosto de 1746, D. Bernardo ordenou:

“Todos os párocos, coadjutores, capelães, confessores, pregadores, ainda regulares, e mestres usarão das provisões, jurisdições, faculdades e licenças que lhes estiverem concedidas, com

74

ACMSP, Despacho do bispo D. Fr. Manuel da Ressurreição, 27 de janeiro de 1785, Livro de tombo da freguesia de Cotia (10-2-18), p. 56v.

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Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo, “Oficios do Cap. General D. Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão aos Vice-Reis e ministros, 1771-1772”, São Paulo, Typ. do Globo, 1946, vol. LXIX, pp. 268-269.

cláusula porém, que os que pertencerem ao distrito do Rio Grande, Nova Colônia e Ilha de Santa Catarina serão obrigados a reformar as ditas provisões, faculdades e licenças no termo de seis meses (...) e passado o dito termo, não estando por nós aprovados e confirmados, precedendo aos exames necessários as havemos por nulas. E nas mais freguesias do bispado assinamos a todos três meses, que principiarão desde a publicação desta em suas igrejas, e passados os ditos três meses, não tendo recorrido e alcançado nova licença, ficarão do mesmo modo suspensos ipso facto...”76

A ordem para renovação da licenças, porém, estendeu-se a outros cargos:

“E o mesmo se estenderá com os reverendos vigários de vara e seus escrivães e meirinhos, e qualquer pessoa que tenha as ditas faculdades, jurisdição e licenças, ainda que sejam perpétuas, exceto os párocos que estiverem canonicamente colados.”77

Em1749, o vigário capitular Lourenço Leite Penteado expediu pastoral ordenando que todos os ministros da Igreja renovassem suas provisões, mas somente quando expiassem o tempo em que elas haviam sido concedidas pelo falecido bispo D. Bernardo.78 No ano seguinte o arcediago Mateus Lourenço de Carvalho expediu pastoral que revelou preocupação com as licenças dos pregadores e confessores. Dessa forma, em 18 de abril de 1750 ordenava o arcediago que todos os pregadores e confessores apresentassem suas licenças, ressalvando que os da cidade tinham tempo de um mês e os de fora, dois meses.79

Poucos meses depois, Mateus Lourenço de Carvalho, no cargo de governador do bispado, expediu outra pastoral em 18 de outubro de 1750, ordenando a renovação das licenças de todos os ministros. Considerou que,

“... para conseguir bom fruto depende muito da eleição de ministros que tenham ciência, zelo e prudência, e estas qualidades só se conhece pelos exames. Portanto mando e ordeno que todos os ministros espirituais acima referidos recorram por novas provisões, jurisdições, faculdades e licenças e não usem das que até agora lhe foram concedidas.”80

Em 10 de julho de 1751, alguns dias após sua entrada na diocese, D. Fr. Antônio da Madre de Deus expediu pastoral ordenando a todos párocos, coadjutores, capelães,

76

ACMSP, Pastoral de D. Bernardo Rodrigues Nogueira, 6 de agosto de 1746, Livro de tombo da freguesia de Cotia (10-2-18).

77

idem.

78

Arquivo Monsenhor Jamil Nassif Abib, Rio Claro, Cópia xerográfica da pastoral do vigário capitular Lourenço Leite Penteado, 19 de novembro de 1749, Livro de tombo da freguesia de Cunha, p. 61.

79

Arquivo Monsenhor Jamil Nassif Abib, Rio Claro, Cópia xerográfica da pastoral do arcediago Mateus Lourenço de Carvalho, 18 de abril de 1750, Livro de tombo da freguesia de Cunha, p. 63v.

80

ACMSP, Pastoral do governador do bispado Mateus Lourenço de Carvalho, 27 de outubro de 1750, Livro de tombo da freguesia de Santo Amaro, (2-2-27), p. 62.

confessores (mesmo os regulares) e mestres que reformassem suas provisões e licenças. Guardando diferença no tempo da renovação segundo as distâncias, como fez D. Bernardo, acrescentou D. Fr. Antônio,

“... ficando todos advertidos, que da publicação desta a seis meses hão de vir a exame moral a nossa presença, e os que tiverem provimento nosso usarão dele no tempo que por nós lhe for concedido, não ficando isentos do referido exame no dito tempo, o que não entendo com os reverendos párocos que estiverem canonicamente colados.”81

No terceiro período de vacância da diocese, em 1789, morrendo o bispo D. Fr. Manuel da Ressurreição, o vigário capitular Antônio José de Abreu ordenou que todos os ministros que haviam sido provisionados pelo falecido prelado deveriam continuar na mesma atividade até findar o tempo de suas licenças.82

A partir destas ordens podemos perceber que a renovação das licenças dos ministros acima referidos eram mais rígidas quando havia prelado no bispado, como demonstrou o caso dos dois bispos chamarem todos os seus subordinados a fim de examiná-los e de renovar suas licenças. Os vigários capitulares, no entanto, apresentaram uma conduta que representa mais uma continuação da administração episcopal anterior do que atitudes que marcassem o início de uma nova administração, pelo menos no que toca a esta matéria. Por outro lado, é

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