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A vivência da abordagem CCS como metodologia no Programa de Educação Especial (Proesp) em parceria com a

CONSIDERAÇÕES FINAIS

APRENDIZAGEM PALAVRAS-CHAVE:

2. O MÉTODO QUALITATIVO BASEADO NA ABORDAGEM CCS As abordagens de educação são definidas a partir de estudos sobre como

2.2. Como se aplica a abordagem CCS em metodologia

2.2.1. A vivência da abordagem CCS como metodologia no Programa de Educação Especial (Proesp) em parceria com a

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior

O Proesp foi lançado no início de 2009 como iniciativa da extinta Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (SEESP/MEC), em parceria com a Capes. De acordo com o edital, os docentes de programas de pós- graduação poderiam enviar propostas de projetos de pesquisa na área de Educação Especial. O programa oferecia, como benefícios, Bolsas de estudo no país (Mestrado, com duração máxima de 24 meses e Doutorado, com duração máxima de 48 meses) e Recursos de custeio (recursos destinados a atender despesas essenciais com o projeto).

A duração dos projetos e o valor do financiamento teve como previsão o prazo de execução de quatro anos para o exercício orçamentário e cinco anos para execução das atividades. A previsão era de apoiar até 15 projetos, cujo orçamento anual máximo deveria ser de R$ 120.000,00.

O grupo de pesquisa API recebeu o valor de R$ 411.000,00 para desenvolver as pesquisas de mestrado e doutorado. Com o projeto intitulado “Formação de Educadores: Compromisso com a Educação Especial na perspectiva da

Educação Inclusiva” foram organizadas sistematicamente as correntes teóricas das áreas pesquisadas, cujos temas eram: Formação de Professores da Educação Especial, Formação de Professores em Serviço, Libras no Ensino Superior, Libras e Currículo, Currículo e Tecnologias, Objetos de Aprendizagem, Objetos Educacionais, Acessibilidade em Educação a Distância, Ensino de Física em uma Abordagem Inclusiva, entre outras. Em todas as pesquisas realizadas (duas de doutorado e oito de mestrado) foi necessário estabelecer parcerias com a escola comum e professores da Educação Especial em dois municípios do interior do estado de São Paulo. Os bolsistas de doutorado coordenaram a realização de oficinas pedagógicas junto a 29 professores no município de Araçatuba/SP. Essas oficinas trataram de temas como: Estudantes com Altas Habilidades/Superdotação; Estudantes com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD); Tecnologia Assistiva para Deficiência Visual; Audiodescrição e Elaboração de Objetos Educacionais (OE). Neste último tópico, os 29 professores elaboraram cinco OE voltados ao atendimento das necessidades específicas dos Estudantes Público-Alvo do Educação Especial (EPAEE), que de acordo com a legislação educacional brasileira, são os estudantes que possuem deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, atendidos pelo município.

A coleta de dados foi subsidiada pela aplicação de questionários diagnósticos, planilhas de acompanhamento e questionários de avaliação. Também foram delineadas estratégias de análise sobre as necessidades formativas dos professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) em relação aos conceitos de uso de OE e à sua aplicabilidade e avaliação junto aos EPAEE. Essa etapa culminou na elaboração de um guia para educadores sobre como elaborar OE Inclusivos e Acessíveis. Além disso, os bolsistas realizaram diagnóstico e observação do trabalho pedagógico dos professores do AEE em exercício por meio da realização de entrevistas semiestruturadas. Foram envolvidos no trabalho pesquisadores, mestrandos e estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia e outros profissionais colaboradores, 16 professores, sendo 15 do ensino fundamental e um de educação física, quatro profissionais que compõem a Gestão Escolar, sendo uma diretora, uma vice- diretora, uma orientadora pedagógica e uma professora comunitária.

Foram diretamente atendidos 409 estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, entre os quais nove com deficiência, a saber: seis com deficiência intelectual, um com deficiência múltipla, um com deficiência auditiva e um com deficiência visual.

O projeto foi implementado coletivamente pelos pesquisadores e equipe escolar (professoras e gestoras), envolvendo o estabelecimento de uma base relacional e vínculos de confiança entre a equipe, bem como a ampliação da base de conhecimentos para os cinco anos iniciais do Ensino Fundamental tendo como ênfase Língua Portuguesa e Matemática e reconhecimento da proposta educacional no município. Inicialmente, foram incluídos os conhecimentos das professoras e gestoras sobre a escola, os estudantes, os conteúdos específicos dos diferentes componentes curriculares, as teorias e propostas educacionais, as políticas públicas (com especial destaque aos exames de avaliação externa e ao currículo de tempo integral). Incluiu-se, ainda, o conhecimento pedagógico dos conteúdos, que implica a consideração do como ensinar algo e do como avaliá-lo, envolvendo diferentes traduções ou transformações dos conteúdos específicos em conteúdos ensináveis e compreendidos pelos alunos tendo em vista as especificidades da população que frequenta aquela escola pública.

Entre os principais impactos, percebeu-se que, por ser de natureza colaborativa e desenvolvida no local de trabalho, a investigação apresentou, ao longo do tempo, inúmeras vertentes que demandaram da equipe o cuidado para análise e investimento permanente no estudo.

Uma pesquisa de mestrado prestou-se a analisar as ferramentas e práticas formativas em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), considerando os recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Essa pesquisa analisou o curso de aperfeiçoamento à distância Tecnologia Assistiva, Projetos e Acessibilidade: Promovendo a Inclusão Escolar. O curso, fomentado pelo sistema Universidade Aberta do Brasil por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, atendeu entre 2011 e 2012 mais de 2.000 professores de sala comum das cinco regiões geográficas brasileiras. O objetivo foi, a partir da seleção de três participantes de pesquisa (pessoas com deficiência visual), elencar os recursos de acessibilidade necessários para que o AVA atenda às necessidades de acesso, permanência e aprendizagem autônoma dos participantes.

A pesquisa de doutorado intitulada “A Abordagem Construcionista, Contextualizada e Significativa na Formação de Professores em uma Perspectiva Inclusiva” prestou-se a analisar o processo de formação de professores voltado ao ensino dos fundamentos da Educação Inclusiva em uma perspectiva de trabalho com projetos usando Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em uma abordagem CCS.

A problemática dessa pesquisa foi direcionada à elaboração e acompanhamento do desenvolvimento do Eixo Articulador: Educação Inclusiva e Especial. O Eixo Articulador teve carga horária de 120 horas e estava vinculado ao bloco 2, Didática dos Conteúdos, do curso de Licenciatura em Pedagogia oferecido pela Unesp e pela Universidade Virtual de Estado de São Paulo (Univesp) na modalidade semipresencial. Os sujeitos da formação semipresencial compõem uma amostra de 160 discentes do curso de Licenciatura em Pedagogia da Univesp/Unesp e oito orientadores de disciplina (tutores responsáveis por quatro turmas onde os discentes estão matriculados).

A análise sistemática de dados disponíveis nos AVA das turmas selecionadas sinalizou que no desenvolvimento do Eixo Articulador foi ampliado o debate sobre adaptações curriculares e estratégias de ensino; os discentes elaboraram planos de ensino inclusivos em perspectivas transdisciplinares e passaram a olhar mais para questões como o uso de TDIC e o trabalho com temas transversais, ou seja, atribuíram significados aos referenciais teóricos e práticos. Ao final da pesquisa foram caracterizadas as contribuições efetivas da proposta e os impactos da elaboração de planos de ensino inclusivos, caracterizando uma abordagem não somente de ensino, mas de formação CCS. Essas pesquisas de mestrado e doutorado resultaram na produção do livro intitulado Formação de Educadores: Compromisso com a Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, sob organização das professoras Elisa Tomoe Moriya Schlünzen, proponente do projeto, e Renata Portela Rinaldi, publicado em 2014.

As experiências e os resultados obtidos nos referidos projetos e pesquisas, além de apresentarem o caráter da abordagem CCS em sua concepção, operacionalização e análise, demonstram o comprometimento e compromisso do Grupo API em desenvolver estratégias, práticas, recursos e meios para o uso de TDIC e o desenvolvimento de metodologias mais ativas de ensino, culminando na melhoria do ensino público e na construção de uma cultura escolar inclusiva.