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2. Metrologia 9

2.2. Vocabulário Internacional de Metrologia – VIM 2012 11

Em toda a ciência existente, é necessário um vocabulário que a caracterize, e que seja de certa forma, universal, isto é, que possa ser compreendido por todos os intervenientes que pretendam expor e discutir ideias e resultados relativos a essa mesma ciência. A metrologia, é logicamente, uma ciência, que como qualquer outra, tem um vocabulário muito específico e próprio.

Neste contexto da metrologia mundial, surgia o VIM, na segunda metade do século XX, com o intuito de permitir que houvesse, no âmbito da metrologia e da instrumentação, uma harmonização internacional da terminologia e definições utilizadas. A adoção deste documento, em conjunto com o GUM (Guia para a Expressão da Incerteza de Medição, de 1993) e o Guia ISO 25 (1978), foi nesse período um auxílio para a evolução e a dinâmica do processo de globalização das sociedades tecnológicas, assim como para a harmonização dos procedimentos e da expressão dos resultados no mundo da medição, contribuindo assim para uma maior integração dos mercados.

A versão do VIM que servirá de referência bibliográfica neste trabalho, é uma primeira edição luso-brasileira, que corresponde à 3ª edição internacional do VIM (International vocabulary of

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inglês e francês, publicada em 2012 pelo JCGM (Joint Committee for Guides in Metrology), o comité para guias de metrologia do BIPM (Bureau International des Poids et Mesures)[13].

2.2.1. Conceitos importantes do VIM 2012

No âmbito deste trabalho, vários termos e definições, presentes no VIM 2012, são de extrema importância e como tal, a sua compreensão é indispensável. Enumeram-se alguns dos conceitos importantes a reter:

1. Grandeza, grandeza de base, dimensão de uma grandeza e unidade de medida:

Grandeza é a propriedade de um fenómeno de um corpo ou de uma substância, que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência.

Grandeza de base é a grandeza de um subconjunto escolhido, por convenção, de um dado sistema de grandezas, no qual nenhuma grandeza do subconjunto possa ser expressa em função das outras.

A dimensão de uma grandeza é a expressão da dependência de uma grandeza em relação às grandezas de base de um sistema de grandezas, na forma de um produto de potências de fatores correspondentes às grandezas de base, omitindo-se qualquer fator numérico.

Unidade de medida é a grandeza escalar real, definida e adotada por convenção, com a qual qualquer outra grandeza da mesma natureza pode ser comparada para expressar, na forma de um número, a razão entre as duas grandezas. Esquematicamente na tabela 2.3 teremos:

Tabela 2.3 Correspondência entre Grandeza de base, símbolo e unidade de medida

Grandeza de base Símbolo da dimensão Unidade de medida (SI)

Comprimento L M (metro)

Massa M Kg (quilograma)

Tempo T S (segundo)

Corrente eléctrica I A (ampere)

Temperatura termodinâmica Θ K (kelvin)

Quantidade de matéria N Mol (mole)

Intensidade Luminosa J Cd (candela)

Por exemplo a dimensão da grandeza força, F, será representada por: Dim (F) = LMT-2

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As grandezas de base subjacentes serão o comprimento, massa e tempo, e a sua unidade de medida será o N (newton) – kg.m/s2.

2. Propriedade qualitativa

Propriedade de um fenómeno, corpo ou substância, a qual não pode ser expressa quantitativamente (como por exemplo, a cor de uma amostra).

3. Medição

Processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza. Não se aplica a propriedades qualitativas, implica a comparação de grandezas ou a contagem de entidades e pressupõe uma descrição da grandeza que seja compatível com o uso pretendido de um resultado de medição, segundo um procedimento de medição e com um sistema de medição calibrado que opera de acordo com o procedimento de medição especificado, incluindo as condições de medição.

4. Calibração

Operação que estabelece, sob condições especificadas, num primeiro passo, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; num segundo passo, utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando a obtenção de um resultado de medição a partir de uma indicação. Esta deverá ser expressa por meio de uma declaração, uma função de calibração, um diagrama de calibração, uma curva de calibração ou ainda uma tabela de calibração. Em alguns casos, pode consistir numa correção aditiva ou multiplicativa da indicação com uma incerteza de medição associada. O ajuste de um sistema de medição, frequentemente denominado de maneira imprópria de “auto-calibração”, não deve ser confundido com o a calibração em si. Alguns equipamentos, antes de serem utilizados em determinados ensaios de medição, efetuam automaticamente uma „‟auto-calibração‟‟ que é de facto apenas um ajuste do sistema.

5. Reprodutibilidade de medição

Prende-se com a fidelidade ou precisão associadas a uma medição conforme um conjunto de condições de reprodutibilidade. Condições estas que incluem: diferentes locais, diferentes operadores, diferentes sistemas de medição e medições repetidas no mesmo objecto ou em objectos similares. Na medida do possível, é conveniente que sejam sempre expressas as condições que de facto mudaram e aquelas que não sofreram qualquer alteração.

6. Repetibilidade de medição

Ao contrário da reprodutibilidade de medição, a repetibilidade visa a fidelidade ou precisão de medição sob um conjunto de condições de repetibilidade, que incluem: o mesmo procedimento de

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medição, os mesmos operadores, o mesmo sistema de medição, as mesmas condições de operação e o mesmo local, assim como medições repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares durante um curto período de tempo.

7. Rastreabilidade metrológica:

Propriedade de um resultado de medição pela qual tal resultado pode ser relacionado a umareferência através de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada umacontribuindo para a incerteza da medição.

8. Padrão de medição (measurement standard)

Realização da definição de uma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de medição associada, utilizada como referência. Existem padrões de medição nacionais e internacionais, que, sendo ambos reconhecidos por uma entidade nacional ou pelos signatários de um acordo internacional (respectivamente), servirão como base para atribuir valores a outros padrões de medição. Isto acontecerá, dentro de um estado ou economia ou a nível mundial, quer se trate de um padrão de medição nacional ou internacional, respectivamente. Um padrão de medição serve frequentemente de referência na obtenção de valores medidos e incertezas de medição associadas para outras grandezas da mesma natureza, estabelecendo assim uma rastreabilidade metrológica através da calibração de outros padrões, instrumentos ou sistemas de medição.

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