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VI. ÍNDICE DE FIGURAS

2. OBJETIVOS

4.3. VOLUMES DE ÁGUAS RESIDUAIS

Diretamente associado com os consumos de água da rede na Boomland, está a quantidade de águas residuais produzidas que, como já referido anteriormente, se traduz, neste panorama específico, no volume de águas cinzentas produzidas. Para o dimensionamento de um sistema de tratamento de águas residuais é fundamental ter a perceção do volume dos caudais de água a tratar e a sua variação com o decorrer do tempo.

Pela ocupação existente na Boomland, é simulada uma “mini-cidade”, embora a população que lá reside não seja permanente e apresente muitas oscilações ao longo do tempo. Os usos da água são semelhantes à maioria dos usos domésticos convencionais, pois a água da rede que abastece a Boomland é usada para consumo próprio, higiene pessoal e nas atividades de restauração. O único ponto em que difere do panorama doméstico convencional é o facto das instalações sanitárias não utilizarem qualquer volume de água em descargas e por não estarem ligadas a uma rede coletora de esgotos.

Visto que o volume de águas cinzentas produzido não é quantificado pela organização do festival, foi necessário proceder-se a um cálculo estimativo do mesmo, tendo como base os consumos de água da rede.

Da água que é abastecida aos diferentes setores pela rede de abastecimento público, apenas 20% são consumidos, sendo os restantes 80% devolvidos ao ambiente, já na forma de águas residuais tratadas [53]. Partindo deste pressuposto, tendo em conta os consumos de água potável da rede de abastecimento na Boomland, é possível estimar os volumes de águas cinzentas produzidos.

Para o cálculo dos volumes de águas cinzentas produzidos na Boomland, modificou-se o pressuposto de que 20% da água abastecida é consumida, assumindo-se em vez disso uma percentagem estimada de 25%. Esta alteração deve-se ao facto de se admitir que, fruto do extremo calor que se faz sentir nos meses mais quentes no local de estudo, há um maior uso da água para consumo próprio. Além disso, uma “fatia” considerável do panorama convencional das águas residuais produzidas está ligada à água usada no saneamento que, neste caso específico, não ocorre. Ademais, visto tratar-se de um festival de verão, muitas das infraestruturas em que a água circula e é abastecida são temporárias e/ou de qualidade reduzida, originando maiores perdas de água. Estes volumes de perdas de água, apesar de não serem considerados como consumo próprio de água, não são recolhidos para tratamento, ou seja, não são contabilizados como águas residuais.

58 Procedeu-se então ao cálculo estimativo dos volumes de água cinzenta gerados na Boomland, aplicando o seguinte pressuposto:

Volume de água residual gerada (𝑚3) = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 (𝑚3) × (1 − 0,25)

(Eq.2)

Através da Equação 2 foi possível o estimar os volumes de águas residuais cinzentas produzidas na Boomland, sendo possível comparar os dois anos tidos em consideração, como se pode verificar pela Tabela 12:

Tabela 12 - Cálculo estimativo dos volumes de águas cinzentas produzidos na Boomland em 2016 e 2017

Volumes de água residual cinzenta estimados Período Faturação Consumo (m

3) Volume água cinzenta (m3) Ano de 2016 Ano de 2017 Ano de 2016 Ano de 2017

1 59 842 44 632 2 25 673 19 505 3 260 856 195 642 4 1089 1279 817 959 5 1076 2119 807 1589 6 9760 2533 7320 1900 7 945 1661 709 1246 8 1373 1831 1030 1373 9 464 1593 348 1195 10 480 637 360 478 TOTAL 15531 14024 11648 10518

59 Verifica-se, naturalmente, um pico de produção de águas residuais diretamente relacionado com o maior consumo de água nas alturas em que ocorrem os eventos promovidos, com destaque para o pico de produção de água residual associado à ocorrência do Boom Festival, facilmente identificável pela Figura 46:

Pela análise da Figura 46 é visível a diferença entre os dois eventos, com o Boom Festival a ter uma magnitude significativamente superior ao Being-Gathering em termos de volume de água residual gerada, fruto do maior número de participantes que recebe.

O volume de águas residuais está diretamente relacionado com os consumos acima abordados, havendo também uma variação sazonal significativa associada ao volume de águas residuais produzido na Boomland, sendo evidente o evento de produção máxima de caudais de águas residuais, o Boom Festival.

Uma vez que este trabalho tem como grande objetivo o dimensionamento de um sistema de tratamento de águas residuais para a Boomland, é necessário definir os volumes que vão dar entrada neste sistema a projetar.

Para efeitos de dimensionamento, e uma vez que se deve ter sempre em conta o cenário mais drástico, de modo a assegurar que o sistema a projetar vai sempre ter capacidade para corresponder às exigências, o volume de águas cinzentas tido em conta é o correspondente ao produzido durante os 8 dias da edição de Boom Festival Como tal, seguindo o mesmo pressuposto de que 75% da água consumida é transformada em água residual, temos:

7000 × 0,75 ≈ 𝟓𝟐𝟓𝟎 𝒎𝟑 á𝑔𝑢𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 𝑐𝑖𝑛𝑧𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝐵𝑜𝑜𝑚 𝐹𝑒𝑠𝑡𝑖𝑣𝑎𝑙 2016 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 V o lu me ( m 3) Período de Faturação

Volumes de água cinzenta gerada na Boomland

Ano de 2016 Ano de 2017

Being Boom Festival

60 Utilizando este valor e comparando-o com o volume total de água cinzenta estimado na Boomland no ano de 2016, é possível aferir que o volume de águas cinzentas produzidas nos 8 dias de festival correspondem a aproximadamente 45% do total de águas cinzentas produzidas. Sublinha-se mais uma vez o impacto resultante da ocorrência do festival no panorama das quantidades de águas residuais, ocupando uma grande porção da sua contabilização total, em apenas 8 dias do ano.

Separadamente, mas com uma importância crucial, é necessário ainda contabilizar os volumes de águas negras que são produzidos na Boomland, correspondentes aos lixiviados das WCs compostáveis. Interessa, para efeitos de dimensionamento, ter a noção do volume de lixiviado que é originado durante o Boom Festival. Através de informações passadas pela organização do festival, durante os 8 dias de festival, no ano de 2016, foram contabilizados cerca de 150 m3 de lixiviado das WCs compostáveis.

Embora sejam efluentes muito diferentes em termos da sua composição, estima-se que foram produzidos cerca de 5400 m3 de águas residuais (águas cinzentas + águas negras) nos 8 dias em ocorreu a edição de 2016 do Boom Festival.

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