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VOTO DO RELATOR MIN ROBERTO BATISTA DOS SANTOS

No documento BOLETIM 07 (2006) (páginas 47-49)

O presente processo demanda a análise de diversas questões processuais em cotejo com as disposições contidas na Constituição do Grande Oriente do Brasil. Antes de fazer tal análise é importante esclarecer aos eminentes pares que o presente processo é um exemplo inusitado de um imbróglio jurídico causado por algumas das pessoas que participaram, direta ou indiretamente, dos fatos narrados, como será demonstrado.

Primeiro temos a informação de que o requerente foi eleito Deputado Estadual da PAEL DO GOECE afrontando, supostamente, a vedação constitucional estabelecida no art.125, II, “b”da Carta Magna do GOB, sendo tal fato levantado pelo próprio requerente, após sua posse como Deputado Estadual e Grande Orador da PAEL do GOECE, em conversa informal mantida em 29/12/2004 com o Grão-Mestre do GOECE, com o Presidente da PAEL do GOECE e com um Juiz do Tribunal de Justiça Maçônico do GOECE. Essa conversa teria resultado em uma ação anulatória de diplomação intentada pelo Presidente da PAEL DO GOECE junto ao Tribunal Eleitoral Maçônico daquele estado, tendo o Presidente do TEM proferido decisão em sede de antecipação de tutela para “cassar os direitos e prerrogativas pertinentes ao cargo de Deputado Estadual, exercido pelo Irmão Carlos Santos de Castro, até o julgamento final da lide” (fls. 33). O primeiro equívoco jurídico está claramente delineado na decisão proferida pelo ilustre Presidente do TEM uma vez que o objetivo da ação intentada era a anulação da diplomação e não a cassação dos direitos e prerrogativas pertinentes ao cargo de Deputado Estadual, de forma que a antecipação de tutela deveria guardar estreita relação com a tutela final pretendia, que por óbvio resultaria no afastamento do requerente do exercício do cargo de Deputado Estadual até decisão final.

Entretanto, a própria ação anulatória de diplomação, s.m.j., foi incorretamente ajuizada, uma vez que o ato inquinado de nulo é a própria eleição do Recorrente, que teria sido realizada em desconformidade com o preceito constitucional que estabelece as condições de inelegibilidade para os cargos de Deputados (art. 125, II, “b”da Constituição do GOB), de modo que a ação que deveria ter sido inicialmente ajuizada, a guisa de exemplificação, é a declaratória de nulidade de eleição para o cargo de Deputado Estadual c/c nulidade de diplomação.

A decisão proferida pelo Presidente do TEM era passível de recurso para o pleno daquele próprio Tribunal ou para este Superior Tribunal Eleitoral (art. 116, III da Constituição do GOB). O Recorrente para atacar  aquela decisão, no entanto, preferiu ingressar com mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça Maçônico do GOECE, cujo Presidente, em decisão juridicamente grosseira, deferiu liminar para suspender os efeitos da antecipação de tutela (fls. 36), esquecendo-se que as decisões judiciais proferidas pelos membros de Tribunal Eleitoral Maçônico Estadual não estão sujeitas a serem revisadas ou cassadas pelos membros do Tribunal de Justiça Maçônico local, consoante estabelecem as regras relativas à competência, fixadas no Título VI da Constituição do GOB (art. 99 a 121). Além do mais, o TEM e o TJM são Tribunais de igual nível hierárquico, com competências jurisdicionais distintas, não estando a matéria objeto da ação de anulação de diplomação inserta entre aquelas de competência do TJM do GOECE.

Por derradeiro, há nos autos notícia da existência de liminar concedida, em sede de mandado de segurança, pelo Min. Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Maçônico (fls. 37/38) para suspender os efeitos da decisão prolatada pelo Tribunal de Justiçado GOECE, determinando que a atual Diretoria eleita em 14/8/2004 permaneça na direção da Poderosa Assembléia Legislativa até julgamento final. É certo que não se pode aferir com precisão o objeto do mandado de segurança em questão, uma vez que o requerente juntou nos autos tão somente uma cópia reprográfica da decisão em questão, desacompanhada das demais peças processuais, porém, é possível se extrair que tal decisão não aproveita o recorrente, como alegado por ele na petição do recurso. Com efeito, a decisão emanada do Presidente do STJM determina que a Diretoria eleita em 14/8/2004 permaneça na direção da PAEL DO GOECE, nada referindo com relação à situação específica do requerente e sua questionada eleição para o cargo de Deputado Estadual, cuja posse deu-se, conforme por ele informado, em 18/9/2004 (fls. 03 e 11).

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... 4 7 4 7 4 7 4 7 4 7 

Exposto os fatos, passemos à análise das questões processuais. Primeiramente é importante ressaltar  que pela ausência dos autos que originaram a combatida ação anulatória de diplomação a Deputado não é possível aferir se o requerente com o presente processo está atacando a decisão proferida a título de antecipação de tutela (cujos efeitos teriam sido suspensos pela decisão do Presidente do TJM do GOECE em liminar de mandado de segurança) ou se ataca o julgamento definitivo daquela ação, cujo julgamento, aliás, não se sabe se ocorreu ou não, tendo em vista a ausência de tal informação nos autos. Igualmente não é possível avaliar a tempestividade do recurso, uma vez que não se sabe qual decisão/sentença o recorrente impugna. O segundo aspecto diz respeito à questão da legitimidade de parte ad causam no pólo passivo do pretenso recurso, onde

figura o Presidente da PAEL do GOECE, embora figure como autora da ação anulatória de diplomação a própria PAEL – Poderosa Assembléia Estadual Legislativa do GOECE, conforme se vê no documento de fls. 31. Assim, não é possível aferir da regularidade quanto à legitimidade passiva ad causam até porque, sequer foi dado à

parte recorrida o direito de contra-razoar o “recurso” interposto pelo requerente.

Em terceiro lugar, tão ou mais grave que os defeitos processuais apontados é o defeito constatado de que da narração dos fatos pelo requerente não decorre logicamente o pedido, o que torna inepta a petição inicial em questão. Com efeito, os fatos narrados, relacionados com supostas irregularidades que teriam sido praticadas pelo Presidente da PAEL do GOECE e pelo Presidente do TEM do GOECE, não guardam pertinência lógica com os pedidos formulados pelo recorrente às fls. 11, mormente os pedidos dos itens 01, 02, e 04 que dizem respeito à emissão de juízo de valor e análise subjetiva quanto ao comportamento e decisões não especificadas daqueles Presidentes. No tocante ao pedido nº 3, formulado para que sejam restaurados os direitos constitucionais do requerente para o exercício do mandato de Deputado Estadual, tal pleito não guarda relação direta com o objetivo deste processo que seria combater decisão ou julgamento proferido na ação anulatória.

Desta forma, voto no sentido de que a presente petição inicial do “recurso” interposto pelo Requerente Carlos Santos de Castro deve ser indeferida pelas seguintes razões processuais:

1) por faltar ao requerente interesse processual, uma vez que ele não mostrou a necessidade de uso do recurso interposto, sendo impossível determinar se ele pretende ver reformada decisão antecipatória de tutela ou se pretende ver reformado julgamento definitivo que tenha eventualmente sido proferido na ação anulatória de diplomação. Pela ausência da ação originária não é possível também aferir se o recurso interposto é o adequado à solução do litígio;

2) pela impossibilidade de verificar a tempestividade do recurso e a correta legitimidade de parte no pólo passivo, uma vez que o recorrido apontado é diferente daquele que consta como requerente da ação anulatória de diplomação, situação que caracterizaria a ilegitimidade passiva ad causam;

3) por ser inepta, a petição inicial, a teor do que estabelece o art. 295, parágrafo único, II do Código de Processo Civil Brasileiro, uma vez que da narração dos fatos não decorre logicamente a conclusão e nem é possível deduzir qual decisão ou sentença que o requerente pretende ver reformada.

4) Por não estar a petição inicial instruída com os documentos essenciais à interposição do recurso. Em conseqüência, deve o presente processo ser extinto sem julgamento do mérito, ressalvado o direito do requerente interpor novo recurso, se ainda houver tempo hábil para o ajuizamento dentro do prazo legal reservado para tal.

É como voto.

Ministro ROBERTO BATISTA DOS SANTOS Relator 

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Processo nº: 091/2005

Recorrente:

Carlos Santos de Castro

Recorrido:

Presidente da PAEL-CE e Presidente do TEM-CE

EMENTA

RECURSO INESPECÍFICO. AUSÊNCIA DOS AUTOS QUE ORIGINARAM O RECURSO. NÃO ESCLARECIMENTO SE O RECURSO INTERPOSTO VISAVA REFORMAR DECISÃO INTERLOCUTÓRIA OU SENTENÇA DE MÉRITO, COM A CONSEQÜENTE IMPOSSIBILIDADE DE SER AFERIDA A TEMPESTIVIDADE DO RECURSO. PETIÇÃO INICIAL QUE APRESENTA GRAVES DEFEITOS DE NATUREZA PROCESSUAL, TAIS COMO A AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL, A ILEGITIMIDADE DE PARTE E A SUA INÉPCIA. INDEFERIMENTO DA INICIAL QUE SE IMPÕE. UNÂNIME.

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... 4 84 84 84 84 8

 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do recurso interposto pelo Ir ∴ Carlos Santos de Castro, tendo

como recorrido o Presidente da Poderosa Assembléia legislativa Estadual do GOECE.

Acordam os Ministros do Egrégio Superior Tribunal Eleitoral Maçônico, por unanimidade de votos, em indeferir a petição inicial do recurso, extinguindo o processo sem julgamento do mérito.

Brasília, 18 de março de 2006.

Ministro ENRICO CARUSO Presidente

Ministro ROBERTO B. DOS SANTOS Relator 

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Processo n° 092/05

 Ação Ordinária para Anulação de Diploma

No documento BOLETIM 07 (2006) (páginas 47-49)

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