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V. Atividades Extracurriculares e projetos

V.2 Workshop MOTIVA-TE

Posteriormente à visita de estudo, decidi organizar um workshop que assentava sobre a motivação, uma vez que me apercebi, a partir de algumas conversas com os alunos e através do trabalho realizado na aula de português, que os mesmos estavam altamente desmotivados. Pensei então em contactar uma psicóloga experiente na área que pudesse desenvolver algumas sessões para reverter a situação. A psicóloga em questão disponibilizou-se de imediato para dinamizar o workshop junto da turma durante três sessões de 50 min, já que não se poderia disponibilizar mais tempos letivos.

Antes da realização do workshop, encontrei-me com a psicóloga e tracei-lhe o perfil da turma a nível cognitivo, comportamental e motivacional, e ela explicou-me detalhadamente o que pretendia realizar. Achei todas as atividades que ela pretendia desenvolver com os alunos bastante interessantes e úteis.

O workshop tinha como objetivos: estimular a auto-observação e o autoconhecimento, fomentando a relação do aluno com a turma; incentivar o confronto de projetos de vida (pessoais, de trabalho) com os projetos gerais do grupo; sensibilizar para as principais atitudes e caraterísticas psicológicas através da análise de role models de sucesso e empreendedorismo; refletir sobre motivações pessoais e elaborar objetivos específicos e realistas através de escada de sucesso individual; fomentar autodisciplina, no sentido de explorar reforços pessoais e independentes de forma a estimular a autonomia e motivação intrínseca; incentivar a autoconfiança através da análise de crenças cognitivas de fracasso que condicionam o investimento, persistência e otimismo no processo de aprendizagem.

A psicóloga desenvolveu algumas sessões experienciais e psicoeducativas, tendo em conta a fase de concretização do Secundário e a fase de transição para a vida adulta e profissional que iria ter lugar para a maior parte deles.

Numa fase inicial, foi proposto plenário grupal para discussão e desmontagem da questão “o que te motiva?” em contexto de brainstorming. Sendo um grupo-turma, já com relações estabelecidas com alguma familiaridade e reciprocidade, foram partilhadas motivações pessoais relacionadas com o sucesso profissional e familiar e a

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autorrealização, assim como a importância da aceitação social, popularidade e relações de amizade. Alguns alunos evitaram a exposição pessoal, revelando também alguma desvalorização do contexto escolar, nomeadamente face às exigências do tempo letivo.

Foi proposta uma dinâmica grupal, de forma a desencadear atitudes de cooperação e com o objetivo específico de retirar conclusões sobre a importância de uma estratégia e de um plano para atingir a meta final. Também foi proposta a identificação das características psicológicas relevantes numa pessoa motivada. Foi uma dinâmica lúdica que desencadeou um importante envolvimento do grupo.

Na segunda sessão, foi proposta a reflexão em plenário sobre a palestra de Miguel Gonçalves, o embaixador do empreendedorismo, sendo discutidas opiniões do grupo sobre as vulnerabilidades económicas nacionais, a importância da formação e da especialização mas, sobretudo, da necessidade de cultivar uma atitude de determinação e proatividade na definição de projetos de vida. Foi proposta a reflexão sobre modelos pessoais de referência relacionados com o mundo do trabalho.

Os alunos, na sua generalidade revelaram alguma resistência na formulação de opiniões pessoais. Contudo, houve a discussão de histórias pessoais e familiares de adaptação e/ou dificuldade face à crise económica. Surgiram referências familiares, que foram avaliadas como casos de sucesso e modelos a seguir.

Na última sessão, foi criada uma situação de partilha individual, onde cada elemento do grupo realizou uma reflexão sobre como seria a sua vida aos 30 anos.

A psicóloga destaca os projetos formulados em torno das experiências de sucesso realizadas em estágio formativo, existindo de uma forma geral já um conhecimento das atividades profissionais e mercado de trabalho na área de Hotelaria e Turismo, bem como um amadurecimento dos interesses individuais no sentido das tarefas e atividades que mais valorizam e o que buscam no seu futuro profissional.

O facto de ser uma turma num percurso profissionalizante demarca o conhecimento em contexto real de trabalho. Há um número restrito de jovens que valorizam a possibilidade de prosseguir até ao nível de ensino superior.

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Foi também proposto um pequeno role play, sendo analisados os erros de pensamento relacionados com uma atitude de desistência e fracasso (“sou inferior aos outros”; “tenho menos capacidades que os outros”; “nunca vou conseguir ter sucesso”; “não faço as coisas tão bem como os outros”), os sentimentos (frustração e desânimo) e a ações consequentes (desistência fácil, falta de esforço, etc.).

Foram discutidos fatores educacionais, situações de insucesso ou desvalorização marcantes que podem influenciar e pautar uma atitude de desistência.

Em grupo, foram discutidas crenças mais adaptadas que permitem maior envolvimento e perseverança (“não sou melhor nem pior do que os outros, pois somos todos diferentes”; “há áreas em que tenho boas capacidades, se trabalhar e me esforçar faço as coisas bem feitas”; “se me esforçar e ganhar experiência, desenvolvo ainda mais as minhas capacidades”).

As sessões realizadas tiveram como principal objetivo a sensibilização e promoção de atitudes positivas e motivacionais em contexto de aprendizagem e desenvolvimento académico.

Verificou-se um envolvimento e participação positiva na generalidade, existindo uma valorização das atividades experienciais em detrimento das situações de plenário e discussão grupal, onde o grupo se revelou mais reservado e mais resistente na exposição individual perante o grupo.

Também saliento o facto de existir uma maturidade vocacional e atitudes de planificação e exploração essenciais para a futura empregabilidade, decorrente de uma via profissionalizante com atividades de estágio em contexto escolar que promovem importante capacidade de tomada de decisão neste grupo de jovens.

A brevidade das sessões não permitiu o desenvolvimento e aprofundamento de questões individuais, sendo sobretudo um incentivo e uma alavanca para a discussão temática entre o grupo e para a relação aluno-professor.

Torna-se essencial a promoção, em contexto escolar de aprendizagem, de competências socio-emocionais que permitam o desenvolvimento de atitudes pró- sociais e proactivas (ver anexo nº 43).

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