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2.2 Soluções Comerciais

2.2.2 A4WP e WPC

Com o aparecimento da empresa e com os resultados obtidos pela equipa, muitas outras empresas se interessaram por produzir sistemas semelhantes aos apresentados. Nesta linha, percebeu-se a necessidade de normalizar e uniformizar o mercado e as soluções a desenvolver, na busca de soluções compatíveis e seguras. Foi graças a este pressuposto que surgiram os dois consórcios A4WP e WPC.

O consórcio A4WP (Alliance for Wireless Power) afirma-se como uma organização independente composta por líderes da indústria e da tecnologia sem fios, com o fim de criar novas e melhores formas de aplicar a tecnologia. Foi criada para permitir um ponto de ligação das várias entidades debruçadas sobre a tecnologia de transmissão de energia sem fios e para desenvolver a liberdade espacial (permitir um posicionamento livre dos dispositivos sobre uma interface) para carregamento de dispositivos em automóveis, em mobiliário e para múltiplos dispositivos [10].

Assim, os propósitos incluem o design de antenas de transmissão mais simples, bem como das unidades de controlo de transmissão de energia sem fios e atingir a capacidade de transmitir através de superfícies não metálicas a maiores distâncias sem a utilização de repetidores.

Em paralelo com o WPC, responsável pelo desenvolvimento da norma Qi, esta aliança pretende atingir uma especificação única para a compatibilidade (motivo pelo qual a grande maioria dos membros pertence a ambos os consórcios). Procura juntar membros

12 representativos nas indústrias de fabrico de dispositivos, operadores, componentes, empresas automóveis, de mobiliário, da engenharia, e de testes e regulação.

A grande maioria dos parceiros deste consórcio está ligada a vários outros grupos de desenvolvimento, não tendo, na sua definição o objetivo de competir, mas de fomentar o desenvolvimento de soluções tecnológicas variadas.

Este consórcio conta com grandes nomes da tecnologia, como sejam a Delphi Automotive Systems, a Deutsche Telekom, a Elec&Eltec, a Fairchild Semiconductor, a HTC Corporation, a IDT, a Intel, LG Electronics, Maxim Integrated, a Qualcomm, Samsung, TDK, Texas Instruments, Wurth Electronics, entre muitos outros. Destas empresas surgiram algumas equipas dedicadas à tecnologia ligadas a este consórcio, como sejam a eCoupled, PowerCast, WiPower, Powermat, entre outras [10].

Se por um lado, este consórcio surge numa perspetiva de normalização e da aplicabilidade, um outro surge mais como um consórcio para a compatibilidade. Falamos do WPC, responsável pela criação e desenvolvimento da norma Qi (pronuncia-se ‘chi’). Este consórcio possui um grande impacto mediático, muito devido ao número e ao reconhecimento do nome dos membros que o constituem. Este pretende criar um standard técnico para a compatibilidade (o WPC assume uma posição de busca da compatibilidade enquanto o A4WP se apresenta direcionado para a aplicabilidade), ou seja, quaisquer dispositivos, emissor e recetor normalizados, serão compatíveis.

Tendo sido registado em Dezembro de 2008 o primeiro encontro de membros, em Hong Kong, tem a pretensão de minimizar as regras de acesso à propriedade intelectual entre os membros, de forma a permitir o máximo de liberdade no design dos produtos, assegurando sempre a compatibilidade. Para este efeito, o consórcio criou uma “patent

pool”, de forma a garantir a abertura da propriedade intelectual, e o acesso dos membros

aos mais recentes desenvolvimentos e especificações [11]

A figura 2.4 mostra o logotipo e alguns dos membros associados a este consórcio.

Figura 2.4 – Logotipo (à esquerda) e alguns membros do WPC [12]

O lema deste consórcio é, em português, “a tecnologia evolui e a interoperabilidade mantém-se”. O princípio físico por trás desta tecnologia é o princípio de acoplamento indutivo ressonante, atribuindo ao recetor a responsabilidade do controlo do carregamento

13 das baterias, bem como de todo o processo associado, ficando o emissor apenas com a responsabilidade de alimentar o sistema associado a este, e detetar quando existe um recetor pronto a ser carregado. Assim, o emissor apenas fornece a potência ao sistema, tendo o recetor a responsabilidade de indicar ao emissor quando deve interromper o envio de potência, bem como realizar o processo de controlo do nível de potência a aplicar na bobine emissora [11].

O logótipo e nome da norma foi escolhido tendo em conta o significado de Qi como o conceito da cultura chinesa de fonte intangível de energia. É até certo ponto, o conceito que se pretende fazer passar, ou seja, permitindo a liberdade do design externo, fazer passar a energia sem ligação de conetores.

A grande vantagem desta norma, para os membros, é a garantia de acesso à propriedade intelectual de forma aberta, ou seja, através de uma “patent pool”, os membros do consórcio permitem um acesso livre à propriedade intelectual de todas as especificações e atualizações dos novos produtos e normas. Também a nível de teste de equipamento, desenvolvimento de produtos, entre outros, existe uma forte ligação entre os membros. Assim, se um dos membros criar, ou pretender testar um produto, pode contar com os restantes parceiros para o fazer, ou se dois ou mais pretenderem lançar uma solução em conjunto, isso também lhes é permitido e facilitado pelo consórcio. Dessa forma consegue- se uma maior interoperabilidade dos produtos, e claro, um maior “diálogo” e abertura entre os membros.

A adesão ao consórcio é permitida em duas vertentes: “Associate membership” e “Regular membership”. A primeira permite aos membros acesso ao licenciamento da marca registada Qi, acesso antecipado às versões provisórias das especificações, a possibilidade de intervir no processo de criação de especificações através de comentários às mesmas e a possibilidade de participar no processo de teste de interoperabilidade dos protótipos com as mais recentes especificações. Estes membros têm ainda a possibilidade de sugerir soluções para eventuais problemas de compatibilidade encontrados nas especificações, durante o processo de teste. As especificações são passadas aos membros com este escalão entre o fim da definição das especificações e do processo de teste de interoperabilidade, e a versão provisória fica disponível para estes membros, pelo menos quatro semanas antes do lançamento oficial. Os membros responsáveis pelo desenvolvimento guardam-se o direito de realizar alterações na versão provisória durante esse período, embora novas funcionalidades não sejam apresentadas até à apresentação final do produto.

O custo associado à adesão (como membro associado) tem um custo anual de US$15000, tendo os membros que corresponder com as obrigações do contrato de adesão. Estas condições passam por garantir a confidencialidade da informação e a garantia da participação construtiva, entre outros.

Para este tipo de filiação existe também uma alternativa para pequenas empresas (com receitas anuais inferiores a dez milhões de dólares americanos), ficando os custos de adesão no primeiro ano de apenas dois mil dólares, e ficando obrigada a entrar como um membro associado no ano seguinte. A grande diferença entre esta modalidade e a adesão

14 regular passa pela obrigatoriedade do pagamento de dois mil e quinhentos dólares por produto certificado nesse ano, sendo gratuito o registo e certificação de produtos para os membros associados e regulares [33].

A filiação regular ou “Regular membership” envolve investimentos de maior escala, incluindo a necessidade de contribuição no desenvolvimento das especificações, a atribuição de uma equipa certificada e dedicada, a responsabilidade de participação e representação em todos os eventos do consórcio, entre outros. O número de membros regulares está limitada e estes são escolhidos por votação ou escolha direta do administrador do consórcio, tendo que para isso, os membros candidatos apresentar uma candidatura formal, serem aprovados pela entidade administradora e pelo “Steering

Group” (grupo de membros que formam a entidade que lidera o consórcio), e corresponder

a todas as condições exigidas a um membro regular. A elevação a membro regular é realizada sob supervisão do administrador, por votação, quando um membro regular abandonar essa posição, seja por decisão do administrador, seja por decisão interna do membro em questão [34].

A anuidade para este tipo de filiação tem o valor de US$20000, sendo que este valor é pouco representativo dos encargos reais, se se tiver em conta as despesas de representação do membro em questão na totalidade de eventos a nível mundial [33].

No documento Sistemas sem fios para carga de baterias (páginas 45-48)

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