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XXXI que foi marcada por imunofluorescência e analisada por citometria de fluxo para determinar

a frequência de células NK CD56dim e CD56bright e a respetiva expressão de CD57, CXCR3, granzima B, perforina, IFN-γ e TNF-α. A comparação dos grupos de participantes foi efetuada aplicando testes de Mann-Whitney-U.

Este estudo revelou um menor número e frequência de células NK nos doentes com LES em comparação com os indivíduos saudáveis, independentemente do estado de atividade da doença, sem diferenças na distribuição dos subtipos CD56dim e CD56bright (tabela 7.2., página 93). Os doentes com LES clinicamente ativo apresentaram uma menor frequência de células NK CD56dim expressando CXCR3 (12,5% e 24,1% no grupo com LES clinicamente ativo e inativo, respetivamente, p<0,01), concomitantemente com níveis mais baixos de expressão de CXCR3 (MFI) nessas mesmas células. As células NK CD56dim de ambos os grupos de doentes com LES expressavam menor quantidade de granzima B em comparação com o grupo de controlos saudáveis, enquanto os doentes com LES clinicamente ativo apresentaram maior frequência de células NK CD56dim expressando perforina, em comparação com o grupo de doentes com doença inativa. A análise do subtipo de células NK CD56bright mostrou níveis mais elevados de expressão (MFI) de IFN-γ nos doentes com LES, independentemente do estado de atividade da doença, em comparação com os indivíduos saudáveis, enquanto a frequência de células NK CD56bright expressando TNF-α era mais baixa nos doentes com LES clinicamente ativo.

Em conclusão, este estudo demonstrou no sangue periférico menor número e frequência de células NK e expressão alterada de marcadores funcionais nos seus subtipos CD56dim e CD56bright em doentes com LES comparativamente a indivíduos saudáveis; identificámos como potenciais candidatos a biomarcadores diferenciadores do estado de atividade clínica do LES, a expressão de CXCR3 nas células NK CD56dim e de TNF-α nas células NK CD56bright. Estudos muito recentemente publicados corroboram os nossos achados.208-210

No seu conjunto, os estudos de imunofenotipagem por citometria de fluxo de vários tipos de células imunes no sangue periférico em doentes com LES e indivíduos saudáveis que integram esta tese (capítulos 5-7), sugerem: (1) hiperatividade de células B nos doentes com LES, com

clusters de marcadores de subtipos funcionais permitindo distinguir os doentes com LES dos

indivíduos saudáveis e ainda diferenciar entre si os grupos de doentes com LES de acordo com o estado de atividade da doença; (2) um défice de frequência e funcional de células NK; (3) distúrbios menos consistentes nas células Th17 dos doentes com LES.

O LES é uma doença com elevada heterogeneidade das vias imunopatológicas dominantes entre diferentes manifestações clínicas, doentes e populações de origem étnica e geográfica distinta: tal é ilustrado pelos resultados dos ensaios clínicos com belimumab, que demonstrou

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eficácia clínica num conjunto limitado de envolvimentos de órgão e em menos de 60% dos doentes.102, 191 Notavelmente, no grupo de doentes com níveis séricos elevados de BAFF a taxa de respondedores foi superior.211 Noutro subgrupo de doentes, a atividade da doença estará provavelmente mais dependente de outras vias imunológicas diferentes da atividade das células B, particularmente a ativação de respostas dependentes do IFN tipo I. Foi demonstrado que a expressão transcriptómica de genes induzíveis por IFN tipo I (assinatura genética do IFN) está aumentada em células mononucleares do sangue periférico de muitos doentes com LES.212 Além disso, um ensaio clínico em doentes com LES testando o anticorpo monoclonal anti- IFN-α, sifalimumab, mostrou eficácia, tendo os doentes com elevada assinatura genética do IFN uma maior probabilidade de ser respondedores.213 Num estudo recente e muito inovador, Banchereau e colaboradores analisaram longitudinalmente o perfil transcriptómico de sangue total em 158 doentes pediátricos com LES e controlos saudáveis.214 Neste estudo aplicaram uma estratégia de análise similar à do nosso estudo em células B, com o objetivo de identificar clusters de marcadores transcriptómicos correlacionados com a classificação como LES e com os estados de atividade clínica da doença. Identificaram uma elevada assinatura genética do IFN como o marcador melhor correlacionado com a classificação do LES, integrado num cluster que também incluiu hiperexpressão de marcadores moleculares de neutrófilos, de inflamação, do ciclo celular, eritropoiese e histonas e ainda hipoexpressão de células NK, células linfoides B e T e marcadores de síntese proteica, que no conjunto do cluster apresentou uma elevada correlação com os critérios de classificação para LES (R2 =0,94). Este estudo identificou sete clusters de marcadores transcriptómicos imunológicos que melhor se correlacionaram com subgrupos de doentes com LES clinicamente ativo, com cada grupo caraterizado por uma combinação diferente de assinaturas imunológicas transcriptómicas, incluindo aumento de marcadores de plasmablastos, assinatura de IFN, linhagem mielóide/neutrófilos e linhagem linfóide; por outro lado, os transcriptos de células NK mostraram-se negativamente correlacionados. A assinatura transcriptómica de plasmablastos foi particularmente forte em Afro-Americanos e foi globalmente a melhor correlacionada com a atividade da doença nesta população pediátrica com frequência elevada de nefrite lúpica. No entanto, dada a grande heterogeneidade das vias imunológicas envolvidas no LES, verificaram que as assinaturas de plasmablastos ou de IFN isoladamente não permitiam, em dois terços dos casos, identificar os doentes com atividade clínica do LES. Além disso, este estudo não avaliou preditores moleculares de agudização clínica do LES. Os resultados deste estudo são consistentes com os nossos próprios, apresentados nos capítulos 5-7, nomeadamente quanto à correlação positiva de marcadores de linhagem de células B, correlação negativa da linhagem de células NK e sem relação clara das células Th17 com os estados de atividade clínica do LES. De forma importante, demonstrou que um painel integrado de marcadores transcripcionais pode fiavelmente correlacionar-se com a classificação de LES e com os estados de atividade clínica da doença. Em investigação futura, tais painéis podem ser aplicados para comparar grupos de doentes preenchendo diferentes critérios de classificação do LES, de forma a explorar

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