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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2. Yacon (Smallanthus sonchifolius): fonte de frutanos prebióticos

2.2.1. Resumo

A contribuição dos alimentos funcionais como o yacon (Smallanthus sonchifolius) na homeostase óssea é um tema que não pode ser negligenciado, principalmente ao considerar as evidências científicas que se descortinam. Tem sido proposto que os frutanos tipo inulina, um dos compostos bioativos presentes no yacon, beneficiem a retenção mineral e a densidade óssea, com efeito positivo na resistência à fratura, em trabalhos com animais experimentais. Estudos pré-clínicos mostram-se promissores, mas indicam aspectos que precisam ser ainda melhor explorados. Nessa perspectiva, esta revisão tem por objetivo colaborar com as discussões relacionadas aos aspectos metabólicos e nutricionais do cálcio; a relação entre yacon, frutanos tipo inulina e saúde óssea; modelo animal para osteoporose; tecido ósseo; biomarcadores do metabolismo ósseo e biomacânica do tecido ósseo. Verifica- se a necessidade de um maior número de pesquisas pré-clínicas que esclareçam os mecanismos no trato digestório advindos do consumo do yacon tanto in natura quanto na forma processada. Especificamente o seu efeito no metabolismo ósseo, principalmente em modelo animal ovariectomizado, o qual permite avaliar aspectos relacionados a perda óssea com a cessação estrogênica, como observado na mulher na pós-menopausa.

Palavras-chave: osso; pós-menopausa; yacon; frutanos tipo inulina. 2.2.2. Introdução

O aumento da expectativa de vida é um fato evidente no mundo todo. Neste cenário, algumas doenças se tornam mais frequentes no envelhecimento incluindo a osteoporose, uma doença óssea, que afeta principalmente mulheres na pós-menopausa, época em que se acentuam os efeitos do hipoestrogenismo (Lima-Costa e Veras, 2003; WHO, 2010; Legette et al., 2012; Brasil, 2013).

A osteoporose é considerada o distúrbio ósteo-metabólico crônico mais prevalente em populações de meia idade e idosa, que se traduz pela perda progressiva da quantidade de massa óssea do organismo, predispondo o

indivíduo ao aumento do risco de fraturas (Genaro e Martini, 2008; Lobo et al., 2009; Won et al., 2011, Brasil, 2013).

Guerra e Prado (2010) identificaram como os principais fatores de risco associados à osteoporose em mulheres, a idade avançada, a raça branca e o baixo índice de massa corporal (IMC).

O decréscimo da absorção intestinal de cálcio está entre as alterações fisiológicas resultantes do envelhecimento que é exarcebado no período pós- menopausa (Kim et al., 2004). Em estudos com animais e humanos, a deficiência de cálcio foi associada com menor formação óssea, concomitante ao incremento na reabsorção (mobilização óssea) e fragilidade óssea (Tahiri et al., 2003; Kim et al., 2004 e Lobo et al., 2007).

Assim, favorecer a biodisponibilidade de cálcio pode auxiliar mulheres na pós-menopausa a diminuir os riscos de perda óssea e consequentemente, ocorrência de osteoporose. A osteoporose é considerada a maior causa da redução da qualidade de vida, devido à elevada morbidade e mortalidade, além dos altos custos envolvidos no seu tratamento (Pereira, 2008; Won et al., 2011; Sant’Anna et al., 2012).

Dessa forma, pode-se considerar a osteoporose como a maior síndrome geriátrica da atualidade e um dos grandes problemas de saúde pública mundial (Legette et al., 2012). Na Figura 3 estão indicados valores de prevalência da

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osteoporose em diferentes regiões do mundo, de acordo com estudos específicos.

Observa-se uma carência de informações quanto as taxas mundiais de prevalência da osteoporose. O que se encotra na literatura são trabalhos pontuais que subestimam os valores fidedignos da ocorrência de osteoporose nos diferentes países. Como bem destacado por Frazão e Naveira (2006) é necessário implementar projetos para melhor conhecer a prevalência dessa doença, incluindo-a na agenda dos formuladores de políticas públicas. Verifica- se ainda, de acordo com os dados dispostos na Figura 3, que o Brasil apresenta valor expressivo de ocorrência de osteoporose (33%), menor apenas quando comparado ao Chile (56,8%) e Taiwan (57,8%).

Entre os compostos alimentares capazes de otimizar a absorção de cálcio tem-se os frutooligossacarídeos (FOS) e inulina, que são oligo e polissacarídeos prebióticos, respectivamente, em que predominam ligações glicosídicas do tipo frutosil-frutose β(2-1), as quais conferem a estes compostos suas exclusivas propriedades estruturais e fisiológicas (Niness, 1999; Kelly, 2009; Yıldız, 2011). O homem e os ratos não possuem enzimas capazes de clivar essas ligações (Roberfroid, 2005) e após consumo, FOS e inulina são seletivamente fermentados no cólon por um grupo de bactérias benéficas, as quais (especialmente os gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus) melhoram a função gastrointestinal (Pedreschi et al., 2003), gerando ácidos orgânicos como lactato e outros ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): acético, propiônico e butírico (Gibson e Roberfroid, 1995; Flamm et al., 2001; Geyer et al., 2008).

A microbiota intestinal desenvolve intensa atividade metabólica que lhe permite manter uma relação simbiótica com o hospedeiro. A atividade bioquímica da população microbiana atua como um órgão ativo, que está envolvido em: (i) melhorar a biodisponibilidade de nutrientes, (ii) degradar compostos dietéticos não digeríveis, (iii) fornecer novos nutrientes e (iv) remover substâncias nocivas e compostos antinutricionais. Estas funções metabólicas têm importantes implicações na saúde. No entanto essas ações dependem da composição da microbiota e das complexas interações entre a dieta e o hospedeiro (Tuohy et al., 2003; Sanz et al. 2004).

Diferentes estudos que avaliaram o efeito na modulação da microbiota do colon, e em especial o efeito bifidogênico indicaram resultados favoráveis e significativos, nesse sentido.

Hidaka et al. (1986) avaliaram o efeito da administração de 8g/dia de FOS em humanos, na forma de bebida ou geléia, durante duas semanas. Encontraram incremento médio 10 vezes maior nas contagens de bifidobactérias.

Gibson et al. (1995) observaram que inulina ou FOS quando adicionados em dietas controladas, na razão de 15 g/dia durante 15 dias produziram modificações significativas na composição da microbiota fecal. Nos grupos que receberam tanto FOS quanto inulina os incrementos foram da mesma magnitude.

Pedreschi et al. (2003) demonstraram que os FOS do Yacon foram seletivamente fermentados por Bifidobacterium bifidum ATCC 15696 e em, menor proporção, por Lactobacillus acidophilus NRRL-1910 e Lactobacillus plantarum NRRL B-4496), enfatizando o efeito bifidogênico do FOS.

As evidências científicas têm direcionado que essa categoria de prebióticos apresenta importante implicação na saúde (Coxam, 2005; Roberfroid, 2005), e por isso tem sido os mais intensivamente estudados pelas propriedades de atuar beneficamente na absorção de minerais (Scholz-Ahrens et al., 2007; Legette et al., 2012; Rodrigues et al., 2012) e de melhorar estrutura óssea (Lobo et al., 2006; Cashman, 2007; Lobo et al., 2007 e Saulnier et al., 2009) além da potencial capacidade de atenuar a reabsorção óssea (Weaver et al., 2010; Legette et al., 2012).

No Quadro 3 estão apresentadas informações compiladas de diferentes estudos que indicam o efeito na modulação da absorção de minerais em ratos que consumiram FOS, inulina.

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Quadro 3. Estudos, em modelo animal, sobre o efeito na modulação da absorção/retenção de minerais, decorrente da ingestão de frutanos tipo inulina em ratos.

Autores Substância Efeitos

Nagendra et al. (1994) FOS (Produto purificado) ↓ excreção de Ca e Mg; ↑ absorção de Ca

Ohta et al. (1995) FOS (Produto purificado) ↑ absorção de Fe, Ca e Mg Ohta et al. (1998a) FOS (Produto

purificado) ↑ absorção de Ca, Mg, Zn e Fe; ↓ excreção de Ca, Mg, Zn, Fe e Cu Ohta et al. (1998b); Ohta et al. (1999) FOS (Produto purificado) ↑ absorção de Fe

Lopez et al. (2000) FOS (Produto purificado) ↑ absorção de Ca, Mg, Cu e Fe; Sakai et al. (2000) FOS (Produto purificado) ↑ absorção de Fe nos ratos gastrectomizados Takahara et al. (2000) FOS (Produto purificado) ↑ absorção e retenção de Ca e Mg Scholz-Ahrens et al. (2002) FOS ↓ perda óssea

Kruger et al. (2003) FOS+Inulina (Produto purificado) ↑ absorção e retenção de Ca Coudray et al. (2003) FOS+Inulina (Produto purificado) ↑ absorção de Ca e Mg Lobo et al. (2006) FOS (Produto purificado) ↑ absorção de Ca Lobo et al. (2007) FOS + Inulina (Farinha de Yacon) ↑ absorção de Ca e Mg

Lobo et al. (2009) FOS + Inulina (Farinha de yacon) ↑ absorção de Ca, Fe, Cu, Mg e Zn Weaver et al. (2010) FOS + Inulina (Produto purificado) ↑ retenção Ca, Mg, Fe, Cu e Zn Legette et al. (2012) FOS + Inulina (Produto purificado) ↑ absorção de Ca

Rodrigues et al. (2012) FOS + Inulina (Farinha de Yacon) ↑ retenção de Ca, Mg e P

Entre as fontes naturais de frutanos do tipo inulina, tem despertado cada vez mais a atenção da comunidade científica, o yacon (Smallanthus sonchifolius) que é uma raiz tuberosa de origem andina considerada, na atualidade, a maior fonte vegetal de FOS (Geyer et al., 2008; Genta et al., 2009; Ojansivu et al., 2011).

À luz destas questões, esta revisão tem por objetivo contribuir com as discussões atribuídas à potencial funcionalidade do yacon (Smallanthus sonchifolius) na saúde óssea no período pós-menopausa.

2.2.3. Aspectos metabólicos e nutricionais do cálcio

O cálcio é o quinto elemento mais abundante no corpo humano e possui um papel chave na mineralização do esqueleto e dentes bem como uma ampla

atuação em diversas funções biológicas (Peacock, 2010), tais como mensageiro intracelular (Costa, 2008) e co-fator para enzimas e proteínas extracelulares (Guéguen e Pointillart, 2000), dentre outros.

As mudanças relacionadas ao metabolismo do cálcio com o avançar da idade desempenham função importante no desenvolvimento da osteoporose (Legette et al., 2012). Esse mineral é o substrato essencial para formação da massa óssea e faz-se presente em todas as fases da curva ontogênica de desenvolvimento do esqueleto (Russo, 2001). Por ser o principal constituinte da matriz óssea mineralizada, o cálcio tem sido o mineral mais pesquisado quanto aos seus efeitos no metabolismo ósseo (Guéguen e Pointillart, 2000; Legette et al., 2012).

A vitamina D é outro importante nutriente relacionado com a massa óssea, uma vez que na absorção de cálcio outros fatores são considerados. Apesar de 80 a 90% dos estoques de vitamina D serem provenientes da síntese cutânea, estudos mostram que a deficiência de vitamina D é comum mesmo em países ensolarados (Ohta et al., 1998; Kim et al., 2004).

No organismo animal o colesterol é convertido parcialmente, por uma diidrogenase em 7-diidrocolesterol que é então transformado em colecalciferol (vitamina D) na pele sob a ação dos raios ultravioleta (Franco, 2002).

Essa vitamina tem um papel fundamental na absorção de cálcio, e passa por duas hidroxilações no fígado e rim (Franco, 2002), estando na forma ativa como 1,25 diihidroxivitamina D (1,25 (OH)2D3). Seu efeito mais notável é o

controle da expressão do gene que codifica a calbindina D9K (proteína

intracelular envolvida na translocação de cálcio até a membrana basolateral). Com o envelhecimento, o nível da vitamina D pode ser comprometido em virtude da redução da capacidade da pele em sintetizar colecalciferol e redução da capacidade do fígado e rim hidroxilarem a vitamina D em sua forma ativa combinado com a diminuição dos receptores intestinais dessa forma ativa, bem como da responsividade desses receptores. Assim, consequentemente, também ocorre o decréscimo da absorção intestinal de cálcio (Slovik et al., 1981; Tsai et al., 1984; Feskanich et al., 2003).

O cálcio é absorvido no trato digestório por uma combinação de transporte ativo e difusão passiva (Figura 4). O componente ativo é saturável, estimulado pela 1,25 (OH)2D3, e ocorre predominantemente no duodeno e

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onde o tempo de trânsito é maior, e pode se tornar o mecanismo predominante de absorção de grandes doses de cálcio, uma vez que o transporte ativo já está saturado e muito pouco ocorre no intestino grosso (Ohta et al., 1998; Guéguen e Pointillart, 2000; Costa, 2008).

A difusão passiva é não-saturável, independente da vitamina D, idade e ocorre ao longo do intestino delgado e grosso. Em idosos a absorção passiva é a rota predominante. Uma variedade de fatores dietéticos, entre os quais prebióticos como os frutanos do tipo inulina, tem mostrado atuação positiva na difusão passiva de cálcio, e esta é uma área promissora de pesquisa que visa produzir uma absorção "extra" desejável (Guéguen e Pointillart, 2000; Coxam, 2005; Roberfroid, 2005), especialmente na terceira idade.

Figura 4. Esquema representativo das características relacionadas a absorção de cálcio.

O estímulo às bactérias benéficas, exercido pelos prebióticos leva ao aumento dos ácidos orgânicos como ácido lático e AGCC, o que por sua vez, como já comentado, favorece o incremento na solubilização do cálcio dietético (Geyer et al., 2008;Weaver et al., 2010), principalmente na região colônica.

Assim, o processo passivo de absorção do cálcio pode ser suscetível à modulação por substratos fermentáveis, como os frutanos FOS/inulina. Dessa forma, estes compostos podem auxiliar na homeostase de cálcio, deslocando o principal sítio de absorção desse mineral para o intestino grosso (Coxam, 2005) em condições específicas, quando o transporte ativo de cálcio está comprometido.

2.2.4. Yacon, frutanos tipo inulina e Saúde Óssea

Em virtude das potenciais funcionalidades do yacon (Smallanthus sonchifolius), tem se tornado evidentes o emergente interesse nas pesquisas com esse alimento (Genta et al., 2009; Lobo et al., 2011; Ojansivu et al., 2011; Rodrigues et al., 2012) e o aumento da sua comercialização.

O número de moléculas de frutose que compõe as cadeias moleculares constitui a principal diferença entre FOS (2-10) e inulina (10-60). Assim os FOS que são oligossacarídeos podem ser considerados um subgrupo da inulina (polissacarídeo), motivo pelo qual é empregado o termo frutanos tipo inulina (Roberfroid, 2005).

Algumas hipóteses têm sido levantadas para explicar o efeito dos frutanos (FOS/ inulina) na saúde óssea:

(i) os FOS estimulam a produção de ácidos orgânicos, como lático, butírico, propiônico e acético, pelas bactérias do cólon. E desta forma abaixam o pH do conteúdo luminal e solubilizam o cálcio insolúvel presente na forma de fosfato e carbonato, de forma que o conteúdo de cálcio luminal é aumentado e consequentemente sua absorção. Aventa-se a hipótese de que o mecanismo envolve calbindina D9K, por meio do aumento da expressão desta proteína

envolvida no transporte de cálcio nos enterócitos (Ohta et al., 1998; Kruger et al., 2003).

(ii) outro mecanismo propõe para o efeito de carboidratos fermentáveis na absorção mineral por ambos os transportes, transcelular e paracelular, por meio do incremento da área da superfície absortiva em resposta a proliferação celular colônica advinda da ação dos ácidos graxos de cadeia curta (Weaver et al., 2010).

O grau de polimerização parece exercer influência sobre a resposta metabólica ao tipo específico de carboidrato não digerível. Em ratos adultos,

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Coudray et al. (2003) compararam frutanos tipo inulina com tamanhos diferentes da cadeia do carboidrato. Foi observado efeito sinérgico na absorção de cálcio devido à associação de diferentes graus de polimerização, que por sua vez estimulam diferentes grupos microbianos que apresentam diferentes atividades metabólicas.

É provável que os FOS (2-10 unidades de frutose) sejam mais ativos na parte proximal do cólon, onde podem servir como substrato inicial para a fermentação seletiva por bifidobactérias. Já as moléculas de cadeia longa (10- 60 unidades de frutose), que são fermentadas mais lentamente, podem ter efeito no cólon descendente, onde podem manter a atividade metabólica da microbiota benéfica que foi previamente estimulada até as partes mais distais do cólon (Coudray et al 2003; Coxam, 2005). A Figura 5 representa a fermentação dos frutanos tipo inulina nos diferentes compartimentos do cólon.

Figura 5 – Fermentação dos frutanos tipo inulina, de acordo com o grau de polimerização (Degree of Polimerization - DP), nos diferentes compartimentos do cólon Desta forma, a presença de frutanos tipo inulina de cadeia curta e longa mantém a alta atividade fermentativa ao longo do intestino grosso, o que por sua vez, pode incrementar os efeitos benéficos na absorção mineral, visto que aumentando a solubilidade do cálcio a absorção processa-se em todo trajeto do cólon, o que implica em um aproveitamento máximo de toda a superfície da mucosa colônica para a absorção desse mineral (Coudray et al., 2003; Coxam, 2005). Um produto a base de yacon (PBY), desenvolvido recentemente (INPI:

014110002964) contém tanto FOS quanto inulina e assim apresenta propriedade de atuar ao longo de toda a região colônica.

No Quadro 4 encontram-se algumas informações de estudos que avaliaram o efeito de FOS/inulina na saúde óssea. Tais estudos utilizaram modelo animal para osteoporose (ratas ovariectomizadas) ou ratos em crescimento, com doses de FOS e,ou inulina que variaram de 5,0 a 10% na dieta e período experimental de três a 16 semanas. São apresentados os resultados decorrentes das intervenções dietéticas nos grupos.

Nestes estudos, importa notar que os únicos trabalhos que utilizaram o yacon como fonte dos prebióticos FOS e inulina foram os de Lobo et al. (2007;2009) e Rodrigues et al. (2012). Os demais utilizaram FOS/inulina purificados comerciais.

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Quadro 4. Estudos em modelo animal sobre efeito de frutanos tipo inulina na saúde óssea.

Autores/Ano Amostra Matriz alimentar Dose

(%)

Duração Resultados

Ohta et al. (2002) 64 ratas OVX FOS (Produto purificado) 5,2 6 > DMO femural

Scholz-Arhens et al. (2002)

96 ratas OVX FOS (Produto purificado) 10,0 16 > CMO femural

Kruger et al. (2003) 96 ratos em crescimento

FOS; Inulina; FOS + Inulina (Produto purificado)

5,0 5 > DMO femural; < Excreção dos fragmentos de colágeno tipo I (marcador d reabsorção óssea) mais significativamente no grupo Inulina.

Zafar et al. (2004) 26 ratas OVX FOS (Produto purificado) 5,5 3 > CMO e DMO femural

Lobo et al. (2006) 16 ratos em

crescimento

FOS (Produto purificado) 5,0 3 > Retenção de Ca nos ossos; Efeito positivo em propriedades biomecânicas no ossos.

Lobo et al. (2007) 24 ratos em

crescimento

FOS + Inulina (Farinha de Yacon)

5,0 e 7,5

4 > CMO e resistência óssea.

Lobo et al. (2009) 48 ratos em

crescimento

FOS (Farinha de Yacon) 10 4 > Resistência óssea; < nº de osteoclastos por área (fêmur e tíbia)

Weaver et al. (2010) 30 ratos em crescimento

FOS + inulina (Produto purificado)

5,0 12 > CMO

Rodrigues et al. (2012) 32 ratos em crescimento

FOS + Inulina (Farinha de Yacon)

4,0 4 > resistência óssea.

Legette et al. (2012) 102 ratas OVX FOS + Inulina

(Produto Purificado)

5,0 4 > produção de AGCC; > peso cecal;

Duração: semanas; OVX: ovariectomizadas; FOS: frutooligossacarídeos; >: maior; <: menor; DMO: densitometria óssea; CMO: conteúdo mineral ósseo; Ca: cálcio; Mg: magnésio; P: fósforo; AGCC: ácidos graxos de cadeia curta; nº: número.

Até o momento, não há estudos reportados na literatura sobre avaliação da ingestão de yacon na saúde óssea em humanos, o que pode ser justificado em parte pelo fato do yacon ser um alimento que só recentemente tem recebido atenção da comunidade científica e ainda pelo fato consensual de que as condições experimentais com humanos são mais difíceis de controlar. Isso sugere, em um primeiro momento, a necessidade latente de avanço no desenvolvimento de mais estudos pré-clínicos direcionados a este tema e de marcadores mais apropriados e que simulem a perda óssea típica da menopausa.

2.2.5. Modelo animal para osteoporose

O modelo animal se torna cada vez mais apropriado para o estudo da biologia do tecido ósseo, devido às restrições práticas e éticas do uso de seres humanos, oferecendo ainda, maior controle sobre um grande número de variáveis externas (Bennell et al., 2000) e permitindo a caracterização da resposta do osso à intervenção dietética.

Embora a posição quadrúpede do rato difere da posição bípede de humano, as semelhanças da arquitetura da vértebra e fêmur entre eles sugerem que ratos podem ser utilizados na caracterização das alterações ósseas associadas à idade, fatores hormonais e efeitos terapêuticos (Li et al., 2003). Assim, mesmo que não haja um animal que atenda a todos os requisitos de modelo ideal, a rata tem sido amplamente utilizada e aprovada para tais estudos (Mello e Gomide, 2005).

As ratas adultas têm um ciclo regular de estrogênio e sua deficiência causa perda óssea, por isso têm sido o modelo mais utilizado para se estudar o envelhecimento ósseo em humanos (Kalu, 1991). A rata ovariectomizada (OVX) transmite as principais características clínicas da deficiência do estrogênio (Thompson et al., 1995; Otha et al., 2002), pois, como a mulher no período que segue a menopausa, desenvolve osteopenia após ovariectomia (Priemel et al., 2002) , ocorrendo aumento do turnover ósseo, com a taxa de reabsorção pelos osteoclastos excedendo a formação pelos osteoblastos, levando à perda de massa óssea (Gala et al., 2001), como observados em humanos, reduzindo a força e rigidez do osso levando ao aumento do risco de fratura (Inada et al., 2011).

37 2.2.6. Tecido ósseo

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo dos mais resistentes e rígidos do corpo, sendo metabolicamente ativo e sofre um processo contínuo de remodelação durante a vida (Roodman, 2012; Brasil, 2013).

O processo de remodelação óssea requer um equilíbrio entre a fase de formação e destruição dando, como resultado, uma renovação da micro arquitetura óssea. Qualquer desequilíbrio neste processo causará alteração da resistência óssea, fato este que ocorre em diversas condições patológicas como a osteoporose pós menopausa, onde a atividade osteoclástica é mais intensa (Carvalho et al., 2001; Brasil, 2013). O tecido ósseo é o constituinte principal do esqueleto. Protege os órgãos vitais, aloja a medula óssea, além de proporcionar apoio aos músculos esqueléticos para a movimentação do organismo (Brasil, 2013).

Aproximadamente 70% do osso é constituído por uma fase mineral ou inorgânica, que é representada fundamentalmente pelos cristais de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2], que têm forma alongada e hexagonal,

relacionados à resistência à força de compressão e rigidez, associados a uma fase orgânica (20% da massa óssea) constituída principalmente por fibras de colágeno tipo I (90% da proteína), sendo o restante substâncias de adesão e água que atribuem ao osso flexibilidade, elasticidade e resistência à tração (Lobo, 2008; Durán, 2011).

O cálcio pode ser mobilizado da matriz mineral óssea e captado pelo sangue quando há necessidade, para manter os níveis apropriados em todo o corpo, de forma que, além da função de suporte e proteção o tecido ósseo, desempenha um importante papel secundário na regulação homeostática dos níveis sanguíneos desse mineral (Szejnfeld, 2000).

Os principais tipos de células característicos do tecido ósseo são geralmente definidos por sua função ou localização anatômica, (i) osteoblastos, (ii) osteoclastos e os (iii) osteócitos, sendo estes últimos metabolicamente menos ativos (Vieira, 1999; Zerbini e Souza, 2001; Junqueira, 2008; Brasil, 2013).

(i) os osteoblastos são células típicas do tecido conjuntivo, oriundos de uma célula mesenquimal indiferenciada. Sua função básica é a de síntese (formação) do tecido ósseo. Estas células sintetizam o pró-colageno tipo I, as proteínas da matriz extracelular, a fosfatase alcalina e a osteocalcina,

sendo que já foram identificados nestas células, receptores para estrógeno,

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