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100 200 300 400 500 750 1000 1500 2000 2500 3000 Fonte Concentração HORÁRIA (µg/m3)

7.2.4 Z ONA ENVOLVENTE AFETADA

Recorrendo aos resultados apresentados anteriormente, foi possível constatar as zonas envolventes mais afetadas pela dispersão de poluentes da unidade fabril, segundo as simulações realizadas.

Aquando da análise da simulação com classe de estabilidade C, no que diz respeito à dispersão de Partículas emitidas pela unidade industrial, verifica-se que entre os 200 e os 1000 metros de distância da Funfrap, seria a zona mais afetada pela dispersão de partículas provenientes de processos realizados na mesma. A coroa que representa esta mesma zona encontra-se na Figura 40.

Figura 40 - Zona envolvente afetada segundo a simulação com classe de estabilidade C de Pasquill-Gifford.

Ao simular uma atmosfera com classe de estabilidade C, que segundo Pasquill- Gifford se trata de uma atmosfera ligeiramente instável no que diz respeito à turbulência, verificou-se que, ao dispersarem, os poluentes apresentam maiores concentrações, desde os 200 metros da fonte até aos 1000 metros. É de notar que, lugares como Arrota Nova, Monte do Paço, Póvoa do Paço e Vale Caseiro, estão sujeitos a concentrações mais elevadas. Neste caso, o considerado centro da freguesia de Cacia não seria afetado pela dispersão dos poluentes, uma vez que esta é influenciada pela direção do vento, que em Aveiro, surge com mais frequência de NW.

Para a simulação, onde foi definida a classe de estabilidade A (muito instável) o comportamento dos poluentes origina uma zona de influência representada na Figura 41, que se trata da folha de trabalho da ferramenta Google Earth Pro.

Figura 41 - Zona envolvente afetada segundo a simulação com classe de estabilidade A de Pasquill-Gifford.

Na última simulação, representada pela figura acima, verifica-se que a zona mais afetada pelas concentrações mais elevadas surge entre os 100 e os 500 metros da unidade industrial, ainda que, no caso do exemplo das PM10, estas continuem a dispersar até uma distância de 2500 metros, já com concentrações muito baixas. Comparando com a 2ª simulação, neste caso, a população diretamente exposta aos poluentes seria mais reduzida.

8 CONCLUSÕES

A freguesia de Cacia conta com grandes complexos industriais, que no seu conjunto favorecem a má qualidade do ar e a preocupação da população em relação à exposição de variados poluentes. Este projeto surge com intuito de compreender e dar a compreender às partes interessadas a realidade no que diz respeito apenas a uma das unidades industriais presentes, tratando-se de uma análise de sensibilidade, pelo que aos resultados obtidos seria proveitoso uma análise em conjunto com mais unidades fabris da freguesia, de modo a obter resultados mais concretos e fidedignos da real exposição da população aos poluentes emitidos da zona em questão.

Os modelos de qualidade do ar são ferramentas muito importantes no que diz respeito a previsão da concentração dos poluentes resultantes de diversos tipos de fontes de emissão. Através dos modelos, é possível estimar concentrações de poluentes mediante diferentes condições e parametrizações. O desempenho dos resultados dos modelos depende não só dos dados de input que este exige, mas também do conhecimento por parte do utilizador, visto que os modelos de qualidade do ar podem ser bastante complexos e exigentes. Importa referir que o modelo não abrange todas as condições que na realidade existem, portanto, a discrepância de alguns resultados pode ser justificada por esse motivo. As vantagens da utilização do modelo SCREENview, passam pelo facto de ser de fácil manuseamento, não requer dados de entrada elaborados nem dados meteorológicos. Falando nas desvantagens, a mais sentida foi o facto de apenas ser possível aplicar o modelo fonte a fonte, dificultando a sua aplicação no caso da existência de várias chaminés emissoras do mesmo poluente.

A comparação dos resultados com o que se encontra delimitado em termos de concentrações ao nível da legislação nacional, é também um fator importante a ter em conta, e neste caso de estudo verificou-se que as concentrações calculadas cumprem os limites legislados, apesar de apenas terem sido consideradas as fontes da Funfrap. Foi possível verificar a grande influência do vento no que toca ao transporte dos poluentes. Outros pontos fundamentais são a temperatura e a velocidade de saída dos gases, uma vez que estes parâmetros são também responsáveis pela forma como os poluentes, já no ambiente, se dispersam. Com a análise dos valores de emissão e consequentemente

afetada localiza-se entre os 200 e os 1000 m relativamente à unidade industrial (CPM10 =

36 µg.m3; C

DMEA = 0,1 µg.m3; Ccov = 120 µg.m3; CCOVNM = 79 µg.m3; CCO = 151 µg.m3; CNOX

= 5 µg.m3). Tendo em conta os valores de concentração no ambiente obtidos, a Funfrap

poderá contribuir pontualmente para eventuais episódios de poluição atmosférica, em particular associados às emissões de PM10, quando as condições atmosféricas não são favoráveis à dispersão de poluentes.

Medidas para minimizar e evitar o alastramento de poeiras e partículas associadas ao processo produtivo devem ser tidas em conta, de modo a melhorar a qualidade do ar, não só exterior com interior. A Funfrap conta com um programa de limpeza diária, com recurso a varredura mecânica, que abrange a limpeza dos acessos e da linha de processo, de maneira a evitar a acumulação de partículas e, por sua vez, a suspensão das mesmas por ação do vento ou dos veículos que circulem no interior das instalações. Paralelamente, os planos de monitorização devem continuar a ter uma grande importância e serem rigorosamente cumpridos, de forma a averiguar o cumprimento de valores limite de emissão e ainda, verificar o bom funcionamento dos sistemas de tratamento através de procedimentos de manutenção e controlo.

Com a intenção de vincar a relação com as partes interessadas, seria proveitoso a Funfrap continuar a sinergia com o Departamento de Ambiente e Ordenamento, da Universidade de Aveiro, de modo a poder realizar mais estudos que promovam o conhecimento alargado do impacte da unidade fabril. Em jeito de sugestão para trabalhos futuros, a aquisição e implementação de uma estação meteorológica na unidade industrial seria um ponto de partida para a aplicação de modelos mais complexos, como por exemplo, um modelo químico. Apostar numa análise detalhada da aplicação do DMEA, no sentido de perceber a sua influência na questão dos odores emanados pela fábrica. Como a preocupação com a saúde humana é uma constante, seria proveitoso estudar a qualidade do ar interior, assim como a exposição dos operadores aos poluentes presentes nas instalações.

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