• Nenhum resultado encontrado

7 Petrografia

7.3 Zona Iluvial ou de Enriquecimento Supergénico

Reacções 7.1, 7.2 e 7.3 – Alguns exemplos de reacções de oxidação e decomposição de Cpy e Py e formação de

óxidos e hidróxidos de Fe (Goethite/Hematite)

As amostras de Miguel Vacas que se localizam nesta zona são ricas em óxidos e hidróxidos de Fe, observando-se uma geração de quartzo (com múltiplas fases de formação – texturas de crescimento em comb) a preencher fraturas e espaços abertos, enquadrando-se com as características referidas pelos autores. Em algumas das amostras é possível observar rocha encaixante e encontrar características particulares, em termos de visualização macroscópica e microscópica. Por exemplo, na amostra MVC 38 a malaquite (identificada por análises de DRX e observação ao microscópio) ocorre associada ao quartzo e a preencher fracturas e espaços abertos, e relíquias de sulfuretos (calcopirite e pirite) no seio da massa de óxidos e hidróxidos de Fe. Ao microscópio é possível observar óxidos e hidróxidos de Fe com texturas colomórficas, pseudomorfoses euédricas a subeuédricas e fases de sulfuretos de Cu-S em pequenos agregados, por vezes formando texturas anelares. A calcopirite e a pirite encontram- se muito fracturadas e a decompor-se para diversas fases de Cu-S e goethite/hematite, respectivamente. Na amostra MVC 11 observam-se boxworks no quartzo com resíduos de óxidos e hidróxidos de Fe, resultantes da decomposição dos sulfuretos (Fig.7.2 – A).

7.3 Zona Iluvial ou de Enriquecimento Supergénico

De acordo com Guilbert & Park (1986), Robb (2005) e Sillitoe (2005), o minério que se observa na zona iluvial ou de enriquecimento supergénico resulta da reprecipitação do cobre lixiviado da zona eluvial. A precipitação do Cu lixiviado ocorre em dois ambientes diferentes, um ambiente oxidante e outro redutor, divididos pelo nível freático (barreira redox). No ambiente oxidante, que se encontra acima do nível freático, podem ser observados minerais secundários de cobre oxidados – óxidos, carbonatos, fosfatos, sulfatos, cloretos e silicatos (Chávez, 2000) – e no ambiente redutor, que se encontra abaixo do nível freático, as mineralizações são compostas essencialmente por sulfuretos secundários de cobre – fases de Cu-S (a calcocite e a covelite, por exemplo) e bornite (Guilbert & Park, 1986; Robb, 2005; Sillitoe, 2005).

Nas amostras de Miguel Vacas, que se enquadram no ambiente oxidante, é possível observar malaquite e azurite (carbonatos), libethenite e pseudomalaquite (fosfatos),

26

brochantite (sulfato) e cuprite e um outro óxido de cobre1 (óxidos), principalmente a preencher fracturas ou espaços abertos existentes nas rochas encaixantes ou no quartzo (MVC 40) e mais raramente sob a forma de minério maciço (MDT 13) ou em massas cristalinas. Alguns destes minerais apresentam características idênticas (por exemplo a cor e o hábito), tendo sido necessária recorrer a outros métodos de análise (análises por intermédio de DRX e/ou de EMPA) para complementar a identificação realizada por intermédio do microscópio de luz transmitida e reflectida (Anexos V e VII). Por exemplo, a malaquite e a pseudomalaquite, embora sejam minerais de grupos e composição diferentes, como se observa na Tabela 7.1, apresentam tons verdes marinhos e um hábito botrioidal (quando a formação ocorre em espaços abertos) com texturas anelares (indicio de mais do que uma fase de formação) sendo difícil a distinção óptica entre um e o outro. A libethenite apresenta como características principais a sua cor verde oliva e hábito sob a forma de prismas ou bipirâmides. A libethenite encontra-se normalmente associada à pseudomalaquite (mineral do mesmo grupo), formando cristais na superfície da mesma. A azurite, embora mais rara, pertence ao mesmo grupo que a malaquite e encontra-se normalmente associada a esta. Distingue-se com muita facilidade principalmente devido à sua cor azul forte que contrasta com o verde marinho da malaquite e apresenta-se em agregados lenticulares. A brochantite apresenta uma cor verde folha e os cristais ostentam formas prismáticas. Os óxidos de cobre como a cuprite e o CuO1 apenas foram observados na amostra MDT 13, encontrando-se normalmente associados à calcocite (sulfureto de cobre). O CuO1 apresenta uma textura fibrosa, pleocroísmo moderado (varia entre o castanho claro e um castanho um pouco mais escuro) e normalmente encontra-se nos bordos da cuprite ou associado à calcocite. Foi necessário realizar uma análise de MicroDRX na amostra MDT 13 (Anexo V) após não ter sido possível diferenciar esta fase mineral das fases reconhecidas na análise de DRX da mesma amostra. As fases minerais identificadas na MicroDRX foram: óxido de cobre (Ficha 01-080-1916), calcocite (Ficha 00-033-0490) e malaquite (Ficha 00-056-0001). A Cuprite apresenta uma cor cinza azulada em luz reflectida, uma cor de anisotropia vermelho sangue e associado a este mineral foi possível observar, muito raramente, cobre nativo (Fig. 7.6 – A, B e C). A maioria das fases minerais de Cu resultantes de materiais friáveis das amostras desta zona foram identificadas por intermédio de DRX (Anexo V), tendo sido possível discernir a presença de uma ou várias fases minerais em cada uma das amostras.

Tabela 7.1 - Tabela de minerais identificados na zona de ambiente oxidante

Grupo Mineral Fórmula química

Carbonatos Malaquite Cu2(CO3)(OH)2 Azurite Cu3(CO3)2(OH)2

Fosfatos Pseudomalaquite Cu5(PO4)2(OH)4 Libethenite Cu2(PO4)(OH)2

Óxidos Cuprite Cu2O

Óxido de cobre1 CuO1

Sulfato Brochantite Cu4(SO4)(OH)6

Elemento nativo Cobre Cu

27 O minério que é possível observar no ambiente redutor é composto principalmente por fases de Cu-S (covelite, calcocite, anilite, digenite e djurleite) e bornite. Normalmente as fases de Cu-S formam halos de alteração nos bordos ou ao longo de fracturas existentes ao longo da calcopirite. A bornite encontra-se a formar flames ao longo dos planos de intercrescimento da calcopirite ou a substituir as fases de Cu-S. Também é possível observar pirite associada à calcopirite, encontrando-se normalmente a preencher porosidade ou a formar grãos euédricos nas fracturas existentes. Numa das amostras (MV 09-03) é possível observar fases minerais de Bi(-Cu)-S associadas à calcopirite, como o bismuto nativo, bismuthinite, wittichenite, cuprobismutite e emplectite. Na amostra MDT 34 foi possível observar juntamente com a pirite um arsenato de Ni, a gersdorffite. A calcopirite que se observa nas amostras desta zona ocorre, normalmente, sob a forma de pequenos agregados anédricos, fracturados e com alguma porosidade. É frequente a presença de rútilo, que se encontra sobretudo disseminado pelo encaixante (Fig. 7.5 e 7.6)

Tabela 7.2 - Tabela de minerais identificados na zona de ambiente redutor Mineral Fórmula química

Calcopirite CuFeS2 Bornite Cu5FeS4 Pirite FeS2 Fa ses d e Cu -S Calcocite Cu2S Covelite CuS Digenite Cu9S5 Anilite Cu7S4 Djurleite Cu31S16 Bismuto Bi Bismuthinite Bi2S3 Fa ses d e Cu -Bi -S Wittichenite Cu3BiS3 Cuprobismutite Cu10Bi12S23 Emplectite CuBiS2

Documentos relacionados