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2.8. Modelos de predição de erosão

2.8.1. Zoneamento ecológico-econômico

Segundo Barbosa et al. (1998), na metodologia para Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), descrita por Crepani et al. (1996) e Becker & Egler (1996), o uso de imagens de satélite serve como base para definição de unidades de paisagem chamadas unidades territoriais básicas (UTB). Uma unidade territorial básica exprime o conceito geográfico de zonalidade através de atributos ambientais que permitem diferenciá-la de outras unidades vizinhas, ao mesmo tempo em que possui vínculos dinâmicos que a articulam a uma complexa rede integrada por unidades territoriais. Estas UTBs são definidas por fotointerpretação em imagens de satélite e servem como âncora para a definição dos mapas derivados do meio físico- biótico.

O INPE, em convênio com a SAE/PR (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República), desenvolveu projeto de treinamento de equipes multidisciplinares, em todos os Estados da Amazônia Legal, dentro do Projeto de Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia. A partir das Comissões Estaduais de Zoneamento Ecológico-Econômico, cada Estado definiu uma área prioritária, dentro de seu território, e a equipe a ser treinada. A metodologia aplicada foi concebida visando o mapeamento de todo o território da Amazônia Legal mas pode ser aplicada em todo território nacional, uma vez que tem como “âncora” as imagens TM/LANDSAT.

Segundo Becker & Egler (1996), o programa de ZEE (Zoneamento Ecológico- Econômico) da Amazônia Legal estabelecido em 1991 (PZEEAL) pelo Governo Federal assim define o ZEE:

- o ZEE é entendido como "um dos instrumentos para a racionalização da ocupação dos espaços e de redirecionamento de atividades", "subsídio a estratégias e ações para a elaboração e execução de planos regionais em busca de desenvolvimento sustentável";

- a finalidade do ZEE é "dotar o Governo das bases técnicas para espacialização das políticas públicas visando a Ordenação do Território", a qual é entendida como expressão espacial das políticas econômica, social, cultural e ecológica;

O ZEE é um instrumento político e técnico cuja finalidade última é otimizar o uso do espaço e as políticas públicas. Esta otimização é alcançada pelas vantagens que ela oferece, tais como:

a) é um instrumento técnico de informação integrada sobre o território , necessária para

planejar a sua ocupação racional e o uso sustentável dos recursos naturais:

- provê uma informação integrada em base geográfica;

- classifica o território segundo suas potencialidades e vulnerabilidade;

b) é um instrumento político de regulação do uso do território;

c) é um instrumento do planejamento e da gestão territorial para o desenvolvimento

O ZEE portanto, não é um fim em si, nem mera divisão física, e tampouco visa criar zonas homogêneas e estáticas cristalizadas em mapas. Trata-se sim, de um instrumento técnico e político do planejamento das diferenças, segundo critérios de sustentabilidade, de absorção de conflitos, e de temporalidade, que lhe atribui o caráter de processo dinâmico, que deve ser periodicamente revisto e atualizado, capaz de agilizar a passagem para o novo padrão de desenvolvimento.

A elaboração da proposta de Zoneamento Ecológico-econômico (ZEE), como expressa o próprio termo, deve ser capaz de manifestar a resultante de dois processos dinâmicos que interagem no território. De um lado, os processos naturais, cuja lógica pode ser sintetizada nos princípios da ecodinâmica. De outro os processos sociais, que respondem à dinâmica econômica e a objetivos políticos.

2.8.1.1. Dados do Landsat-TM como âncora para o zoneamento

Segundo Crepani et al. (1997), dentro da proposta de promover a integração de dados sobre uma imagem que possa ser interpretada, as unidades territoriais básicas de um zoneamento ecológico podem ser divididas em duas categorias: as “unidades de paisagem natural” e os “polígonos de ação antrópica”.

A delimitação das unidades territoriais básicas sobre uma imagem de satélite permite o acesso às informações que as diferentes resoluções (espacial, temporal e radiométrica) da imagem podem oferecer, ao contrário do simples cruzamento de informações, gerado a partir de dados de diferentes escalas, épocas e metodologias de trabalho, que nem

sempre apresentam um resultado consistente para um determinado momento (Crepani et al., 1997).

2.8.1.1.1. Unidades de paisagem natural

As unidades de paisagem natural são definidas sobre as imagens, a partir da interpretação dos seus elementos básicos: elementos de textura de relevo e de drenagem e tonalidades de cinza ou matizes de cores.

As unidades de paisagem natural, quando definidas a partir de critérios de fotointerpretação sobre a “âncora” representada pelas imagens orbitais, devem ser analisadas à luz de suas características genéticas e daquelas relacionadas à sua interação com o meio ambiente, para que se possa conhecer e classificar sua capacidade de sustentação à ação humana (Crepani et al., 1997).

Para se analisar uma unidade de paisagem natural é necessário conhecer sua gênese, constituição física, forma e estágio de evolução, bem como o tipo da cobertura vegetal que sobre ela se desenvolve. Estas informações são fornecidas pela Geologia, Geomorfologia, Pedologia e Fitogeografia, precisando ser integradas para que se tenha um retrato fiel do comportamento de cada unidade frente à sua ocupação. Finalmente, é necessário o auxílio da Climatologia para que se conheçam algumas características climáticas da região onde se localiza a unidade de paisagem, a fim de que se anteveja o seu comportamento frente às alterações impostas pela ocupação (Crepani et al., 1997).

A análise morfodinâmica das unidades de paisagem natural pode ser feita a partir dos princípios da Ecodinâmica (Tricart, 1977) que estabelece uma relação entre os

processos de morfogênese/pedogênese. Quando há predominância da morfogênese prevalecem os processos erosivos modificadores das formas de relevo e quando predomina a pedogênese prevalecem os processos formadores dos solos.

2.8.1.2. Polígonos de ação antrópica

Os polígonos de ação antrópica correspondem às feições decorrentes da intervenção humana na paisagem, manifestada na forma de alterações na tonalidade de cinza ou matizes de cores, dentro de padrões característicos.

Para Crepani et al. (1997), como representantes da área física onde se dá a atuação humana que modifica as condições naturais, os polígonos de ação antrópica podem localizar-se sobre uma única ou várias unidades de paisagem natural, dependendo exclusivamente de suas dimensões.

Esta simples constatação a respeito dos polígonos de ação antrópica demonstra a necessidade de se conhecer previamente as unidades de paisagem natural. A atuação do homem sobre o meio ambiente, sem o prévio conhecimento do equilíbrio dinâmico existente entre os diversos componentes que permitiram a construção das diferentes unidades de paisagem pode levar a situações desastrosas, do ponto de vista ecológico e econômico. Portanto, antecedendo qualquer ocupação, deve-se conhecer os componentes físico-bióticos (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Fitogeografia e Clima) que interagindo, levaram ao estabelecimento das unidades de paisagem natural (Crepani et al., 1997).

O conhecimento dos mecanismos que atuam nas unidades de paisagem natural permite orientar as atividades a serem desenvolvidas dentro do polígono de ação

antrópica, de maneira a evitar agressões irreversíveis e obter maior produtividade, além de dirigir ações corretivas dentro daqueles polígonos onde o uso inadequado provoca conseqüências desastrosas.

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